Mesmer, fundador da doutrina a que deu o seu nome, apoiando-se nas idéias de Descartes e de Newton, admitia como princípio uma corrente universal que tudo penetra e abraça num movimento alternativo e perpétuo, assemelhando-se ao fluxo e refluxo do mar.
É a esse movimento alternativo universal que ele atribuía a formação dos corpos, as influências astrais, e a influência mútua que todos os corpos da natureza exercem uns
sobre os outros.
É este o seu ponto de partida: tudo é simples, tudo é uniforme, tudo se mantém, a natureza produz os seus maiores efeitos com a menor despesa possível; ela junta unidade a unidade; só há uma vida, uma saúde, uma moléstia, e por conseguinte um remédio.
O homem se acha em estado de saúde quando todas as partes de que se compõe têm a faculdade de exercer as funções a que são destinadas: se em todas as funções reinar uma ordem perfeita, há harmonia.
A moléstia é o estado oposto, isto é, aquele em que a harmonia está perturbada. Como a harmonia é uma, só há uma saúde. A saúde pode ser representada pela linha reta. A moléstia seria então a aberração desta linha, aberração que pode ser mais ou menos considerável.
O remédio é o meio que restabelece a harmonia, quando ela se acha perturbada.
Existe um princípio que constitui e entretém a harmonia, e este princípio é precisamente o que o homem recebeu em partilha, desde sua origem, do movimento universal em que se acha encravado; este princípio é que determinou a formação e o desenvolvimento dos órgãos, e é ele que presidirá à sua conservação e reparação.
Originado do movimento universal, a cujas leis obedece, influencia diversamente os organismos, penetra-os e, regulando o jogo de seus elementos constitutivos (as vísceras), aparece como o verdadeiro princípio da vida.
Sob o impulso deste princípio ativo, formam-se correntes que seguem a continuidade dos corpos até as partes salientes pelas quais se escapam.
Estas correntes aumentam de velocidade e de potência quando estão retardadas ou apertadas em um ponto.
Polarizam-se, quando abandonam o circo.
Propagam-se à distância, quer pela continuidade dos sólidos, quer por intermédio dos meios ar, água ou éter.
Podem concentrar-se e reunir-se como em reservatórios, para se dispersarem depois.
Tudo que é suscetível de acelerar as correntes, produz um aumento das propriedades dos corpos.
Se estivesse em nosso poder acelerar as correntes universais, poderíamos, aumentando a energia da natureza, estender à vontade, em todos os corpos, as suas propriedades ou restabelecer as que um acidente tivesse enfraquecido.
Mas, se a nossa ação sobre as próprias forças da vida universal é limitada, podemos, pelo menos, exercer nosso poder sobre as partes constitutivas deste grande todo, e este poder é tanto mais ativo, quando houver entre essas partes e nós relações de analogia.
Assim, de todos os corpos, aquele que pode agir com maior eficácia sobre o homem é o seu semelhante.
Esta potência de ação reside na faculdade de uma emissão radiante, que todo o homem possui em diversos graus, e que pode regular ou estender à vontade pelo exercício, de maneira a pôr em ação, de perto ou de longe, os corpos inertes ou vivos.
Este fenômeno de emissão radiante é um fato adquirido desde muito tempo pela ciência: Faraday e Crookes deram a um estado particular da matéria o nome de matéria radiante.
Em física admitem-se as radiações caloríficas, químicas, elétricas e luminosas; há igualmente radiações magnéticas ou nêuricas.
Exercer em toda a sua plenitude a faculdade natural que o homem possui de emitir radiações magnéticas, é o que se chama magnetizar.
O mesmerismo repousa em uma hipótese que atribui à vontade a faculdade de expelir, para além da periferia do corpo, o influxo nervoso que ela desenvolve nos nervos do movimento, e de dirigir esta força através do espaço sobre os seres vivos que ela se propõe a afetar. Alguns dos efeitos mesméricos nos parecem justificar esta suposição de uma maneira absoluta. (Dr. Durand de Gros)
Retirado do livro ‘Magnetismo Curador’ - Alphonse Bué
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