25 de jul. de 2012

O Umbral (Parte 1 de 3)




A morte do corpo não conduz o homem a situações miraculosas. Todo processo evolutivo implica gradação. Há regiões múltiplas para os desencarnados, como existem planos inúmeros e surpreendentes para as criaturas envolvidas de carne terrestre. Almas e sentimentos, formas e coisas, obedecem a princípios de desenvolvimento natural e hierarquia justa.

A natureza não se desvia do caminho do aperfeiçoamento, da manifestação divina. Aonde quer que olhemos, há evolução mesmo que lenta, mas constante. Parece-nos que, somente no âmbito hominal, há possibilidade de recusa desse crescimento, embora muitos não o admitam. Mas, se não houver evolução, há estagnação no plano mental egoísta. É uma verdade patente, exposta de uma forma tão agressiva nas regiões umbralinas, que chega a nos causar arrepios.

O Umbral é imenso, do tamanho dos continentes. Onde houver um núcleo de encarnados, existirá também o espaço espiritual bom e o ruim. Cada qual de nós vive e respira nos reflexos mentais de si mesmo, angariando as influências felizes ou infelizes que nos mantêm na situação que buscamos...

Parece ser ali a morada de todas as misérias imagináveis. Espíritos que se transformam em farrapos humanos, cultivando entre si a promiscuidade, o medo, a miséria e a exploração feita pelos mais sagazes e violentos.

Ali se reúnem, numa convivência deprimente, espíritos invigilantes que, na Terra, não se preocuparam com o crescimento espiritual, pois, se não fizeram o mal, o bem também não realizaram. E dessa maneira criaram débitos, porque, quando se pode, deve-se fazer. E nós podemos refletir a luz, a harmonia, a bondade e a fraternidade de Deus. A ausência de preparação religiosa, no mundo, dá motivo a dolorosas perturbações.


O Umbral começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos.


Quando o espírito reencarna, promete cumprir o programa de serviços do Pai; entretanto, ao recapitular experiências no planeta, é muito difícil fazê-lo, para só procurar o que lhe satisfaça ao egoísmo. Assim é que mantidos são o mesmo ódio aos adversários e a mesma paixão pelos amigos. Mas, nem o ódio é justiça, nem a paixão é amor. Tudo o que excede, sem aproveitamento, prejudica a economia da vida. Pois bem: todas as multidões de desequilibrados permanecem nas regiões nevoentas, que se seguem aos fluidos carnais. O dever cumprido é uma porta que atravessamos no Infinito, rumo ao continente sagrado da união com o Senhor. É natural, portanto, que o homem esquivo à obrigação justa, tenha essa bênção indefinidamente adiada.


Imagine que cada um de nós, renascendo no planeta, somos portadores de um fato sujo, para lavar no tanque da vida humana. Essa roupa imunda é o corpo causal, tecido por nossas mãos, nas experiências anteriores. Compartilhando, de novo, as bênçãos da oportunidade terrestre, esquecemos, porém, o objetivo essencial, e, ao invés de nos purificarmos pelo esforço da lavagem, manchamo-nos ainda mais, contraindo novos laços e encarcerando-nos a nós mesmos em verdadeira escravidão. Ora, se ao voltarmos ao mundo procurávamos um meio de fugir à sujidade, pelo desacordo de nossa situação com o meio elevado, como regressar a esse mesmo ambiente luminoso, em piores condições?


O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.


Essa esfera se mistura quase com a esfera dos homens. É nessa zona que se estendem os fios invisíveis que ligam as mentes humanas entre si. O plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamento dos encarnados, porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações que a ciência terrestre presentemente não pode compreender. Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um ímã poderoso. Há uma extensa humanidade invisível, que se segue à humanidade visível. No Umbral encontram-se fluidos pesadíssimos emitidos, sem cessar, por milhares de mentes desequilibradas, na prática do mal, ou terrivelmente flageladas nos sofrimentos retificadores.


O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior. E note você que a Providência Divina agiu sabiamente, permitindo se criasse tal departamento em torno do Planeta.


CONTINUA...

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