29 de dez. de 2014

A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO NA VISÃO ESPÍRITA!



"Ora, estava doente um homem chamado Lázaro, de Betânia, da aldeia de Maria e sua irmã Marta. Maria, cujo irmão Lázaro se achava doente, era a que ungira o Senhor com perfume e lhe enxugara os pés com seus cabelos. Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, aquele que amas, está doente. Ao saber disto, disse Jesus: Esta doença não é para morte, mas para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado. Ora, Jesus estimava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. Tendo sabido, pois, que este estava doente, demorou-se ainda dois dias no lugar onde se achava. Então passado isto, disse aos discípulos:

Voltemos para a Judéia. Perguntaram estes: Mestre, agora mesmo os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para lá? Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se alguém andar de noite, tropeça, porque a luz não está nele. Assim falou e depois disse: Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou despertá-lo do sono. Disseram-lhe então os discípulos:

Senhor, se dorme, ficará bom. Ora, Jesus tinha falado da morte de Lázaro; mas eles supunham que falasse do repouso do sono. Disse-lhes, pois, Jesus abertamente: Lázaro morreu; e por vossa causa folgo de não me achar lá, para que creais; mas vamos ter com ele. Então Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: Vamos também nós para morrermos com ele.
Chegando Jesus, achou que estava Lázaro no túmulo havia já quatro dias. Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. Muitos dos judeus tinham vindo ter com Marta e Maria, para as consolar pela morte de seu irmão. Marta, quando soube que vinha Jesus, foi encontrá-lo; Maria, porém, ficou sentada em casa. Disse, então, Marta a Jesus:

Senhor, se tivesses estado aqui, não teria morrido o meu irmão. E mesmo agora sei que tudo o que pedires a Deus, Deus to dará. Respondeu-lhe Jesus: teu irmão há de ressuscitar. Sei, replicou Marta, que ele há de ressuscitar na ressurreição, no último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; o que crê em mim, ainda que esteja morto viverá; e todo o que vive e crê em mim, nunca, jamais morrerá; crês nisto? Sim, Senhor, respondeu ela; eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.

E tendo dito isto, foi ela chamar a Maria, sua irmã, e lhe disse em particular. Aí está o Mestre e te chama. E ela ouvindo isto, levantou-se depressa e foi ter com ele (pois Jesus não havia ainda entrado na aldeia, mas permanecia no lugar onde Marta o encontrara). Os judeus, que estavam com Maria em casa e a consolavam, vendo-a levantar-se depressa e sair, seguiram-na pensando que ela ia ao túmulo para ali chorar. Quando Maria chegou no lugar onde estava Jesus, ao vê-lo, lançou-se-lhe aos pés dizendo: Senhor, se tivesses estado aqui, não teria morrido meu irmão. Jesus vendo-a chorar e chorarem também os judeus que a acompanhavam, perturbou-se e perguntou: Onde o puseste?

Eles lhe responderam: Senhor, vem e vê. Jesus chorou. Os judeus, então diziam: Vede como ele o amava! Mas alguns deles diziam: Não podia este homem, que abriu os olhos ao cego, fazer que este não morresse? Jesus, gemendo outra vez em si mesmo, foi ao túmulo; este era uma gruta, a cuja entrada estava posta uma pedra. Jesus disse: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, irmã do morto: Senhor, ele já cheira mal, porque está morto há quatro dias. Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que, se creres verás a glória de Deus? Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os olhos, disse: Pai, graças te dou que me ouviste. Eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa dessa multidão que me cerca, para que creiam que tu me enviaste. Tendo assim falado, clamou em alta voz: Lázaro, sai para fora! Saiu aquele que estivera morto, ligados os pés e as mãos com faixas, e envolto o seu rosto num lenço. Disse Jesus: desatai-o e deixai-o ir. Muitos dos judeus que vieram Ter com Maria e viram o que fizera Jesus, creram nele. Alguns deles, porém, foram ter com os fariseus, e lhes contaram o que Jesus tinha feito." ( João, XI, 1-46.)

Esta narrativa, de uma simplicidade verdadeiramente singular, retrata uma das belíssimas cenas do Cristianismo, seja em seu aspecto religioso e moral, seja em sua modalidade científica e filosófica.
Por ela se descobre logo a morte sob os seus dois aspectos: físico e psíquico .
Aquelas afirmações características de Jesus, ora dizendo: -Lázaro dorme (não morreu) mas eu vou despertá-lo, ao lado desta outra: Lázaro morreu, despertam imediatamente a idéia de duas mortes: a morte corporal e a morte espiritual.
Com efeito, lendo-se, com toda atenção o trecho evangélico, e pondo lado a lado o modo de ver de Jesus e o modo de ver do evangelista, compreendemos imediatamente que o caso de Lázaro não passa de um caso psíquico, fenômeno cataléptico, que tanto pode durar duas horas, como quatro ou cinco dias. Destes casos a Medicina não conhece perfeitamente as causas. A catalepsia apresenta todas as aparências da morte: rigidez, insensibilidade, perda de inteligência, aspecto cadavérico, etc.

Essa "moléstia" era muito comum na Judéia, onde os enterramentos eram imediatos.
Vemos, por exemplo, no capítulo V, versículo 5 e seguintes de Atos dos Apóstolos, que tendo Ananias e sua mulher Safira retido parte da importância de uma propriedade que venderam e deveria ser entregue aos apóstolos, só pelo fato de Pedro repreendê-los severamente, caíram ambos mortos e em menos de três horas foram enterrados.
Nestes dois exemplos vemos não se tratar de morte real, mas de simples casos de síncope ou letargia.
Assim foi, certamente, o que aconteceu a Lázaro. Vitimado por uma letargia, imediatamente fizeram-no enterrar, permanecendo no túmulo durante a crise cataléptica.
Jesus, conhecendo a natureza de seu amigo Lázaro e as crises a que ele estava sujeito; dotado ainda, o Mestre, como era, dessa vista dupla, ou clarividência, que transpõe distâncias e não conhece barreiras, verificou que Lázaro não fora atacado de uma enfermidade física, mas que a sua moléstia era toda de ordem psíquica, como se observa nos casos de sonambulismo, catalepsia, letargia. Foi isto que o fez demorar quatro dias para chegar a Betânia. Ele tinha certeza de que não houvera ruptura dos laços fluídicos que ligam o Espírito ao corpo.
E tanto é assim, que o despertou com voz alta e imperiosa:-Lázaro, sai para fora, operando a ressurreição do seu amigo. Como verão depois os leitores, empregam o termo ressurreição na sua significação restrita.
Esclarecida, pois a natureza da morte de Lázaro: morte psíquica, procuremos conhecer o fator indispensável dessa morte e suas causas.

