30 de set. de 2013

Barriga solidária



Marlene Nobre

A Folha Espírita deste mês de agosto aborda a questão da barriga solidária ou como é mais conhecida a barriga de aluguel. Já faz algum tempo que as novelas no Brasil discutem temas atuais. Desta feita, a novela das nove discute este, que não é um tema novo, porque já se abordou de outras vezes, mas tem agora um viés um pouco diferente, porque quem está pleiteando a adoção é um casal homossexual. Dois homens que vivem uma relação homoafetiva contam com a colaboração de uma amiga para conseguir a realização de um sonho: ter um filho.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) em resolução recente admite a barriga solidária, mas não o empréstimo do útero com caráter lucrativo ou comercial como o termo aluguel deixa entrever. As doadoras temporárias do útero devem pertencer à família de um dos parceiros num parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau – mãe; segundo grau – irmã/avó; terceiro grau – tia; quarto grau – prima), em todos os casos deve ser respeitada a idade limite de até 50 anos.

O CFM admite que as clínicas, centros ou serviços de reprodução humana usem as técnicas de Reprodução Assistida para criarem a situação identificada como gestação de substituição, desde que exista um problema médico que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética ou em caso de união homoafetiva.

A AME-Brasil está de acordo com a resolução do CFM, pois é contra a comercialização do útero para fins reprodutivos.

Na reportagem da Folha Espírita, o dr José Roberto Pereira Santos, diretor do Departamento de Bioética da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil), conversou sobre o tema.

Ele disse que “a reprodução assistida é uma conquista da Medicina, pois permite que casais inférteis possam gerar filhos biológicos próprios”.

E ressaltou que “toda evolução da ciência que vem para o bem tem a orientação do plano espiritual. Os cientistas recebem o conhecimento dos espíritos superiores e devem repassar estas novas conquistas em favor do progresso do homem. Devemos considerar o fator merecimento. Tudo o que a ciência puder fazer para o benefício do ser humano tem o apoio da espiritualidade”.

O dr José Roberto lembrou que “somente 30 a 40% dos casais que tentam esta técnica conseguem sucesso. E este sucesso é fator de grande alegria para estes casais, levando, muitas vezes, a melhorar relacionamentos que estavam se deteriorando. Entretanto, é importante considerar não só o nível de felicidade do casal infértil que deseja um filho de concepção própria, mas também os direitos do ser humano que é gerado como resultado dessa técnica”.

Como bem lembrou o colega, a técnica da reprodução assistida, por meio do método da fertilização “in vitro”, deu oportunidade ao homem de manipular o embrião, permitindo também outros procedimentos que são verdadeiros desafios de conduta bioética. Essa técnica introduziu: a possibilidade da escolha do sexo, do congelamento e descarte de embriões, da clonagem, do uso de células tronco para pesquisas, da gravidez de substituição (barriga de aluguel) etc., que desafiam nossos posicionamentos frente à vida.

Além disso, temos de levar em consideração também o ser que está em formação.

E se ocorrer má formação fetal? E se houver desistência dos pais por aquela gravidez que encomendaram? Enfim, a questão não é tão simples como pode parecer. Na verdade é tão complicada que, em alguns países, a mãe oficial é aquela que gestou a criança e em outros é a que ofereceu o seu material genético. E isto porque os tribunais de justiça de diversos países tem tido inúmeros casos difíceis e complicados para estudar e sentenciar.

A nós também já nos indagaram como vemos a possibilidade de barriga solidária para casais homossexuais.

Encontrei resposta no livro Lições de Sabedoria, que tive oportunidade de organizar com entrevistas dadas por Chico Xavier durante 23 anos ao jornal Folha Espírita. Quando o questionei sobre a possibilidade de gravidez em jovem solteira, por meio de inseminação artificial, o médium não titubeou ao responder: “o problema é estritamente de natureza consciencial”.

Não tenho nenhuma dúvida de aceitar o mesmo raciocínio neste caso de barriga solidária para homossexuais. É uma questão de foro íntimo, um problema de natureza consciencial.

Qualquer julgamento da minha parte iria cercear o livre arbítrio de irmãos nossos que estão na mesma senda evolutiva. Na verdade, eu estaria engessando os meus semelhantes, constrangendo-os a pensar pelo meu molde mental.

Hoje, mais do que nunca, somos livres para agir. E também não é menos verdade que somos mais responsáveis do que nunca diante dos compromissos livremente assumidos.

Sexo no além


Marlene Nobre
Como é natural, muitas pessoas tem curiosidade em saber se há constituição de lares no além e, consequentemente, se há relações sexuais entre os seres que se unem em matrimônio e, mais, se existe gestação no mundo espiritual.

As respostas encontrei-as nas mensagens que os desencarnados enviaram a seus pais e parentes encarnados, através de Chico Xavier.

Nas 500 mensagens que estudei, publicadas em mais de uma centena de obras, encontrei as respostas que procurava e coloquei-as no meu livro Nossa Vida no Além. No capítulo Inquietações da Libido, abordo muitas dessas questões.

Aprendi que nas regiões mais evoluídas há também o casamento das almas, que se unem conjugadas pelo amor puro, gerando obras admiráveis de progresso e beleza.

No caso, porém, em que esse enlace deva ser adiado, por circunstâncias inamovíveis, os Espíritos de comportamento superior aceitam, na Terra, a luta pela sublimação das forças genésicas, aplicando-as em trabalho digno. Neste caso, não aceitam ligações poligâmicas, m abstenção do comércio poligâmico, tanto mais intensamente quanto mais ativo se lhes revele o esforço no acrisolamento próprio.

Por isso vemos muitas criaturas encarnadas que, embora separadas de sua alma gêmea, desenvolvem serviços de amor aos semelhantes, a fim de aplicarem de forma útil suas energias sexuais, até que, um dia, possa reencontrá-la, nas outras dimensões da vida infinita, e integrar-se em seu halo energético, na complementação ideal.

Ivo de Barros Correia Menezes, o Ivinho, enviou vinte cartas para sua mãe, através do médium Chico Xavier, seis delas estão no livro Retornaram Contando, cinco outras em Gratidão e Paz, e algumas esparsas. Em 1983, cinco anos após a sua desencarnação, ocorrida aos 18 anos, desabafou com sua mãe Neide (28):
Continuo desencarnado e prossigo querendo casar-me e ser pai de família. Estimo os avós que me favorecem aqui com os melhores ensejos de ser feliz, mas, no fundo de mim mesmo, o que desejo realmente será formar na juventude do meu tempo e adotar uma vida caseira, pródiga de bênçãos de paz. Mãe Neide, é que seu filho anda partido em dois, tamanho é o meu anseio de realizar-me na condição de homem.

Em sua sexta carta, psicografada em 26 de maio de 1984, Ivinho continuou a dialogar francamente com o coração materno, expondo seus anseios mais íntimos: aquele desejo de passear com uma garota a tiracolo observando se ela nos serviria para um casamento futuro prevalece comigo.
Muitos rapazes se desligam com facilidade desses anseios. Tenho visto centenas que me participam estarem transfigurados pela religião e outros adotam exercícios de ioga com o objetivo de cortarem essas raízes da mocidade com o mundo.(...)
Meu tio Ivo fala em amor entre os jovens, apenas usufruindo o magnetismo das mãos dadas, e até já experimentei, mas a pequena não apresentava energias que atraíssem para longos diálogos sobre as maravilhas da vida por aqui. Fiz força e ela também; no entanto, nos separamos espontaneamente, porque não nos alimentávamos espiritualmente um ao outro.
Creio que meu caso é uma provação que apenas vencerei com o apoio do tempo. (...)
Se estivesse aí faria 25 anos em janeiro próximo ; um tempo lindo para se erguer um lar e criar filhos(...)

Realmente a provação, com vistas à disciplina emotiva, parece implícita no caso de Ivinho, à semelhança de milhares de outros jovens, como ele mesmo pôde constatar, entre seus companheiros de Vida Nova. Mas é interessante anotar a sinceridade de seu coração, abrindo a alma por inteiro para a mãe à procura de apoio.

Nesta mesma carta, continuou:
Mamãe Neide, por que será que o homem passa por este período de necessidade de integração com uma outra criatura no casamento? Sei lá... A minha avó Celeste considera fácil esta abstenção por aqui, porque nos afirma que, em nossa esfera não há possibilidade de gravidez. Mas com gravidez ou sem ela eu queria uma companheira loura ou morena, que se parecesse com você, que me protegesse, que me conseguisse organizar os lugares para descanso, que eu pudesse beijar muitas vezes para compensá-la do carinho que me consagrasse.(...)
Dizem por aqui que os pares certos trocam emoções criativas e maravilhosas no simples toque de mãos; no entanto, estou esperando o milagre.

Em seus apontamentos, Ivinho lembrou que, na Terra, rapazes e moças buscam dedicar-se aos esportes na tentativa de liberar o magnetismo do sexo, no entanto, para ele nem mesmo isso daria jeito.

