29 de abr. de 2019

A Família Fox e os fenômenos de Hydesville

A FAMÍLIA FOX 

Em 11 de dezembro de 1847, a família Fox instalou-se em modesta casa no vilarejo de Hydesville, Estado de New York, distante cerca de 30 km da cidade de Rochester.

O nome da família Fox origina-se do sobrenome Voss, depois Foss e finalmente Fox. Eram de origem alemã, da parte paterna; e francesa, holandesa e inglesa, da parte materna. Seus antecessores foram notoriamente dotados de faculdades paranormais.

O grupo compunha-se do chefe da família, Sr. John D. Fox, da esposa D. Margareth Fox e mais duas filhas; Kate, com 7 anos e Margareth, com 10 anos. O casal possuia mais filhos e filhas.

Inicialmente, tomaram parte nos acontecimentos somente Kate e Margareth, mas posteriormente Leah juntou-se a elas e teve participação ativa nos episódios subsequentes ao de Hydesville.

A CASA DE HYDESVILLE JÁ ERA ASSOMBRADA

Lucretia Pulver era jovem que servira como dama de companhia do casal Bell, quando elas habitavam a referida casa até 1846. Ela contou uma curiosa história de um mascate que se hospedara com os Bells. Na noite em que o vendedor passou com aquele casal, Lucretia foi mandada a dormir na casa dos pais. Três dias depois tornaram a procurá-la. Então disseram-lhe que o mascate fora embora. Ela nunca mais viu esse homem.

Depois disso, passado algum tempo, aproximadamente em 1844, começaram a dar-se fenomenos estranhos naquela casa. A mãe de Lucretia, Sra. Ann Pulver, que mantinha relações com a família Bell, relata que, em 1844, quando visitara a Sra. Bell, indo fazer tricô em sua companhia, ouvira desta uma queixa, Disse-lhe que se sentia muito mal e quase nao dormia à noite. Quando lhe perguntou qual a causa, a Sra. Bell declarou que se tratava de rumores inexplicáveis; parecera-lhe ter ouvido alguém a andar de um quarto para outro; acordou o marido e fe-lo levantar-se e trancar as janelas. A princípio, tentou afirmar à Sra. Pulver que possivelmente se tratasse de ratos. Posteriormente, confessou não saber qual a razão de tais rumores, para ela inexplicáveis.

A jovem Lucretia Pulver também testemunhou os fenômenos insólitos observados naquela casa.

Os Bells terminaram por mudar-se.

Em 1846, instalou-se ali a família Weekman: Sr. Michael Weekman, Sra. Hannah Weekman e suas filhas. Alguns dias após terem-se alojado na referida casa, passaram a ser perturbados por ruídos insólitos: batidas na porta da entrada, sem que ninguém visível o estivesse fazendo; passos de alguém andando na adega ou dentro de casa.

A família Weekman, como era de esperar-se, não permaneceu muito tempo naquela casa sinistra. Em fins de 1847 deixou-a vaga, saindo de lá definitivamente.

Desse modo, atingimos a data de 11 de dezembro de 1847, quando a referida casa passou a ser ocupada pela família Fox, conforme já mencionamos no início deste artigo.

A NOITE DAS PRIMEIRAS TRANSCOMUNICAÇÕES

Inicialmente os Fox não sofreram nenhum incômodo em sua nova residência. Entretanto, algum tempo depois, mais precisamente nos dois primeiros meses de 1848, os mesmos ruídos insólitos que perturbaram os antigos inquilinos voltaram a manifestar-se outra vez. Eram batidas leves, sons semelhantes aos arranhões nas paredes, assoalhos e móveis, os quais poderiam perfeitamente ser confundido com rumores naturais produzidos por vento, estalos do madeiramento, ratos, etc. Por isso a família Fox não deveria ter-se sentido molestada ou alarmada. Entretando, tais ruídos cresceram de intensidade, a partir de meados de março de 1848. Batidas mais nítidas e sons de arrastar de móveis começaram a fazer-se ouvir, pondo as meninas em sobressalto, ao ponto de negarem-se a dormir sozinhas no seu quarto, e passarem a querer dormir no quarto dos pais. A princípio os habitantes da casa, ainda incrédulos quanto à possível origem sobrenatural dos ruídos, levantavam-se e procuravam localizar a causas natural dos mesmos.

Na noite de 31 de março de 1848, desencadeou-se uma série de sons muito forte e continuados. Aí, então, deu-se o primeiro lance do fantástico episódio, que ficou como um marco inamovível na história da fenomenologia paranormal. A garota de sete anos de idade - a Kate Fox - em sua espontaneidade de criança teve a audácia de desafiar a "força invisível" a repetir, com os golpes, as palmas que ela batia com as mãos! A resposta foi imediata, a cada estalo um golpe era ouvido logo a seguir! Ali estava a prova de que a causa dos sons seria uma inteligência incorpórea. Para apreciar-se bem o sabor desta incrível aventura, vamos transcrever alguns trechos do depoimento da Sra. Margareth Fox.

"Na noite de sexta-feira, 31 de março de 1848, resolvemos ir para a cama um pouco mais cedo e não nos deixamos perturbar pelos barulhos; íamos ter uma noite de repouso. Meu marido que aqui estava em todas as ocasiões, ouviu os ruídos e ajudou a pesquisar. Naquela noite fomos cedo para a cama - apenas escurecera. Achava-me tal alquebrada e com falta de repouso que quase me sentia doente. Meu marido não tinha ido para a cama quando ouvimos o primeiro ruído naquela noite. Eu apenas me havia deitado. A coisa começou como de costume. Eu distinguia de qualquer outro ruído jamais ouvido. As meninas, que dormiam em outra cama no quarto, ouviram as batidas e procuraram fazer ruídos semelhantes, estalando os dedos. Minha filha menor, Kate, disse, batendo palmas: "Senhor Pé Rachado, Faça o que eu faço." Imediatamente seguiu-se o som, com o mesmo número de palmadas. Quando ela parou, o som logo parou. Então Margareth disse brincando: "Agora faça exatamente como eu. Conte um, dois, três, quatro" e bateu palmas. Então os ruídos se produziram como antes. Ela teve medo de repetir o ensaio. Então Kate disse, na simplicidade infantil: "Oh! mamãe! eu já sei o que é. Amanhã é primeiro de abril e alguém quer nos pregar uma mentira."

"Então pensei em fazer um teste que ninguém seria capaz de responder. Pedi que fossem indicadas as idades de meus filhos, sucessivamente. Instantaneamente foi dada a exata idade de cada um, fazendo pausa de um para outro, a fim de separar, até o sétimo, depois do que se fez uma pausa maior e três batidas mais fortes foram dadas, correspondendo a idade do menor, que havia morrido.

"Então perguntei: É um ser humano que me responde tão corretamente? Não houve resposta. Perguntei: É um espírito? Se for, de duas batidas. Duas batidas foram ouvidas assim que fiz o pedido. Então eu disse: Se for um espírito assassinado dê duas batidas. Essas foram dadas instantaneamente, produzindo um tremor na casa. Pergutei: Foi assassinado nesta casa? A resposta foi como a precedente. A pessoa que o assassinou ainda vive? Resposta idêntica, por duas batidas. Pelo mesmo processo verifiquei que fora um homem que o assassinaram nesta casa e os seus despojos enterrados na adega; que a família era constituída de esposa e cinco filhos, dois rapazes e três meninas, todos vivos ao tempo de sua morte, mas que depois a esposa morrera. Então perguntei: Continuará a bater se chamarmos os vizinhos para que também escutem? A resposta afirmativa foi alta."

Desse modo foram chamados vários vizinhos, os quais por sua vez convocaram outros, de maneira que, mais tarde e nos dias subseqüentes, o número de curiosos era enorme. Naquela noite compareceram o Sr. Redfield, o Sr. e Sra. Duesler e os casais Hyde e Jewell.

