10 de mai. de 2014

Coração de Mãe


Dizem que quando a Terra foi criada 
Fazendo-se possuída 
Pelos filhos da vida 
Que vinham de outros mundos,
Tudo na estrada humana, 
Cortando a imensidão dos campos infecundos
Era a dominação do ódio que se aferra 
À dissenção, à morte, ao desespero e à guerra ...
Foi quando um mensageiro 
Do Céu às criaturas, 
Regressou às Alturas 
E disse humildemente ao Grande Deus:
- Senhor! O que posso fazer dos homens sem amor?
Do cérebro mais tardo ao gênio mais precoce, 
Tudo na Terra é luta em conquistas da posse. 
Compadece-te oh! Pai! ... Veneno, flecha e clava 
Formam no mundo inteiro a Humanidade escrava, 
Da descrença, do mal, da impiedade e do crime, 
Sem qualquer esperança a que se arrime. 
Já não se agüenta ouvir os urros do mais forte
E o choro dos vencidos, 
Pisados, massacrados e caídos
Nos sarcasmos da morte. 
Que fazer, Grande Deus, nas trevas dessa luta,
Em que a luz se nos nega e ninguém nos escuta?
Revelou-se que o Pai de Infinita Bondade, 
Pensou, por muito tempo, e disse, comovido: 
- Aceito, filho meu, quanto me falas, 
Entendo-te o pedido! ... 
Volta ao mundo a servir na tarefa em que avanças,
Os que morrem no mal renascerão crianças, 
A Terra evoluirá, - ponderou o Senhor - 
Ninguém alterará minha obra de amor. 
A fim de desarmar a violência e a cobiça,
Instalarei no mundo a força da Justiça 
E para que haja amor exterminando o orgulho,
Sem pancada, sem grito, sem barulho, 
Enviarei alguém, 
Que ame os filhos meus, com o meu amor ao bem,
Na exaltação da paz, sem desprezo a ninguém. 
Alguém que saiba amar, a servir e a sofrer, 
Cultivando o perdão como simples dever.
Dizem que foi assim 
Que a Terra começou a fazer-se jardim.
Ouviu-se verbo novo, alteraram-se imagens,
E conforme o Senhor mandou e prometeu, 
Entre as rudes mulheres dos selvagens, 
O Coração de Mãe apareceu.
 Francisco Cândido Xavier.  Pelo Espírito Maria Dolores.

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