O jovem não disse, mas o esporte na Espiritualidade tem outras modalidades uma vez que o sistema muscular estriado ou esquelético existente no corpo físico não permanece no perispírito, é transformado, durante a histogênese espiritual. Lá não se utiliza senão a força mental e os deslocamentos individuais operam-se na faixa da volitação.

Referiu-se aos estudos e trabalho que desenvolve sob a orientação dos instrutores espirituais, e quando interrogado por eles, não teve coragem de mentir quanto ao seu verdadeiro estado mental em relação ao sexo:
Enfim, esta é minha atualidade e não podia omitir o que sinto perante você, minha mãe, minha confidente e minha melhor amiga. Com o tempo, vamos regularizar tudo isso. Esteja tranquila. Refiro-me ao assunto, porquanto noto que a maioria dos jovens desencarnados, que se comunicam dão uma volta no caso e passam por cima; no entanto, sei que a maioria deles está em posição semelhante à minha. Mas não há de ser nada. Acredito que vou entrar no cordão das mãos entrelaçadas e depois lhe darei notícias.

As cartas do jovem Ivo à sua mãe constituíram, a nosso ver, um esforço enorme de seu Espírito para adaptar-se ao Plano Espiritual. Com esse desabafo, possibilitado, durante tantos anos, pela psicografia, ganhou forças para resistir, contando principalmente com a compreensão da mãe e da avó.

No mundo espiritual, seu avô Barros chegou a sugerir-lhe uma nova encarnação, mas o jovem apavorou-se:(...) isso é um assunto grave, porque não desejo assumir outra personalidade esquecendo os vínculos que me ligam ao seu querido coração.
Enganam-se lamentavelmente quantos possam admitir a incontinência sexual como regra de conduta nos planos superiores da Espiritualidade.(...)

Como vemos, ainda temos muito que aprender lendo as cartas recebidas por Chico Xavier, enviadas por aqueles que partiram, sobretudo os jovens, aos entes queridos que ficaram na Terra.

Descriminalizar drogas não resolve o problema e pode agravá-lo

Marlene Nobre
A droga constitui-se hoje verdadeira calamidade pública em nosso país à semelhança do que já acontece em muitos outros.

A situação é tão grave que se chegou ao ponto de sugerir a liberação da maconha aos usuários. Uma heresia, a nosso ver, porque a sociedade não pode concordar com hábitos nocivos que levam à morte e à ruína de uma pessoa. Não podemos dar sinal verde ao que destrói a vida das pessoas.

Pode-se ter uma ideia da gravidade da situação quando se sabe por exemplo que cerca de 190 milhões de pessoas são usuárias de maconha no mundo, segundo estimativa da ONU.

Engana=se quem pensa que a maconha é inofensiva. Estudos recentes realizados pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) constataram que o hábito de fumar maconha, mesmo em pouca quantidade, pode danificar a memória.

E a situação é pior quando o uso é crônico e se inicia antes dos 15 anos de idade. Nesse caso o risco é ainda maior, porque a sustância liberada com o uso da maconha - o tetrahidrocanabinol – tem efeito tóxico e cumulativo sobre o desempenho cerebral, danificando-o com maior intensidade.

Estudo científicos tem demonstrado que jovens que fumam maconha por seis anos ou mais têm o dobro de possibilidade de sofrer de episódios psicóticos, distúrbios mentais graves, do que pessoas que nunca fumaram a droga.

Claro que há pessoas que fumam maconha diariamente por toda a vida sem que sofram consequências negativas graves, assim como há quem fume cigarros até os 100 anos de idade e não desenvolva câncer de pulmão. Mas, até agora, não temos condições de saber quem é tolerante à droga e quem não é. Então, a maconha é, sim, perigosa e isto tem servido de conduta aos profissionais da saúde que lidam com o problema.

Estudos feitos em animais mostraram que, expostos ao componente ativo da maconha, eles deixam de produzir seus próprios canabinoides naturais que estão associados ao controle do apetite, da memória e do humor e passam a apresentar, aumento da ansiedade, perda de memória e depressão.

Por tudo isso hoje, seguramente já se sabe que a maconha não é tão inofensiva e recreativa como alguns imaginam. Assim, o caminho não é o da descriminalização do uso de drogas. E também não se pode desanimar de dizer que o mundo definitivamente perdeu a guerra contra as drogas ilícitas. O caminho que temos de tomar é o da educação, o da prevenção.

A sociedade tem que se movimentar. A nossa voz parece muito débil quando se vê o agravamento da situação da droga em nosso país. Especialmente a epidemia de crack que vem dizimando uma boa parcela de nossos jovens.

Num recente debate, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, concluiu-se que a venda indiscriminada de bebidas a jovens, sem o devido controle, além de funcionar como uma espécie de porta de entrada para o consumo de outras drogas seria argumento suficiente para derrubar qualquer inciativa de liberação do consumo de drogas no país. Falando sobre o perigo do crack, o médico psiquiatra Emanuel Fortes Silveira Cavalcanti, representante da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), presente ao debate da comissão do Senado, lembrou que o consumo da droga tem aumentado no país e que, em Goiás, por exemplo, 60% dos julgamentos de crimes têm como réus usuários da droga.

Ele reclamou especialmente da “falta de controle” do governo sobre as indústrias químicas que fabricam éter e acetona, insumos fundamentais para o refino da cocaína e, por consequência, do crack, que é um derivado da droga.

O fato é que o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack no país não está conseguindo conter a epidemia do uso dessa droga que causa horror e morte.

Tal plano não tem sido capaz de atender a um terço dos 95% dos municípios envolvidos com a gravíssima questão que põe em risco a juventude do nosso país.

As cracolândias espalham-se rapidamente. O oxi, droga mais devastadora ainda que o crack, também já está presente em 13 estados brasileiros, fazendo crescer a ameaça aos mais jovens.

A realidade é que descriminalizar e legalizar drogas no país não resolve o problema e pode agravá-lo.

Tomemos por base a experiência da Holanda. Lá a droga é legalizada desde 1976, constituindo-se, sem dúvida, no país mais permissivo em relação ao uso de drogas. Pois bem, a Holanda não mais permitirá que turistas frequentem cofeeshops para fumar maconha, porque também lá já se comprovou os efeitos deletéreos da droga. Somente os que já são cadastrados poderão fazê-lo. Não há dúvida que o melhor caminho continua sendo o da prevenção e não o da legalização.

Por isso mesmo as Associações Médico-Espíritas estão se movimentando no sentido de auxiliar na prevenção de tão grave problema. Os nossos médicos em parceria com as Casas Espíritas poderão auxiliar a minimizar o problema auxiliando o dependente químico com os argumentos indispensáveis da espiritualidade.

Oxalá possamos ter êxito em tão difícil empreendimento.

O abuso de drogas e os meio de combate





Muitas vezes nós nos perguntamos o que acontece com o espírito que vem a falecer em pleno uso de drogas. Qual o destino deles?

No livro Caminhos de Volta cada mensagem psicografada por Chico Xavier é antecedida pelas explicações do médium sobre a reunião em que ela foi obtida e os motivos que a determinaram.

Nesse livro, na lição de número 25, o médium explica:
Na véspera de nossa reunião comentávamos, num grande grupo de amigos, o problema do abuso de drogas, que vai assumindo grandes proporções em nosso tempo. O assunto ficara em suspenso. Mas, na sessão pública da noite imediata, O Livro dos espíritos nos deu a estudo a questão 950, levando-nos a analisar os caminhos difíceis do suicídio. No encerramento de nossas tarefas, Emmanuel escreveu a página “Apoio no Lar”, ponderando quanto à importância do auxílio espiritual no lar, para que nos afastemos das induções ao suicídio ou à fuga de nossos compromissos. 

Nessa mensagem – intitulada Apoio no Lar - Emmanuel afirma que conhece de perto os companheiros que enveredaram no excesso de drogas psicoativas e que o fizeram buscando o suicídio indireto: ”....ao atravessarem as barreiras da desencarnação em semelhante desequilíbrio, conservam no corpo espiritual os estigmas da prática indébita que os levou à degeneração dos seus próprios centros de força”.

Há, portanto, muito sofrimento, uma vez que o abuso de drogas, que os levou à morte prematura, desestrutura os chacras ou centros de força do corpo espiritual ou períspirito, causando grandes desequilíbrios.

Os que assim desencarnam não se apresentam na condição de trabalhadores que alcançaram o fim do dia, agradecendo a pausa de descanso e sim na posição de trânsfugas de sanatórios em que lhes cabia assistência mais longa.

Segundo o Benfeitor, eles permanecem no mundo espiritual como alucinados e dependentes das drogas...

Por isso demoram-se em regimes de reajuste e, quando recobram a própria harmonia, sentem-se sem forças nos seus mecanismos e estruturas do corpo espiritual.

