13 de jan. de 2013

O Evangelho no Lar.


O Culto do Evangelho no Lar
artigo publicado na revista “Reformador”, Ed. FEB
JAQUELINE S. LEAL FONSECA


“Orar em família é ver derramar-se sobre ela o cálice aurífico dos céus, acondicionando-nos nesse imenso bojo de ventura que o Cristo traz a visitar-nos.” – Tereza de Brito
Conta-nos o Espírito Neio Lúcio, pela psicografia de Francisco C. Xavier, que Jesus, quando se asilava provisoriamente na casa de Simão Pedro, percebendo que o teor das conversações já descambava para a improdutividade, tomou das Sagradas Escrituras e, após colocações simples, por meio das quais trouxe à realidade daqueles Espíritos a importância do instituto doméstico, desenrolou os Escritos Divinos e convidou os familiares de Simão à palestra edificante e à meditação.

Iniciava-se o primeiro culto cristão no lar.

Mas, o que é o Culto do Evangelho no Lar?

Segundo André Luiz, na obra Desobsessão, trata--se de “estudo da Doutrina Espírita, à luz do Evangelho do Cristo e sob a cobertura moral da oração”.

O Culto do Evangelho no Lar (CEL) é o momento semanal em que, beneficiando-nos da companhia dos nossos familiares que comungam dos mesmos princípios religiosos que nós, podemos elevar o nosso pensamento ao Mais Alto através da prece reconfortante e do estudo e debate de problemas corriqueiros, do âmbito familiar ou social, à luz do Evangelho de Jesus decodificado pelo Espiritismo. É “a festiva oportunidade de conviver algumas horas com os Espíritos de Luz que virão ajudar-te nas provações purificadoras, em nome daquele que é o Benfeitor vigilante e Amigo de todos nós ”.
Bom, mas para que serve o CEL?

André Luiz, no livro Conduta Espírita, diz que “quem cultiva o Evangelho em casa, faz da própria casa um templo do Cristo.”

Em primeiro lugar, podemos colocar o que os Espíritos nos dizem com relação às bênçãos familiares que podem ser recolhidas desta prática cultivada em várias religiões, que é a da leitura e interpretação dos textos do Evangelho.

Os momentos de culto são dedicados exclusivamente ao reduto doméstico. Portanto, ali os seus componentes estão à vontade para discutir suas dores e seus problemas, as dificuldades vividas no dia-a-dia e interpretá-las à luz da Doutrina Espírita. É um momento de intimidade, de troca de boas vibrações e de bons sentimentos, é um momento em que a Espiritualidade Amiga se destaca para acompanhar aqueles Espíritos que estão em luta juntos, na romagem carnal, a fim de que eles possam recolher os melhores benefícios daqueles minutos.

Orando juntos, segundo a nossa querida Tereza de Brito, no livro Vereda Familiar, nós nos utilizamos “das formidáveis bênçãos que movimentamos para o equilíbrio e para a presença da luz em nosso cenário doméstico”. Então, podemos concluir que o CEL contribui para a manutenção do equilíbrio e da paz doméstica.

Joanna de Ângelis, no livro Florações Evangélicas, coloca que, mesmo num ambiente familiar conturbado, em que existe a evidente reunião de Espíritos não afinados, quando se institui a presença de Jesus naquele lar, esta “(...) produz sinais evidentes de paz, e aqueles que antes experimentavam repulsa pelo ajuntamento doméstico descobrem sintomas de identificação, necessidade de auxílio mútuo.”

Durante o CEL, a família restaura suas forças despendidas ao longo da semana, enquanto eleva o padrão vibratório da casa, unificando os laços familiares por terem a oportunidade de partilhar conhecimentos e dores.

E no Âmbito Espiritual, qual a repercussão do CEL?