A morte psíquica (não encontramos outra expressão mais adequada), é ocasionada sempre por uma modificação molecular que tira temporariamente as transmissões de relação que existe entre o corpo e o Espírito. Uma grande super excitação, ou preocupação do Espírito, interrompe essas relações, mais ou menos como ocorre no momento do sono. Neste caso, o Espírito não pensa mais no corpo e produz-se a insensibilidade. Vemos também certos casos nos quais, mesmo em vigília, ignoramos o que se passa em nosso corpo. No ardor do combate, o militar não sabe se está ferido.
A morte psíquica é, pois, uma exteriorização do Espírito, exteriorização essa de graus variados, que vai desde a simples sugestão ao desdobramento da personalidade. Nesses casos, o indivíduo é sempre um indivíduo psíquico, cuja faculdade deve ser bem empregada e desenvolvida para não haver prejuízo coletivo.

Lázaro, membro principal daquela família de Betânia, e que tinha certa afinidade com Jesus, não podia deixar de ser um indivíduo-psíquico, mas que não cultivava suas faculdades e vivia alheio as coisas espirituais. O Evangelho não nos fala nesse homem senão quando narra a sua ressurreição, o que quer dizer que ele era como quem não existisse, era um morto que ali vivia tratando de outros lazeres estranhos aos que enobrecem a alma e exaltam o coração. A sua materialidade se mostrou tão acentuada que chegou a morrer, embora não houvesse separação entre alma e corpo. E assim permaneceu quatro dias, e mais permaneceria se Jesus não viesse ressuscitá-lo, pois a sua "morte aparente" tornou feições tão nítidas de "morte real" que chegaram a levá-lo para o túmulo, o que fez sua irmã Marta pensar que "já cheirava mal".

A morte psíquica pode-se, pois, traduzir como desaparecimento do Espírito no corpo assim como a morte física é o desaparecimento do corpo.
Com a ressurreição operou-se o "milagre" do aparecimento, do ressurgimento do Espírito no corpo e, consequentemente a ressurreição (reaparição do corpo), depois de removida a pedra e dada a ordem imperiosa por Jesus para que Lázaro saísse do túmulo.
Encarando a questão pelo lado científico, observamos uma bela cura de catalepsia operada com o auxílio do magnetismo, de que Jesus era o maior de todos os representantes. Aliás, em todas as suas curas não adotava outro processo. Quem passar urna vista de olhos sobre as curas operadas pelo grande Mestre, verá que nenhum outro processo foi por ele empregado, senão a imposição de mãos e a palavra; ao paralítico ele disse: "Toma o teu leito e caminha"; ao cego disse: "Vê"; ao surdo: "Ouve", e assim por diante.

Está a ciência de hoje muito mais adiantada que a de dois mil anos atrás, principalmente a Medicina? Estamos a apostar que mesmo com o auxílio dos soros e das transfusões, os grandes esculápios do nosso país e do estrangeiro não são capazes de ressuscitar os Lázaros que caminham todos os dias para os túmulos! 

A propósito deste esclarecimento sobre a ressurreição de Lázaro, parece oportuno passar para estas páginas o modo de ver dos Espíritos, exarado em A Gênese Segundo o Espiritismo sobre as Ressurreições.
Tratando das "ressurreições" da filha de Jairo e do filho da viúva de Naim, narrados nos Evangelhos, eles dizem: "O fato da volta à vida corporal de um indivíduo realmente morto, seria contrário as leis da Natureza. Ora, não é necessário recorrer a essa derrogação para explicar as ressurreições operadas pelo Cristo.

"Em certos estados patológicos, quando o Espírito não está mais no corpo, e o perispírito apenas a ele adere por alguns pontos, o corpo tem todas as aparências da morte e afirma-se uma verdade absoluta, dizendo que a vida está por um fio. Este estado pode durar mais ou menos tempo; certas partes do corpo podem mesmo entrar em decomposição sem que a vida esteja definitivamente extinta. Enquanto se não romper o último fio, o Espírito pode, quer por uma ação energética da sua própria vontade, quer por um influxo fluídico estranho, igualmente poderoso, ser de novo chamado ao corpo. Assim se explicam certos prolongamentos da vida contra toda a probabilidade, e certas supostas ressurreições. É a planta que brota de novo muitas vezes por uma só das suas radículas; mas, desde que as últimas moléculas do corpo carnal, ou este último, fique em estado de corrupção irreparável, a volta à vida é impossível".
Fica assim bem entendida a ressurreição de Lázaro, sob o ponto de vista científico.

Vitimado ou não por uma catalepsia, ou por outra moléstia qualquer, o fato é que a morte era aparente e não real; não se havia rompido o último fio, o perispírito ainda se achava ligado ao corpo por alguns pontos. Jesus, com seu grande poder, supriu as deficiências do paciente e fê-lo voltar à vida corpórea, reconstituindo-lhe o organismo afetado.

Encaremos agora o caso pelo lado religioso.
 Sendo o objeto principal de Jesus dignificar a sua doutrina com fatos emocionantes que influíssem no cérebro e no coração de seus discípulos, não quis excluir da sua tarefa na Terra, as curas, por saber que são elas que mais influem na conversão de infiéis. E durante toda a sua peregrinação no mundo, onde quer que encontrasse um enfermo por curar, um paralítico deitado, um hidrópico em ofegante dispnéia, um cego, um surdo, um mudo, um leproso, com um aceno de suas divinas mãos, com uma palavra ungida de misericórdia, com um olhar envolto de amor e de bondade, destruía aqueles males, restaurando a saúde ao paciente.