Qual o caminho a seguir? Sem dúvida, voltar à carne, à vida terrestre, pelas portas da reencarnação. E serão encarnações muito difíceis, porque as repercussões dos abusos de drogas estarão presentes nos novos corpos físicos. Estes funcionarão como se fossem cárceres, em virtude dos abusos anteriores.

Não devemos esquecer, pois, segundo acentua o mentor, que estamos diante de uma verdadeira catástrofe mundial nos dois lados da vida humana. E que o empenho na erradicação do mal acontece em ambos os lados.

Segundo o benfeitor, na Terra, devemos persistir nos meios de combate às drogas, exercendo controle no fornecimento de psicotrópicos, de tal maneira que os especialistas dificultem ao máximo a sua indicação; combatendo as plantações dos vegetais que lhes dão origem; mantendo as restrições legais ao fabrico de semelhantes agentes para que não haja facilidades de acesso.

É imprescindível evitar qualquer sinalização de permissividade. A sociedade escolherá uma via errônea se permitir o abuso de drogas em qualquer nível.

O conselho do benfeitor é que se dê apoio ao lar, uma estrutura fundamental no combate à expansão desse hábito pernicioso que vai se transformando atualmente em verdadeira pandemia.

Como evitar que milhares de criaturas fujam da existência através das drogas? Sem dúvida, a resolução desse grave problema não é simples, mas é preciso aumentar no mundo a compreensão fraterna, a tolerância construtiva. Não podemos esquecer que os melhores antídotos da solidão e da fuga são a compreensão e o amor.

Somente a vivência dos valores espirituais poderá salvar milhares de criaturas do processo obsessivo e do desequilíbrio, da enfermidade e da morte. Por isso é tão importante o entendimento e a bondade dentro do lar, garantindo, quanto possível, a tranquilidade e a segurança dos seres que foram chamados a conviver sob o mesmo teto.

Nós sabemos o quanto a inconformação e a violência nos grupos sociais ou domésticos são prejudiciais à vida espiritual, ao clima de paz. Por isso é tão importante o conselho de Emmanuel aos pais e responsáveis:
Serve e perdoa, socorre e ajuda sempre entre as paredes do lar, sustentando o equilíbrio dos corações que se te associam à existência e se te interessas realmente no combate ao suicídio e à deserção, reconhecerás os prodígios que se obtêm dos pequenos sacrifícios em casa por bases da terapêutica do Amor.

Marlene Nobre

A parábola dos talentos e o bom uso da riqueza material


A história de Zaqueu, detalhada por Humberto de Campos (Espírito) no capítulo 23. Zaqueu foi o rico abençoado por Jesus devido ao bom uso dos recursos materiais que lhe foram confiados. 
  1. Jesus queria ensinar aos discípulos que não era a riqueza que estava errada, mas seu mau uso.
  2. a)   Foi nessa ocasião que o Mestre contou a famosa Parábola dos Talentos;
    b)   Os discípulos haviam se radicalizado, tentando às vezes convencer aos assistentes das pregações de Jesus a doar tudo o que tinham aos necessitados;
    c)    Levi, no entanto, discordava, mostrando o exagero desta posição, dizendo: “A necessidade sincera deve ser objeto incessante de nosso interesse. Porém não devemos viciar o sentimento de piedade a ponto de prejudicarmos nossos irmãos no caminho da vida”;
    d)   Indo a Jericó, o Mestre se encontrou com Zaqueu, homem rico que desejava muito conhecê-lo;
    e)    Ao vê-lo, Zaqueu se sentiu profundamente atraído por Jesus;
    f)     Foi quando Jesus disse: “Zaqueu, desça dessa árvore, porque hoje necessito de tua hospitalidade e de tua companhia”.
  3. O Mestre deu o braço a Zaqueu, prestando toda atenção nele, o que causou grande escândalo na maioria dos discípulos ―como justificar a atitude do Mestre, se consideravam Zaqueu, homem rico, um pecador perante a lei?
  4. a)   Ao chegarem na casa de Zaqueu, Jesus passou a comentar seu Evangelho, e Zaqueu que tinha conhecimento da ideia do Mestre, sobre o mau uso das riquezas, falou:
    b)   “Senhor, é verdade que tenho sido observado como um homem de vida reprovável; mas desde muitos anos venho procurando empregar o dinheiro de modo que represente benefícios para todos os que me rodeiem na vida. Compreendendo que aqui em Jericó havia muitos pais de família sem trabalho, organizei múltiplos serviços de criação de animais e de cultivo permanente da terra. Até de Jerusalém, muitas famílias já vieram buscar, em meus trabalhos, o indispensável recurso à vida.”
    c)    “Abençoado seja seu esforço ―disse Jesus com bondade”
    d)   “Os servos de minha casa nunca me encontraram sem a sincera disposição de servi-los”
    e)    “Regozijo-me contigo, porque todos nós somos servos de nosso Pai”
    f)     O publicano, que tantas vezes fora injustiçado, experimentou grande satisfação, e exclamou com alegria:
    g)   “Senhor! Senhor! Tão profunda é minha alegria que repartirei hoje, com todos os necessitados, a metade dos meus bens, e, se nalguma coisa tenho prejudicado a alguém, indenizá-lo-ei quadruplicadamente”;
    h)   “Bem aventurado és tu Zaqueu, que agora contempla em tua casa a verdadeira salvação”, disse Jesus;
    i)     Aqui o Mestre nos ensina que sempre podemos (e devemos) corrigir nossos erros pelo amor.

  5. A maioria dos discípulos estranhava muito tudo isso. Como ficava a Humildade ensinada pelo Mestre e Amigo?
  6. a)   Os discípulos não entendiam ainda que a Humildade está no comportamento com o próximo, e nada tem a ver com a riqueza;
    b)   Não conseguiam enxergar que, se existem ricos egoístas e vaidosos, também existem pobres egoístas e vaidosos;
    c)    Percebendo tudo, assim que Zaqueu se afastou um pouco, ensinou Jesus:
    d)   “Amigos, acreditais, porventura, que o Evangelho tenha vindo ao mundo para transformar todos os homens em mendigos? Qual a Caridade maior: a que socorre as necessidades de um dia ou a que adota providências para uma vida toda? No mundo vivem os que entesouram na Terra e os que entesouram no céu. Os primeiros escondem suas possibilidades no cofre da ambição e do egoísmo, e por vezes, atiram moedas douradas ao faminto que passa, procurando livrar-se de sua presença; os segundos ligam suas existências a vidas numerosas, fazendo dos seus servos e dos auxiliares de esforços a continuação de sua própria família. Estes últimos sabem empregar o sagrado depósito de Deus e são seus mordomos fieis, à face do mundo.”

  7. Ao tentar se justificar, dizendo que se fixavam nas necessidades dos pobres, Felipe ouviu do Mestre:
a)   “Felipe, é necessário não nos perdermos em viciações do sentimento. Nunca ouviste falar em terra pobre, numa árvore pobre, em animais desamparados? E acima de tudo, nesses quadros da natureza a que Zaqueu procura atender, não vês o homem nosso irmão? Qual será o mais infeliz: o mendigo sem responsabilidade, a não ser de sua própria manutenção, ou um pai cheio de filhinhos a lhe pedirem o pão?”
b)   “Ditosos os que repartem os seus bens com os pobres; mas bem aventurados também os que consagrarem suas possibilidades aos movimentos da vida, cientes de que o mundo é um grande necessitado, e que sabem assim, servir a Deus com as riquezas que lhe foram confiadas.”
c)    Eis esclarecimentos muitos importantes sobre a riqueza;
d)   Bem usada, ela pode proporcionar grandes benefícios;
e)    Afinal, como produzir coisas sem ela?
f)     Como gerar grandes quantidades de emprego?
g)   Como produzir mais riquezas, sem ela?
h)   É preciso ter muito cuidado com a inveja e a maledicência;
i)     Nem o capital deve explorar o trabalho, e nem o trabalho deve fazer guerra ao capital;
j)     Ambos devem se unir, pois são as faces de uma mesma moeda.
k)   Por tudo isso selou Jesus sua visita a Zaqueu com as palavras: “Bem-aventurado sejas tu, servo bom e fiel.”

A ilusão de Judas: dar a César o que é de Deus


Neste capítulo do livro “Boa Nova”, o autor espiritual Humberto de Campos nos traz informações que sempre ficaram obscuras sobre Judas Iscariotes. Neste episódio, a intenção de Jesus era nos esclarecer sobre o que aconteceria com seu Evangelho, se o misturássemos com a política mundana.

Iludido em sua ânsia de ver a vitória mundana de Jesus, Judas foi em parte responsável por tudo o que aconteceu com o Mestre no Calvário.

  1. Mas Judas não sabia que Jesus era o Messias?
  2. a)   Sim, sabia, mas o via como o Messias de Israel, e não de todo nosso planeta;
    b)   Judas não entendeu a verdade evangélica —tudo fica bem compreensível em sua conversa com Tiago, no início do capítulo 24 de “Boa Nova”;
    c)    Ao se submeter a seus inimigos, nosso Mestre e Amigo mostrou quais seriam as consequências em misturar Deus com a política do mundo;
    d)   Infelizmente não soubemos compreender tão importante recado do Mestre, e tentamos fazer o impossível: dar a César o que é de Deus;
    e)    O resultado são os quase dezessete séculos de falsas verdades mitológicas dizendo-se evangélicas; gerando maldades, intrigas, guerras e violências de todo tipo.

