O Espiritismo é uma doutrina filosófica revelada pelos Espíritos, que são as inteligências que já habitaram a Terra, acrescidas da racionalidade científica para o desenvolvimento das teorias. Podemos dividi-lo, na sua concepção, em duas partes:
1º) A constatação dos fatos através da observação dos fenômenos, a confirmação da existência do mundo espiritual e do estabelecimento da comunicação entre os seres que o habitam e o mundo material: a mediunidade entre os encarnados e desencarnados.
2º) O exame das teorias elaboradas e transmitidas pelos Espíritos. Compreender que no mundo espiritual há seres nos mais variados níveis de evolução, faz com que não se aceite cegamente quaisquer teorias só porque são dos Espíritos, mas que sejam analisadas sob o critério da razão, do bom senso e da universalidade do ensino dos Espíritos.
O Espiritismo chegou em meados do século XIX, no momento em que o cepticismo radical estava tomando conta do pensamento humano em função do dogmatismo religioso e da imposição da fé cega. Nessa época, a ideia materialista atuava com muita força, procurando substituir, com pretensas vantagens, o sentimento religioso inato no ser humano.
Analisando o materialismo, constata-se que ele nada explica, nada conclui, nada esclarece, nada consola e seus resultados produzem desânimo, desesperança e egoísmo. Ao negar a existência da alma, priva-se voluntariamente de noções indispensáveis ao entendimento de diversos fenômenos naturais e do próprio sentido da vida.
Allan Kardec, eminente filósofo espiritualista, expôs com muito discernimento a ciência espírita, especialmente em duas obras: O Livro dos Espíritos (1857) e O Livro dos Médiuns (1861), trazendo à luz da razão, embasada as respostas a diversas questões e problemas até então sem solução, relativos à existência de Deus, da alma, da formação do Universo, da evolução do ser inteligente e dos porquês do sofrimento humano.
Como a finalidade da vida é o desenvolvimento na alma de todas as potencialidades que se encontram ainda inertes, em forma de gérmen, necessitamos, para desenvolvê-las, de muitas existências na matéria - as reencarnações - pois uma só existência é tempo inviavelmente curto para isso. Cada vez que o Espírito reencarna trazendo sua bagagem de experiências anteriores retorna, portanto, mais qualificado, mesmo que haja o esquecimento objetivo de suas existências passadas. A reencarnação tem por finalidade não só o progresso das faculdades intelectuais, mas também das faculdades morais e espirituais para que o Espírito atinja o ideal de perfeição relativa a que está destinado.
O papel da Doutrina dos Espíritos é a transformação moral da humanidade, resgatando o indivíduo da incredulidade para a convicção pessoal, através do racionalismo teórico e prático e do sentimento religioso coerente, levando à compreensão da existência de Deus como um legislador amoroso de leis sábias, justas e naturais e de que, somente conhecendo e seguindo essas leis, encontrar-se-á a paz e a felicidade plena.
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