"Mr. Duesler fez muitas perguntas e obteve as respostas. Em seguida indiquei vários vizinhos nos quais pude pensar, e perguntei se havia sido morto por algum deles, mas não obtive resposta. Após isso, Mr. Duesler fez perguntas e obteve as respostas. Perguntou: Foi assassinado? Resposta afirmativa. Seu assassino pode ser levado ao tribunal? Nenhuma resposta. Pode ser punido pela lei? Nenhuma resposta. A seguir disse: Se seu assassino não pode ser punido pela lei de sinais. As batidas foram ouvidas claramente. Pelo mesmo processo Mr. Duesler verificou que ele tinha sido assassinado no quarto do leste, a cinco anos passado, e que o assassínio fora cometido à meia noite de uma terça-feira, por Mr......; que fora morto com um golpe de faca de açougueiro na garganta; que o corpo havia sido enterrado; tinha passado pela dispensa, descido a escada e enterrado a dez pés abaixo do solo. Também foi constatado que o móvel fora dinheiro.

"Quanta a quantia: cem dólares? Nenhuma resposta. Duzentos? Trezentos? etc. Quando mencionou quinhentos dólares as batidas confirmaram.

"Foram chamados muitos dos vizinhos que estavam pescando no ribeirão. Estes ouviram as mesma perguntas e respostas. Alguns permaneceram em casa naquela noite. Eu e as meninas saímos. Meu marido ficou toda a noite com Mr. Redfield. No sábado seguinte a casa ficou superlotada. Durante o dia não se ouviram os sons, mas ao anoitecer recomeçaram. Diziam que mais de trezentas pessoas achavam-se presentes. No domingo os ruídos foram ouvidos o dia inteiro por todos quantos se achavam em casa".

Estes são os principais trechos do depoimento da Sra. Margareth Fox, que mais nos interessam para dar uma descrição viva dos acontecimentos de Hydesville, na sinistra noite de 31 de março de 1848.

AS ESCAVAÇÕES NA ADEGA

Os mais interessados em esclarecer o caso resolveram escavar a adega, visando encontrar os despojos do suposto assassinado. Eis que, através de combinação alfabética com as pancadas produzidas, chegaram à identidade da vítima. Tratava-se de um mascate de nome Charles B. Rosma, o qual tinha trinta e um anos quando, há quatro anos passado, fora assassinado naquela casa e enterrado na adega. O assassino fora um antigo inquilino. Só poderia ter sido o Sr. Bell... Mas onde a prova do fato, o cadáver da vítima? A solução seria procurá-lo na adega, onde estaria enterrado.

As escavações, porém, não levaram a resultados definitivos, pois deram n'água, sem que se tivessem encontrado quaisquer indício. Por essa razão foram suspensas.

No verão de 1848, o próprio Sr. David Fox auxiliado por alguns interessados retomou o empreendimento. A uma profundidade de um metro e meio, encontraram uma tábua. Aprofundada a cova, encontraram o carvão, cal, cabelos e alguns fragmentos de ossos que foram reconhecidos por um médico como pertencentes a esqueleto humano; mais nada.

As provas do crime eram precárias e insuficientes, razão talvez pela qual o Sr. Bell não foi denunciado.

A DESCOBERTA DO ESQUELETO

Em o número de 23 de novembro de 1904, do Boston Journal, foi notificada a descoberta do esqueleto de um homem cujo Espírito se supunha ter ocasionado os fenômenos na casa da família Fox em 1848. Meninos de uma escola achavam-se brincado na adega da casa onde moravam os Fox. A casa tinha fama de ser mal-assombrada. Em meio aos escombros de uma parede - talvez falsa - que existira na adega, os garotos encontraram as peças de um esqueleto humano.

Junto ao esqueleto foi achada uma lata de uma espécie costumeira usada por mascates. Esta lata encontra-se agora em Lilydale, a sede central regional dos Espiritualistas Americanos, para onde foi transportada a velha casa de Hydesville.

Como pode ver-se, cinquenta e seis anos depois, em 22 de novembro de 1904 (data do encontro do esqueleto do mascate), parece não haver dúvida de que foram confirmadas as informações obtidas em 1848 a respeito do crime ocorrido naquela casa. Este episódio constitui-se em um notável caso de TCD (transcomunicação direta). As evidências são muito fortes.

O MOVIMENTO ESPALHA-SE

As duas garotas, Margareth e Kate, foram afastadas de sua casa, pois suspeitava-se que os fenômenos eram ligados sobretudo à sua presença. Margareth passou a morar com seu irmão David Fox. A Kate mudou-se para Rochester, onde ficou em casa de sua irmã Leah, então casada e agora Sra. Fish. Entretanto, os ruídos insistiam em acompanhar as irmãs Fox; onde elas se achavam, ocorriam os fenômenos. Parece que agora se observava uma espécie de contágio, pois, Leah Fish, a irmã mais velha, passou a apresentar também os mesmos fenômenos. Logo mais, começaram a surgir em outras famílias:

"Era como uma nuvém psíquica, descendo do alto e se mostrando nas pessoas suscetíveis. Sons idênticos foram ouvidos em casa do Rev. A.H.Jervis, ministro metodista residente em Rochester. Poderosos fenômenos físicos irromperam na família do Diacono Hale, de Greece, cidade vizinha de Rochester. Pouco depois Mrs. Sarah A. Tamlin e Mrs. Benedict de Auburn, desenvolveram notável mediunidade (...)".

O movimento espalhar-se-ia, mais tarde, pelo mundo, conforme fora afirmado em uma das primeiras comunicações através das irmãs Fox. As próprias forças invisíveis insistiram para que se fizessem reuniões públicas onde elas pudessem manifestar-se ostensivamente. Era uma nova mensagem que vinha do mundo dos Espíritos, conclamando os homens para uma outra posição filosófico-religiosa.

"ESPIRITUALISMO" E ESPIRITISMO

A "Onda Espiritualista" passou da América para a Europa, cujo terreno já se encontrava preparado pelo desenvolvimento científico, e onde os fenômenos de TC (transcomunicação) iriam ser estudados mais tarde, com rigor e profundidade pelos fundadores da "Psychical Reserch" e da Metapsiquica.

A forma bastante comum sob a qual a manifestações de TC (transcomunicação) se apresentaram na Europa, foi a das "mesas girantes". Vamos focalizar mais adiante e resumidamente esse período, do qual tambem se originou o Espiritismo na França, gracas às investigações científicas e ao método didático do ilustre intelectual lionês, Denizard Hypplite Leon Rivail (Allan Kardec).

Nunca é supérfluo enfatizar que não se deve confundir o "Spiritualism" (Espiritualismo em inglês) com o espiritismo. O primeiro nasceu como um movimento popular, provocado por evidências a favor da crença na existência, sobrevivência e comunicabilidade do Espírito. Posteriormente o "Spiritualism"adquiriu a forma de um religiao organizada que aspira, também, ser uma Ciência e uma Filosofia.

Agora, um ponto importante: o "Spiritualism" não incorporou a idéia da reencarnação. Ele admite apenas a continuidade da vida após a morte, sem inferno ou céu, porém em contínuo aprendizado e evolução no "Mundo Espiritual".

Há algumas diferenças entre os princípios básicos do "Spiritualism" e do Espiritismo. A mais profunda é a questão da "reencarnação". O Espiritismo não só aceita o renascimento, como admite a Lei do Carma, considerando serem estes os fatores naturais da evolução do Espírito. Embora Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, considere Sócrates e Platão como os precursores da idéia cristã e do Espiritismo, a sua atenção para a realidade da comunicação dos Espíritos foi despertada pelo fenômeno das "mesas girantes".