  3. Toda essa influência mitológica sobre o Evangelho de Jesus poderia ter sido evitada?
  4. a)   Sim, poderia ter sido evitado se tivéssemos entendido o recado de Jesus através de seu sacrifício;
    b)   Eis também a causa do Apocalipse, com seus enormes sacrifícios e dores, como reflexo de séculos e séculos de desmandos morais cometidos por nós;
    c)    Por isso se faz necessária a implantação definitiva do Deus Consolador, o Deus Amor de Jesus e do Espírito da Verdade;
    d)   Se quisermos estar com Jesus e com o Espírito da Verdade, devemos entender em definitivo o recado do Mestre no Calvário;
    e)    Vamos deixar de vez nossa vaidade e nosso egoísmo de lado;
    f)     Não há mais que uma Revelação Espírita;
    g)   E ela não nos foi legada por um único homem, mas pelo Espírito da Verdade e toda sua falange de colaboradores, no plano espiritual e também no encarnado;
    h)   Apesar de alguns erros pontuais, a Doutrina Espírita em seus postulados é um ensino perfeito;
    i)     E os erros pontuais da Doutrina Espírita só aconteceram por nossa incapacidade de ver uma luz ainda mais brilhante;
    j)     Mas o que mais preocupa é vermos espíritas, por pura vaidade, tentando criar seus próprios espiritismos, através de suas federações;
    k)   Na realidade o que temos que fazer é nos preparar para levar a todos, da maneira mais ecumênica possível, o maior consolo possível ―pois todos vamos precisar dele.

  5. Como então compreender o engano de Judas?
a)   Diz Judas, segundo Humberto de Campos (Espírito): “Não concordo com os princípios de inação e creio que o Evangelho somente poderá vencer com o amparo dos prepostos de César ou das autoridades administrativas de Jerusalém que nos governam os destinos”;
b)   Eis o início do aviso e do engano;
c)    Tiago procura orientar Judas: “O hábito dos sacerdotes e a toga dos dignatários romanos são roupagens para a Terra… As ideias do Mestre são do céu e seria sacrilégio misturarmos a sua pureza com as organizações viciadas do mundo”;
d)   Quase profeticamente, diz ainda: “As conquistas do mundo são cheias de ciladas para o Espírito e, entre elas, é possível nos transformemos em órgão de escândalo para a verdade que o Mestre representa”;
e)    Uma profecia como essa, feita em uma simples conversa, fica despercebida pela grande maioria dos adeptos;
f)     Tanto quanto o aviso que Jesus nos deu através do Calvário;
g)   Tudo aconteceu exatamente como o previsto pelo aviso de Tiago;
h)   Isso nos mostra a absoluta perfeição dos ensinos de Jesus, alertando sobre tudo o que aconteceria se nos desviássemos de seu caminho.

18 de set. de 2013

Aja com calma



Não se deixe consumir pelas excitações e nervosismos desses dias tão agitados. Procure fazer tudo com calma.

É compreensível que num tempo em que ainda se afirma que tempo é dinheiro, você tenha os ímpetos comuns da época, quais sejam os de ganhar e ganhar, temendo as necessidades futuras.

É justificável que você corra de um lado para outro, na busca dos bons negócios, da conquista de melhores mercados, na busca, enfim, dos lucros.

É admissível que você não tenha tempo para se alimentar devidamente, para repousar um pouco, para meditar ou para orar.

Entendemos, meu irmão e minha irmã, que cada um dos seus negócios ou cada uma das suas ocupações lhe exija atenção e envolvimentos especiais.

Entretanto, vale a pena não esquecer que tudo isso é secundário para a vida da alma porque tudo isso vai ficar sobre o pó do mundo.

Foi Jesus que nos recomendou não nos atormentássemos pela posse do ouro e que, a cada dia, já bastam seus problemas.

Então, devemos pensar que o corpo físico nos é emprestado enquanto estamos no planeta com os divinos objetivos do progresso espiritual.

Compreendamos, pois, que a calma deve se tornar companhia e conselheira dos nossos dias terrenos, ensinando-nos a fazer tudo com moderação, procurando vincular a mente ao psiquismo celeste, a fim de que não convertamos em tormento e destruição o que deveria ser fonte de vida e de alegria: o tempo.

Aja sempre com calma, para que tenha tempo de pensar bem sobre tudo e de agir bem em tudo que faça.

Alimente-se o mais corretamente possível, preservando o corpo que o ajuda tanto. Dê ao seu corpo e à mente alguns momentos de repouso, para manter a necessária sanidade.

Encontre um tempinho, alguns poucos minutos que sejam, para meditar sobre a sua realidade no mundo, sobre o que é que Deus espera de você e ore.

Procure sintonizar com seu anjo guardião, com os nobres mentores da vida, pelo menos ao iniciar um novo dia de atividades.

Essas providências, ao mesmo tempo em que lhe trarão calma, serão consequências para seu estado de calma.

Com calma em seu cotidiano, você evitará as indisposições com terceiros, as irritações na via pública, a agressividade no trânsito da cidade, bem como os estresses desnecessários dentro do lar.

Com calma você entenderá cada ocorrência a sua volta e cada pessoa em seu caminho.

Nada você perderá pelo uso da calma em sua trajetória humana, pois, longe de alimentar-se da ideia materialista de que tempo é dinheiro, você começará a pensar que, fundamentalmente,tempo é oportunidade e que você deverá aproveitá-la para o melhor.

Mesmo que deixe de lucrar algumas poucas moedas, no jogo enlouquecido das competições, você conquistará harmonia e saúde, a fim de prosseguir na rota da felicidade que tanto deseja.

Seja qual for a situação cotidiana que o convide à ação, à tomada de atitude, faça-o com calma, com muita calma e aguarde os resultados excelentes em clima de paz.

* * *

A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas, sob a condição de ser bem empregada.

Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance.



Redação do Momento Espírita com base no cap. 7, do livro Para uso diário,
pelo Espírito Joanes, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Disponível no livro Momento Espírita v. 5, ed. Fep.
Em 07.03.2012.

Ainda o amor



Nos dias que vivemos, muito se ouve falar a respeito do amor. Suspiram os jovens por sua chegada, idealizando cores suaves e delicados tons.

Alguns o confundem com as paixões violentas e degradantes e, por isso mesmo, afirmam que o amor acaba.

Entretanto, o amor já foi definido pelos Espíritos do Bem como o mais sublime dos sentimentos. Reveste-se de tranquilidade e confere paz a quem o vivencia.

Não é produto de momentos, mas construção laboriosa e paciente de dias que se multiplicam na escalada do tempo.

Narra o famoso escritor inglês Charles Dickens que dois recém-casados viviam modestamente. Dividiam as dificuldades e sustentavam-se na afeição pura e profunda que devotavam um ao outro.

Não possuíam senão o indispensável, mas cada um era portador de uma herança particular.

O jovem recebera como legado de família um relógio de bolso, que guardava com zelo. Na verdade não podia utilizá-lo por não ter uma corrente apropriada.

A esposa recebera da própria natureza uma herança maravilhosa: uma linda cabeleira. Cabelos longos, sedosos, fartos, que encantavam.

Mantinha-os sempre soltos, embora seu desejo fosse adquirir um grande e lindo pente que vira em uma vitrina, em certa oportunidade, para os prender no alto da cabeça, deixando que as mechas, caprichosas, bailassem até os ombros.

Transcorria o tempo e ambos acalentavam o seu desejo, sem ousar expor ao outro, desde que o dinheiro que entrava era todo direcionado para as necessidades básicas.

Em certa noite de Natal, estando ambos face a face, cada um estendeu ao outro, quase que ao mesmo tempo, um delicado embrulho.

Ela insistiu e ele abriu o seu primeiro. Um estranho sorriso bailou nos lábios do jovem. A esposa acabara de lhe dar a corrente para o relógio.

Segurando a preciosidade entre os dedos, foi a vez dele pedir a ela que abrisse o pacote que ele lhe dera.

Trêmula e emocionada, a esposa logo deteve em suas mãos o enorme pente para prender os seus cabelos, enquanto lágrimas significativas lhe rolavam pelas faces.

Olharam-se ambos e, profundamente emocionados descobriram que ele vendera o relógio para comprar o pente e ela vendera os cabelos para comprar a corrente do relógio.

Ante a surpresa, deram-se conta do quanto se amavam.

* * *

O amor não é somente um meio, é o fim essencial da vida.

Toda expressão de afeto propicia a renovação do entusiasmo, da qualidade de vida, de metas felizes em relação ao futuro.