As curas de Jesus tomam um grande capítulo dos Evangelhos. Poder-se-ia com elas escrever um livro, cujos ditames concorreriam, sem dúvida, para fazer sarar muitos enfermos que, sem fé e sem consciência dos salutares efeitos das forças superiores da Natureza, quando bem aplicadas, fariam desaparecer muitos males que afligem infelizes enfermos, que debalde imploram a saúde que a Ciência acadêmica não dá, porque esta absolutamente separada do espírito do Cristianismo.
Não se diga, porém que essas curas se fizeram exclusivamente sob a direção de Jesus, ou que foi Jesus o único que a fez, em virtude da sua divindade miraculosa.

Em todos os tempos e em todos os países as curas espíritas têm sido objeto de meditação e admiração. E o próprio Jesus, quando organizou o seu Colégio Apostólico e enviou os apóstolos, dois a dois, a pregarem o Evangelho, uma das principais coisas que lhes recomendou foi: "Curai os enfermos ressuscitai os mortos, limpaí os leprosos, expeli os demônios; de graça recebestes, de graça daí". (Mateus, X, 8). 

Não vem ao caso mais citações, que não cabem nesta breve dissertação.
Conclui-se que, seja sob o ponto de vista científico, seja sob o ponto de vista religioso, a ressurreição de Lázaro é uma das grandes lições que o moço nazareno nos legou; é indispensável, portanto, que a estudemos atenciosamente.
Mais duas palavras e terminaremos.
Ressurreição é termo que pode ser empregado sob o ponto de vista material e espiritual.

Quando dizemos que tal indivíduo "ressuscitou", afirmamos que ele reapareceu, porque "ressuscitar" quer dizer "reaparecer" .
Esse reaparecimento se pode dar em corpo carnal ou em Espírito. Por exemplo: Lázaro "ressuscitou", reapareceu com seu corpo carnal, que todos já julgavam morto. Mas os "mortos" também ressuscitam em corpo espiritual. Foi assim que Moisés e Elias ressuscitaram no Tabor, assim Samuel ressuscitou; no Endor, assim Jesus Cristo ressuscitou em Jerusalém e circunvizinhanças. Destes morreram os corpos carnais, mas eles ressuscitaram em seus corpos espirituais.
A imortalidade não é apanágio do corpo material, mas sim do corpo fluídico, celeste, espiritual.
A ressurreição de Lázaro foi uma manifestação física do poder de Jesus; a ressurreição de Jesus foi uma graça psíquica da sabedoria divina.

Cairbar Schutel

27 de dez. de 2014

O QUE É A TRANSFIGURAÇÃO QUE FALAM NO ESPIRITISMO?


Extraímos o fato seguinte de uma carta que nos escreveu, no mês de setembro de 1857, um de nossos correspondentes de St-Etienne. Depois de ter falado de diversas comunicações, das quais foi testemunha, acrescentou:

"Um fato mais espantoso se passa numa família de nossos vizinhos. Das mesas girantes passou-se à poltrona que fala; depois amarrou-se um lápis nessa poltrona e essa poltrona indicou a psicografia; foi praticada por muito tempo, antes como brinquedo do que como coisa séria. Então a escrita designou uma das filhas da casa, ordenou passar as mãos sobre sua cabeça depois de tê-la feito deitar; ela dormiu logo, e depois de um certo número de experiências, essa jovem se transfigurou: tomou os traços, a voz, os gestos de ascendentes mortos, de avós que jamais conheceram, de um irmão falecido há alguns meses; essas transfigurações eram feitas sucessivamente em uma mesma sessão. Ela falava um dialeto que não era mais o da época, disse-me, porque não conhecia nem um nem o outro; mas o que posso afirmar, é que em uma sessão onde tomara a aparência de seu irmão, vigoroso gaiato, essa jovem de treze anos deu-me um rude aperto de mão.

"Há dezoito meses, ou dois anos, esse fenômeno é constantemente repetido do mesmo modo, somente hoje produziu-se espontânea e naturalmente, sem imposição das mãos."

Esse estranho fenômeno, se bem que bastante raro, não é excepcional; já se falou de vários fatos semelhantes, e nós mesmos, várias vezes, fomos testemunha de alguma coisa análoga entre os sonâmbulos em estado de êxtase, e mesmo entre os extáticos que não estavam em sonambulismo. É certo, além do mais, que emoções violentas operam, sobre a fisionomia, uma mudança que lhe dá um caráter diferente daquele do estado normal. Não vemos, igualmente, pessoas cujos traços móveis se prestam, segundo sua vontade, a modificações que lhes permitem tomar as aparências de outras certas pessoas? Vê-se, pois, por aí, que a rigidez da face não é tal que não possa sujeitar-se a modificações passageiras, mais ou menos profundas, e nada há de espantoso em que um fato semelhante possa produzir-se, no caso em que se trata, embora, talvez, por um causa independente da vontade.

Eis as respostas que obtivemos de São Luís a esse respeito, na sessão da Sociedade, de 25 de fevereiro último.

1. O fato de transfiguração, do qual acabamos de falar, é real? -R. Sim.

2. Nesse fenômeno, há um efeito material? - R. O fenômeno de transfiguração pode ocorrer de modo material, a tal ponto que, nas diversas fases que apresenta, poder-se-ia reproduzi-lo em daguerreotipia.

3. Como esse efeito se produziu? - R. A transfiguração, como a entendeis, não é senão uma modificação da aparência, uma mudança, uma alteração nos traços que pode ser produzida pela ação do próprio Espírito sobre seu envoltório, ou por uma influência exterior. O corpo nunca muda, mas, em conseqüência de uma contração nervosa, ele submete-se a aparências diversas.

4. Pode ocorrer que os espectadores sejam enganados por uma falsa aparência? - R. Pode ocorrer também que o perispírito desempenhe o papel que conheceis. No fato citado, ocorreu contração nervosa, e a imaginação aumentou-a muito; de resto, esse fenômeno é bastante raro.

5. O papel do perispírito seria análogo ao que se passa no fenômeno de bicorporeidade? - R. Sim.

6. É preciso, então, que, no caso de transfiguração, haja de-saparição do corpo real, para os espectadores que não vêem mais que o perispírito sob uma forma diferente? - R. Desaparição, não física, mas oclusão. Entendei-vos sobre as palavras.

