19 de jun. de 2014

A política divina e a política tradicional


Daqui a algumas semanas o Brasil será contagiado pelo frisson de um novo período eleitoral de amplo espectro, considerando que abarcará simultaneamente, desta vez, várias instâncias dos poderes executivo e legislativo da nação, inclusive a cadeira de presidente da República. Segundo apontam as pesquisas, já há claramente manifestado um anseio de mudanças pela maioria dos cidadãos brasileiros. Afinal de contas, vitórias econômicas duramente conquistadas como, por exemplo, o controle da inflação e dos gastos públicos, estão ameaçadas no momento.

Paralelamente, alguns setores vitais da economia e do empresariado manifestam enorme preocupação com relação ao modo como o país vem sendo administrado. Não bastasse isso, muitos analistas estrangeiros consideram que o Brasil vem passando uma imagem inadequada ou, no mínimo, dúbia, nas suas relações e posicionamento diplomático, especialmente no que tange aos conflitos hodiernos. Tais considerações espelham - que fique bem claro - apenas o que colhemos em vários periódicos.

Ao que tudo indica, teremos uma eleição muito acirrada, combativa, provavelmente permeada de ataques pessoais, escândalos e dossiês de toda natureza. A propósito, os sinais de que o tom será de intensa agressividade mútua já são observáveis. Mas o fato é que a atividade política em nosso país tem sido assim. Na verdade, não difere substancialmente do que ocorre em outras nações – salvo raras exceções. A política desperta paixões e interesses nem sempre confessáveis.

Política, aliás, é definida, pelo dicionário Houaiss, como “arte ou ciência de governar”, ou “arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados”, entre outras coisas. Como se vê, trata-se de assunto da mais alta relevância. E o Brasil precisa avançar nessa importante dimensão. Mas, para que tal desiderato seja alcançado, mister se faz que disponha de homens e mulheres que abracem valores superiores. Ou seja, pessoas que sejam motivadas pelo desejo simples, mas extraordinário, de servir aos seus semelhantes sem necessariamente lucrar com isso.

Lembra o Espírito Emmanuel (na obra Vinha de Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier) que “O Governador da Terra, entre nós, para atender aos objetivos da política do amor, representou, antes de tudo, os interesses de Deus junto do coração humano, sem necessidade de portarias e decretos, respeitáveis embora”. Portanto, a falta de ética, a disseminação da mentira, a busca desesperada de obter poder e influência, as atitudes venais, o desejo infrene de querer arrebanhar vantagens e benefícios pessoais são condutas incompatíveis com o partido do “amor à humanidade”.

Não obstante a importância estratégica da atividade política, considerando as responsabilidades que abarca, a desconfiança gerada na população é compreensivelmente superlativa. Em resumo, a política tradicional tem sido eivada de deslizes morais, bem como geradora de crescentes decepções nos eleitores. Diante disso, e considerando as mudanças espirituais ora em curso, vale recordar as sugestões da espiritualidade. Nesse sentido, na mesma obra, alerta-nos Emmanuel “... de que os administradores do mundo são, na maioria das vezes, veneráveis prepostos da Sabedoria Imortal, amparando os potenciais econômicos, passageiros e perecíveis do mundo; todavia, não te esqueças das recomendações traçadas no Código da Vida Eterna, na execução das quais devemos edificar o Reino Divino, dentro de nós mesmos”. 

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS

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