REPERCUSSÃO ENTRE INTELECTUAIS

A partir do episódio das irmãs Fox, a transcomunicação, aqui no ocidente, passou atrair a atencao de um pequeno grupo de cientistas. Inicialmente, tais investigadores achavam-se, em sua maioria, imbuidos de forte cepticismo acerca do fenômenos paranormais que passaram a ganhar popularidade inusitada na Europa. Somente a curiosidade diante da estranheza de tais ocorrências conseguiu levar esses poucos cientistas a observá-las. Logo no começo da fase, as pesquisas conduziram à formação de três categorias de pessoas, conforme suas opiniões acerca da natureza dos referidos fenômenos.

O primeiro grupo consistiu nos que viram nesses fatos uma confirmação de suas crencas na sobrevivência, na comunicabilidade e progresso dos Espíritos. A natureza do homem, para eles, era dual, e continha um componente espiritual além do material. Desta interpretação, surgiu um aspecto religioso como decorrência imediata do reconhecimento da natureza espiritual da criatura humana. O "Spiritualism", na Inglaterra, e o Espiritismo, na França, são exemplos dessa interpretação, embora ambos reivindiquem, também, para suas doutrinas, os aspectos filosóficos e científicos.

Um segundo grupo constituiu-se, em sua maioria, por cidadãos de acentuado interesse científico. Alguns já eram cientistas profissionais, professores e investigadores em diversas áreas de conhecimento teórico e prático. Outros, com títulos e formação superior, embora nao especialistas em disciplinas científicas, sentiram-se também interessados em investigar de maneira racional os referidos fatos, denominados, na época, "fenômenos psiquicos". Daí a designação usual desta atividade: "Psychical Research" (Pesquisa Psiquica). Na França, Charles Richet deu-lhe outro nome: "Metapsiquica".

No segundo grupo, figuravam, indistintamente, os espiritualistas, os indiferentes e os materialistas. Apenas os seguintes objetivos pareciam movê-los: confirmar ou negar os propalados fenômenos e, no caso afirmativo, descibrir a sua real causa eficiente.

Finalmente, um terceiro grupo, compreendendo a maioria dos interessados, colocou-se em franco antagonismo relativamente aos dois primeiros. Compunha-se de cientistas, intelectuais em geral, jornalistas e pessoas comuns. Alguns eram fieis ou chefes de religiões instituídas. Grande número desses cidadãos, especialmente os intelectuais, achava-se impregnado de filosofias materialistas e havia absorvido as ideias positivistas. Revelaram-se profundamente céticos e procuraram liquidar com a crença nos aludidos fenômenos. Para eles, os fenômenos paranormais eram manifestações de superstição, ilusões e fraudes, ou alienação mental. Para alguns religiosos, poderiam ser armadilhas do "demônio", ou tentativas de indivíduos mal intencionados que visavam abalar as bases das religiões tradicionais. Outros chegavam a acreditar que se tratava da revivescencia da Magia e do Ocultismo, numa tentativa de dominio de opinião pública.

CONCLUSÃO

Foi neste clima que se desenrolaram as dramáticas transcomunicações, cuja iniciativa, ao que parece, partiu do Plano Espiritual. As manifestações mais em evidência foram as chamadas "Mesas Girantes". Este episódio inaugurou o Período Espíritico, conforme a classificação de Charles Richet. Segundo este sábio, tal período vai das irmãs Fox ate as pesquisas de Sir Willian Crookes, em 1872. 

Como vivem as crianças no plano espiritual?


Para muitas pessoas o desencarne de crianças são momentos difíceis de entender, por isso, acabam perguntando: Como vivem as crianças no plano espiritual? O que acontece quando elas desencarnam?

Na obra O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, por meio da espiritualidade, nos esclarece que o Espírito da criança não é infantil, mas sim, uma reencarnação de Espíritos que teve outras experiências neste plano ou em mundo equivalentes.

Por que tão frequentemente a vida se interrompe na infância?


Resposta: A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência anteriormente interrompida antes do momento em que devera terminar, e sua morte, não raro, constitui provação ou expiação para os pais.

a) que sucede ao Espírito de uma criança que morre pequenina?

Resposta: recomeça outra existência. (Questão 199)

Com isso, podemos concluir que as desencarnações prematuras de crianças, pode estar ligada a erros de existências anteriores, exemplo, ex-suicidas.

Vale lembrar também que a desencarnação pode marcar o fim de um ciclo de encarnações terrenas punitivas ou expiatórias. Com isso, eles irão reencarnar, com mais lucidez, além de estarem predispostos ao bem.

Entretanto, existem as desencarnação não previstas, ou seja, que não foram planejadas no plano espiritual. E muitas das vezes, isso ocorre, por conta de um acidente. descuido dos pais; etc.

Crianças no Plano Espiritual

O espiritismo nos ensina, por meio de André Luiz, que existem departamentos e escolas no Plano Espiritual que estão preparados para acolherem as crianças desencarnadas até uma nova reencarnação.

Separação no Plano Espiritual

As crianças são separadas de acordo com sua faixa etária e entendimento, além de ser dado uma maior importância ao estudo, dedicação e aceitação do desencarne.

E ainda, os benfeitores espirituais ensinam que as crianças recobrem parcialmente os valores da memória, quando na condição de Espírito, adquiriram um alto conhecimento superior.


Juliana Chagas

24 de abr. de 2019

O equívoco do aborto e suas consequências


Foi em março de 1858 que o tema aborto apareceu pela primeira vez na Revista Espírita, quando Kardec reproduziu um diálogo mantido com Dr. Xavier, médico recentemente desencarnado, cujas palavras a respeito do aborto seriam aproveitadas pelo Codificador na redação das questões 358 e 359 que integram a segunda e definitiva edição de O Livro dos Espíritos, publicada em março de 1860.

Sabemos desde então que, na visão espírita, o abortamento de uma criança deve ser evitado, exceto na hipótese em que a continuação da gestação possa oferecer risco à vida da gestante.

O fundamento da restrição espírita ao aborto encontra-se no trecho adiante, constante da resposta dada à questão 358: “Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.”
Ao interromper, sem motivo justo, a gestação, quem assim age “impede uma alma de passar pelas provas” a que, evidentemente, se submeteu quando da elaboração de sua programação reencarnatória.

Na resposta dada à questão 360 do mesmo livro, o respeito à continuidade da gravidez se acentua de modo evidente.

Eis o teor da citada questão:

360. Será racional ter-se para com um feto as mesmas atenções que se dispensam ao corpo de uma criança que viveu algum tempo?

“Vede em tudo isso a vontade e a obra de Deus. Não trateis, pois, desatenciosamente, coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras da criação, algumas vezes incompletas por vontade do Criador? Tudo ocorre segundo os seus desígnios e ninguém é chamado para ser seu juiz.”

A recomendação contida no texto transcrito aplica-se por inteiro às situações em que se estima que o feto possa apresentar alguma deficiência, como ocorre nos casos de anencefalia e retardamento mental.

Os anos se passaram e muitas informações procedentes do plano espiritual reforçaram a ideia que devemos inicialmente ao Dr. Xavier. Assim é que no cap. 9 da parte terceira do livro Obsessão/Desobsessão, editado em 1981 pela Federação Espírita Brasileira, Suely Caldas Schubert comenta três comunicações mediúnicas relacionadas com o aborto e suas consequências.

A primeira é de um médico que, enquanto encarnado, dedicou-se a essa prática. Ora, o abortamento – exceto quando realizado para salvar a vida da gestante posta em perigo – é considerado um crime aos olhos de Deus e nada há que o justifique, ainda que a lei dos homens o autorize. O médico desencarnado apresentou-se, portanto, extremamente perturbado e dizia-se perseguido por vários Espíritos. Acusando-se a si mesmo de criminoso, estava aterrorizado com seus atos. O arrependimento já lhe havia chegado, mas ele demonstrava muito medo de seus perseguidores, entre os quais se contavam algumas das vítimas de seu bisturi.