7. Parece resultar disso que acabais de dizer que, no fenômeno da transfiguração, pode haver dois efeitos: 15 Alteração dos traços do corpo real, em conseqüência de uma contração, nervosa. 2° Aparência variável do perispírito que se torna visível. É assim que devemos entender? - R. Certamente.

8. Qual é a causa primeira desse fenômeno? - R. A vontade do Espírito.

9. Todos os Espíritos podem produzi-lo? - R. Não: os Espíritos não podem sempre fazer o que querem.

10. Como explicar a força anormal dessa jovem transfigurada na pessoa de seu irmão? - R. O Espírito não possui uma grande força? De resto, é a do corpo em seu estado normal.
Nota. Esse fato nada tem de surpreendente; frequentemente, veem-se as pessoas mais fracas dotadas momentaneamente de uma força muscular prodigiosa, por uma causa super excitante.

11. Uma vez que, no fenômeno da transfiguração, o olhar do observador pode ver uma imagem diferente da realidade, ocorre o mesmo em certas manifestações físicas? Quando por exemplo uma mesa se eleva sem o contato das mãos, e que é vista acima do solo, é verdadeiramente a mesa que se destacou? - R. Podeis perguntá-lo?

12. O que é que a ergue? - R. A força do Espírito.

Nota. Esse fenômeno já foi explicado por São Luís, e tratamos essa questão, de modo completo, nos números de maio e junho de 1858, a propósito da teoria das manifestações físicas. Foi-nos dito que, nesse caso, a mesa, ou o objeto qualquer que se mova, se anima de uma vida factícia, momentânea, que lhe permite obedecer à vontade do Espírito.



Certas pessoas quiseram ver, nesse fato, uma simples ilusão de ótica que faria ver, por uma espécie de miragem, a mesa no espaço, ao passo que ela estaria realmente sobre o solo. Ainda que a coisa fosse assim, ela não seria menos digna de atenção; é notável que aqueles que querem contestar ou denegrir os fenômenos espíritas, expliquem-nos por causas que seriam, elas mesmas, verdadeiros prodígios, e bem mais difíceis de compreender-se; ora, por que, pois, tratar isso com tanto desdém? Se a causa que assinalam é real, por que não aprofundá-la? O físico procura se render conta do menor movimento anormal da agulha imantada; o químico na mais leve mudança na atração muscular por que, pois, ver-se com indiferença fenômenos tão bizarros quanto aqueles dos quais falamos, fossem o resultado de um simples desvio do raio visual e uma nova aplicação de leis conhecidas? Isso não é lógico. Não seria certamente impossível que, por um efeito de ótica análogo àquele que nos faz ver um objeto na água mais alto do que está, em conseqüência da refração do raio luminoso, uma mesa nos aparecesse no espaço, enquanto estivesse sob o sol; mas, há um fato que resolve peremptoriamente a questão, é quando a mesa cai bruscamente sobre o solo e quando ela se quebra; isso não nos parece ser uma ilusão de ótica. 

Voltemos à transfiguração.

Se uma contração muscular pode modificar os traços do rosto, isso não pode ser senão em um certo limite; mas, seguramente, se uma jovem toma a aparência de um velho, nenhum efeito psicológico far-lhe-á produzir a barba; é preciso, pois, procurar-lhe a causa em outro lugar. Querendo-se reportar-se ao que dissemos precedentemente, sobre o papel do perispírito em todos os fatos de aparições, mesmo de pessoas vivas, compreender-se-á que lá está ainda a chave do fenômeno da transfiguração. Com efeito, uma vez que o perispírito pode se isolar do corpo, que pode tornar-se visível, que pela sua extrema sutilidade pode tomar diversas aparências à vontade do Espírito, conceber-se-á, sem dificuldade, que ele esteja assim numa pessoa transfigurada: o corpo fica o mesmo, só o perispírito muda de aspecto. Mas, então, dir-se-á, em que se torna o corpo? De um lado o corpo real e de outro o perispírito transfigurado? Fatos estranhos, dos quais iremos falar oportunamente, provam que, em conseqüência da fascinação que se opera nessa circunstância no observador, o corpo real pode estar, de alguma sorte, velado pelo perispírito.

O fenômeno objeto desse artigo nos foi transmitido já há muito tempo, e se não falamos dele ainda, foi porque não nos propusemos fazer de nossa Revista um simples catálogo de fatos próprios para alimentar a curiosidade, uma árida compilação sem apreciação e sem comentário; nossa tarefa seria muito fácil, e a tomamos mais a sério; dirigimo-nos, antes de tudo, aos homens de raciocínio, àqueles que, como nós, querem se render conta das coisas, tanto quanto isso seja possível. Ora, a experiência nos ensinou que os fatos, por estranhos e multiplicados que sejam, não são elementos de convicção; e o são tanto menos quanto sejam estranhos; quanto mais um fato é extraordinário, tanto mais parece anormal, menos se está disposto a crer nele; quer-se ver, e quando se viu, duvida-se ainda; desconfia-se de ilusões e conivências. 

Não ocorre assim quando se acha, nos fatos, uma razão de ser por uma causa plausível. Vemos todos os dias pessoas que rejeitaram outrora os fenômenos espíritas, à conta da imaginação e de uma cega credulidade, e que hoje são adeptos fervorosos, precisamente porque esses fenômenos não têm agora nada que repugne à sua razão; elas se os explicam, compreendem-lhes a possibilidade, e crêem neles mesmo sem terem visto. Antes de falarmos de certos fatos, temos, pois, que esperar que os princípios fundamentais estejam suficientemente desenvolvidos, para deles render-se conta; o da transfiguração está entre esse número. O Espiritismo é para nós mais que uma crença: é uma ciência, e estamos felizes em ver que os nossos leitores nos compreenderam.

