Este espaço foi criado com o objetivo de falar um pouco a respeito do Espiritismo, trazer alguns esclarecimentos a respeito desta doutrina tão consoladora.
30 de jun. de 2011
A escravidão no Brasil vista pela ótica espírita.
A implantação da escravatura em nosso País, uma das características do Brasil colonial objeto do livro “O amor é para sempre”, de Cristina Sena, coincidiu praticamente com o descobrimento, ou seja, poucos anos depois da chegada de Pedro Álvares Cabral às terras brasileiras iniciava-se aqui o sistema escravagista, analisado desta forma no cap. V do livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evange-lho”, de autoria de Humberto de Campos, psicografado pelo médium Chico Xavier:
“ – Ismael (disse Jesus ao protetor espiritual do Brasil), asserena teu mundo íntimo no cumprimen-to dos sagrados deveres que te foram confiados. Bem sabes que os homens têm a sua responsabilidade pessoal nos feitos que realizam em suas existências isoladas e coletivas. Mas, se não podemos tolher-lhes aí a liberdade, também não podemos esquecer que existe o instituto imortal da justiça divina, onde cada qual receberá de conformidade com os seus atos.
“Havia eu determinado que a Terra do Cruzeiro se povoasse de raças humildes do planeta, buscan-do-se a colaboração dos povos sofredores das regiões africanas; todavia, para que essa cooperação fosse efetivada sem o atrito das armas, aproximei Portugal daquelas raças sofredoras, sem violências de qual-quer natureza. A colaboração africana deveria, pois, verificar-se sem abalos perniciosos, no capítulo das minhas amorosas determinações.
“O homem branco da Europa, entretanto, está prejudicado por uma educação espiritual condenável e deficiente. Desejando entregar-se ao prazer fictício dos sentidos, procura eximir-se aos trabalhos pesa-dos da agricultura, alegando o pretexto dos climas considerados perniciosos. Eles terão a liberdade de humilhar os seus irmãos, em face da grande lei do arbítrio independente, embora limitado, instituído por Deus para reger a vida de todas as criaturas, dentro dos sagrados imperativos da responsabilidade indivi-dual; mas, os que praticarem o nefando comércio sofrerão, igualmente, o mesmo martírio, nos dias do futuro, quando forem também vendidos e flagelados em identidade de circunstâncias.
“Na sua sede nociva de gozo, os homens brancos ainda não perceberam que a evolução se processa pela prática do bem e que todo o determinismo de Nosso Pai deve assinalar-se pelo ‘amai o próximo como a vós mesmos’.
“Ignoram voluntariamente que o mal gera outros males com um largo cortejo de sofrimentos. Con-tudo, através dessas linhas tortuosas, impostas pela vontade livre das criaturas humanas, operarei com a minha misericórdia. Colocarei a minha luz sobre essas sombras, amenizando tão dolorosas crueldades. Prossegue com as tuas renúncias em favor do Evangelho e confia na vitória da Providência Divina.”
Depois de registrar no seu livro a fala acima transcrita, Humberto de Campos (Espírito) descreve as sucessivas provações que se abateram sobre Portugal e sua gente, que desse modo expiavam a dor im-posta aos africanos escravizados, e por fim observa:
“Os filhos da África foram humilhados e abatidos, no solo onde floresciam as suas bênçãos renova-doras e santificantes; o Senhor, porém, lhes sustentou o coração oprimido, iluminando o calvário dos seus indizíveis padecimentos com a lâmpada suave do seu inesgotável amor. Através das linhas tortuo-sas dos homens, realizou Jesus os seus grandes e benditos objetivos, porque os negros das costas africa-nas foram uma das pedras angulares do monumento evangélico do Coração do Mundo. Sobre os seus ombros flagelados, carrearam-se quase todos os elementos materiais para a organização física do Brasil e, do manancial de humildade de seus corações resignados e tristes, nasceram lições comovedoras, imu-nizando todos os espíritos contra os excessos do imperialismo e do orgulho injustificáveis das outras nações do planeta, dotando-se a alma brasileira dos mais belos sentimentos de fraternidade, de ternura e de perdão.” (Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, cap. V.)
Por: Marco Aurelio Rocha
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