O segundo comunicante era uma mulher que havia morrido durante a realização de um aborto. Atormentada pelo remorso dessa ação, nutria um ódio especial pelo médico que a atendera, a quem agora perseguia, desejosa de vingança.

A terceira entidade a se comunicar era também uma mulher que cometera um aborto em sua última existência na Terra. Sendo pobre e lutando com muitas dificuldades para a manutenção dos filhos, ela se desorientou ao engravidar e procurou uma forma de abortar aquele que seria o sexto filho. Praticado o crime, o arrependimento foi-lhe terrível e imediato, pois jamais ela se perdoou por esse gesto e, desse modo, sofreu duplamente ao carregar pelo resto de seus dias o peso do remorso. Sua existência foi longa e difícil. Enfrentou as asperezas e dificuldades da vida e, ao fim de prolongada moléstia, desencarnou.

O plano espiritual reservou-lhe, porém, uma surpresa. Ao desencarnar, encontrou-se com o Espírito do filho rejeitado e grande foi seu abalo ao verificar que ele era um ente muito querido ao seu coração, companheiro de lutas do passado, que renasceria em seu lar com a finalidade precípua de ajudá-la a tornar menos amargos os seus dias.

Espírito de certa elevação moral, ele há muito lhe havia perdoado a atitude infeliz, mas ela jamais se conformou com o ato praticado e agora, no plano espiritual, tomara a si a tarefa de socorrer as pessoas tendentes a cometer o mesmo erro, para mostrar-lhes que o destino é construção individual e que o aborto, longe de ser solução para as dificuldades da vida, será sempre o agravamento dos nossos males, quando não a porta que se fecha para os nossos melhores amigos.

22 de abr. de 2019

Suicídio Inconsciente


É sempre muito difícil quando precisamos escrever sobre suicídio. 

As estatísticas em nosso país crescem vertiginosamente. Dados estatísticos apontam que do ano de 2000 ao ano de 2015, os suicídios cresceram 65% entre pessoas com idade entre 10 e 14 anos, e 45% em pessoas de 15 a 19 anos. 

Mais assustador ainda é falar em números reais. No nosso país, em média, 32 pessoas tiram a própria vida por dia, sendo essa a segunda maior causa de mortes entre jovens dos 15 aos 29 anos de idade, principalmente entre mulheres dos 15 aos 19 anos.

Entretanto, esse tema já foi trabalhado em artigos anteriores e, por isso, hoje trabalharemos um assunto pouco abordado, mas não menos importante: o Suicídio Inconsciente.

Mas, em que consiste o suicídio inconsciente ou, como também é chamado, suicídio indireto? É o ato de aniquilarmos, lenta e progressivamente, nosso corpo material. Como? De diversas formas.

Viver irritado é uma de suas formas, haja vista que tal estado é causador de problemas circulatórios; fazer uso indiscriminado e não seguindo orientações médicas de calmantes, buscando uma tranquilidade artificial; usar alucinógenos através de drogas, lícitas ou ilícitas, buscando uma euforia de caráter ilusório; vícios mentais, que de tanto pensarem negativo, desenvolvem doenças psicossomáticas; os maledicentes que passam a vida se envenenando com a maldade que eles julgam erroneamente estar em seu próximo; aqueles que alimentam rebeldia e constante inconformidade com a vida e seus caminhos; os que são demasiadamente apegados à pessoas ou bens materiais, que passam a vida toda pensando em ter, cuidar, não perder, entre outros sentimentos e; por fim, os excessos de diversos tipos: alimentação pouco ou nada saudável, tabagismo, bebida alcoólica em excesso, sexo sem responsabilidade e desregrado. Aqui fica a exclamação. Muitos de nós fazemos uma ou mais dessas coisas que usei como exemplo.

O mais conhecido caso de suicídio inconsciente é do Espírito André Luiz, que descreveu suas experiências e sua surpresa por ser considerado suicida, no Livro Nosso Lar. Segue trecho do livro onde ele demonstra que assim o acusavam sem que ele tivesse consciência de que havia atentado contra sua própria vida:

- Que buscais, infeliz! Aonde vais, suicida?

Tais objurgatórias, incessantemente repetidas, perturbavam-me o coração. Infeliz, sim; mas, suicida? – nunca! Essas increpações, a meu ver, não eram procedentes. Eu havia deixado o corpo físico a contragosto. Recordava meu porfiado duelo com a morte. Ainda julgava ouvir os últimos pareceres médicos, enunciados na Casa de Saúde; lembrava a assistência desvelada que tivera, os curativos dolorosos que experimentara nos dias longos que se seguiram à delicada operação dos intestinos. Sentia, no curso dessas reminiscências, o contato com o termômetro, o pique desagradável da agulha de injeções e, por fim, a última cena que precedera o grande sono: minha esposa ainda jovem e os três filhos contemplando-me, no terror da eterna separação. Depois, o despertar na paisagem úmida e escura e a grande caminhada que parecia sem fim (LIVRO NOSSO LAR).

Olvidava-se André Luiz dos excessos alimentares e de bebidas alcoólicas que cometera ao longo de sua vida, levando-o a destruição de todo seu aparelho gástrico e levando-lhe à condição de suicida inconsciente.

Pois é, meus queridos leitores. Todos os dias nós cometemos os mais variados excessos. Todos os dias nós tomamos atitudes que vão minando a saúde de nosso corpo físico antes da hora. Principalmente nos dias atuais, onde nos estressamos demais, trabalhamos demais, queremos demais, fingimos demais, somos fúteis demais, nos preocupamos demais com o que os outros vão pensar, bebemos em excesso dando a desculpa de que trabalhamos demais na semana e merecemos, fumamos em excesso porque alivia nosso estresse. Para tudo temos desculpas... E em tudo, nos matamos um pouco.

Infelizmente, as consequências de tal “tipo” de suicídio está descrita no Livro dos Espíritos, das questões 943 a 957 e já foram abordadas oportunamente em artigo anterior.

Entretanto, o suicídio involuntário, sabendo-se de seus “instrumentos”, pode ser evitado por nós. Como? Reforma íntima, oração e vigília! Todos podemos nos tornar pessoas melhores, todos podemos cuidar mais de nosso corpo físico, todos podemos fazer mais por nós mesmos... Basta que tenhamos força de vontade!

Vamos tentar?

Rafaela Paes

20 de abr. de 2019

O ateu

Conta um articulista que um farmacêutico se dizia ateu e vangloriava-se de seu ateísmo. Deus, com certeza, deveria ser uma quimera, uma dessas fantasias para enganar a pessoas incautas e menos letradas.

Talvez alguns mais desesperados que necessitassem de consolo e esperança.

Um dia, no quase crepúsculo, uma garotinha adentrou sua farmácia. Era loira, de tranças e trazia um semblante preocupado. Estendeu uma receita médica e pediu que a preparasse.

O farmacêutico, embora ateu, era homem sensível e emocionou-se ao verificar o sofrimento daquela pequena, que, enquanto ele se dispunha a preparar a fórmula, assim se expressava:

Prepare logo, moço. O médico disse que minha mãe precisa com urgência dessa medicação.

Com habilidade, pois era muito bom em seu ofício, o farmacêutico preparou a fórmula, recebeu o pagamento e entregou o embrulho para a menina, que saiu apressada, quase a correr.

Retornou o profissional para as suas prateleiras e preparou-se para recolocar nos seus lugares os vidros dos quais retirara os ingredientes para aviar a receita.

É quando se deu conta, estarrecido, que cometera um terrível engano. Em vez de usar uma certa substância medicamentosa, usara a dosagem de um violento veneno, capaz de causar a morte a qualquer pessoa.

As pernas bambearam. O coração bateu descompassado. Foi até a rua e olhou. Nem sinal da pequena. Onde procurá-la? O que fazer?

De repente, como se fosse tomado de uma força misteriosa, o farmacêutico se indaga:

E se Deus existir...?