Revista Espírita, março de 1859

25 de dez. de 2014

O Advogado da Cruz


No mundo antigo, o apelo à Justiça significava a punição com a morte. As dívidas pequeninas representavam cativeiro absoluto. Os vencidos eram atirados nos vales imundos. Arrastavam-se os delinqüentes nos cárceres sem esperança. As dádivas agradáveis aos deuses partiam das mãos ricas e poderosas. Os tiranos cobriam-se de flores, enquanto os miseráveis se trajavam de espinhos.
Mas, um dia, chegou ao mundo o Sublime Advogado dos oprimidos. Não havia, na Terra, lugar para Ele. Resignou-se a alcançar a porta dos homens, através de uma estrebaria singela.
Em breve, porém, restaurava o templo da fé viva, na igreja universal dos corações amantes do bem. Deu vista aos cegos. Curou leprosos e paralíticos. Dignificou o trabalho edificante, exaltou o esforço dos humildes, quebrou as algemas da ignorância, instituiu a fraternidade e o perdão.
Processaram-no, todavia, os homens perversos, à conta de herético, feiticeiro e ladrão.
Depois do insulto, da ironia, da pedrada, conduziram-no ao madeiro destinado aos criminosos comuns.
Ele, que ensinara a Justiça, não se justificou; que salvara a muitos, não se salvou da crucificação; que sabia a verdade, calou-se para não ferir os próprios verdugos.
Desde esse dia, contudo, o Sublime Advogado transformou-se no Advogado da Cruz e, desde o supremo sacrifício, sua voz tornou-se mais alta para os corações humanos. ele, que falava na Palestina, começou a ser ouvido no mundo inteiro; que apenas conversava como o povo de Israel, passou a entender-se com as várias nações do Globo; que somente se dirigia aos homens de pequeno país, passou a orientar os missionários retos de todos os serviços edificantes da Humanidade.
Que importam, pois, nos domínios da Fé, as perseguições da maldade e os ataques da ignorância? A advogado da Cruz continua operando em silêncio e falará, em todos os acontecimentos da Terra, aos que possuam "ouvidos de ouvir".
Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Antologia Mediúnica do Natal. Espíritos Diversos. FEB.

O VERDADEIRO FELIZ NATAL ESPÍRITA!


O Natal para o Espírita representa a comemoração do aniversário de Jesus.

O dono da festa é o Mestre, quem deve receber os presentes e as homenagens é o aniversariante e não nós. O aniversariante tem os seus convidados que são os pobres, os deserdados, os coxos, os estropiados, os sofredores, etc...
 
- Será que realmente somos convidados do Cristo nessa festa?
- Qual o presente que deveremos lhe oferecer?
- O que Ele gostaria de receber?

Sabemos que o que Ele mais quer é que cumpramos a vontade de Deus, Nosso Pai. E todos os dias renovamos os nossos compromissos no "Pai Nosso", dizendo: "Seja feita a Vossa vontade"
 
- Será que estamos fazendo a nossa parte?


- Será que estamos nessa festa ou fomos barrados?

A maioria de nós, mesmo espíritas, ainda vemos o Natal como uma festa de consumo, reforçando o culto ao materialismo e à materialidade, trocando presentes entre si, quando, em verdade, não somos os homenageados, nem a festa é nossa...

- Será que o Cristo se sente feliz com isso?

A nossa reverência ao Cristo deve ser em Espírito e Verdade apenas, buscando somente materializar a Vontade do Pai que está em todo o Evangelho.

- E como deve ser essa comemoração?

Com uma prece, uma reflexão sobre os objetivos alcançados, com uma análise crítica interior onde possamos verificar se os compromissos assumidos antes do reencarne estão sendo cumpridos, porque o único e maior objetivo que temos na presente existência é de edificar em nós o Bem.

Para esse desiderato, acertamos de forma pessoal e intransferível com o Cristo, um mandato de renovação.

Nosso compromisso é o de nos conhecermos melhor, conformando nossa vida com a Vontade de Deus, de nos reformarmos intimamente e nos tornarmos homens e mulheres de Bem, edificando dentro de nós o Belo, o Bem e a Justiça.

Infelizmente, papai Noel ainda é mais importante que o Cristo. O Cristo ainda se encontra desvalorizado e esquecido dentro de nós.

Nossas mesas estão fartas e se fala muito de solidariedade, mas não se tem sensibilidade ainda com a dor alheia.

Nos falta consciência, falamos muito, mas ainda não sentimos a fraternidade pulsar o coração. Estamos reféns e prisioneiros das aparências, do materialismo, dos cultos exteriores, do consumismo, colocando em segundo lugar o Reino do Espírito, o Reino de Deis.

Os interesses espirituais ainda não tem vez nem voz em nossos corações.

- Qual o verdadeiro sentido do Natal?

Deve ser o de conscientização, buscando a comunhão com os valores do Bem, ligados aos interesses do Espírito e da vida imortal, porque a Terra, para os encarnados, é apenas um curso de pequena duração e ninguém fica na Escola a existência inteira, um dia voltamos para Casa para avaliar os deveres realizados.

24 de dez. de 2014

Nas Orações de Natal


Rememorando o Natal, lembramo-nos de que Jesus é o Suprimento Divino à Necessidade Humana.
Para o Sofrimento, é o Consolo;
Para a Aflição, é a Esperança;
Para a Tristeza, é o Bom Ânimo;
Para o Desespero, é a Fé Viva;
Para o Desequilíbrio, é o Reajuste;
Para o Orgulho, é a Humildade;
Para a Violência, é a Tolerância;
Para a Vaidade, é a Singeleza;
Para a Ofensa, é a Compreensão;
Para a discórdia, é a Paz;
Para o egoísmo, é a Renúncia;
Para a ambição, é o Sacrifício;
Para a Ignorância, é o Esclarecimento;
Para a Inconformação, é a Serenidade;
Para a Dor, é a Paciência;
Para a Angústia, é o Bálsamo;
Para a Ilusão, é a Verdade;
Para a Morte, é a Ressurreição.
Se nos propomos, assim, aceitar o Cristo por Mestre e Senhor de nossos caminhos, é imprescindível recordar que o seu Apostolado não veio para os sãos e, sim, para os antigos doentes da Terra, entre os quais nos alistamos...
Buscando, pois, acompanhá-lo e servi-lo, façamos de nosso coração uma luz que possa inflamar-se ao toque de seu infinito amor, cada dia, a fim de que nossa tarefa ilumine com Ele a milenária estrada de nossas experiências, expulsando as sombras de nossos velhos enganos e despertando-nos o espírito para a glória imperecível da Vida Eterna.
Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Os Dois Maiores Amores. Espíritos Diversos. GEEM.

