O público pode freqüentar as reuniões mediúnicas do Centro Espírita?
As reuniões mediúnicas são atividades íntimas da casa espírita e só devem ser freqüentadas por pessoas habilitadas para a tarefa. Allan Kardec ensina que: "a concentração e a comunhão de pensamentos sendo as condições necessárias de toda reunião séria, compreende-se que o grande número de assistentes é uma das causas mais contrárias à homogeneidade". Portanto, as reuniões mediúnicas devem ser realizadas apenas pela equipe da casa, formada por médiuns, doutrinadores, passistas e secretário. O hábito de realizar reuniões mediúnicas na presença de pessoas obsediadas ou do público estranho ao quadro de trabalhadores é completamente inadequado e não atende aos propósitos kardequianos dessa atividade. Além de não resolver nenhum problema na área desobsessiva, ainda coloca as pessoas sob risco do desequilíbrio.
Quantas reuniões mediúnicas podem existir numa Casa Espírita?
A quantidade de reuniões mediúnicas de um Centro Espírita fica a critério de cada casa, de acordo com a necessidade apresentada. Entretanto, via de regra, deveria ter, no mínimo, três sessões: uma reunião de desenvolvimento ou educação da mediunidade, uma de desobsessão e uma de psicografia.
Quais os pré-requisitos para participar de reuniões mediúnicas?
E quando a pessoa que participa não se encontra bem (ex: transtorno do pânico), como proceder?A primeira condição a ser considerada é se a pessoa faz parte do quadro de trabalhadores do centro espírita. Não se pode admitir ninguém em um trabalho dessa natureza se não fizer parte da equipe de tarefeiros, estando integrada nos ideais da casa. O simples fato de ser médium não credencia ninguém a trabalhar nas sessões espíritas de intercâmbio espiritual. Sendo trabalhador do centro espírita, ela deve estar inserida nas reuniões de estudo das Obras Básicas para que possa se instruir sobre a doutrina que professa. O trabalhador que não estuda não se instrui, estando, portanto, despreparado para desempenhar tão grave tarefa. Deve trabalhar incessantemente pela sua melhoria a fim de merecer a assistência dos bons Espíritos. Precisa participar ativamente dos trabalhos da casa, inclusive no campo da assistência social, desenvolvendo assim o sentimento de amor ao próximo, quando em contato com o sofrimento dos irmãos necessitados. Se a pessoa, quando no exercício da mediunidade, não se encontra bem psiquicamente, deve ser afastada das atividades práticas, submetendo-se à assistência dos Espíritos no tratamento que a casa espírita deve oferecer. Os transtornos do pânico são ligados a processos obsessivos e como tal devem ser tratados. As comunicações vindas de um médium sob o império da obsessão não devem ser consideradas, diz Allan Kardec.
Todo trabalho mediúnico deve ser pautado pela disciplina dos trabalhadores com relação à assiduidade e ao comprometimento com a tarefa abraçada.
Quais seriam os melhores procedimentos a serem adotados no caso de trabalhadores que faltam com alguma freqüência?
Todo trabalho da casa espírita deveria ser pautado em normas que norteassem uma disciplina, o que facilitaria sobremaneira a tarefa de todos os integrantes da equipe. Entretanto, existe no movimento uma estranha aversão à disciplina devido à mentalidade de que no centro espírita tudo pode ser feito por todo mundo, bastando para isso que tenham boa vontade, mesmo que não se tenha preparo ou maturidade para a tarefa. Dizem que fazer o contrário é falta de caridade. Este procedimento tem trazido imensos prejuízos para o crescimento das casas espíritas como um todo. A tarefa mediúnica deve, mais que qualquer outra, obedecer a critérios de admissão que são os mecanismos de segurança de que fala Allan Kardec, em o Livro dos Médiuns, capítulo 29, quando trata da questões das reuniões e sociedades. Trabalhadores que faltam a um trabalho dessa natureza devem ser avaliados para analisar as razões pelas quais estão faltando. Caso sejam problemas temporários, que possam ser resolvidos em breve tempo, devem ser afastados da atividade até que se organize de forma a cumprir com dedicação e afinco sua responsabilidade. Quando resolverem, voltarão para suas atividades. Se forem razões que não atendam a uma justificativa aceitável, ou seja, cada dia é por um motivo, sem uma razão específica, demonstra que esse trabalhador ainda não compreendeu a gravidade da tarefa com a qual se comprometeu. Geralmente são pessoas que acham estar fazendo uma grande caridade e que a casa espírita necessita dela, quando é o contrário. Devem ser afastadas da atividade de intercâmbio espiritual, pois causam mais prejuízos para o equilíbrio vibratório das reuniões que qualquer outra coisa.
