Responsabilidade das escolas?
Na década de 1940 havia nas escolas públicas do Ensino Fundamental um horário semanal destinado ao ensino religioso. Lembramo-nos, perfeitamente, dessa obrigatoriedade porque, como em nossa matrícula escolar constava a observação “espírita”, éramos levados para uma sala onde ficavam os alunos não católicos. Estes últimos constituíam, sem dúvida, a grande maioria e eram os únicos que recebiam, de fato, o ensino religioso, quase sempre ministrado por sacerdotes.
Recordamos que, em uma dessas oportunidades nas quais eram separados os alunos pertencentes a outras religiões (conforme declaração dos seus responsáveis), o diretor da escola identificou-nos como “espírita” e fez-nos o seguinte desafio: “Se você é espírita, faça com que nos apareça um Espírito”. O nosso acanhamento diante da suposta autoridade foi acompanhado pelas risadas dos presentes.
Decorrido mais de meio século, esse acontecimento não se repetiria, pois em nosso país desenvolveu-se grande respeito aos sentimentos e à compreensão religiosa de todos os cidadãos, ao lado de inequívoco avanço na divulgação da Doutrina Espírita. Nem mesmo nas escolas ditas religiosas haveria hoje ambiente favorável a semelhante e desrespeitosa atitude.
Permanece, entretanto, uma pergunta: deve o ensino religioso ser ministrado obrigatoriamente nas escolas? Orientam-nos os Mentores Espirituais que a resposta deve ser negativa. A moral religiosa é, primordialmente, de responsabilidade dos pais, sejam biológicos ou adotivos. Eis o que lemos em O Livro dos Espíritos, na questão 383: Qual é, para o Espírito [encarnado], a utilidade de passar pelo estado de infância?1
Resposta:
Encarnando com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, e que podem auxiliar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de educá-lo.1
Referindo-se ainda à infância, continuam os Espíritos Superiores na resposta à questão 385, da obra citada, pois nessa fase:
[…] É quando se pode reformar o seu caráter e reprimir seus maus pendores. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão que responder.1
Caberia aqui outra pergunta: o que dizer das aulas ministradas nas casas espíritas, identificadas como evangelização da criança? A resposta é simples: o trabalho de evangelização à luz do entendimento trazido pela Doutrina Espírita constitui importante contribuição complementar para a educação infantil, além de proporcionar orientação aos pais.
Lembra-nos a educadora espírita Martha Rios Guimarães, em artigo publicado pela Revista Internacional de Espiritismo:
O maior patrimônio que os pais podem oferecer aos seusfilhos é uma mensagem que esclareça, oriente e equilibre. Essa mensagem, ao contrário dos bens materiais que oferecemos, não é perecível, e passará a fazer parte da bagagem imortal do Espírito. Alguns pais espíritas alegam que seus filhos devem utilizar o “livre-arbítrio” para escolher [ou não] a religião ou doutrina que seguirão em suas vidas. Esquecem-se, porém, que estão oferecendo liberdade de escolha a quem ainda não está preparado para escolher.[1]
Como consequência da imortalidade e da reencarnação escreve-nos, em Reformador, o esclarecido articulista Ricardo Di Bernardi:
A criança, que recebemos em nosso lar, não é um bloco em branco onde podemos escrever qualquer mensagem ou ditar qualquer conteúdo; ao contrário, é um livro com inúmeros capítulos já escritos por ela mesma, vindo agora solicitar auxílio para que dê continuidade à história de sua vida […].[1]
São incontáveis as mensagens que nos chegam do Mundo dos Espíritos alertando-nos para a responsabilidade que nos cabe na educação da criança, que deve ser alicerçada na realidade espiritual da vida. É urgente a necessidade de empregarmos todo o esforço possível nas tarefas de aceleração da transição planetária para um mundo de regeneração. Esta realidade está sendo demonstrada pela encarnação, cada vez mais numerosa, de Espíritos amadurecidos no exercício da fraternidade.
Entre as mensagens a que nos referimos, destacamos o texto de Emmanuel trazido pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier:
– A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar poderá edificar o homem.[1]
REFERÊNCIAS:
1 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014.
2 GUIMARÃES, Martha Rios. Educação espírita começa no lar. Revista Internacional de Espiritismo, p. 222, maio 2016.
3 DI BERNARDI, Ricardo. Educação infantil, sexualidade e espiritualidade. Reformador, ano 134, n. 2.242, p. 47(45)-48(46), jan. 2016.