Coloca a mão na fronte e roga:

Deus, se existes, me perdoa. Faze com que aconteça alguma coisa, qualquer coisa para que ninguém beba daquela droga que preparei. Salva-me, Deus, de cometer um assassinato involuntário.

Ainda se encontrava em oração, quando alguém aciona a campainha do balcão. Pálido, preocupado, ele vai atender.

Era a menina das tranças douradas, com os olhos cheios de lágrimas e uns cacos de vidro na mão.

Moço, pode preparar de novo, por favor?

Tropecei, caí e derrubei o vidro. Perdi todo o remédio. Pode fazer de novo, pode?

O farmacêutico se reanimou. Preparou novamente a fórmula, com todo cuidado e a entregou, dizendo que não custa nada. Ainda expressou votos de saúde para a mãe da garota.

Desse dia em diante, o farmacêutico reformulou suas ideias. Decidiu ler e estudar a respeito do que dizia não crer e ironizava.

Porque, embora a sua descrença, Deus que é Pai de todos, atendeu a sua oração e lhe estendeu a Sua misericórdia.

No desdobramento de nossas experiências acabamos todos reconhecendo a presença Divina. É algo muito forte em nós.

Mesmo entre pessoas consideradas de má vida e criminosos encontraremos vigente o conceito.

A crença em Deus nos dá segurança, com a certeza de que não estamos entregues à própria sorte.

É muito bom conceber que, desde sempre, antes mesmo que O conhecêssemos, Deus já cuidava de nós.


Redação do Blog Espiritismo Na Rede , baseado nos caps. 2 e 3,  do livro A presença de Deus, de Richard Simonetti, ed. São João.

18 de abr. de 2019

O sentimento de culpa e o Espiritismo


Como se livrar do sentimento de culpa? 

Primeiramente procure saber de onde vem esse sentimento de culpa!

Sempre que você costuma se sentir culpado, apenas dê um passo para trás e procure a crença em sua “mente” que faz você sentir que fez algo errado. Então perceba que uma crença é apenas um “condicionamento mental” passado. Não há verdade definitiva em uma crença, é apenas uma ideia. Essa compreensão simples libera você da culpa.

Poucos de nós são simples o suficiente em nossas mentes para entender essa verdade. No fundo, todos nós queremos parar de nos sentir culpados porque isso corrói nosso estado emocional. Então, vamos estudar a culpa com mais detalhes.
Entenda qual a verdadeira razão desse sentimento para depois saber como lidar com a culpa

A culpa é sentida quando você percebe que fez algo errado (de acordo com seus padrões / crenças pessoais).

Sua mente compara o que você fez com sua “moral / crenças” e chega a um veredicto de que você está errado.

A ideia da sua mente de certo e errado (padrões morais) vem do seu condicionamento – isso inclui o condicionamento de dentro e de fora de você. Condicionado de fora vem do que você aprendeu com seus pais, professores ou amigos. A menos que você se torne consciente desse condicionamento, você pode ficar preso em bloqueios mentais e de medo.

Eventualmente, todas as crenças criadas pelo condicionamento são apenas idéias. Eles são apenas uma falsa perspectiva que você carrega em sua mente que você usa para se julgar.

Quando você se julga como estando “errado”, você se sente culpado. Este julgamento vem da nossa mente. Seu “coração” lhe permite saber quando você está perdido, mas não o julga por isso.
Como se livrar do sentimento de culpa e a propensão a ter esse sentimento?

É importante notar que alguns de nós estão propensos a sentir mais culpa do que outros.

Podemos nos criticar por coisas muito pequenas, pois haverá outros que não se sentirão culpados nem mesmo por alguns grandes crimes cometidos.

Tomemos por exemplo os ditadores que governaram muitas nações. Você realmente acha que eles se sentiram culpados por cometer todos esses crimes? Você pode ter certeza de que não.

Se você tem uma alma sensível, você está fadado a sentir mais culpa do que alguém que não é tão sensível. De fato, há estudos que sugerem que pessoas propensas à culpa têm mais empatia e são capazes de decifrar facilmente as emoções e o estado de espírito das outras pessoas.

O sentimento de culpa e o Espiritismo

Para explicarmos o sentimento de culpa na visão espírita, vamos recorrer ao texto do material intitulado “No Mundo Maior – cap.12 – Enfermidade Estranha ” do Grupo de Estudo André Luiz (Outubro de 2003):

A Sabedoria Divina permitiu assim que através desta essência divina, o nosso Espírito tivesse uma verdadeira sentinela vigilante a nos orientar incessantemente, que costumeiramente denominamos “nossa consciência”, ou “voz da consciência”.

Quando cometemos um erro, uma falta ou não cumprimos com nossos deveres, segundo os referenciais que já desenvolvemos em nosso Eu interior (nosso Espírito), nossa consciência nos dá um sinal, um alarme, um aviso, notificando-nos que estamos em desacordo com estes referenciais e sendo assim, estamos em divergência de conduta real / conduta possível.

Normalmente, devido a nossa imperfeição, não estamos atentos o necessário para identificarmos estes sinais ou alertas, e na maioria das vezes ignoramos, não valorizamos, não escutamos, não reconhecemos, desprezamos, fugimos às vezes intencionalmente, direcionamos nossa atenção para outras alternativas, nos esquivamos entre outras atitudes que não levem em consideração esta “voz da consciência”.

E assim, de erro em erro, vamos levando a vida, esquivando-se dos sinais, às vezes com facilidade outras vezes com mais dificuldade, mas, parece que esta voz vai ganhando espaço e força dentro de nós.

Num determinado instante da vida, talvez pelas reincidências sucessivas nos mesmos erros esse sinal ou alerta passa a encontrar eco dentro de nós, passa a repercutir de maneira efetiva, ganhando valor e significado.

E aos poucos a intensidade desta consciência vai ficando muito desconfortável, e cada vez mais se torna difícil de fugir ou esquivar-se, gerando verdadeiro conflito, via de regra, associado a sofrimento efetivo, e surge, então, o sentimento de culpa.

O sentimento de culpa se caracteriza por um ciclo vicioso mental, que induz a uma estagnação, onde não conseguimos nos desvencilhar, conduzindo-nos a autopunição, e nem sempre identificamos o erro ou o ponto divergente e nos perdemos em desequilíbrio.

Naturalmente, decorrem processos negativos, tais quais a depressão, angustia, tristeza, desanimo, abatimento, isolamento, agressividade, entre outros, caminhando para a obsessão e seus distúrbios psicossomáticos.

Ao constatarmos a ocorrência do sentimento de culpa, busquemos ajuda da espiritualidade, dos amigos, dos recursos de assistência na Doutrina Espírita, mas identifiquemos o erro, arrependamo-nos das faltas cometidas, através do auto-perdão e aceitemos nossa inferioridade sem reclamar, resignando-nos da expiação, mas aproveitemos a provação para torna-la significativa, buscando a reparação sem mais demora.

Aprendamos a servir ao próximo, exercitando nossa capacidade de amar, pois assim tornaremos possível combater nossos defeitos e aprimorar nossas qualidades, reduzindo a possibilidade de errar, cada vez mais.
Situações comuns que nos fazem sentir culpados e dificultam saber como lidar com o sentimento de culpa

Alguns exemplos comuns do dia a dia de situações que nos fazem sentir culpados são os seguintes:

1.) Auto-estima

Isso tem que estar no topo da lista e de fato engloba a motivação que nos leva a cometer a ação que nos causa culpa. Auto-estima de qualquer tipo geralmente acaba nos tornando culpados.

Exemplo: participar de uma fantasia, fumar, beber, fazer sexo ou mesmo comer (o que você acha que não deveria estar comendo).

