Estamos na semana santa e não podíamos deixar de falar deste que é o personagem mais atacado e vilipendiado pelas religiões neste período, tendo até um dia específico aonde malhamos bonecos que o simbolizam. Como espíritas, cremos na reencarnação, na evolução do espírito e num Deus soberanamente justo e bom, e não podemos deixar de desenvolver nossas ponderações sobre este espírito com estas perguntas:
Qual de nós nunca traiu a Jesus em nossos pensamentos e atos?
Quantas vezes já não trocamos Jesus por moedas de ouro ou outros favores?
Quantos religiosos hoje em dia não vendem Jesus pelas riquezas materiais?
Este homem na verdade simboliza nossa sociedade materialista e que ainda prefere ver o argueiro no olho do irmão, e não vê a trave no seu olho!
A história de Judas é muito diferente do que foi relatada pela Igreja no decorrer do tempo.
Segundo o que foi mencionado pelos Espíritos, depois de superar uma cobrança de sua consciência pelos enganos cometidos à sombra de seu amor por Jesus, Judas reencarnou abraçando os ensinamentos do Mestre.
Nesta encarnação, foi apedrejado e queimado na fogueira inquisitorial da Igreja medieval no século xv.
Judas viveu na própria pele, pela oportunidade da reencarnação, as mesmas circunstâncias de crueldade e traição infringidas a Jesus.
Por seu empenho pessoal, sustentado em seu profundo amor pelo Cristo, conseguiu finalmente se perdoar, superando o seu remorso pelo arrependimento. Retornou então o posto de apóstolo, nas imensidões do Universo, ao lado do Mestre.
Todo este trabalho individual de superação das imperfeições começa pelo arrependimento. Judas é o símbolo maior desta virtude. Judas Iscariotes e Joana d‟Arc são personagens de uma só
Entidade Espiritual em duas encarnações diferentes.
Porém, Judas, conforme em informação mediúnica, antes da reencarnação como Joana d‟Arc, houve outras reencarnações expiatórias e preparatórias para esta última. A reencarnação como Joana foi, sem dúvida nenhuma, a que elevou seu Espírito à hierarquia da santidade e o libertou, para sempre das reencarnações compulsórias.
Abaixo transcreveremos uma mensagem transmitida por Allan Kardec à médium Zilda Gama, em 17 de junho de 1923 e consta da obra “Diário dos Invisíveis” - Ed. Pensamento:
- “Judas já expirou, em muitos séculos de ríspidas provas, as conseqüências de sua inesquecível falta.
Tantos anos transcorridos após a tragédia do Gólgota, o seu delito, - para muitos, imperdoável, - acha-se, de todo, reparado. O traidor dos tempos idos já é um Espírito evoluído, acrisolado pela dor, um dos Emissários do Criador e já desempenhou entre vós grandiosa missão de devotamento, submissão às leis siderais e resignação, tendo padecido quase todos os martírios infligidos a Jesus, pois escolheu
provas idênticas a fim de abreviar a sua redenção.
Vós o conhecestes com o nome de Joana d’Arc, a heroína de Orleans, a supliciada de Ruão, cuja existência tem notável semelhança com a do Nazareno. Ambos foram libertadores; um, de almas, outro, de povos.
conheceram a efêmera glória terrena e, logo após, tremendas decepções. Um, teve entrada triunfante em Jerusalém; outro, em Orleans.
Ambos foram traídos e abandonados, em transe aflitivo, pelos que eles beneficiaram, terminando suas missões terrenas sob atrozes martírios.
Não estranheis, pois, que o Iscariotes seja mesma alma redimida de Joana d’Arc. Sabeis como ela finalizou sua dolorosa existência na França, tendo escolhido, voluntariamente, acerbas penas para resgate completo de suas culpas.
Desde o instante em que a consciência de Judas foi flagelada no pelourinho do remorso, ao passo que ascendia espiritualmente, melhor compreendeu a vastidão do delito que cometera contra Jesus e
quis repará-lo de modo heroico.
Foram essas as derradeiras provas solicitadas pelo falso discípulo do Enviado Celeste; e a jovem de Domremy, antes de as consumar, as vozes de seus amigos invisíveis, quase todos seus antigos companheiros da Palestina, prometeram-lhe uma esplêndida vitória, que não era da Terra, como supuseram os seus sarcásticos algozes, mas dos mundos radiosos habitados por alma evoluídas.
No transcurso de quase dois milênios ocorreram as duas tragédias, a do Gólgota e a de Ruão. E é tempo de dizer-vos: “Perdão e esquecimento para os crimes de Iscariotes; glória à heroína de Domremy, a mesma alma transfigurada, redimida, iluminada, em dois corpos diferentes!”
Todos nós, Irmãos, como Iscariotes, temos tido as nossas quedas tremendas, os nossos desvios tenebrosos da senda da Virtude.
Porém, o Senhor do Universo, na sua generosidade infinita, faculta-nos os meios de redenção.Por isso, também os concedeu ao traidor do meigo Nazareno, estendendo-lhe a sua mão salvadora.
Iscariotes, redimido, acrisolado pelos embates da dor e pelo desempenho dos mais penosos deveres, ele é, há muito, uma das mais rútilas glórias da humanidade e um dos mais dedicados servos da Majestade Suprema!”
O Evangelho Segundo Judas Iscariotes
Rubens Santini – Abril/2008
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