André Luiz, no livro Os Mensageiros, cap. 37, conta-nos que, após presenciar o CEL de D. Isabel, uma devotada companheira de Nosso Lar que ainda estava encarnada, cuidando de três filhos, e cujo marido a amparava e guardava o seu lar do Plano Espiritual, foi para o jardim de sua casa e observou curiosa cena. Ameaçava tempestade e, naquele momento, entidades de aspecto desagradável, algumas com formas até um tanto quanto aterradoras, arrastavam-se para sua direção, mas quando se aproximavam, recuavam, amedrontadas. Intrigado, perguntou ao seu Mentor, Aniceto, a razão daquela fuga repentina, como se tivessem aquelas entidades se encontrado com algo aterrorizante.

Aniceto, com toda a sua paciência e amor, disse a André Luiz que aqueles irmãos eram os “seres vagabundos da sombra”, que procuravam asilo nos dias de tormenta, porque ainda muito ligados às sensações grosseiras da carne, e por isso, os aguaceiros os incomodavam tanto quanto a nós encarnados. Disse que eles buscavam preferencialmente as casas de diversão noturna, sendo que as residências abertas também eram por eles penetradas, porque as viam como que da mesma matéria que lhes constituía o perispírito.

Aumentando, ainda, os conhecimentos de André Luiz, complementou Aniceto:

“Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão-só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em contato com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantêm a distância, procurando outros rumos...” (Destaque nosso.)

Joanna de Ângelis diz, em seu livro Messe de Amor, página “Jesus Contigo”, que nós distendemos da nossa casa a luz do Evangelho para o “mundo atormentado”. E diz, ainda mais, que a casa que ora beneficia a rua inteira, e que num prédio, um único apartamento em que haja CEL é capaz de iluminar todo o edifício.
Portanto, para que resguardemos o nosso lar dos Espíritos salteadores e vagabundos das Trevas, formando barreiras vibratórias capazes de os isolar, e para que possamos distender aos nossos irmãos que sofrem os benefícios que colhemos com a prece, mantenhamos o Culto do Evangelho.

E como podemos fazê-lo?

Joanna de Ângelis, na mesma página, fala-nos: “Prepara a mesa, coloca água pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ora.”
Todavia, indispensável que tomemos das palavras de Jesus como base para os comentários principais da noite.

André Luiz, no livro Os Mensageiros, cap. 35, conta--nos o que assistiu no Culto do Evangelho em casa de D. Isabel.

Disse o nosso Benfeitor Amigo que, primeiramente, a filha mais jovem proferiu a prece, ao que se seguiu que a filha mais velha leu uma página instrutiva consoladora e, logo após, uma nota triste do noticiário comum. Quando a leitura acabou, D. Isabel abriu o Novo Testamento, como se estivesse procedendo ao acaso, mas, em verdade, André Luiz viu que o marido de Isabel, do Plano Espiritual, intervinha diretamente na abertura do Livro Sagrado, ajudando a focalizar o assunto da noite.

E D. Isabel leu um versículo do Evangelho e o comentou, com o amparo de um Benfeitor Espiritual que a inspirava, fazendo alusão ao que a filha mais velha lera como página inicial e ao episódio triste do jornal leigo.

No livro Renúncia, romance mediúnico ditado por Emmanuel ao nosso querido Chico Xavier, Alcíone, protagonista da citada obra, em Culto do Evangelho na casa de seu pai, contara que quando vivia sob tutela do Padre Damiano e de sua mãe, na Espanha, “nunca nos reunimos no culto doméstico sem suplicar o socorro da inspiração divina” e que liam “apenas um versículo de cada vez e esse mesmo, não raro, fornecia cabedal de exame e iluminação para outras noites de estudo.” Dá agora para perceber por que Emmanuel escreveu quatro livros* comentando apenas um versículo de cada vez, em cada leitura edificante que fazemos...

Podemos, assim, concluir que, ao colocarmo-nos confortavelmente em torno da mesa com copos de água pura, a fim de que seja devidamente fluidificada, podemos proferir uma prece simples, e proceder à leitura de página edificante, de um recorte de jornal ou alguma reportagem de revista, além do versículo do Novo Testamento para que possamos, através dele, elucidar o que lemos previamente.

