Em toda a história da humanidade, a ligação com o divino sempre foi medida em relação às benesses que uma determinada população adquiria. Se as coisas iam bem, é porque Deus estava satisfeito. Se iam mal, era necessário realizar sacrifícios, oferendas e atos que hoje seriam considerados absurdos.
Mesmo com toda a evolução dos povos, verdadeira globalização de sentimentos e crenças, a questão da doença ainda nos atinge, gerando questionamentos infinitos, quando não revolta.
A medicina, como tudo na vida, evoluiu em espiral, hora se apoiando no sagrado, no maravilhoso, hora se afastando de tudo isso, chegando às raias do ceticismo completo. Nesse caminho, Curandeiros, Xamãs, Parteiras, Feiticeiras e outros tiveram seu momento de glória e de tragédia.
Grandes trabalhadores da Seara divina, mostrando o lado humano que nos toca, revelaram sua indignação com Deus nos momentos de sacrifício, de dor e de doença, mas nem por isso desistiram de seus ideais. Jó, Paulo de Tarso, Santo Agostinho e outros são exemplos vivos disso.
O espiritismo veio nos trazer nova visão sobre saúde e doença, retirando completamente a pessoalidade divina, tão criticada por Einstein. E, realmente não há sentido algum em pensar em um Deus pessoal, que fica sentado numa sala imensa com botões coloridos, a nos beneficiar ou prejudicar, se divertindo ou extravasando sua raiva. Baseado na lógica, os ensinamentos crísticos-kardequianos nos mostram que todos, sem exceção, somos obrigados a colher exatamente o que plantamos, sendo a doença não a derrota, uma resposta negativa de Deus, mas antes disso uma oportunidade.
A medicina terá que caminhar muito até conhecer a verdadeira origem das doenças que vem do corpo espiritual. Esse corpo espiritual, além de ser o revestimento do espírito, participa de fenômenos anímicos-mediúnicos e serve como molde, como o modelo organizador biológico, vindo a ser a origem, o substrato para a manifestação no corpo físico, de patologias expiatórias e evolutivas.
Esse entendimento leva muitos espíritas a entrar em um processo de auto-obsessão, onde a necessidade premente do sofrimento ocupa o topo da lista de necessidades evolutivas. A questão toda não está em buscar o sofrimento, como se ele fosse bom, mas escutar o sofrimento quando ele chegar. Não basta sofrer, sem raciocinar, sem entender o que aquele sofrimento quer nos dizer. As leis siderais que regem os planetas e a vida de seus habitantes nos forçam para cima sempre, para a nossa evolução plena e, nesse processo, o sofrimento aparece como um acelerador, um impulsionador rumo ao desiderato.
Escute a sua dor. Escute o seu sofrimento. Ele não é nem vilão nem mocinho, é somente a forma de nos acordar para o bem maior, para o caminho verdadeiro.
Além disso, ainda resta outro aspecto a ser discutido. A relatividade do sofrimento. Quanto mais apegados a matéria, mais sofreremos por problemas financeiros e pessoais. Um arranhão no carro pode levar alguém a enfartar. No nosso caminho rumo à nossa realização, vamos nos libertando de uma variedade de entulhos psíquicos e cada vez dando valor menor a sensações e sentimentos que nos traziam enormes sofrimentos no passado.
Desapego e trabalho cristão: essa é a fórmula para vencer o sofrimento e a dor e é sempre bom lembrar a frase dita por Nossa Senhora ao grande médium Chico Xavier – “Meu filho, tudo passa!”
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