* * *

O amor tem a capacidade de estimular o organismo e de lhe oferecer reações imunológicas, que proporcionam resistência para as células, que assim combatem as enfermidades invasoras.

O amor levanta as energias alquebradas e é essencial para a preservação da vida.

Eis porque ninguém consegue viver sem amor, em maior ou menor expressão.

Redação do Momento Espírita com base em conto de Charles Dickens, e no cap. 13
do livro Momentos enriquecedores, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 05.05.2009.

Ainda a Imortalidade



O século XVIII o conheceu como grande músico. Deu seu primeiro concerto aos 7 anos e aos 12 apresentou sua primeira composição significativa.

Muito triste foi sua vida. O pai, cantor da Corte, usava de brutalidade com ele, especialmente quando, após exaustivas horas de estudo ao piano, o garoto errava uma nota.

Recebia muitos safanões também nas noites em que o pai se embriagava e chegava ao lar em péssimo humor.

Quando tinha 17 anos, sua mãe morreu e ele assumiu os cuidados dos dois irmãos menores.

Viena, a cidade da música, o recebeu de braços abertos e costumava ouvi-lo embevecida.

Aprendeu a tocar trompa, viola, violino, clarinete para melhor poder escrever músicas para orquestra.

A fama do seu talento rápido se espalhou e muitos foram os concertos que deu, inclusive em benefício da viúva e filhos de Mozart.

Mas, aos 27 anos um zumbido incômodo o obrigou a consultar um médico para ouvir a pior sentença de sua vida: estava ficando surdo.

Ludwig Van Beethoven, o compositor, o maestro passou a evitar as reuniões sociais e isolou-se no campo.

As árvores parecem me falar de Deus, ele dizia. Em uma carta, confessou aos irmãos:

Não posso pedir às pessoas que falem mais alto, porque sou surdo. Talvez em outra profissão fosse mais fácil, mas um músico deve ter este sentido mais perfeito do que os outros.

Embora tentado pela depressão, ele não se deixou dominar. Não desistiu.

Sua produção musical foi adquirindo qualidade muito diferente dos demais compositores e, por incrível que pareça, as composições que mais se conhecem e adquiriram maior notoriedade são justamente as que ele compôs após diagnosticada a sua surdez.

Os sons pareciam morrer a pouco e pouco, na sequência dos dias, para sua audiência física. Contudo, ele parecia ouvir sons imortais.

Apesar da tristeza que o rodeou e no isolamento que se impôs, registrou em sua última sinfonia, a Nona, uma Ode à alegria.

É um cântico da alma que exalta o Criador pela Sua criação.

Não há quem a ouça e permaneça indiferente.

Possivelmente, seu Espírito estava a adivinhar que em breve partiria para a Pátria espiritual e já exalava seu hino de felicidade, pela libertação.

Em 1827, depois de uns anos finais tristes, ele morreu, deixando como legado seu testemunho da certeza imortalista: No céu, vou tornar a ouvir.

* * *

A certeza da Imortalidade se encontra no íntimo de todos os seres.

Mesmo quando as criaturas afirmam que nada deve existir para além da vida física, deixam escapar vez ou outra alguma frase como: Quando eu me for desta para uma melhor...

Esta certeza é fruto da essência imortal que somos.

Entre os povos mais primitivos, o culto aos mortos registra que eles acreditavam em uma vida depois da vida física, embora não tivessem a exata ciência de como ela seria.



Redação do Momento Espírita, com base no texto
O triunfo de Beethoven, de O livro das virtudes,
kv. 2, de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira.
Em 12.02.2010.

AIDS



A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, vulgarizada pela sigla em inglês - AIDS - foi diagnosticada, pela primeira vez, em 1979, nos Estados Unidos.

No Brasil, as primeiras ocorrências foram registradas em 1982.

Acreditam os estudiosos que ela não é tão moderna assim. Carecia-se antes de conhecimentos da enfermidade para diagnosticá-la. Devido à falta de resistência orgânica, pode ter sido confundida, por vezes, com a leucemia.

A AIDS se caracteriza por uma depressão do sistema imunológico e propicia o aparecimento de infecções oportunistas.

Assim, o portador de AIDS apresenta febre, suor noturno, apatia, perda de peso, diarreia crônica, candidíase bucal e caroços pelo corpo (aumento dos nódulos linfáticos).

O contágio ocorre por transmissão sexual, por transfusão sanguínea e pelo contato com produtos sanguíneos de agulhas ou instrumental contaminado.

O período médio de incubação varia de doze a vinte e quatro meses. Mas pode atingir até cinco anos de incubação.

O interessante de se observar é que, desde o primeiro diagnóstico da AIDS, as posturas mais diversas se têm apresentado.

Desde os que a interpretam como um castigo divino, uma punição, àqueles que acreditam que os portadores são criaturas privilegiadas, escolhidas pela Divindade.

Há os que consideram os portadores como seres inferiores, cuja simples presença contamina. Há os que os endeusam. Uma espécie de semideuses ou vítimas inocentes.

Necessário se faz encarar a AIDS com a naturalidade merecida. Sem excessos de escrúpulos. Sem vulgaridade.

A AIDS é, nos dias atuais, o que foi o Mal de Hansen, há alguns anos, antes do aparecimento de uma terapêutica eficaz.

Resulta da promiscuidade que o homem vem se permitindo na área do sexo. Pertencem ao grupo de risco os que se entregam à promiscuidade sexual, os hemofílicos e aqueles obrigados a receberem transfusão sanguínea. Também os usuários de drogas injetáveis e os nascidos de mães contaminadas...

Não devemos ter nenhum preconceito contra a AIDS ou segregação contra as pessoas pertencentes aos grupos de maior risco. São todos irmãos necessitados de carinho, assistência e enternecimento.

Entendemos que não é uma vingança divina, uma punição do céu para moralizar o mundo.

A sífilis aí está com uma incidência terrível. O herpes genital tão cruel vem se manifestando de forma acelerada. É a colheita da má sementeira.

O que compete a cada um de nós é, como prevenção, procurar manter uma atitude de higiene mental, emocional e corporal em todas as áreas do nosso comportamento.

Ensinar aos sadios a se prevenirem contra o vírus através da moralização.

Ajudar os doentes a combatê-lo com a mente, através da energia mental, de exercícios saudáveis, medicação e alimentação adequada.

Recomendar aos portadores do vírus que estabeleçam um programa de saúde mental. Aconselhar os jovens, os adultos, os nossos amigos.

Qualquer medida profilática em relação à AIDS tem que se iniciar na conduta mental, se exteriorizando em ação moral. Isso reflete o velho conceito latino de mente sã em corpo são.



Redação do Momento Espírita, com base em informações
colhidas no livro Em louvor à vida, pelo Espírito Lourival
Perri Chefaly, psicografia de Divaldo Pereira
Franco, ed. Leal.
Em 14.09.2012.

Ah, essas mães!



Quando nos vem à mente uma figura de mãe, sempre surge acompanhada de um misto de divino e humano.

É muito rara a pessoa que não se comova diante da lembrança de sua mãe.

Meninos que abandonaram o lar por motivos variados e vivem nas ruas, quando evocam suas mães, uma onda de ternura lhes invade o ser.

Por que será que as mães são essas criaturas tão especiais?

Talvez seja porque elas têm o dom da renúncia...

Uma mãe consegue abrir mão de seus interesses para atender esse serzinho indefeso e carente que carrega nos braços.

Mas as mães também têm outras características muito especiais.

Um coração de mãe é compassivo. A mãe sempre encontra um jeito de socorrer seu filho, mesmo quando a vigilância do pai é intensa.

Ela alivia o castigo, esconde as traquinagens, defende, protege, arruma uns trocos a mais.

Sim, uma mãe sempre tem algum dinheiro guardado, mesmo convivendo com extrema necessidade, quando se trata de socorrer um filho.

Mães são excelentes guarda-costas. Estão sempre alertas para defender seu filho do coleguinha terrorista, que quer puxar seu cabelo ou obrigá-lo a emprestar seu brinquedo predileto...

Quando a criança tem um pesadelo no meio da noite e o medo apavora, é a mãe que corre para acudir.

As mães são um pouco fadas, pois um abraço seu cura qualquer sofrimento e seu beijo é um santo remédio contra a dor...

Para os filhos, mesmo crescidos, a oração de mãe continua tendo o poder de remover qualquer dificuldade, resolver qualquer problema, afastar qualquer mal.

No entender dos filhos, as mães têm ligação direta com Deus, pois tudo o que elas pedem, Deus atende.

O respeito às mães perdura até nos lugares de onde a esperança fugiu.

Onde a polícia não entra, as mães têm livre acesso, ainda que seja para puxar a orelha do filho que se desviou do caminho reto.

Até o filho bandido respeita sua mãe, e lhe reverencia a imagem quando ela já viajou para o outro lado da vida.

Existem mães que são verdadeiras escultoras. Sabem retirar da pedra bruta que lhe chega aos braços a mais perfeita escultura, trabalhando com o cinzel do amor e o cadinho da ternura.

