31 de out. de 2021

Quando “morremos” demora para nosso espírito se desligar do corpo?

 

O desligamento entre o corpo e o espírito, depois que nosso corpo falece, é rápido ou demora muito? Segundo o relato contido em várias obras mediúnicas de autores de grande relevância no meio Espírita, a morte física e o desenlace espiritual não ocorrem necessariamente no mesmo tempo. O indivíduo morre quando o coração deixa de funcionar e o corpo fica sem oxigênio e o espírito desencarna quando se completa o desligamento fluídico, o que em muitos casos demanda algumas horas ou até dias.

Basicamente, o espírito permanece ligado ao corpo enquanto são muito fortes nele as impressões da existência física. Indivíduos materialistas, que fazem da jornada humana um fim em si, que não cogitam de objetivos superiores, que cultivam vícios e paixões, ficam retidos por mais tempo no corpo até que a impregnação fluídica animalizada de que se revestem seja reduzida a níveis compatíveis com o desligamento.

Certamente, os benfeitores espirituais podem fazê-lo de imediato, tão logo se dê o colapso do corpo. No entanto, isso não é aconselhável, porquanto o desencarnante teria dificuldades maiores para ajustar-se às realidades espirituais.

O que aparentemente sugere um castigo para o indivíduo que não viveu sua existência condizente com os princípios da moral e da virtude é apenas manifestação de misericórdia.

Não obstante o constrangimento e as sensações desagradáveis que venha a enfrentar, na contemplação de seus despojes carnais em decomposição, tal circunstância é menos traumatizante do que o desligamento extemporâneo.

Há, a respeito da morte, concepções totalmente distanciadas da realidade. Quando alguém morre fulminado por um enfarte violento, costuma-se dizer:

“Que morte maravilhosa! Não sofreu nada!”. No entanto, é uma morte indesejável. Falecendo em plena vitalidade, salvo se altamente espiritualizado, ele terá problemas de desligamento e adaptação, pois serão muito fortes nele as impressões terrenas que o ligam ao corpo.

Se a causa da morte é o câncer, após prolongados sofrimentos, em dores atrozes, com o paciente definhando lentamente, decompondo-se em vida, fala-se: “Que morte horrível! Quanto sofrimento!”. Paradoxalmente, é uma boa morte. Doença prolongada é como se fosse um tratamento de beleza para o Espírito.
As dores físicas atuam como inestimável recurso terapêutico, ajudando-o a superar as ilusões do Mundo, além de depurá-lo como válvulas de escoamento das impurezas morais.

Destaque-se que o progressivo agravamento de sua condição torna o doente mais receptivo aos apelos da religião, aos benefícios da prece, às meditações sobre o destino humano. Por isso, quando a morte chega, ele está preparado e até a espera, sem apegos, sem temores.

Algo semelhante ocorre com as pessoas que desencarnam em idade avançada, cumpridos os prazos concedidos pela Providência Divina, e que mantiveram um comportamento disciplinado e virtuoso. Nelas, a vida física extingue-se mansamente como uma vela que bruxuleia e apaga, inteiramente gasta, proporcionando-lhes um retomo tranquilo, sem maiores percalços.

Fonte: livro Quem tem medo da morte – Richard Simonetti

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