Contudo, podemos utilizar-nos dos recursos literários disponíveis na Doutrina Espírita, quais sejam: livros cujas páginas ou mensagens são lidas antes da prece inicial; leitura e comentários de O Evangelho segundo o Espiritismo ou do Novo Testamento; livros infantis que poderão ser utilizados por aqueles que têm filhos pequenos, dando-lhes, assim, o ensejo de participação ativa no CEL, lendo eles próprios alguma passagem de um livro infantil edificante, que conte alguma história do seu dia-a-dia na escola e que tenha a ver com o tema da noite, além do contato com o conhecimento espírita e a moral cristã contida no Evangelho de Jesus.

Ao final, que seja proferida a prece de agradecimento.

E não podemos esquecer de fixar um horário e um dia da semana específicos para o mister, o qual não deverá ser burlado nem relegado ao esquecimento. Joanna de Ângelis, na já citada página do livro Messe de Amor (13), é clara ao nos informar: “Não demandes a rua, nessa noite, senão para os inevitáveis deveres que não possas adiar.

Demora-te no Lar para que o Divino Hóspede aí também se possa demorar.” (Destaque nosso.)
É importante frisar que o CEL não é um momento para manifestações mediúnicas, salvo em situações extremas, em que se faça necessário a um Mentor Espiritual dar algum recado mais importante. Apesar de o CEL beneficiar alguns companheiros desencarnados que, porventura, estejam em nossa casa ou sejam trazidos até ela para se beneficiarem dos ensinamentos da noite, como exemplifica André Luiz no livro Entre a Terra e o Céu14, é muito importante que nos abstenhamos de dar passividade a Espíritos sofredores no âmbito doméstico, por ser medida de resguardo do lar, que não possui os aparatos devidos para as medidas de socorro necessárias a esses irmãos. Que os nossos companheiros desencarnados em sofrimento se manifestem na reunião mediúnica do Centro Espírita, que é a sua clínica de psicoterapia em grupo, sob a égide dos ensinamentos de Jesus.

Mas, e se só eu em casa sou espírita? Então não há CEL na minha casa?

Tereza de Brito, por intermédio de José Raul Teixeira, no livro Vereda Familiar (15), fala que “caso os seus familiares não concordem, por serem adultos e pensarem de maneira diferente, não se iniba. Ore e vibre com Jesus você sozinho, seja nos seus aposentos de dormir ou em alguma parte da casa onde você possa recolher-se por alguns momentos.” E se nos lembrarmos de que Joanna de Ângelis disse que podemos beneficiar um prédio inteiro, uma rua toda, o que não faremos àqueles que não participam do CEL mas vivem sob o mesmo teto que nós! “Se os teus se negarem compartir o ministério a que te propões, a sós, reservadamente na limitação de tua peça de dormir, instala a primeira lâmpada do estudo evangélico e porfia...”
Em contrapartida, diz que não devemos assim proceder quando temos filhos sob nossa tutela: “Se, todavia, os teus filhos estiverem, ainda, sob a tua tutela, não creias na validade do conceito de deixá-los ir, sem religião, sem Deus... Como lhes dás agasalho e pão, medicamento e instrução, vestuário e moedas, oferta-lhes, igualmente, o alimento espiritual (...)”.

Nós somos responsáveis pelos nossos tutelados e responderemos se, por acaso, eles falharem por omissão nossa. É nosso dever levar a eles uma educação moral com base na Lei Natural, que é a Lei de Deus, contida no Evangelho de Amor que o Cristo nos legou. Portanto, eles têm que participar do CEL, preferencialmente desde bem pequenos, quando já comecem a ensaiar o entendimento das coisas, para que se habituem à rotina semanal e para que incorporem tal hábito, levando-o, a posteriori, ao íntimo de seus futuros lares.

E afinal, é importante mesmo que o espírita faça o CEL todas as semanas, ou basta só freqüentar o Centro e ler os livros doutrinários?

Por vezes, o espírita desavisado, em especial quando pouco estuda as obras da Codificação e complementares, acha que, para que seu lar esteja devidamente protegido dos ataques dos Espíritos levianos e zombeteiros, basta que esteja cumprindo sua “escala” semanal no Centro Espírita e que, antes de dormir, faça a sua prece.