Ah, essas mães!

Ao mesmo tempo em que têm algo de fadas, também têm algo de bruxas...

Elas adivinham coisas a respeito de seus filhos, que eles desejam esconder de si mesmos.

Sabem quando querem fugir dos compromissos, inventam desculpas e tentam enganar com suas falsas histórias...

É que os filhos se esquecem de que viveram nove meses no ventre de suas mães, e por isso elas os conhecem tão bem.

Ah, essas mães!

Mães são essas criaturas especiais, que Deus dotou com um pouco de cada virtude, para atender as criaturas, não menos especiais, que são as crianças.

As mães adivinham que a sua missão é a mais importante da face da Terra, pois é em seus braços que Deus deposita Suas jóias, para que fiquem ainda mais brilhantes.

Talvez seja por essa razão que Deus dotou as mães com sensibilidade e valentia, coragem e resignação, renúncia e ousadia, afeto e firmeza.

Todas essas são forças para que cumpram a grande missão de ser mãe.

E ser mãe significa ser cocriadora com Deus, e ter a oportunidade de construir um mundo melhor com essas pedras preciosas chamadas filhos...

Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 11, ed. Fep.
Em 31.01.2010.

Águia de asas partidas



Ele possuía muitas riquezas. Tinha as arcas abarrotadas de ouro e gemas preciosas.

A juventude lhe sorria e os amigos sempre se faziam presentes nos banquetes.

Habituara-se a dormir em seu leito de ébano e marfim. Dormir e sonhar.

Em seus sonhos, misturava-se a realidade das tantas vitórias que lhe enriqueciam os dias. E um desejo de paz que ainda não fruía.

Ele amava as corridas de bigas e quadrigas. Recentemente comprara cavalos árabes, fogosos. E escravos o haviam adestrado durante dias.

Tudo apontava para a vitória nas próximas corridas no porto de Cesareia.

Mas os momentos de tristeza se faziam constantes.

A felicidade não era total. Faltava algo. Ao mesmo tempo, ele temia perder a felicidade que desfrutava.

Por isso, ouvindo falar daquele Homem singular que andava pelas estradas da Galileia, o procurou.

Bom mestre, que bem devo praticar para alcançar a vida eterna?

Desejava saber. Como desejava. A resposta veio sonora e clara:

Por que me chamas bom? Bom somente o Pai o é. À tua pergunta, respondo: "Cumpre os mandamentos, isto é, não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás teu pai e tua mãe."

Tudo isso tenho observado em minha mocidade. No entanto, sinto que não me basta. Surdas inquietações me atormentam. Labaredas de ansiedade me consomem. Falta-me algo!

Então - propõe-lhe a Luz - vende tudo quanto tens, reparte-o entre os pobres. Vem, e segue-Me!

A ordem, a meiguice daquele Homem ecoava em seu Espírito. Ele era uma águia que desejava alcançar as alturas. E o Rabi lhe dizia como utilizar as asas para voar mais alto.

Pela mente em turbilhão do jovem, passam as cenas das glórias que conquistaria. Os amigos confiavam nele.

Tantos esperavam a sua vitória. Israel seria honrada com seu triunfo.

Sim, ele podia renunciar aos bens de família, mas ao tesouro da juventude, às riquezas da vaidade atendida, os caprichos sustentados...?

Seria necessário renunciar a tudo?

A águia desejava voar mas as asas estavam partidas...

Recorda-se o jovem que os amigos o esperam na cidade para um banquete previamente agendado. Num estremecimento, se ergue:

Não posso! - Murmura. Não posso agora. Perdoa-me.

E afastou-se a passos largos. Subindo a encosta, na curva do caminho, ele se deteve. Olhou para trás. Vacilou ainda uma vez.

A figura do Mestre se desenha na paisagem, aos raios do luar. A Luz parece chamá-lo uma vez mais.

Indecisa, a alma do moço parece um pêndulo oscilante. A águia ainda tenta alçar o voo. O peso do mundo a retém no solo.

Ele se decide. Com passos rápidos, quase a correr, desaparece na noite.

Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas narram o episódio e dizem de como o jovem se retirou triste e pesaroso.

Nem poderia ser diferente: fora-lhe dada a oportunidade de se precipitar no oceano do amor e ele preferira as areias vãs do mundo.

* * *

O Divino Amigo nos chama, diariamente, para a conquista do reino de paz.

Alguns ainda somos como o moço rico. Deixamos para mais tarde, presos que ainda estamos a muitas questões e vaidades pessoais.

É bom analisar o que vale mais: a alegria efêmera do mundo ou a felicidade perene que tanto anelamos. Depois, é só optar.Redação do Momento Espírita com base no cap. O mancebo rico, do livro Primícias do Reino, do Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Sabedoria.Disponível no cd Momento Espírita, v. 12, ed. Fep.Em 24.10.2011.

Água viva



O Evangelho segundo João narra uma intrigante passagem da vida do Cristo.

O Mestre Divino, ao passar pela Samaria, assentou-Se junto à fonte de Jacó.

Pediu a uma mulher que lá estava que Lhe desse de beber.

A samaritana ficou escandalizada por um judeu lhe dirigir a palavra.

Jesus respondeu que, se soubesse com quem falava, ela é que Lhe pediria água viva.

Ante a incompreensão da interlocutora, ressaltou que quem bebe da água viva nunca mais tem sede.

Segundo a narrativa, a mulher ainda demonstrou dúvida a respeito de qual local seria o melhor para adorar a Deus ao que o Cristo lhe respondeu que Deus deve ser adorado em Espírito e Verdade.

Essa passagem evangélica é um tanto hermética e comporta várias leituras.

Uma delas é que a água viva refere-se a uma nova forma de compreensão da Divindade.

Até então, vigorava a idéia de um Deus dos exércitos, que precisava ser temido.

Segundo a concepção vigorante, Ele se encolerizava, castigava terrivelmente e devia ser agradado e aplacado.

Jesus apresentou ao mundo um Deus amoroso, ao qual chamou Pai.

Não se tinha mais um soberano terrível no comando do Universo.

Agora já havia um Pai cheio de amor e infinito em Seus cuidados.

Essa sagrada emoção do amor Divino possui o condão de repletar as criaturas de paz.

As necessidades e agruras materiais passam a ser vistas por outra concepção.

Elas não são mais um castigo, mas uma tarefa e uma oportunidade.

A Divindade piedosa e cheia de compaixão deseja que o bem se instaure no Cosmo.

Ela almeja a transformação de Seus filhos e a salvação de absolutamente todos.

Para tanto, faculta-lhes trabalhos e tarefas, a fim de que cresçam, aprendam e se libertem de velhos vícios.

Não há mais espaço para disputas religiosas, a partir do instante em que se compreende a proposta Divina para a Humanidade.

Não há favoritos e nem perseguidos, mas filhos amados.

Todos são irmãos e absolutamente todos se salvarão.

A certeza desse maravilhoso amor a aquecer a Criação inteira traz paz e esperança.

Não é mais preciso temer o futuro e o destino.

Tudo se encaminha para o mais alto bem, ainda que de forma pouco compreensível no imediatismo da vida terrena.

O relevante é amar o semelhante e instruir-se na compreensão da vida, a fim de ser um agente do progresso que gradualmente se instaura.

Trata-se de uma água viva, plena de fervor e idealismo.

Ela propicia o apagar das paixões e o arrefecer do egoísmo.

Faz cessar para sempre a sede de sensações.

Apresenta um propósito de vida viável e plenificador: ser melhor, mais útil e generoso a cada dia.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 04.08.2009.

As agruras da vida



Segundo a Espiritualidade Superior, as agruras da vida terrena constituem provas ou expiações.

As expiações originam-se de erros cometidos.

Por ser possuidor de determinado vício, o Espírito violou a Lei Divina.

Por exemplo, em decorrência da gula, prejudicou a harmonia de seu corpo em anterior existência.

Viveu menos do que deveria e deixou de cumprir sua programação espiritual.

A expiação representa a soma de dores necessária para o Espírito se desgostar do vício que o acomete.

Ela se origina do erro, mas visa o progresso.

Persiste até que a lição seja aprendida e o faltoso canse de sua fissura moral e se arrependa.

Ela é um remédio forte na medida exata do mal a ser combatido.

Já as provas são literalmente testes aos quais o ser se submete para alcançar vivências mais sublimes.

Embora ser provado sempre envolva esforço e sacrifício, trata-se de algo positivo.

Raciocine-se com base no vestibular de acesso às faculdades.

Os alunos se inscrevem, pagam uma taxa por isso, estudam por longo tempo e, finalmente, se submetem ao exame.

Evidentemente, no tempo em que estão demonstrando seus conhecimentos, permanecem sob tensão.

Mas o vestibular representa uma fase necessária para que atinjam seu objetivo.

Trata-se da porta de acesso a uma situação com a qual sonham.

