24 de mai. de 2012

Sobre as sessões espíritas (Parte 2/3)




- Uma sessão mediúnica espírita deve ser sempre iniciada com uma prece, e logo passar-se à leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo? Agindo sempre assim, não se estará criando um ritualismo?

Divaldo Franco – Pode-se estar criando um hábito, não um ritual, porque aí não chega a ser um dever inadiável. Nós, por nossa vez, fazemos ao revés. Lemos uma boa página de esclarecimento, comentamo-la e fazemos a prece posteriormente, depois do que a reunião tem início.

- Há necessidade de se abrir um trabalho mediúnico usando expressões como: aberto com a chave de paz e amor, aberto com a proteção da corrente do Himalaia ou outras do gênero?

Divaldo Franco – Pessoalmente, não utilizamos nenhuma fórmula, porque, na Doutrina Espírita, não existem chavões, rituais, palavras cabalísticas.

Normalmente, dizemos que os trabalhos estão iniciados como sendo uma advertência para as pessoas saberem que já estamos em condições de entrar em sintonia. Penso mesmo que seja desnecessário dizer que a sessão está aberta ou iniciada. Feita a prece, evocada a proteção divina, automaticamente está iniciado o labor.

Desse modo, acrescentar quaisquer palavras que façam relembrar mantras, condicionamentos, é conspirar contra a pureza doutrinária, criando certas manifestações circunstanciais, que somente cultivam a ignorância e a superstição.

- Haverá necessidade de que, no início das sessões mediúnicas, todos os médiuns recebam seus mentores particulares, para garantirem suas presenças ou para deixar cada qual sua mensagem?

Raul Teixeira – Não há, evidentemente, essa necessidade. As leituras e meditações feitas na abertura da sessão, seguidas pela oração contrita e objetiva, assim como a predisposição positiva dos participantes, dão-nos a garantia da presença e da consequente assistência dos Espíritos-Guias, sem necessidade de que cada médium receba o seu mentor em particular.

Há circunstâncias em que o espírito responsável pelo labor a desenrolar-se comunica-se, após a abertura da sessão, para alguma mensagem orientadora, comumente versando sobre as lides a se processarem, concitando à atenção, ao aproveitamento etc. Doutras vezes, vem ao final das tarefas para alguma explicação, conclamação ao encorajamento e à perseverança, desfazendo quaisquer temores em função de alguma comunicação mais preocupante. Contudo, a comunicação de todos os guias, no mínimo, é desnecessária e sem propósito.

- Alguns grupos mediúnicos exigem a manifestação dos Mentores Espirituais para declararem iniciados os trabalhos. É isto necessário?

Divaldo Franco – Exigir a manifestação do Mentor é inverter a ordem do trabalho. Quem somos nós para exigir alguma coisa dos Mentores? Quando o trabalho está realmente dirigido, são os Mentores que, espontaneamente, quando convém, se apressam em dar instruções iniciais, objetivando maior aproveitamento da própria experiência mediúnica.

Ocorre que, se o início do trabalho for condicionado a incorporações dos chamados Espíritos guias, criar-se-á um estado de animismo nos médiuns que, enquanto não ouçam as palavras sacramentais, não se sentirão inclinados a uma boa receptividade. Isso é criação nossa, não é da Doutrina Espírita.

- Por que acontece, às vezes, nas sessões mediúnicas, não haver nenhuma manifestação? O que determina ou impede as manifestações?

Divaldo Franco – O baixo padrão vibratório reinante no ambiente. A sintonia psíquica dos membros da reunião responde pelos resultados da mesma.

- Seria justo, então, se encerrasse a reunião depois de alguns minutos, desde que não se obtenha comunicação nenhuma?

Divaldo Franco – Não, porque esta é uma forma de disciplinar os membros da sessão a terem responsabilidade e prepararem-se para o trabalho, que assumem espontaneamente.

- Como deve proceder o dirigente das sessões mediúnicas para alcançar os objetivos superiores do trabalho?

Raul Teixeira – A fim de atingir a meta proposta pelos Dirigentes Espirituais das sessões, será de bom alvitre que o dirigente encarnado atenda a tarefa com a máxima seriedade, considerando-a como o seu encontro mais íntimo com a Espiritualidade.

Na condição de condutor encarnado do cometimento mediúnico, deverá preparar-se para filtrar as inspirações do Invisível Superior, por meio das indispensáveis disciplinas do caráter, de uma vida enobrecida pelo cumprimento do dever, pela renúncia aos vícios de todos os tipos, que enodoam tanto seu psiquismo quanto seu organismo físico.

Será de grande valia, tanto para o dirigente quanto para aqueles que se candidatam a tal direção de trabalhos mediúnicos, o gosto por estudar as obras literárias do Espiritismo, assim como o hábito das meditações em redor do que haja lido, facilitando a identificação das diversas ocorrências que poderão se dar nas sessões, como permitindo interferências indispensáveis nessas ocasiões, com conhecimento de causa.

O fenômeno do animismo, assim como o das mistificações, somente às custas de muita reflexão em torno de muito estudo e amadurecimento, com o consequente conhecimento do ser humano, poderão ser identificados satisfatoriamente.

Do livro: Diretrizes de Segurança
Por: Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira

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