Entretanto, é importante, imprescindível mesmo, que todo espírita faça o CEL, independentemente do número de vezes que compareça ao Centro Espírita, porque a sua prática significa a proteção que o lar necessita contra as investidas das trevas. É mediante o CEL que o nosso lar adquire aquelas barreiras magnéticas mencionadas por André Luiz no cap. 37 de Os Mensageiros, citadas anteriormente. É através do CEL que colhemos os benefícios de apaziguamento das animosidades no lar, o aumento da cordialidade entre os que vivem sob o mesmo teto, a força necessária para resolver os problemas familiares de difícil solução, o estreitamento dos laços de consangüinidade.

Vale ressaltar que, independentemente do número de membros da família que ora unida, o importante, e que realmente dá valia às potencialidades magnéticas e vibratórias do Culto do Evangelho no Lar, é a boa intenção na sua prática, é a verdadeira ligação com os Mentores Espirituais, é a freqüência na sua realização e a mudança de atitude dentro de casa, que muito contribuirão para que se mantenha o clima de paz e harmonia que se segue aos minutos de leitura do Evangelho.

Instituamos o Culto do Evangelho em nossos lares, cuidando de nossos filhos para que lhes sejadado o devido encaminhamento religioso, o “pão da vida” de que Jesus nos falou, aquele que realmente nos sacia a fome de luz. E levemos aos irmãos que ainda não o cultivam a informação dos benefícios que ele proporciona, ensinando-os, ajudando-os nos dois ou três primeiros cultos, para que, assim, mais famílias possam recolher as luzes que nós já começamos a receber.

Jesus Contigo
Orientações de Joanna de Ângelis

Dedica uma das sete noites da semana ao Culto do Evangelho no Lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa . Prepara a mesa, coloca água pura, abre o Evangelho, distende a mensagem da fé, enlaça a família e ora. Jesus virá em visita. Quando o Lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu. Quando a família ora, Jesus se demora em casa. Quando os corações se unem nos liames da Fé, o equilíbrio oferta bênçãos de consolo e a saúde derrama vinho de paz para todos. Jesus no Lar é vida para o Lar. Não aguardes que o mundo te leve a certeza do bem invariável. Distende, da tua casa cristã, a luz do Evangelho para o mundo atormentado. Quando uma família ora em casa, reunida nas blandícias do Evangelho, toda a rua recebe o benefício da comunhão com o Alto. Se alguém, num edifício de apartamentos, alça aos Céus a prece da comunhão em família, todo o edifício se beneficia qual lâmpada ignorada, acesa na ventania. Não te afastes da linha direcional do Evangelho entre os teus familiares. Continua orando fiel, estudando com os teus filhos e com aqueles a quem amas, as diretrizes do Mestre e, quanto possível, debate os problemas que te afligem à luz clara da mensagem da Boa Nova e examina as dificuldades que te perturbam ante a inspiração consoladora do Cristo. Não demandes a rua, nessa noite, senão para inevitáveis deveres que não possa adiar. Demora-te no Lar para que o Divino Hóspede aí também se possa demorar. E quando as luzes se apagarem à hora do repouso, ora mais uma vez, comungando com Ele, como Ele procura fazer, a fim de que, ligado a ti, possas em casa, uma vez por semana em sete noites, ter Jesus contigo.
Joanna de Ângelis

Principais Finalidades do Culto do Evangelho no Lar
· Estudar o Evangelho à Luz da Doutrina Espírita, a qual possibilita compreendê-lo em “espírito e verdade”, facilitando, assim, pautar nossas vidas segundo a vontade do Mestre.
· Criar em todos os lares o hábito salutar de reuniões evangélicas, para que despertem e acentuem o sentimento de fraternidade que deve existir em cada criatura.
· Pelo momento de paz e de compreensão que o Evangelho no Lar oferece, unir as criaturas, proporcionando-lhes uma vivência mais tranqüila.
· Tornar o Evangelho melhor compreendido, sentido e exemplificado, no lar e em todos os ambientes.
· Higienizar o lar pelos nossos pensamentos e sentimentos elevados, permitindo assim, mais fácil influência dos Mensageiros do Bem.
· Ampliar o conhecimento literal e espiritual do Evangelho, para oferecê-lo com maior segurança a outras criaturas.
· Facilitar no lar e fora dele, o amparo necessário para enfrentar as dificuldades materiais e espirituais, mantendo, operantes, os princípios da oração e da vigilância.
· Elevar o padrão vibratório dos componentes do lar, a fim de que ajudem, com mais eficiência, o Plano Espiritual na obtenção de um mundo melhor.