23 de dez. de 2014

REENCARNAÇÃO! PODE ME AJUDAR A ENTENDER?


O que é a Reencarnação? Para que serve?
 
Reencarnar é voltar a viver num novo corpo físico. É uma nova oportunidade de aprendizado, como prova do amor de Deus para seus filhos. Só através da reencarnação se prova a justiça e a bondade de Deus, pois é a única explicação racional para as desigualdades sociais existentes no mundo. Como explicar o fato de crianças que morrem em tenra idade, enquanto outras criaturas vivem quase 100 anos? Como explicar os que nascem com saúde perfeita, enquanto outros nascem com deficiências físicas grosseiras? Somente a reencarnação nos dá a chave desse "mistério". Com as múltiplas experiências na carne, temos a chance de adquirir e aprimorar conhecimentos que ainda nos faltam nos campos do intelecto e da moral. Além de reatar as amizades com nossos inimigos e reparar erros do passado. Quando estivermos evoluídos moral e intelectualmente, não mais necessitaremos reencarnar.

Quantas reencarnações tivemos e teremos?
 
Não se pode precisar o número de reencarnações que uma pessoa já teve, pois isso depende do estado evolutivo em se encontra o Espírito. Uns evoluem mais rápido por seu maior esforço, portanto necessitam de passar menor número de vezes na carne, outros são mais lentos permanecendo mais tempo no mundo de sofrimentos. Tudo dependerá de nós. Quanto mais rápido progredirmos moral e intelectualmente, menos encarnações teremos que sofrer. Quando nosso Espírito tiver alcançado todos os graus de evolução moral e intelectual, seremos Espíritos puros. Um exemplo de Espírito puro é o Mestre Jesus.

E quando chegarmos à perfeição, o que faremos?
 
Seremos encarregados de cumprir os desígnios de Deus, colaborando com a manutenção da ordem universal e transformando-nos em Seus mensageiros nos mais diversos mundos habitados. O trabalho nunca acabará, pois a criação divina é incessante e há diversos mundos em faixa de evolução diferentes. Os Espíritos fazem parte do conjunto de inteligências que governam o Universo, mas, em termos de existência, estão ligados a Deus assim como as folhas em uma árvore.

O Espírito sempre reencarna no mesmo sexo?
 
Não, pois o Espírito necessita vivenciar as experiências específicas aos dois sexos, como aprendizado para seu aprimoramento moral e intelectual. A escolha de cada sexo, depende da prova ou expiação que se deve passar. Não é verdadeira a idéia de que a cada encarnação o Espírito mude de sexo. Às vezes, vive diversas vidas com um mesmo sexo, para só depois situar-se em outro campo da sexualidade. Também não é correto o pensamento de que a homossexualidade é produto da mudança de sexo do Espírito antes da sua encarnação. O homossexual é um ser em desequilíbrio moral ou vivencia uma vida resgatando um passado delituoso.

Por que não nos lembramos das nossas vidas passadas?
 
O esquecimento temporário das vidas passadas é uma necessidade. Não devemos nos lembrar das vidas passadas enquanto estamos encarnados, e nisso está a sabedoria de Deus. Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles atualmente. Pois, muitas vezes, os inimigos do passado hoje são nossos filhos, irmãos, pais e amigos, que, presentemente, se encontram junto de nós para a reconciliação. Por isso a reencarnação é uma bênção de Deus para seus filhos. As lembranças de erros passados certamente trariam desequilíbrios de toda ordem, uma vez que estamos muito mais perto do ponto de partida do que do ponto de chegada, em termos de caminhada evolutiva. Depois de desencarnado, normalmente nos lembramos de parte desse passado, conforme o grau evolutivo em que nos situamos.



Como posso saber das minhas outras encarnações?
 
Convém, por enquanto, não saber. Allan Kardec nos mostra com coerência e bom senso, que não devemos buscar saber o que fomos noutras vidas. Os Espíritos estão todos sujeitos à lei de evolução e, por isso, quando se remonta ao passado, depara-se com situações morais bem piores do que aquela em que atualmente se encontra. Ao recordarmos experiências infelizes de outras vidas, certamente ficaríamos perturbados mentalmente. Seria muito difícil para alguém viver uma encarnação, sabendo que fora noutras existências um assassino cruel, ou alguém que tivesse tirado a própria vida. Assim, o esquecimento das vidas passadas ajudaria, por exemplo, um rei que agira com irresponsabilidade no passado, e que foi condenado a viver encarnado numa favela. Ele aproveitaria sua encarnação, sem que as lembranças da boa vida que tivera o perturbasse. Do mesmo modo, um antigo inimigo poderia reencarnar como nosso filho, facultando assim as condições de reparar erros e extinguir mágoas. A lembrança de outras vidas seria um tormento para a vida de relação e impediria a ação inteligente da Lei, contribuindo para a melhoria do Espírito. Mas, não podemos nos esquecer que o esquecimento do passado é apenas momentâneo. Na vida espiritual as recordações voltam à mente do Espírito com naturalidade, segundo as condições evolutivas de cada um. Só em casos excepcionais Deus permite que durante a vida carnal, o homem saiba de alguns fatos ligados ao seu passado.

Qual o tempo que separa as encarnações?
 
Não há tempo definido, pois depende da necessidade do Espírito em depurar-se, expandindo seus conhecimentos intelectuais e morais, passando por provas e expiações. Quanto mais endividado com a Lei de Deus, menos tempo permanece o Espírito no mundo espiritual. Digamos que aqui seja o local onde se pagam as contas e se conseguem novas oportunidades de crédito. Se tem muitas dívidas e deseja novos créditos, ele vem mais freqüentemente e em menor espaço de tempo, pois quer se ver livre dos débitos e abrir novas possibilidades para sua felicidade como filho do Altíssimo. Portanto, o tempo que separa as encarnações depende da condição evolutiva do Espírito.