4 XAVIER, Francisco C. O consolador.Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2016. Q. 110.
Na década de 1940 havia nas escolas públicas do Ensino Fundamental um horário semanal destinado ao ensino religioso. Lembramo-nos, perfeitamente, dessa obrigatoriedade porque, como em nossa matrícula escolar constava a observação “espírita”, éramos levados para uma sala onde ficavam os alunos não católicos. Estes últimos constituíam, sem dúvida, a grande maioria e eram os únicos que recebiam, de fato, o ensino religioso, quase sempre ministrado por sacerdotes.
Recordamos que, em uma dessas oportunidades nas quais eram separados os alunos pertencentes a outras religiões (conforme declaração dos seus responsáveis), o diretor da escola identificou-nos como “espírita” e fez-nos o seguinte desafio: “Se você é espírita, faça com que nos apareça um Espírito”. O nosso acanhamento diante da suposta autoridade foi acompanhado pelas risadas dos presentes.
Decorrido mais de meio século, esse acontecimento não se repetiria, pois em nosso país desenvolveu-se grande respeito aos sentimentos e à compreensão religiosa de todos os cidadãos, ao lado de inequívoco avanço na divulgação da Doutrina Espírita. Nem mesmo nas escolas ditas religiosas haveria hoje ambiente favorável a semelhante e desrespeitosa atitude.
Permanece, entretanto, uma pergunta: deve o ensino religioso ser ministrado obrigatoriamente nas escolas? Orientam-nos os Mentores Espirituais que a resposta deve ser negativa. A moral religiosa é, primordialmente, de responsabilidade dos pais, sejam biológicos ou adotivos. Eis o que lemos em O Livro dos Espíritos, na questão 383: Qual é, para o Espírito [encarnado], a utilidade de passar pelo estado de infância?1
Resposta:
Encarnando com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, e que podem auxiliar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de educá-lo.1
Referindo-se ainda à infância, continuam os Espíritos Superiores na resposta à questão 385, da obra citada, pois nessa fase:
[…] É quando se pode reformar o seu caráter e reprimir seus maus pendores. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão que responder.1
Caberia aqui outra pergunta: o que dizer das aulas ministradas nas casas espíritas, identificadas como evangelização da criança? A resposta é simples: o trabalho de evangelização à luz do entendimento trazido pela Doutrina Espírita constitui importante contribuição complementar para a educação infantil, além de proporcionar orientação aos pais.
Lembra-nos a educadora espírita Martha Rios Guimarães, em artigo publicado pela Revista Internacional de Espiritismo:
O maior patrimônio que os pais podem oferecer aos seusfilhos é uma mensagem que esclareça, oriente e equilibre. Essa mensagem, ao contrário dos bens materiais que oferecemos, não é perecível, e passará a fazer parte da bagagem imortal do Espírito. Alguns pais espíritas alegam que seus filhos devem utilizar o “livre-arbítrio” para escolher [ou não] a religião ou doutrina que seguirão em suas vidas. Esquecem-se, porém, que estão oferecendo liberdade de escolha a quem ainda não está preparado para escolher.[1]
Como consequência da imortalidade e da reencarnação escreve-nos, em Reformador, o esclarecido articulista Ricardo Di Bernardi:
A criança, que recebemos em nosso lar, não é um bloco em branco onde podemos escrever qualquer mensagem ou ditar qualquer conteúdo; ao contrário, é um livro com inúmeros capítulos já escritos por ela mesma, vindo agora solicitar auxílio para que dê continuidade à história de sua vida […].[1]
São incontáveis as mensagens que nos chegam do Mundo dos Espíritos alertando-nos para a responsabilidade que nos cabe na educação da criança, que deve ser alicerçada na realidade espiritual da vida. É urgente a necessidade de empregarmos todo o esforço possível nas tarefas de aceleração da transição planetária para um mundo de regeneração. Esta realidade está sendo demonstrada pela encarnação, cada vez mais numerosa, de Espíritos amadurecidos no exercício da fraternidade.
Entre as mensagens a que nos referimos, destacamos o texto de Emmanuel trazido pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier:
– A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar poderá edificar o homem.[1]
REFERÊNCIAS:
1 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014.
2 GUIMARÃES, Martha Rios. Educação espírita começa no lar. Revista Internacional de Espiritismo, p. 222, maio 2016.
3 DI BERNARDI, Ricardo. Educação infantil, sexualidade e espiritualidade. Reformador, ano 134, n. 2.242, p. 47(45)-48(46), jan. 2016.
4 XAVIER, Francisco C. O consolador.Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2016. Q. 110.
Nenhum comentário:
Postar um comentário