Como estabelecer regras num trabalho de desobsessão?
As regras para um trabalho dessa natureza começam na organização da casa espírita com um todo. Passa pela admissão da pessoa como trabalhador da casa, pela sua instrução quando entra nos cursos oferecidos pela casa, e pela sua moralização que é a razão de ser do Espiritismo. Portanto não se pode falar em regras em um trabalho mediúnico sem observar essas condições básicas antes. Uma vez obedecidos esses critérios, o médium é admitido na tarefa para experiência, sabendo que poderá ser afastado se não adequar-se às normas, que são basicamente: estudo, seriedade, regularidade nas reuniões bem como nas outras atividades da casa espírita e trabalho incessante para vencer suas más inclinações.
Quando um grupo de estudo, com o tempo, transforma-se num grupo de trabalho mediúnico, trabalhando há mais de 7 anos atendendo Espíritos sofredores, suicidas, endurecidos e com ódio, fazendo o trabalho de orientação, doutrinação e passe, esse seria um grupo de desobsessão ou um grupo de desenvolvimento e educação da mediunidade?
O trabalho de desobsessão tem o objetivo preciso de trabalhar para atender os casos de obsessão atendidos na casa espírita. Tem método e desenvolvimento próprios e só trabalham médiuns já educados, com certa experiência, que certamente já passaram pela reunião de educação da mediunidade. Não é aconselhável atender entidades endurecidas e com ódio nas reuniões de desenvolvimento, pelos danos psíquicos que poderão causar ao médium novato por conta de sua natural inexperiência e insegurança. Certamente que esse critério e controle fica a cargo do dirigente da reunião, que é o responsável por tudo o que ali acontece. Geralmente na desobsessão atendem-se às evocações dos casos graves de obsessão, os Espíritos maus inimigos da casa e da Causa e as manifestações espontâneas, onde os mentores trazem aqueles que julgarem necessários.
Por favor expliquem-nos o que vem a ser educação e desenvolvimento mediúnico e qual a diferença da desobsessão?
O termo educação e desenvolvimento da mediunidade são usados para o mesmo fim. Nós preferimos desenvolvimento, pois na verdade no trabalho que é feito nessas reuniões, a mediunidade vai se desenvolvendo na medida do esforço e da característica pessoal do médium. O termo educação pressupõe que a pessoa já tem uma mediunidade ostensiva e vai apenas educá-la, o que na maioria das vezes não é verdade. Mas isso é uma questão de forma. O que se deve saber é que nas reuniões de desenvolvimento estamos trabalhando o dom para servir mais e melhor, ou seja desenvolvendo e disciplinando um tarefeiro de intercâmbio espiritual, para desempenhar suas atividades servindo a Jesus no amparo dos necessitados da alma. Quando estiver seguro e maduro na compressão do que se propõe, bem como se sua mediunidade for de fato produtiva, o médium passará a realizar sua tarefa nas reuniões de desobsessão, se lá houver necessidade dela. Nas reuniões de desenvolvimento ou educação da mediunidade deve-se trabalhar com Espíritos sofredores de uma forma geral. Os Espíritos maus, devem ser instruídos e doutrinados nas reuniões de desobsessão, pois eles caracterizam manifestações que necessitam de médiuns mais maduros e experientes para o serviço.
Como proceder em relação ao desenvolvimento mediúnico e de que forma coordenar esse trabalho? Quando o médium estaria apto para vencer essa etapa de "desenvolvimento" e iniciar o trabalho na desobsessão?