2.) Traição, trapaça ou corrupção

Todos nós fomos criados em um código de conduta que valoriza muito a honestidade. Então, quando mentimos ou nos enganamos, nos sentimos profundamente culpados por dentro. Mesmo os criminosos mais endurecidos sentem uma pontada de culpa dentro deles por fazer algo antiético. Quando crianças nos disseram que somos “ruins” porque roubamos ou mentimos. Esse condicionamento permanece na mente.

3.) Sentir-se inútil

Nossa sociedade tem doutrinado a importância da “Atividade” tão profundamente na psique de cada criança que ela cresce se sentindo culpada por relaxar.

Exemplo: Se você simplesmente ficar em um dia de semana, começará a sentir uma pontada de culpa dentro de você sabendo que há muitas pessoas se arrastando em seu trabalho. As pessoas até se sentem culpadas se não estão estressadas, sentem que não estão fazendo o suficiente.

4.) ficar com raiva

Muitas pessoas se sentem culpadas por seus estados emocionais. A raiva é um grande “não” nos livros de muitas mentes. Claro que a raiva é uma emoção negativa porque causa sofrimento eventualmente. Nos sentimos terríveis sobre nós mesmos depois de um episódio de raiva, e essa culpa parece surgir do coração.

Exemplo: Gritar com alguém no estacionamento por ser lento e depois perceber que não foi culpa deles.

5.) Dizendo Não

Dizer não a alguém pode causar uma enorme culpa em nós. Isso é especialmente verdadeiro se você tiver um elemento de “agradar as pessoas” em seu blog. Você pode valorizar as necessidades e desejos de outras pessoas acima das suas e se sentir automaticamente mal quando não for capaz de acompanhar esse padrão.

Exemplo: Dizer não a um relacionamento ruim ou terminar quando a outra pessoa quiser ficar em casa.

6.) Revivendo a infância ou experiências passadas

Ações que você fez em seus dias mais jovens podem vir a assombrá-lo no presente. Essas ações não pareciam tão ruins naquela época, mas em seu nível atual de consciência, você as acha ruins.

Exemplo: Você era um valentão nos dias de aula e causou mágoa a alguém de quem se arrepende agora.
5 dicas para você saber como se livrar do sentimento de culpa

Por que você quer viver com culpa? Não serve a nenhum propósito, exceto para fazer você se sentir infeliz.

Você pode ver que a sua mente se torna seu verdadeiro inimigo na medida em que continua reforçando sentimentos de culpa sobre coisas que você fez no passado?

Você pode usar esses ponteiros simples para impedir a mente de vitimá-lo pela culpa:

1.) O passado não define o seu presente

Se você estiver disposto a ser realmente honesto, verá que o passado é apenas memória.

Você reforça isso pensando no seu presente.

O que você é agora não é o que você era no passado. Na realidade você é uma pessoa diferente todos os dias e a cada momento. A culpa só pode surgir quando você se associa com quem você era no passado.

2.) “Errado” é apenas uma ideia

Na verdade, não há nada certo ou errado. Tudo é apenas uma manifestação neste mundo de forma.

As circunstâncias são neutras até que a mente as rotule. Você pode simplesmente ignorar sua mente quando ela tenta fazer você se sentir culpado.

Saiba que sua mente é apenas um computador que está executando um script condicionado.

Pare de ter uma consciência culpada ao saber que é apenas uma ideia da mente.

3.) “Perdoa-os porque não sabem o que fazem”

Um belo ponteiro dado por Jesus que pode ser aplicado em nossas vidas.

Todas as nossas ações são inconscientemente impulsionadas pelo instinto ou impulso. Podemos nos perdoar por estarmos inconscientes? Claro, não há nada pessoal sobre a inconsciência humana. A vida é perdoadora para sempre.

4.) Você pode aprender sem se sentir culpado

Então você fez algo “errado”. Será que serve algum propósito para se punir continuamente por isso?

Por que não usar a experiência para se tornar mais maduro? Tudo na vida é uma abertura para o crescimento.

Abrace a mensagem de que sua culpa lhe traz, mas não associe com o sentimento.

Seu coração está sempre disposto a perdoar, é a mente que sempre joga o jogo da culpa.

5.) Torne-se consciente de suas crenças

A culpa pode facilmente fornecer uma oportunidade de crescimento.

Olhe profundamente para perceber a crença disfuncional ou o pensamento que faz com que você se sinta culpado e esteja aberto o suficiente para ver através de sua tolice. Todas as crenças são basicamente bobas.

A culpa também pode nos ajudar a nos tornar mais justos e virtuosos, desde que não nos iludamos.

A maior virtude é permanecer fiel ao nosso coração e não à nossa mente. Mas perdoe-se primeiro antes de esperar aprender alguma coisa com a experiência.

16 de abr. de 2019

Fé cega pode virar faca amolada




O profeta, médico e pintor Mani – fundador do Maniqueísmo – nascido na Mesopotâmia, viveu no século III e sua religião teve milhares de adeptos, perdurando por mais de 1.000 anos.

Naquela distante época, Mani gozou de grande prestígio, atraindo inclusive a simpatia de reis ,como Sapor e Hormidas.

Mani tentou reunir as mais conhecidas religiões: Cristianismo, Islamismo, Budismo, Zoroastrismo, todas em torno do pensamento de que há um dualismo a reger as criaturas.

De um lado o Bem, de outro lado o Mal.

Duas forças antagônicas que se digladiam para controlar o universo: Deus e Demônio, Bem e Mal, Certo e Errado…Um antecessor da dialética hegeliana e a sua busca por uma síntese de opostos.

De ideias ambiciosas, pregava a igualdade das castas e a extinção dos privilégios das classes dominantes.

Obviamente que, ao contrariar interesses dos poderosos, atraiu intensos inimigos. Não é difícil de imaginar o que aconteceu com o profeta, em tempos mais diretivos, digamos assim.

Mani foi feito prisioneiro e entregue à morte pelo mago Kirdir e pelo rei Vahram, e como Sócrates e John Huss, teve o destino dos que tinham discursos anti hegemônicos.

Mas, se Mani estivesse entre nós, encarnado, veria que sua visão de mundo, passados tantos séculos, ganhou adeptos fervorosos, um caráter hegemônico de nos organizarmos pela dualidade incomunicável. E nos dias de hoje, embora o maniqueísmo tenha sido extinto como religião, trazemos impregnados à nossa maneira de pensar essa cultura dualística, de polarização, de heróis e vilões.

O governo é mau. O povo é bom.

O governo diz que é bom e afirma que maus são os membros da oposição.

A oposição, por sua vez, sinaliza o contrário.

O empregado julga-se injustiçado e afirma que o empregador está errado, por sua vez, o empregador diz o inverso.

São falas localizadas em determinado espaço-tempo, que levam grupos a essas visões, que por óbvio tem um grau de fragmentação, mas surgem como verdades para esses, alimentando uma fé cega em seus pressupostos, inamovível de seus pontos de vistas, esquecidos que no mundo, tudo muda, com um sopro, sem pedir licença. Jesus mesmo indagava o que seria a verdade.

Por questões diversas, e algumas ainda ignoradas, atualmente vivemos em um mundo, e também um país, dominado pelos extremos. Você é direita ou esquerda, gosta de azul ou vermelho, aprecia montanha ou praia e etc…Nos polarizamos, como um reflexo de rótulos e categorizações, como um efeito também de uma profusão de informação e opiniões, que na busca de padronizar o que é bom ou ruim, exalta reações, por vezes bem violentas. Decanta facas amoladas.

Uma sociedade um tanto quanto maniqueísta, que perdeu (talvez nunca teve) o gosto pela reflexão de que há vida além dos “muros” de suas concepções. Posso apreciar um pouco do preto sem deixar de gostar do branco, e nesta mistura obtenho o cinza, ou seja, o caminho do “meio”, que pode ser representado pela ponderação para que se atinja o bom senso. Posso, inclusive, gostar de azul, mas respeitar o direito do meu amigo de gostar de verde, entendendo que cada um tem uma visão.