Se tiverem sucesso no vestibular, poderão fazer o curso escolhido e, mais tarde, desempenhar a profissão almejada.

Seguramente nenhum deles se sente injustiçado nas horas que passa a realizar seus exames.

Eles se candidataram e aquele evento tem um propósito sério em suas vidas.

O mesmo ocorre com as provas da vida material.

Antes de reencarnar, os Espíritos escolhem as provas a que se submeterão.

Preparam-se por longo tempo, estudam, tomam sábias resoluções.

Contam com o auxílio e a instrução de seres mais evoluídos, aos quais prometem todo o empenho para vencer os naturais obstáculos da jornada.

Após o renascimento, lentamente as provas se apresentam àquele que se candidatou a vivenciá-las.

Para quem deseja consolidar a virtude da paciência, tais provas vêm na figura de pessoas difíceis com as quais têm de conviver.

O que almeja exercitar a frugalidade e a humildade renasce em um contexto social muito humilde.

Há os que se propõem a vivenciar enfermidades, os que querem exercitar a tolerância ou o desprendimento.

Para cada um, as experiências surgem no devido tempo.

Bem se vê que na Terra ninguém deve reclamar de nada.

As expiações constituem remédio para velhos males morais, que só trazem transtornos.

As provas representam uma oportunidade de consolidação de virtudes, com vistas a um porvir melhor.

O papel de quem as vive é fazer o seu melhor e confiar em Deus.

Pense nisso.



Redação do Momento Espírita.
Em 15.09.2010.

Agir ou reagir?



Vez ou outra ela nos atinge. É a violência que vige nas almas e se exterioriza em palavras e ações grosseiras.

Por vezes, a impressão que se tem é que a grande maioria dos seres anda armada contra seu semelhante.

São funcionários em estabelecimentos comerciais ou serviços públicos que parecem abarrotados de tarefas e, por isso mesmo, estressados.

Basta que se lhes peça uma pequena coisa a mais e pronto: lá vem uma resposta grosseira, que soa como um desabafo.

Às vezes, o que diz o funcionário não é verdadeiramente grosseiro, mas o tom de voz ou a inflexão que imprime aos seus vocábulos, agride.

São clientes que aguardam o atendimento nota dez e reclamam por ele não se apresentar.

Assim, em consultórios, é bastante comum se ouvir reclamações acerca do atraso do profissional. E quem ouve são as recepcionistas, as atendentes.

O próprio telefone tem se tornado uma arma violenta, na boca de uns tantos. Através dele, as criaturas se permitem gritar, esbravejar e dizer palavras que, normalmente, face a face, corariam de vergonha em utilizar.

Por tudo isso é deveras importante que principiemos a nos exercitar para agir nas mais intrincadas situações, a fim de evitar cedermos à onda de agressividade e má educação, que parece levar de roldão a quase todos.

Usar expressões mágicas como: Por favor. Seria possível? Poderia me fazer a gentileza? Com licença funcionam muito bem.

Contudo, preparar-se para desarmar quem agride, é imprescindível, mesmo para se evitar ser envolvido em situações constrangedoras.

Ante um funcionário que reclama do que lhe é solicitado, de bom alvitre solidarizar-se com ele, com frases como: Dificultosa esta sua tarefa, não é? Ou Deve estar sendo um dia difícil, não é mesmo?

Perante o cliente enfadado pela demora de mercadoria não recebida, do horário não respeitado, mostrar-se disposto a ajudar, verificar as razões da demora e informar com paciência.

Temos, de um modo geral, medo de pedir desculpas pois acreditamos que isto significa estar assumindo um erro, que nem sempre é nosso.

Mas na verdade, desculpar-se significa tomar ciência da frustração do cliente e atender a sua reclamação.

Em todo momento, buscar soluções é melhor do que perder tempo com discussões e resolver os problemas, antes que mais se agravem.

Promover a paz nem sempre significa sentar-se à mesa internacional das negociações para decidir sobre a extinção de minas terrestres, de armas nucleares.

Mas, com certeza, quer dizer desarmar-se, amar-se e amar o próximo, propondo e dispondo a calma, a sensatez e o entendimento.

* * *

Jesus, no Sermão da Montanha, declarou que seriam bem-aventurados os pacíficos, porque seriam chamados filhos de Deus.

Pacífico significa amigo da paz.

Paz é condição intrínseca da criatura, que se reflete em suas atitudes, dissertando da harmonia de que se reveste, não podendo ser alcançada senão à custa da disciplina e de férrea vontade.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, versículo 9
do Evangelho de Mateus e no artigo Só discute quem quer,
da revista Seleções do Reader´s Digest, de junho de 1997.
Em 24.07.2008.

Agindo com bom senso



Como você costuma buscar a solução para os problemas que surgem na sua vida?

Talvez esta pergunta pareça tola, mas o assunto é de extrema importância quando desejamos corrigir o passo e evitar novos tropeços.

O que geralmente acontece, quando desejamos resolver algum problema, é fazer exatamente o caminho mais difícil.

No entanto, como o sucesso da ação depende do meio utilizado ou da estratégia criada para a solução, vale a pena pensar um pouco sobre nossa forma de agir.

Por vezes, nos movimentamos freneticamente para um lado e para o outro, e esquecemos de que movimentos desordenados não nos levarão a lugar nenhum.

Movimentar-se nem sempre significa agir com discernimento.

Comumente confundimos a urgência com a pressa, e atropelamos as coisas.

A situação pode exigir atitudes urgentes, o que não significa apressadas.

Quando agimos apressadamente, sem fazer uso da razão, é mais fácil o equívoco. Quando agimos sob o domínio da emoção, o resultado é quase sempre desastroso.

A emoção não é boa conselheira, quando se trata de resolver questões urgentes.

Um exemplo pode tornar mais fácil a nossa compreensão.

Se uma cobra venenosa nos morde e inocula seu veneno em nosso corpo, o que fazer?

Uns saem correndo atrás da víbora para matá-la, e acabar de vez com o problema, numa atitude insana de vingança.

Seria essa a decisão acertada?

A movimentação só faria o veneno se espalhar rapidamente pela corrente sanguínea, piorando as coisas.

No entanto, a ação mais eficaz seria buscar ajuda o mais breve possível, para evitar danos maiores.

Mas nem sempre a ira nos permite agir sensatamente.

Se uma pessoa nos ofende ou nos contraria frontalmente, geralmente revidamos ou mantemos o efeito do veneno durante dias, meses ou anos...

Ressentimento quer dizer sentir e voltar a sentir muitas vezes.

Quando isso acontece, a mágoa vai se tornando cada vez mais viva e mais intensa.

A ação mais acertada, neste caso, não seria tratar de eliminar o veneno de nossa intimidade?

Para tomar decisões lúcidas, é preciso fazer uso da razão, e não se deixar levar pela emoção.

Quando a emoção governa nossas ações, geralmente o arrependimento surge logo em seguida.

Assim sendo, é importante pensar bem antes de agir para evitar que, em vez de solucionar os problemas, os compliquemos ainda mais.

Se, num momento crítico, a emoção nos tomar de assalto, é melhor sair de cena por alguns instantes, ou deixar que os ânimos se acalmem, antes de qualquer atitude.

Quando agimos com calma, fazendo uso da razão, é mais fácil encontrar soluções definitivas, em vez de piorar as coisas.

* * *

Lembre-se de que, em vez de correr atrás da cobra que nos mordeu, é mais racional buscar a solução do problema.

Quando você estiver às voltas com um problema qualquer, lembre-se de que a solução ou a complicação dependerá da sua ação.

Por isso, busque tomar a decisão mais favorável à resolução.

Lembre-se, ainda, de que a pressa nem sempre é boa conselheira e procure agir com sabedoria, que é sinal de bom senso.

Redação do Momento Espírita
Em 19.01.2009.

Agente do perdão




Dizem que o ódio é o amor que enlouqueceu. E, quando se observam certas separações de casais muito bem se pode constatar essa verdade.

Também que a linha divisória entre o amor e o ódio é muito tênue.

Até há pouco diziam se amar e havia flores, mimos, abraços. Prazer na companhia um do outro. De repente, ei-los a buscarem advogados e cada um dos cônjuges a gritar mais alto pelo que assevera serem seus direitos.

Pensando assim, é que aquele conciliador adentrou a sala para a audiência de separação. Marido e mulher se sentavam um em frente ao outro. Ao lado dele, o advogado de ambos.

Para descontrair o ambiente, disse o conciliador: Estão sentindo este odor?

E, ante o espanto dos presentes, acrescentou: É amor! Sinto um cheiro forte de amor!

Logo, rápido como uma flecha de cupido, indagou: Existe a possibilidade de reconciliar?

Não, respondeu depressa e gelidamente o marido. A mulher começou a chorar baixinho, sem balbuciar palavra alguma.

O advogado disse que era o caso de homologar o desejo de ambos. O casal não tinha filhos, estavam casados há quatro anos, não havia bens a serem partilhados. Eles tinham pressa.