Os líderes umbralinos também organizam encarnações?
 
As encarnações dos Espíritos obedecem, como tudo, a uma lei. É evidente que tudo se fundamenta em uma ordem universal e seria acreditar no caos e na desordem pensar que coisas tão importantes como a programação da vida de um ser imortal pudesse ser feito por entidades sem nenhum compromisso com o Bem, com a lei de Deus. As encarnações obedecem a um projeto divino, mesmo que aparentemente possa parecer o contrário, em algumas situações. Nada acontece sem que o Criador de todas as coisas o queira. Os Espíritos superiores trabalham em Seu nome e realizam todas as suas obras, desde os planos mais primitivos até os mais elevados.

Uma alma que atingiu a perfeição, não volta a reencarnar?
 
A reencarnação é uma necessidade da alma imperfeita que, através das experiências na matéria, aprende o que necessita para sua definitiva libertação da ignorância e conquista do direito de viver na Vida Eterna. Os Espíritos puros não necessitam mais dessa experiência, pois já atingiram seu objetivo. Só reencarnam nos mundos materiais para cumprirem missões de grande importância, nas regiões onde houver necessidade. O maior exemplo de encarnações missionárias é Jesus.

Se o nosso arquivo desta vida e das vidas passadas se encontram gravadas em nosso perispírito e ele tende a desaparecer com a nossa evolução, como e onde ficam estes arquivos?
 
Já dissemos em perguntas anteriores que a memória do Espírito não se encontra no perispírito. Este é um conceito retirado de livros psicografados (que não foram submetidos ao Controle Universal - inexistente) e não do pensamento dos Espíritos superiores responsáveis pela Codificação. A teoria contraria as Obras Básicas e evidentemente não encontra fundamento lógico que possa explicá-lo. A memória da individualidade se encontra na intimidade do Espírito, em seu arquivo permanente, no que se chama "sensorium comune". O perispírito é matéria. Seria uma incoerência acreditar que a coisa mais importante para Espírito, que são suas experiências vividas, pudesse estar atrelada e confinada à matéria. Veja mais sobre o assunto em perguntas anteriores, nesta mesma página.

A partir de qual momento é considerada o surgimento do ser humano: fecundação, do surgimento do sistema nervoso, ou do nascimento?
 
A partir da fecundação já existe a ligação da alma com o corpo, embora a concretização da reencarnação se dê apenas no nascimento. O Espírito se liga ao corpo que lhe dará vida física desde o instante da concepção por um laço fluídico e entra em uma fase que Allan Kardec chamou de "perturbação", ou seja, ele vai perdendo a plenitude de sua consciência à medida que a gravidez avança, como se tivesse adormecendo. Quando nasce as lembranças de sua vida anterior estão completamente apagadas. Sobre as três últimas perguntas, sugerimos leitura das questões 344 a 360 do Livro dos Espíritos.

É verdade que a Terra passa de um mundo de expiações para um mundo de regeneração, e que este mundo praticamente começaria junto com a virada do milênio? E ainda, que muitos dos Espíritos que hoje desencarnam, se não tiverem seu campo vibratório em sintonia com esse novo mundo que se aproxima (regeneração), somente poderão reencarnar em outros planetas ainda em expiação?
 
Sim, a Terra passa por um processo acelerado de transformação. Suspeita-se que a profunda crise humana, chamada pelos Profetas de "A grande tribulação", esteja se aproximando do nosso tempo. Não há uma época específica para o ponto crítico dessa crise e o próprio Jesus afirmou que só Deus saberia o dia exato que isso aconteceria. Disse, no entanto, que por determinados sinais seus seguidores poderiam reconhecê-la. Veja mais detalhes nas Escrituras, Evangelho Segundo Mateus, capítulos 24 e 25. Quanto aos Espíritos que desencarnam, se não tiverem condições para viver numa sociedade de regeneração, certamente serão levados para outros mundos, conforme seu próprio grau evolutivo. Claro, isso acontecerá num tempo específico. Só em períodos distintos existem migrações de Espíritos humanos para outros orbes.

ESPIRITISMO E HINDUÍSMO!

Os indianos creem na reencarnação, mas acreditam que as almas foram criada felizes e perfeitas, e os erros praticados nas encarnações fizeram com que passassem a poder encarnar em corpos de animais.
Essa possibilidade de transmigração de almas em corpos de animais é o que se chama de mentempsicose. Por este motivo os animais são venerados na Índia porque eles acreditam na possibilidade de que aquele cão, gato etc possa ser alguém de sua família. Já para a Doutrina Espírita isto não tem lógica pois, as almas evoluem continuamente e não podem voltar em animais.
 
Questão-612. O Espírito que animou o corpo de um homem poderia encarnar-se num animal?
- Isso seria retrogradar, e o Espírito não retrograda. O rio não remonta à nascente. (Ver item 118.)
 
Comentários de Kardec sobre a mentepsicose : A metempsicose seria verdadeira se por ela se entendesse a progressão da alma de um estado inferior para um superior, realizando os desenvolvimentos que transformariam a sua natureza; mas é falsa, no sentido de transmigração direta do animal para o homem e vice-versa, o que implicaria a ideia de uma retrogradação ou de fusão. Ora não podendo realizar-se essa fusão entre seres corporais de duas espécies temos nisso um indicio de que se encontram em graus não assimiláveis e que o mesmo deve acontecer com os espíritos que os animam. Se o mesmo Espírito pudesse animá-los alternativamente, disso resultaria uma identidade de natureza que se traduziria na possibilidade de reprodução material.
 
A reencarnação ensinada pelos Espíritos se funda, pelo contrário, sobre a marcha ascendente da Natureza e sobre a proqressão do homem na sua própria espécie, o que não diminui em nada a sua dignidade. O que o rebaixa é o mau uso que faz das faculdades que Deus lhe deu para o seu adiantamento. Como quer que seja. a antiguidade e a universalidade da doutrina da metempsicose e o número de homens eminentes que a professaram provai que o principio da reencarnação tem suas raízes na própria Natureza; esses são portanto argumentos antes a seu favor do que contrários. (Reencarnação no Hinduísmo e no Espiritismo)
O ponto de partida do Espírito é uma dessas questões que se ligam ao principio das coisas e estão nos segredos de Deus. Não é dado ao homem conhecê-los de maneira absoluta e ele só pode fazer, a seu respeito, meras suposições, construir sistemas mais ou menos prováveis. Os próprios Espíritos estão longe de tudo conhecer e sobre o que não conhecem podem ter também opiniões pessoais mais ou menos sensatas.
 