Na verdade o trabalho mediúnico é toda uma ciência prática, que deve estar amplamente fundamentada na teoria kardequiana e nas mãos do dirigente da reunião, que por sua vez deve ser pessoa séria, disciplinada, dedicada ao ideal do Cristo e com autoridade moral sobre o grupo com quem trabalha. Deve ter uma vida de exemplos, se quiser realizar um trabalho que produza no campo do Bem. Visto isto, ele forma sua equipe, sempre tendo em mente que vai fazer experiências com algumas pessoas no campo da mediunidade. Deve ficar bem claro que se a pessoa não produzir bem, será afastada da tarefa e irá servir em outra área da casa. Dentro da própria reunião pode ser aproveitado no trabalho de passes ou do secretariado, funções igualmente sérias e importantes. Este procedimento só poderá ser feito se houver um perfeito intercâmbio entre o dirigente e os membros da equipe, com inteira confiança entre eles, o que necessariamente depende do tipo de organização e administração que tem a casa espírita. Casas espíritas desorganizadas e que não tenham muito critério na admissão de trabalhadores e consequentemente na composição do quadro de médiuns, esse tipo de norma é quase impossível de ser implementado, por conta dos melindres que são filhos do orgulho e da vaidade. Se for criado um laço de compromisso eterno entre o médium e o dirigente, certamente será quase impossível afastar uma pessoa improdutiva da reunião, permanecendo alguns indivíduos, às vezes, por anos a fio nas sessões, sem produzirem absolutamente nada. Dormem por todo o tempo e ainda encontram explicações de que "são médiuns excelentes doadores de fluidos". O médium poderá ser experimentado no trabalho de desobsessão quando já tenha segurança ou potencial mediúnico confiável. Ele estará pronto quando der mostras de sua maturidade espiritual (seriedade, disciplina, dedicação, abnegação etc) e se sua mediunidade for produtiva. Ou seja, se der comunicações fáceis, variadas, sem floreios e fantasias. Médiuns imaturos costumam fantasiar muito, acham-se especiais, rejeitam quaisquer observações, são por demais suscetíveis, resistem à qualquer mudança de planos, melindram-se por tudo e não aceitam orientação. Esses não deveriam servir no ministério da mediunidade, pois ainda não compreenderam que o dom é de Deus e que a Ele devemos servir sem barreiras.
Como se dá, em regras gerais, a rotina do trabalho mediúnico?
Qual a experiência do Grupo responsável pela seção Perguntas e Respostas? Buscamos trabalhar dentro da racionalidade kardequiana, abraçando o trabalho com a seriedade devida, com o recolhimento necessário, exercendo a mediunidade de forma religiosa, como nos adverte Allan Kardec, no Evangelho Segundo o Espiritismo. Inicia-se com uma prece, depois faz-se 1 (uma) hora de estudo do Evangelho, ou então 30 minutos de Evangelho e 30 minutos de O Livro dos Médiuns, caso não tenha outro dia dedicado ao exame desse Livro, na casa. Depois disso, inicia-se a parte prática que deve durar cerca de 1 hora. Na parte prática propriamente dita, inicia-se com manifestação de um instrutor e depois abre-se espaço para as comunicações espontâneas de sofredores. Pode-se também, evocar Espíritos sofredores de determinada faixa vibratória, como suicidas, acidentados etc. Esta prática ajuda muito no desenvolvimento dos médiuns, bem como serve para aferir o grau de confiabilidade da mediunidade de quem já está há mais tempo na tarefa. Por fim, abre-se espaço para as manifestações de instrutores ou guias espirituais dos médiuns, para as considerações finais. Encerra-se com uma prece. Nas reuniões de desobsessão, segue-me o mesmo roteiro, com a diferença de que ao final, antes das manifestações do Benfeitores, evoca-se os casos graves de obsessão, que estão sendo tratados na casa. Além, é claro, das manifestações espontâneas dos casos trazidos pelos mentores espirituais do trabalho.
Como formar e coordenar um grupo de pessoas novas, para "desenvolvimento" e educação mediúnica?
Só se deve formar novos grupos de médiuns na casa, se houver necessidade de aumentar o quadro de trabalhadores dessa área. A mediunidade não deve ser exercida para atender a necessidade do médium, como comumente se vê, mas para trabalhar em prol de uma causa. O médium disciplinado pode trabalhar em qualquer das frentes de serviço da casa, sem prejuízo nenhum para si, desde que o faça com o verdadeiro sentimento de amor ao próximo. Se a casa já tem sua equipe de desenvolvimento e sua equipe de desobsessão, deverá zelar delas com carinho, tratando de faze-las crescer para produzirem cada vez mais. Cerca de 10 médiuns em cada reunião é mais do que suficiente para atender as necessidades de uma casa espírita que tenha uma freqüência de mais ou menos 500 pessoas por semana. Se for um casa menor, pode-se ter uma reunião com a metade desse número e funciona muito bem, desde que se guie por métodos e deixe de lado o empirismo, as longas conversas com Espíritos endurecidos, as intermináveis comunicações de "guias" e por aí afora. Não se deve esquecer que a maioria dos casos de obsessão encontrados na população podem ser tratados apenas com a correta instrução ministrada nas palestras públicas, com a ajuda da fluidoterapia. Portanto, que não sejam criados novos grupos apenas para "formar" médiuns se a casa já tem sua equipe formada. Se porventura aparecer alguém do grupo de trabalhadores que tenha uma mediunidade muito ostensiva, coloque-o na reunião de desenvolvimento para observar seu comportamento mediúnico por algumas semanas, não sem antes submetê-la a um tratamento espiritual, pois devemos sempre desconfiar das "mediunidades que começam prontas para servirem". Tenhamos cautela com isso, diz Allan Kardec. O ideal em uma casa espírita é que tenha 3 reuniões mediúnicas na semana: uma de Desenvolvimento, uma de Desobsessão e uma de Psicografia.