Texto extraído da Revista Cristã de Espiritismo – nº 03 – Ano 01 – set/outubro 1999 – São Paulo – SP – p.4


DECÁLOGO PARA ESTUDOS EVANGÉLICOS
por ANDRÉ LUIZ


1. Peça a inspiração divina e escolha o tema evangélico destinado aos estudos e comentários da noite.

A prece de abertura pode ser espontânea ou seja, uma emissão breve e sincera de palavras nascidas do coração e do entendimento, e que vão servir de indicador ao Plano Espiritual das necessidades pessoais ou gerais, naquele momento. A partir da prece inicial e averiguados os pensamentos e disposições dos componentes do evangelho, será selecionado um tema específico pela Espiritualidade, para ser lido pela pessoa encarregada, e após comentado por todos.Se houver a preferência por uma prece pronta, como o "Pai Nosso", por exemplo, não há inconveniente nenhum, bastando que cada palavra seja verdadeiramente pensada e sentida, em sua essência, qual diálogo real com Deus.


2. Não fuja ao espírito do texto lido.Às vezes o tema escolhido parece não vir de encontro ao que se esperava...

Por exemplo: alguém no grupo, ou a própria pessoa que promove o evangelho, está passando por aflições no campo afetivo e o tema recai sobre bens materiais, ou vice-versa. Há um certo desapontamento e a sensação de que o canal de comunicação com o Plano Espiritual está bloqueado, ou que o problema não está recebendo a devida consideração... No entanto, é importante que o tema escolhido pelos benfeitores espirituais seja debatido com todo o entusiasmo e concentração possíveis, na certeza de que o problema que se esperava ver solucionado será avaliada com muito carinho pelos mentores do grupo no momento oportuno.


3. Fale com naturalidade.Não há a menor necessidade de se alterar o modo de falar ou de se expressar, simplesmente porque o momento é solene.

Adotar atitudes estranhas ou empolar o linguajar podem causar impressão contrária à desejada. Por exemplo, se você habitualmente se refere a si mesmo como "eu", ou seja, na primeira pessoa do singular, não passe, de repente, a se referir a si como "nós". Espontaneidade, eis a palavra-chave de uma reunião de estudos agradável e produtiva. O momento exige respeito, educação e sobriedade... mas não máscaras. Seja sempre você mesmo e incentive o grupo a conservar a autenticidade, igualmente.


4. Não critique, a fim de que a sua palavra possa construir para o bem.

É quase impossível, nos dias atuais, não criticar-se algo. Critica-se o governo, os políticos, o sistema financeiro, a polícia, os esportistas, a mídia, as pessoas, o tempo... Sempre existe algo ou alguém em especial que está fazendo alguma que nos desagrada imensamente. No entanto, surge o evangelho em nossa vida justamente para que encontremos um entendimento maior para com o mundo em que vivemos, que conquistemos paciência, tolerância, compreensão, amor e misericórdia para com tudo e com todos...Quando criticamos, expondo o mal de outrem, estamos na verdade perdendo tempo precioso que poderia ser empregado na busca de valores morais mais elevados e mais justos em nosso próprio benefício, de vez que também somos passíveis de errar neste ou naquele setor da vida.Jesus salientava sempre que não se encontrava entre os homens para julgar, mas sim para salvar... E salvar significa não ignorar o problema, mas sim anotar-lhe o teor e buscar uma solução digna à sua erradicação.Portanto, natural que se exponha algo que julguemos errado - sempre de acordo com o texto selecionado -, mas é importante que se busque soluções individuais para o problema, visto que mundo melhora sempre quando nós nos tornamos melhores.


