"O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, e consiste em não se ver superficialmente os defeitos alheios, mas em se procurar salientar o que há de bom e virtuoso no próximo. Porque, se o coração humano é um abismo de corrupção, existem sempre, nos seus mais ocultos refolhos, os germes de alguns bons sentimentos, centelha vivaz da essência espiritual " Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo X. Bem-aventurados os Misericordiosos. Item 18. Dufétre.
A maneira de procurar entender justificativas ou atitudes daqueles com quem estamos dialogando, leva-nos, certamente, a disposição de não-interferência nos próprios pontos de vista, portanto, de isenção, imparcialidade e neutralidade. Para sermos compreensivos precisamos estar preparados para aceitar reações, e a conduta, o modo de ser das pessoas, sem prejulgamentos ou condenações.
Precisamos estar preparados para aceitar as criaturas como elas são, do jeito que elas se expressam, até mesmo quando corrompidas, criminosas, assaltantes, prostituídas ou viciadas. Encarando-as com o pressuposto de que possuem essência espiritual e como tal são passíveis de bons sentimentos, com potencialidades latentes, sujeitas ao desenvolvimento, a nossa firme convicção nesses valores espirituais poderá transmitir aos seres mais difíceis a confiança que um dia esperavam para sair do estado conturbado e se conduzir a rumo seguro em sua vida.
A rigor não temos meios de avaliar as profundezas do caráter de ninguém, pois quaisquer conclusões apressadas são falsas. A atitude mais prudente, honesta e cristã é a de compreensão e tolerância para com quaisquer indivíduos. Esse é o nosso comportamento mais produtivo.
O sentimento de tolerância é consequência da compreensão. Como não nos cabe salientar os erros e defeitos alheios, nem mesmo criticá-los, devemos admitir, desculpar, aceitar, perdoar, atenuar e mesmo comutar esses erros. Em nosso relacionamento comum, como podemos ser compreensivos e tolerantes?
- Evitando fazer comentários desairosos e deprimentes em relação a quaisquer criaturas;
- Aceitando as reações alheias sem nos aborrecer e sem condená-las;
- Ouvindo serenamente, por mais chocantes e pavorosas que sejam suas narrações, aqueles que nos confiem seus problemas, sem esboçarmos escândalo, mas ajudando-os a encontrar, por eles mesmos, os caminhos de saída;
- Afastando, de todas as maneiras, ressentimentos, mágoas ou remorsos que os dissabores provocados por alguém estejam nos perturbando a tranquilidade;
- Eliminando a intransigência nas nossas análises em relação ao comportamento do próximo;
- Ponderando com isenção e equilíbrio infrações cometidas por funcionários, na oficina de trabalho ou no meio doméstico, aproveitando experiências deles para renovar-lhes oportunidades de acertos;
- Não nos referindo a exemplos próprios de boa conduta para recomendar procedimentos a outrem;
- Transformando austeridade punidora dos maus comportamentos entre familiares em colóquios abertos, ouvindo e comentando coletivamente em torno dos problemas para que se chegue calmamente às correções cabíveis.
"Sede indulgentes, meus amigos, porque a indulgência atrai, acalma, corrige, enquanto o rigor desalenta, afasta e irrita." A Indulgência - José, Espírito Protetor.
Ney P. Peres
Nenhum comentário:
Postar um comentário