Gostaria de saber se Allan Kardec fez alguma alusão à prática de doutrinação, ou seja, se podemos doutrinar mais de um Espírito ao mesmo tempo.
Há uma grande polêmica sobre esta questão. Algumas figuras do movimento instruem que não se deve colocar barreiras para as manifestações dos Espíritos nas reuniões de intercâmbio, pois isso seria faltar com a caridade. E defendem a prática das manifestações simultâneas, deixando a mercê dos médiuns, e evidentemente do mundo espiritual, toda a rotina do trabalho mediúnico. Se o que se quer é quantidade de manifestações, esta prática serve, mas se o que se almeja é o auxílio aos irmãos necessitados que são trazidos nas reuniões, deve-se mudar o rumo das coisas. Allan Kardec, na Revista Espírita, instrui incansavelmente sobre a forma de conversar com os Espíritos, e certamente conversava com um de cada vez. Para analisar com racionalidade a questão basta que apliquemos a dúvida em nossa vida prática: consegue-se conversar com duas ou três pessoas ao mesmo tempo? Em assembléias onde muitas pessoas falam simultaneamente logo se estabelece a confusão. Nas reuniões mediúnicas isso deve ser muito mais considerado, pois necessita de um clima vibratório propício de calma e recolhimento, o que é impossível conseguir com a desarmonia que estabelece um ambiente de barulho e desordem.
É proibido evocar os Espíritos? Podemos evocá-los nas reuniões mediúnicas?
Sim, podemos e devemos evocar os Espíritos. Allan Kardec dedicou um capítulo inteiro do Livro dos Médiuns (capítulo 25) ensinando como, por quê e para quê servem as evocações. São suas estas palavras: "Podemos evocar todos os Espíritos, seja qual for o grau da escala a que pertençam" (item 274 de O Livro dos Médiuns). Disse ainda que não é possível tratar de obsessões graves sem evocar as entidades envolvidas no processo. Certamente as evocações, bem como toda e qualquer atividade no campo da mediunidade, só devem ser praticadas por grupos experientes, que tratam a questão com a seriedade devida. Caso contrário, permanecerão sob jugo de Espíritos enganadores e brincalhões, pois eles existem por toda parte. Para maiores detalhes, leia o estudo sobre a evocação dos Espíritos que se encontra no site NovaVoz .
O espírita deve buscar na sua reforma íntima mudar a alimentação, evitando ou eliminando as carnes de seu cardápio?
O consumo de carne prejudica o exercício mediunidade? O objetivo da Doutrina Espírita é modificar moralmente o homem, fazendo-o melhor em todos os sentidos. A idéia de que o "não comer carne" contribui para a purificação do Espírito vem das doutrinas esotéricas. Isso não tem qualquer fundamento lógico e contraria as orientações dos Espíritos superiores a respeito do assunto. O que acontece é que a carne vermelha tem uma metabolização mais difícil que as carnes brancas ou alguns vegetais, tendo o organismo que despender maior gasto energético para concretizá-la. O hábito alimentar ocidental é cheio de vícios e temos que nos disciplinar para conter os excessos alimentares, que como todo excesso, faz mal para a saúde do corpo. Um corpo em desequilíbrio traz consequências danosas ao Espírito e vice-versa. Portanto, é prudente alimentar-se com moderação sempre. Nos dias de atividades mediúnicas, aconselha-se o consumo de alimentação mais leve para evitar desgastes energéticos com a digestão e facilitar a tarefa de intercâmbio, já que em tudo há a movimentação de energias. O consumo de carne em nada prejudica o exercício da mediunidade. O que o afeta profundamente são os vícios morais, esses um tanto mais difíceis de serem erradicados, do que o simples costume de se comer carne.
Gostaria de tirar uma dúvida em relação a saídas fora do corpo (viagem astral). Isto é uma característica de mediunidade?
b) Quais perguntas que um dirigente deve fazer para o Espírito evocado e quantas vezes é necessário evocá-lo?