É assim que nem todos pensam da mesma maneira a respeito das relações existentes entre o homem e os animais. Segundo alguns, o Espírito não chega ao período humano senão depois de ter sido elaborado e individualizado nos diferentes graus dos seres inferiores da criação. Segundo outros, o Espírito do homem teria sempre pertencido à raça humana, sem passar pela fieira animal. O primeiro desses sistemas tem a vantagem de dar uma finalidade ao futuro dos animais que constituiriam assim, os primeiros anéis da cadeia dos seres pensantes; o segundo é mais conforme á dignidade do homem e pode resumir-se da maneira que segue.
 

As diferentes espécies de animais não procedem intelectualmente umas das outras, por via de progressão; assim, o Espírito da ostra não se torna sucessivamente do peixe, da ave, do quadrúpede e do quadrúmano; cada espécie é um tipo absoluto, física e moralmente, e cada um dos seus indivíduos tira da fonte universal a quantidade de princípio inteligente que lhe é necessária, segundo a perfeição dos seus órgãos e a tarefa que deve desempenhar nos fenômenos da Natureza, devolvendo-a à massa após a morte. Aqueles dos mundos mais adiantados que o nosso (ver item 18 são igualmente constituídos de raças distintas, apropriadas ás necessidades desses mundos e ao grau de adiantamento dos homens de que são auxiliares, mas não procedem absolutamente dos terrestres, espiritualmente falando. Com o homem já não se dá o mesmo.
 
Do ponto de vista físico, o homem constitui evidentemente um anel da cadeia dos seres vivos; mas do ponto de vista moral há solução de continuidade entre o homem e o animal. O homem possui, como sua particularidade, a alma ou Espírito, centelha divina que lhe dá o senso moral e um alcance intelectual que os animais não possuem; é o seu ser principal, preexistente e sobrevivente ao corpo, conservando a sua individualidade. Qual é a origem do Espírito? Onde está o seu ponto de partida? Forma-se ele do principio inteligente individualizado? Isso é um mistério que seria inútil procurar e penetrar e sobre o qual, como dissemos, só podemos construir sistemas. (Reencarnação no Hinduísmo e no Espiritismo)
 
O que é constante e ressalta ao mesmo tempo do raciocínio e da experiência é a sobrevivência do Espírito, a conservação de sua individualidade após a morte, sua faculdade de progredir, seu estado feliz ou infeliz, proporcional ao seu adiantamento na senda do bem, e todas as verdades morais que são a consequência desse principio. Quanto às relações misteriosas existentes entre o homem e os animais, isso, repetimos, está nos segredos de Deus, como muitas outras coisas cujo conhecimento atual nada importa para o nosso adiantamento e sobre as quais seria inútil nos determos (Reencarnação no Hinduísmo e no Espiritismo)

Francisco Amado

6 de dez. de 2014

Cura Verdadeira

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Todas as criaturas humanas adoecem. Raras são aquelas que trabalham para a cura real.
A ação medicamentosa, por si só, não restaura integralmente a saúde.
O comprimido ajuda. A injeção melhora. Entretanto, não podemos esquecer que os verdadeiros males procedem do coração.
A mente é uma fonte criadora e a vida plasma, em nós mesmos, aquilo que desejamos.
Assim, a medicação não nos valerá muito se prosseguirmos tristes e acabrunhados, porque a tristeza é geratriz e mantenedora de muitos males.
Como poderemos pretender ter a saúde restaurada, se nos permitimos a cólera ou o desânimo por muitas horas?
O desalento é anestésico que entorpece e acaba por destruir quem o cultiva.
A ociosidade que corrompe as horas e a inutilidade que desperdiça o tempo valioso extingue as forças físicas e as do Espírito.
Mesmo porque, a mente ociosa acaba por se dedicar a muitas coisas ruins, como a maledicência e a crítica destrutiva.
Se não sabemos calar, nem desculpar; se não ajudamos, nem compreendemos, como encontrar harmonia íntima?
Por mais que o socorro espiritual venha em nosso favor, devoramos as próprias energias com atitudes negativas.
E, com respeito ao socorro médico, mal surgem as primeiras melhoras, abandonamos o remédio, a dieta, os cuidados, demonstrando a nossa indisciplina.
Por isso, se estamos doentes, antes de qualquer medicação, aprendamos a orar e a entender, a auxiliar e a preparar o coração para a grande mudança.
Fujamos da indelicadeza e do azedume constante que nos conduzirão à brutalidade no trato com os demais.
Enriqueçamos nossos fatores de simpatia pessoal, pela prática do amor fraterno.
Busquemos intimidade com a sabedoria, pelo estudo e a meditação.
Não manchemos nosso caminho. Sirvamos sempre. Trabalhemos na extensão do bem a todos.
Guardemos lealdade ao Mestre Jesus a quem dizemos seguir e permaneçamos com a certeza de que, cultivando a prece, vibrando positivamente pela vida, abraçando a oração diária, desde logo, a medicação de que nos servirmos atuará rápida e beneficamente em nosso corpo.
*   *   *
Que queres que eu te faça? Perguntou Jesus ao cego de Jericó, que O buscava.
Que me devolvas a visão, respondeu Ele.
Acreditas firmemente que eu possa te curar? Retornou o Mestre a indagar.
E como a resposta fosse afirmativa, o cego passou a enxergar.
No fato em destaque, observamos que a vontade do paciente e a fé no profeta de Nazaré, foram as molas da cura.
Portanto, a cura real somente nos alcançará se melhorarmos as nossas disposições íntimas e atendermos aos preceitos médicos com disciplina e seriedade.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 86 do livro
Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco
Cândido Xavier, ed. Feb.