E quando se abandona a ponderação, abre-se espaço para os desentendimentos por questões que poderiam ser resolvidas de maneira inteligente e respeitosa. Em realidade os desentimentos tomam enormes proporções porque os extremistas não são diferentes, porém, semelhantes, bem parecidos na forma de pensar e agir. Beirando a truculência.

Obviamente, que estamos falando de ideias, em torno de princípios, mas é muito simples vaticinarmos a empatia e a compreensão em temas amenos, mas é difícil quando esses afetam diretamente interesses e valores das pessoas, como nas recentes discussões em torno de gênero, sexualidade, crimes, laicidade etc

São trade-offs, são dilemas, nas quais temos argumentos válidos e concepções consistentes em ambas as polarizações, cada um segundo a sua visão de mundo, e seguem temas como esse causando polarizações, e vemos pouca esperança de que sobre eles se deite um consenso.

Mas a questão não são os temas, as verdades, e sim o que estamos fazendo com elas em nossas esferas de existência. Os grandes entraves ocorrem não com os diferentes, mas, sim, com os semelhantes, que agem de forma similar, ou seja, maniqueísta. Por que brigas acontecem? Porque essas verdades são o motor da briga, quando se que brigar e não buscar mediações.

A história da sociedade também é uma trajetória de tentarmos pontos de equilíbrio, de esferas de conciliação e de harmonização de questões controversas, por meio de debates, câmaras, conselhos, revistas, programas de auditórios, todos instrumentos que buscam dar vazão a essa pluralidade de ideias, aos argumentos, para que amadureçamos e como grupo venhamos a escolher nossos caminhos. Essa é, inclusive, uma das bases da democracia, da construção de espaços de diálogo e de consensos, para que os limites se construam.

Mas quando esse tecido de equilíbrio se enfraquece, surgem iniciativas apaixonadas para defender o ponto de vista e, nesse sentido, Kardec fala de se fazer concessões. Em realidade, ele utiliza o termo “mútuas concessões”, para que haja a reconciliação, a fim de que a paz reine. O problema é que a busca de verdades tem suplantado o desejo de harmonia.

Esse longo e filosófico preâmbulo (ou um pouco mais que isso), vem para refletirmos sobre a realidade que, imersos nesse mundo polarizado, nós, como movimento espírita, nos vemos invadidos por essa postura, seja por conta de questões da política partidária que se refletem em nossos temas, seja por polêmicas que já nos são conhecidas, algumas com nova roupagem, e que recheiam as nossas páginas nas redes sociais.

E esse movimento de dissensos se torna, por vezes, agressivo, cego e afiado, negando diálogos e cortando relações, fazendo com que se perca o sentido racional, reflexivo do espiritismo, em troca, valoriza-se uma ideia de convencimento, de censura, de proscrição, estranho ao nossoethos, e que já levou muita gente a fogueira em outras épocas.

Se Kardec estivesse entre nós, encarnado, como ele reagiria diante desse enxame de obras espíritas nas livrarias, algumas questionáveis em seus pressupostos? E como Jesus se portaria diante da defesa por espíritas de linchamentos de criminosos nas ruas das cidades grandes? Será que iriam estes nossos dois exemplos para as redes sociais com textões para fomentar longos e cansativos debates polarizados? Bem, na época deles, já existiam essas polêmicas, algumas ainda atuais, e não nos parece que eles reagiram assim. Vejam em O Livro dos espíritos como Kardec trata de temas como o Aborto e a Pena de Morte e verifiquem se essa abordagem se reflete nesse modelo de discussão que vivemos atualmente.

A revolução das informações, da tecnologia, aproximou ideias, paradigmas, a globalização juntou povos e culturas, e isso nos agride de alguma forma, pela nossa própria pluralidade, e pelo caráter inconciliável de determinadas visões, e ainda, por traumas e dores que trazemos no imo de nossa alma, mas não se alimenta nesse breve texto a ilusão de que conseguiremos a harmonização de todas as tensões humanas, mas sim que saibamos lidar com estas pautados em princípios de diálogo e de respeito, ouvindo, sendo ouvido e se posicionando como cada um julgar melhor, respeitando as instâncias para as quais convergem cada uma delas, como ponto de equacionamento de casos concretos.

Livros duvidosos, estudemos mais. Posições polêmicas sobre temas políticos, guardemos nosso posicionamento íntimo a luz da vida imortal. Apelo a soluções radicais, lembremos que a vida é eterna. Só assim, nos resguardaremos dos perigos e das manipulações advindas de posturas extremas, e mais, do desperdício de energia que poderia ser utilizado na construção pelo estudo e no aprimoramento pelo amor ao semelhante. Aliás, muitas dessas tensões acabam por minar valorosos trabalhos espíritas.

Se Deus nos quisesse assim, extremos, radicais, não nos dava seguidas encarnações para avançarmos. Mas se também nos quisesse sempre passivos, “maria-vai-com-as-outras”, não nos daria a dor para nos impulsionar. A vida é luta, mas é preciso saber lutar.

Autor: Wellington Balbo

14 de abr. de 2019

Recado de um deficiente visual


Eu perdi um pouco de minha visão aos quatro anos. Bastante visão aos dezesseis e, praticamente tudo, do pouco que me restava, uns três anos depois.

Tive momentos difíceis na hora de estudar, na hora de querer namorar, na hora de querer dançar em uma festa.

Não é fácil se adaptar ao mundo quando não se enxerga, mas é importante entender que poucas coisas realmente valiosas são fáceis.

Rapidamente, percebi que tinha só duas opções. Eu podia ficar fechado em casa, chorando, porque era uma vítima. Ou podia sair e viver a vida.

Foi fácil entender isso intelectualmente. Emocionalmente, demorei um pouco para aceitar esta simples lógica.

Eu queria trabalhar, ter responsabilidade, ser produtivo, ser amado, casar, ser independente. Nada disso me seria garantido se eu arriscasse e fosse à luta.

Mas, se eu ficasse me sentindo uma vítima, era certo que nunca teria nada do que queria. A decisão era fácil, embora a luta não fosse.

Acredito que algo que sempre incomoda quando se está enfrentando um desafio, como a cegueira, é que acreditamos que tudo isso é injusto. Por que eu? Por que eu estou ficando cego?

Com certeza, outras pessoas se perguntam outras coisas como: Por que eu tenho câncer? Por que não tenho dinheiro? Por que não sou o homem mais bonito ou popular?

O interessante é que sempre achamos que o nosso problema é o mais sério.

O certo é que não damos valor a nada do que temos. Então, sempre parece que não temos nada. Só damos valor a coisas que perdemos.

Quando estava fazendo mestrado em Washington, triste por algum motivo, nem sei se era porque, como cego, estava tendo dificuldades ou se meu computador estava com problemas, escutei, através do rádio, as notícias de um professor universitário na Califórnia que era quadriplégico.

Ele precisava pegar um lápis com sua boca e escrever no seu computador, apertando uma tecla de cada vez.

Imagine: eu me sentindo a maior vítima. No entanto, eu podia andar por todo o campus, sem ajuda de ninguém, podia escrever mais rápido à máquina do que qualquer pessoa na minha sala.

Aquele professor me ajudou a valorizar muitas coisas que eu não estava dando importância. Perguntei-me: O que é justo? O que é injusto?

É justo eu ter pernas quando não as utilizo para ganhar medalhas nas Olimpíadas? Ou não as uso para ajudar o próximo e nem sequer as valorizo?

É justo eu ter um cérebro e não utilizá-lo ao máximo? É justo eu ter braços fortes e não usá-los para abraçar, demonstrar meu amor a quem, todos os dias, me dá tanto?

É justo eu ter uma vida e não me lembrar de agradecer, todos os dias, aos meus pais por me terem permitido nascer?