5. Não pronuncie palavras reprováveis ou inoportunas, suscetíveis de criar imagens mentais de tristeza, ironia, revolta ou desconfiança.

Espiritismo é a doutrina da fé raciocinada e nela não cabem palavras quais sorte, azar, desgraça, acaso, pecado, culpa, castigo e etc.Comentários sobre tragédias, crimes e catástrofes também devem ser evitados, por desnecessários ao momento.Somos todos viajores no vale da experiência humana e quanto mais esclarecidos quanto aos enigmas existenciais, menos devemos valorizar-lhe os mecanismos inferiores de ação.Importante também salientar que, havendo jovens à mesa, a linguagem deverá ser leve e compreensível, porém jamais mesclada com as gírias e os palavrões tão em voga e utilizados com desenvoltura pela sociedade atual. É perfeitamente possível estar-se de acordo com a época sem contudo sorver-lhe as inclinações e os vícios.Outro motivo para acautelar-se contra palavras ou conceitos reprováveis ou inoportunos, será a lembrança de que, provavelmente, se encontrarão no ambiente espíritos desencarnados trazidos pelos Espíritos Benfeitores, e que nem sempre estarão, em relação a nós, em posição de entendimento e harmonia, paz ou boa vontade.


6. Não faça leitura, em voz alta, além de cinco minutos, para não cansar os ouvintes.

Nem sempre aquilo que nos toca o coração, toca o coração do nosso próximo... Por isso, não é necessário que se leia o texto escolhido na íntegra, visto serem alguns deles, quais os encontrados nos livros da Codificação, bastante longos e por isso mesmo cansativos para uma reunião singela de estudos. Basta ler-se a introdução e depois fazer-se um breve resumo do assunto, passando-se em seguida à explanação.


7. Converse ajudando aos companheiros, usando caridade e compreensão.

Um diálogo sereno, assentado sobre legítima orientação cristã, pode produzir resultados surpreendentes visto que se estará sendo conduzido pela Espiritualidade presente e que, conhecendo as dificuldades e os questionamentos íntimos de cada um, buscará ministrar, através dos próprios participantes, as respostas adequadas.


8. Não faça comparações, a fim de que seu verbo não venha ferir alguém.Comparações serão sempre desnecessárias, notadamente no ambiente doméstico.

Recordemo-nos sempre de que cada pessoa é alguém com atitudes e reações absolutamente singulares, e portanto sempre diferenciadas, mesmo no seio de família homogênea.Converse esclarecendo e auxiliando, referindo-se a cada um com o apreço merecido.


9. Guarde tolerância e ponderação.Em reuniões de estudo evangélico, e não obstante a elevação do momento, podem surgir palavras ou colocações impróprias, por parte de algum dos participantes.

Importante que se guarde tolerância e ponderação nesta hora, porque a tolerância adoça o coração e a ponderação suaviza o verbo.Toda contenda deve ser evitada para que o choque de opiniões não desestabilize a reunião que deve sempre ser produtiva, em todos os sentidos.


10. Não retenha indefinidamente a palavra; outros companheiros precisam falar na sementeira do Bem.

Grande alegria se apossa de nossa alma quando, em clima de harmonia e elevação, nos sentimos em contato com os nossos amigos do Mais Alto... Sentimo-nos capazes de falar horas incontáveis, tamanha a torrente de idéias luminosas que nos invadem o entendimento.Porém, para quem ouve, esses momentos podem se transformar em desconforto imenso se o palestrante se alonga em excesso, esquecendo-se de dar a palavra aos demais.Importante que se transforme a reunião, sempre, em verdadeiro diálogo fraterno, na certeza de que somos todos portadores de informes proveitosos ao ambiente que nos acolhe.


ANDRÉ Luiz

(Mensagem recebida por Chico Xavier em 21 de março de 1952, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, Pedro Leopoldo, MG.Comentários ditados por ANDRÉ LUIZ em reunião do IDEAL André, Curitiba, PR., e recebidos por Lori Marli dos Santos, em 07 de julho de 2002.)

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