Então, o conciliador, paciente e consciente do seu papel, disse que gostaria de saber o motivo da separação.

Foi a vez do homem se exaltar: Ela me traiu!

Pela mente do conciliador, veio à lembrança uma passagem evangélica. Pareceu ver a pequena praça em Jerusalém, cercada de tamarineiras em flor, naquele final de dia, quando apresentaram ao Mestre uma adúltera...

Pediu permissão aos presentes e disse que Jesus perdoara a adúltera. Por que o perdão não poderia ser usado ali?

O advogado confessou ser o pastor dos dois. Eram protestantes e o caso caíra como uma bomba na igreja. Por isso, tudo deveria acabar logo...

A conversa foi seguindo, sem nenhuma pressa por parte do conciliador. Afinal, pensava ele, se estava tratando com duas vidas. Duas criaturas que se haviam unido por se amarem.

Depois de três horas de conversação, a mulher, que estivera calada o tempo todo, deu um grito e caiu de joelhos aos pés do marido.

Beijando as mãos dele, pediu perdão. Era uma cena comovente.

O marido não resistiu. Também chorou. Eles eram cristãos, ele aprendera os ensinamentos de Jesus. E, acima de tudo, ele amava a sua esposa.

Concedeu o perdão, tão importante para ambos e reconciliaram-se.

Ao saírem, o conciliador recebeu do advogado um forte abraço. Naquele gesto, dizia: Muito obrigado! Deus é contigo.

* * *

Todos os ensinamentos de Jesus são para serem utilizados em nossas vidas. A lição do perdão talvez seja das mais difíceis de assimilarmos e colocar em prática.

No entanto, é regra de felicidade. Quem se equivoca e se arrepende, necessita da oportunidade de redenção.

Todo aquele que se levanta da queda, encontra apoio em Deus.

O Pai Criador não desampara filho algum e, no rebanho de Jesus, sempre haverá um lugar para as ovelhas que retornam e desejam avançar.

Pensemos nisso e sejamos agentes do perdão.



Redação do Momento Espírita, com base no artigo O direito de família e a Doutrina Espírita, de Hélio Ribeiro, dirigente e expositor espírita de Niterói/RJ.

Em 15.08.2011.

Agente da Providência




A oração constitui um hábito da maior parte das pessoas.

Conscientes de sua fragilidade, elas buscam manter contato com o Ser Supremo.

Muitas pedem auxílio em questões materiais, como a conquista de um emprego ou a cura de uma enfermidade.

Outras rogam por forças em momentos difíceis.

Há quem busque junto ao Alto inspiração para bem conduzir sua existência, em um contexto de dignidade.

Também não falta quem se lembre de orar em agradecimento por dádivas recebidas.

Ou apenas como forma de entrar em contato com as esferas superiores da Espiritualidade.

O Evangelho relata diversas passagens nas quais o Cristo orou.

Jesus era puro e sábio e mesmo assim não desdenhou o recurso da oração.

Trata-se de um eloqüente sinal de que orar é imprescindível ao viver humano.

Ao compor a oração dominical, o Mestre salientou que o homem deve perdoar, a fim de ser perdoado.

Em outro momento, afirmou que o homem deve fazer ao próximo o que gostaria que ele lhe fizesse.

Conclui-se que sempre se deve estar disposto a dar o que se deseja receber, em termos de auxílio e compreensão.

O Espiritismo ensina que os Espíritos são agentes da Criação.

Eles encarnam com a finalidade de evoluir e amealhar conhecimentos e virtudes.

Assim, adquirem condições de fazer a parte que lhes cabe na obra da Criação.

Os Espíritos fazem parte da natureza.

A inteligência humana integra o Plano Divino.

Todo homem tem a missão de colaborar no aperfeiçoamento do mundo em que vive.

Os projetos da Divindade se realizam pela ação de Suas criaturas.

Minúsculos animais, ao atuarem de forma inconsciente, auxiliam na elaboração de arquipélagos.

A luta de incontáveis homens levou à supressão de práticas injustas, como a escravidão e a tortura.

Cientistas estão sempre a descobrir a cura de doenças que infelicitam a Humanidade.

As inovações tecnológicas, fruto do labor humano, tornam a vida mais fácil e interessante.

Assim, a Providência Divina manifesta-se por intermédio do homem.

Certamente, a tal não se circunscrevem os recursos divinos.

Mas o atuar humano insere-se na forma natural pela qual as bênçãos do Criador atingem a Terra.

A sua tarefa é tornar melhor o Mundo em que habita.

E sempre deve fazer ao próximo o que deseja que lhe façam.

A resposta a suas orações habitualmente não vem de forma retumbante e mística.

Ela, em regra, assume o contorno de pequenos acontecimentos que o auxiliam e esclarecem, pela atuação de terceiros.

Desse modo, você pode e deve ser a resposta à prece que seus semelhantes dirigem ao alto.

Preste atenção nas dificuldades dos homens que o rodeiam.

Muitos precisam de um conselho prudente e sensato, a fim de não cometerem desatinos.

Outros necessitam de uma palavra de compreensão, após errarem gravemente.

Alguns estão em vias de desistir, após alguma derrota, e carecem de incentivo e esperança.

Você tem tanto para dar!

Conte seus tesouros e alegre-se em reparti-los.

Deixe que o bem se manifeste por suas mãos.

Seja um agente da Providência.

Esta é a sua missão.

Ao realizá-la, você alcançará paz e plenitude.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 28.04.2008.

Aflições




No íntimo de todas as criaturas existe o desejo de ser feliz e de afastar os sofrimentos.

Ninguém gosta de sofrer.

No entanto, Jesus cristo nos disse: “no mundo só tereis aflições.”

São variadas as causas das aflições. Podemos, para melhor compreensão, separá-las entre as que têm origem em nossa intimidade e aquelas próprias da natureza em que vivemos.

Assim temos várias dores que somente têm a ver com o mundo em que nos encontramos.

Por exemplo, a dor causada pelo nascimento do siso, o último dos molares, é um impositivo da biologia humana. A dor pela picada de um mosquito ou de uma agulha, da mesma forma.

São dores próprias de um mundo material. São dores comuns a que estão sujeitos os seres que habitam o planeta.

O sofrimento faz parte de nossa vida, uma vez que em tudo existe a necessidade de ação.

Nossa mente pensa, nossa vontade almeja. Mas o corpo precisa executar.

Toda vez que desejamos alguma coisa, quando aspiramos algo, a necessidade de trabalhar para realizar nossos sonhos gera um certo sofrimento.

Quem deseja bater recordes, vive aflições. São horas intermináveis de exercícios, disciplina rígida, com intuito de superar as próprias limitações físicas.

Dores físicas, preocupação com a classificação, um revés de última hora. Aflições de toda sorte.

Quem deseja passar no vestibular, apesar do grande esforço aplicado no estudo, se aflige ante a perspectiva de não conseguir a vaga pretendida.

E se esquecer tudo na hora da prova? E se não conseguir a vaga? E se precisar fazer outro vestibular?

Quem deseja ser cantor, ator, engenheiro, médico passa pelas aflições das horas estafantes de estudo, estágio, aprendizagem, esforço,testes.

Reveses. Inquietudes. Aflições.

Em tudo há sofrimento pois em tudo existe a necessidade do esforço material, de conformidade com o nível evolutivo do mundo em que vivemos.

No mundo só teremos aflições!

São os sofrimentos desse mundo, os empeços materiais que se apresentam.

Também existem os sofrimentos causados por nós mesmos. É o resultado originado de nossas intenções, de nossas atitudes, do estado geral da nossa mente e do nosso coração.

Quando tomamos decisões desequilibradas, sofremos.

Quando agimos de forma negativa, teremos que recolher adiante o resultado dessas ações infelizes.

Quando pensamos somente em nós, num egocentrismo doentio, sofremos.

Quando desejamos que as coisas não passem, não mudem ou não terminem, sofremos novamente.

Tudo passa. As paisagens mudam. Os momentos bons terminam, e os maus também.

Procurando entender a mensagem de Jesus poderemos vencer os sofrimentos do mundo, vendo-os como realmente se apresentam.

Ou seja, como empeços materiais numa realidade relativa. Alargando nosso ponto de vista poderemos vencer a melancolia e a aflição.

Sem visão pessimista, venceremos os obstáculos próprios ao meio em que nos encontramos.

E se optarmos por seguir Jesus, não haverá aflição que resista ao bendito remédio da fé.


***



Todos desejamos ser feliz. Sejamos ricos ou pobres, instruídos ou não, todos desejamos evitar os sofrimentos.

Assim, procuremos vencer as tribulações de cada dia e encontrar razões para felicidade em coisas pequenas.

Ser grato pelo que temos, pelo que usufruímos.

Aprender com os pássaros a saudar o dia com um cântico de esperança.

Eis uma boa fórmula para superar as aflições e começar a ser feliz, desde hoje.




Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. 10 do livro O despertar da alma, de Cristian Macedo, Sociedade Espírita Esperança.