É justo eu ter uma esposa, um curso universitário, um coração que pulsa, rins que funcionam, pulmões fortes, mãos rijas, e não me recordar de dizer ao meu criador: Obrigado, Deus, por me teres criado?

A carta que acabamos de ler é de um jovem brasileiro, que trabalha em Nova Iorque. Sua filosofia pessoal, com certeza, não alentará somente aqueles que estão enfrentando cegueira física, mas também a todos aqueles de nós que portamos a cegueira espiritual, que não nos permite enxergar as bênçãos de que somos portadores.

Pensemos nisso e mudemos o foco das nossas vidas de lutas, dissabores e dificuldades para vidas de oportunidades, testes e aprendizado.


Redação do Blog Espiritismo Na Rede , a partir de carta de Fernando Botelho, endereçada a um jovem cego de nome Juliano, residente em Curitiba, Estado do Paraná.

12 de abr. de 2019

Parasitose Perigosa


Sutil e perigosa, a obsessão grassa, alarmante, disfarçada de transtornos psiconeuróticos vários, particularmente a depressão e o distúrbio de pânico, avolumando-se nos tormentos sexuais em desregramento, assim como nas dependências químicas de natureza diversificada.

Decorrente da assimilação das energias perturbadoras exteriorizadas pelos Espíritos em sofrimento ou perseguidores, por afinidade mental e moral, em razão da inferioridade daqueles que se lhe fazem joguetes espontâneos, a obsessão arrasta multidões aos dédalos de aflições coercitivas, que estão a exigir terapêutica especializada e cuidadosa.

Na raiz de todo desafio obsessivo, encontra-se pulsante o ser endividado, que, não tendo adquirido valores éticos substanciais, é compelido por automatismos vibratórios a sintonizar com aqueles desencarnados que lhe são semelhantes, sejam-lhe as vítimas transatas ou outros que se lhe assemelham.

Tratando-se de seres pensantes, portadores de discernimento e de lucidez, embora embotados pela ignorância ou pela impiedade, urdem planos hábeis, aguardando os momentos próprios para iniciar ou dar prosseguimento a desforços injustificados, gerando parasitose cruel.

A obsessão é rude prova ou severa expiação para aquele que lhe sofre a injunção.

Porque valores morais aceitos na sociedade hodierna, com algumas exceções, encontram-se em decadência, primando pela vulgaridade, as criaturas produzem com insistência campos vibratórios de baixo teor, que facultam a sintonia com as entidades atrasadas ou perversas, dando gênese à turbulência obsessiva.

Normalmente, esses espíritos propelem as suas vítimas às condutas que lhes agradam, aos interesses que lhes são afins, à medida que lhes enfraquecem a vontade, passando a assenhorear-lhes as faculdades mentais, emocionais e físicas.

A identificação vibratória é sempre o recurso que faculta o intercâmbio nefasto do agressor sobre aquele que lhe padecerá a influência perniciosa.

Acautela-te da manifestação insidiosa dos Espíritos infelizes, que se comprazem no mal.

Vigia os pensamentos e preserva os bons sentimentos.

Quando uma idéia pessimista ou desagradável, ambiciosa em demasia ou extravagante, persistir em tua tela mental, tem cuidado, pois que poderás estar sob rude e insistente ação obsessiva.

Qualquer desconserto moral, afetivo, econômico, social, desportivo e de outra natureza que te ocorra, abre-te as comportas do equilíbrio vibratório, deixando-te susceptível para sintonizar com os Espíritos obsessores que permanecem aguardando oportunidade própria.

Faze silêncio interior e ora, resguardando-te nessa salutar energia, precatando-te assim da influência negativa.

Age no bem, auxiliando o teu próximo e com ele repartindo bênçãos.

Sempre tens algo para oferecer, que escasseia em outrem.

Se te encontras no aturdimento da indução obsessiva, recorre à psicoterapia espírita, ampliando o tempo da prece e da caridade, revestindo-te de paciência e de amor, com que diluirás as forças nefastas, recuperando a paz.

Persiste no cultivo das idéias otimistas, mesmo que a grande esforço.

A obsessão é processo lento de fixação, por sua vez de demorada erradicação. Nunca te suponhas indene às influências espirituais negativas, reconhecendo as próprias deficiências e trabalhando-te para superá-las.

Jesus, o Modelo por Excelência, esteve às voltas com esses Espíritos turbulentos, que se atreviam a tentar dificultar-lhe a ação iluminativa da Humanidade.

Amoroso e paciente, rechaçou-lhes todas as investidas, permanecendo em comunhão com Deus.

Analisa-te com freqüência e observa o próprio comportamento mental e moral, resguardando-te da hipnose nefanda dos obsessores, esses nossos irmãos que ainda permanecem alucinados na retaguarda do progresso, negando-se ao crescimento interior.

(página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 27/06/1997 em Munique, Alemanha).

“Acautela-te da manifestação insidiosa dos Espíritos infelizes, que se comprazem no mal.”

Joanna de Ângelis (Espírito)

Jornal Mundo Espírita de Março de 1998

10 de abr. de 2019

Um Olhar Sobre o Transtorno Do Déficit De Atenção Com Hiperatividade (TDAH)


Primeiramente, de acordo com a definição oferecida pela Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH é conceituado como um “transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente, acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade”.

De acordo com o Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo (CVEE), em entrevista com o Palestrante Adenauer, inicialmente tem-se o esclarecimentos de que o TDAH não está relacionado com questões mediúnicas, haja vista que “a mediunidade é uma faculdade que proporciona ao indivíduo um grau maior de interação com o espiritual, não promovendo diretamente e necessariamente qualquer sintoma que se assemelhe a um transtorno psíquico”.

Entretanto, ainda segundo Adenauer, “a obsessão espiritual pode, em casos específicos, promover alterações na personalidade do indivíduo, dificultando a concentração e provocando aceleração motora, típicas do TDAH”.

Ocorre que, quando se adentro a questão de obsessões, é necessário que se tenha cuidado, pois não se trata de uma regra que o portador de TDAH esteja sendo vítima de uma obsessão.

Nesse sentido, nos socorre o Livro dos Espíritos. Na questão 473, explica-se que “o Espírito não entra em um corpo como entras em uma casa. Ele se afina com um Espírito encarnado que tem os mesmos defeitos e as mesmas qualidades para agir conjuntamente. Mas é sempre o Espírito encarnado que age como quer sobre a matéria da qual está revestido. Um Espírito não pode se substituir àquele que está encarnado, porque o Espírito e o corpo estão ligados até o tempo marcado para o término da existência material”. Portanto, a resposta da questão 474 ensina que “essa dominação não se faz jamais sem a participação daquele que a suporta, seja por sua fraqueza, seja por seu desejo”.

Conclui-se, portanto, que o Espírito afim ao encarnado passa a exercer sua influência sobre este, de forma que torna-se possesso, mas há que se entender que as atitudes dali em diante, são do encarnado.

Para que se diga que a obsessão é a causa do TDAH, é necessário cuidado e a observância de vários outros “sintomas”. Como sempre dizemos, o tratamento médico em caso de qualquer patologia é primordial, de forma que caminhe lado a lado com o tratamento espiritual, se for o caso.

Espiritualmente, neutraliza-se a influência dos maus Espíritos “fazendo o bem e colocando toda a vossa confiança em Deus, repelis a influência dos Espíritos inferiores, e destruís o império que eles querem tomar sobre vós. Evitai escutar as sugestões dos Espíritos que suscitam em vós os maus pensamentos, sopram a discórdia entre vós e vos excitam todas as más paixões. Desconfiai, sobretudo, daqueles que exaltam vosso orgulho porque vos tomam por vossa fraqueza. Eis porque Jesus nos faz dizer na oração dominical: “Senhor! Não nos deixeis sucumbir à tentação, mas livrai-nos do mal” (LE – Questão 469).

Rafaela Paes