As perguntas dependem do caso, mas não devem ser muitas, nem se deve estender nas conversas com Espíritos muito endurecidos. Mais vale fazer as preces e encaminhá-los aos planos espirituais para que os amigos espirituais cuidem dele. A necessidade da evocação depende da evolução do processo obsessivo. Mas, na maioria dos casos graves, não excede três vezes.
c) Como o referido Espírito deve se comportar em um centro espírita kardecista, isto é o dirigente deve deixar o mesmo à vontade e fazer o que quer, ou deve manter o controle do referido Espírito, sem cair no chão, dizer palavrões, ficar andando etc.?
O Espírito só faz o que o médium permite. Se o Espírito faz arruaça, quer quebrar, andar, falar palavrões etc, o médium precisa ser educado, pois provavelmente está sendo mal conduzido em sua mediunidade. O Espírito não pode conduzir o médium, mas o médium conduz o Espírito. O dirigente é o responsável por essas coisas. Se for bem orientado na Doutrina Espírita não deixará que coisas dessa natureza aconteçam.
Gostaria de saber se a prática do desdobramento é saudável, pois há quase 3 anos venho saindo de meu corpo físico.
Desdobramento não é coisa muito sadia se não for feito em ambiente de segurança. Os transes só são mais ou menos seguros quando feitos em casas espíritas kardecistas equilibradas, que possam dar uma orientação mais fundamentada na Doutrina Espírita. Sair do corpo solitariamente é muito arriscado, ainda mais nesse ambiente espiritual que aí está. Além disso é muito sujeito à interpretação pessoal do médium. Portanto aconselhamos ter muita cautela com essa prática, apesar da maioria dos espíritas acharem que não é nada demais. Nossa experiência com a mediunidade e os estudos da Doutrina Espírita, nos dizem o contrário.
Sobre a evocação dos Espíritos, Kardec fala das equipes que se prestam às evocações e são procuradas para atender interesses particulares.
Ele diz que só com reservas esses pedidos devem ser atendidos, evitando que o médium se transforme em instrumento de consultas. Diante deste fato o trabalho de pesquisa mediúnica, realizado no atendimento fraterno não estaria em contradição com a orientação do Codificador?
O texto de Allan Kardec se refere às pessoas que fazem da mediunidade meio de vida, ou seja, transformam-se em consulentes, coisa muito comum naquela época e ainda hoje. Portanto ele alertava para esse perigo e orienta nesse sentido, quando trata das evocações. O exame espiritual realizado em alguns casos sérios detectados nas entrevistas nada tem a ver com isso, pois trata-se de uma investigação espiritual no sentido de auxiliar o diagnóstico (como um exame complementar). Além disso, a investigação é feita por solicitação de quem faz a entrevista e não de quem está sendo entrevistado, ou seja, apenas em casos de necessidade. As pessoas só são informadas dos resultados em situações de exceção. Portanto a pesquisa mediúnica não entra em contradição com a orientação de Allan Kardec.
Há centros que alternam médiuns em trabalho ostensivo e médiuns de apoio à mesa, durante o trabalho mediúnico. Existe razão para isso, como troca de fluidos, ou não tem fundamento?
Essa prática não encontra fundamentação nas obras de Allan Kardec. Não existe nenhuma razão para ter médiuns de apoio à mesa. A mediunidade serve para intermediar, como diz o nome. Essa idéia nasceu dos livros subsidiários e encontra ressonância no meio espírita que pouco sabe da obra de Allan Kardec. Esse tipo de alternância na tarefa mediúnica também não faz sentido e tem pouca ou nenhuma produtividade.
Como proceder com pessoas que estão envolvidas por um processo obsessivo, que foram forçadas a desenvolver mediunidade?
No Brasil é muito comum encontrarmos pessoas obsedadas pela prática indevida da mediunidade. São criaturas que acabaram vítimas de dirigentes equivocados, que ainda pensam ser a mediunidade uma forma de se fazer "caridade". A vulgarização da prática mediúnica, a irresponsabilidade das federações e dos líderes espíritas frente ao problema deu origem a uma legião de médiuns improdutivos, de mentalidade fantasiosa que pouco fazem em termos de mediunidade. Quando se percebe que alguém está sob o império da obsessão por causa do exercício da mediunidade, basta afastá-lo das sessões e submetê-lo, durante algumas semanas, a um tratamento. Ela ficará livre das contaminações adquiridas na mesa ou da obsessão, caso a tenha, e o mal desaparecerá. Se o problema for num outro centro, não tenha receio de pedir à criatura que se afaste de lá. Faça-o, pois estará prestando-lhe um grande serviço em nome da caridade