O dicionarista Aurélio Buarque de Holanda, ao designar a fase não sólida da matéria, propõe a seguinte definição para o termo fluido: “o que corre ou se expande à maneira de um líquido ou gás”.(1) Este conceito funcional é aperfeiçoado por André Luiz ao associar o termo fluido aos corpos “cujas moléculas cedem invariavelmente à mínima pressão, movendo-se entre si quando retidas por um agente de contenção ou separando-se quando entregues a si mesmas”.(2)
Estados de matéria mais dinâmicos que o gasoso foram trazidos à luz do conhecimento científico no ocaso do século passado e início do atual, com as descobertas de William Crookes, Roentgen e Marie Curie, ao desvendarem o mundo dos raios, ondas e vibrações que serviram de base às cogitações que se seguiram em torno de um Universo unificado em sua aparente diversidade, em que matéria e energia não passariam de estágios ou estados de uma só realidade a expressar-se através de campos energéticos, substâncias e corpos projetados no espaço infinito.
O conceito de fluido, que ressalta dos ensinamentos apresentados pelos Espíritos Superiores que inspiraram a Codificação e ao próprio Allan Kardec, é a de tudo o que se relaciona com a matéria, da mais grosseira à mais diáfana, incluindo-se neste contexto estados que ignoramos, uma vez que ela pode ser tão etérea e sutil que nenhuma impressão nos cause aos sentidos(3) e susceptível de combinar-se ao fluido universal, sob a ação do Espírito, para produzir a infinita variedade de coisas de que apenas conhecemos uma parte mínima.(4)
Diz Léon Denis que essa matéria tornada imponderável, à medida que se rarefaz, adquire novas propriedades e uma capacidade de irradiação sempre crescente; torna-se, portanto, uma das formas de energia.(5)
Na condição de ser integral, composto de espírito, perispírito e corpo somático, participante desse Universo onde tudo e todos interagem, o homem influencia e é influenciado de modo incessante, registrando com mais intensidade o campo daqueles seres de que mais carece para evoluir. Afina-se com pessoas e coisas, pensamentos e substâncias, variantes a cada fase evolutiva por onde transita.
Elementos mais sutis alcançam-no através do perispírito, tocando ou penetrando suas estruturas, onde passam a ser movimentadas. Dá-se uma espécie de “osmose” de natureza psíquica que pode determinar o surgimento de fatores equilibrantes e de progresso, ou constituir-se fonte de estagnação ou desordem.
Tão importante é o que se recebe quanto o que se produz. Quando o espírito (encarnado ou desencarnado) se manifesta (pensando, agindo ou simplesmente existindo) todas as suas potências vibram, fazendo vibrar, por sua vez, o fluido cósmico, imprimindo neste alterações que lhe dão aspecto, movimento e direção.
As transformações que os seres inteligentes promovem na atmosfera fluídica que os envolve, tanto podem dar-se consciente quanto inconscientemente.
Sob o ponto de vista moral, os fluidos trazem a impressão dos sentimentos do ódio, da inveja, do ciúme, do orgulho, do egoísmo, da bondade, da benevolência, do amor, da caridade, da doçura etc.; sob o ponto de vista físico, são excitantes, calmantes, irritantes, dulcificantes, tóxicos, reparadores etc. Algo importante: embora demos nomes aos sentimentos (amor, ódio, inveja, ciúme) estes estados dalma não são iguais em cada um. Assim sendo, o amor de alguém ou a sua inveja não é igual ao amor ou à inveja de outrem. Daí podermos afirmar que os fluidos têm a marca pessoal e a característica própria de quem os carrega.
O perispírito dos encarnados, porque de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, em razão da lei de atração magnética, funcionando espontaneamente no instante do processo reencarnatório, adquire as características próprias de cada individualidade, conforme a moralização e os sentimentos de cada ser inteligente. Daí em diante vão sendo modificadas essas características de acordo com as ações praticadas, sutilizando-se ou adensando-se.
Em decorrência dessa realidade, existe uma facilidade de assimilação de fluidos por parte dos encarnados à semelhança da esponja quando se embebe de liquido. Esses fluidos têm sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quando por sua ação e por sua irradiação se confunde com a densidade deles.
Os fluidos se atraem ou se repelem conforme a semelhança de suas naturezas, daí a incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos.
Tais fluidos agem sobre o perispírito, e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com o qual está em contato molecular. Se os seus eflúvios forem de boa natureza, o corpo recebe uma impressão salutar; se forem maus, a impressão é penosa. Se os fluidos maus forem permanentes e enérgicos, poderão determinar desordens físicas. Certas moléstias não têm outra causa senão essa influência maléfica, causadora das chamadas enfermidades enigmáticas.
A fluidoterapia, nessas circunstâncias, obtém resultados admiráveis, quando a força fluídica, aplicada ao elemento enfermo ou desarmonizado, caracteriza-se pela abundância, qualidade e intensidade de fluidos provenientes de um magnetizador portador de bons sentimentos e ajudado por uma Entidade espiritual benfazeja.
Necessário ressaltar, ainda, que o êxito da terapia pelos passes depende da afinidade entre os fluidos do paciente e do magnetizador. Essa afinidade faz com que as pessoas sejam sensíveis à ação magnética de um indivíduo, e insensíveis a outro. É de bom alvitre, com base nesse fato, que se alternem os doadores de energias, encarregados da assistência a determinada pessoa.
Ainda, na questão dos fluidos, se faz necessária uma referência ao poder catalisador da água no tratamento fluidoterápico. A água fluidificada (pelos Espíritos ou por um magnetizador encarnado) é de resultado benéfico, quando utilizada pelo paciente, orando, pois que, dessa forma, ao ser ingerida, faz com que o organismo lhe absorva as quintessências que vão atuar no perispírito, à semelhança do medicamento homeopático, estimulando os núcleos vitais de onde procedem os elementos produtores e regeneradores das células físicas, e onde, em verdade, se estabelecem os pródomos da saúde como da enfermidade, que sempre se originam no Espírito, liberado ou calceta.
BIBLIOGRAFIA:
(1) - Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda. Repetimos citação do Livro O Passe, de Jacob Melo.
(2) - Evolução em Dois Mundos, André Luiz, cap. XIII, item Fluidos em geral.
(3) - O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, parte l, cap. II,questão 22.
(4) - Idem, idem, questão 27.
(5) - No Invisível, Léon Denis, 2ª parte, cap. XV.
(6) - A Gênese, Allan Kardec, cap. XIV.
(7) - Sementeira da Fraternidade, Manoel P de Miranda / Divaldo P. Franco, Cap. 15, Alienações por Obsessões.
Fonte: Site CVDEE – Artigo “Terapia pelos Passes – Projeto Manoel P. Miranda – Ed. Leal”