4 de jan. de 2014

Árvore-fruto


Cláudio Fajardo

E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi. (Gênesis, 1: 11)

Neste versículo citado acima temos uma determinação de Deus para que a terra produza árvores  que produzam fruto sempre.

Na tradução literal temos:

Elohîms diz: “A terra arrelvará de relva, ervas semeando semente, árvore-fruto produzindo fruto por sua espécie, cuja semente traz em si sobre a terra.”

Vejamos aqui que o que as traduções clássicas definiram por “árvores frutíferas” no original temos: “árvore-fruto”.

Segundo a tradição rabínica há uma diferença entre árvore-fruto e árvore que dá fruto. Conforme esta tradição, está aqui a primeira desobediência a Deus por parte da terra, pois a terra só sabe produzir árvores, e árvores que nem sempre são frutíferas e entre as que produzem frutos nem todas produzem bons frutos.

A Vontade do Criador é que a árvore seja árvore-fruto, ou seja, árvore que seja fruto, inteira, por todo tempo.

Talvez esteja aqui a razão de Jesus ter repreendido a figueira estéril; na verdade ele não está condenando a figueira, mas a desobediência de não serárvore-fruto.

A partir desta lição temos que, principalmente nós os cristãos, pois Jesus ampliou de forma prática todos estes ensinamentos, é nosso dever estar sempre atentos, produzindo bom fruto sempre. Para o cristão não há tempo de fruto, ou tempo de produção, pois sempre é tempo de produzi-los. Este deve ser o nosso compromisso.

Há outro ponto a ser considerado.

Esta árvore-fruto traz em si a semente para novas germinações.

Nossas atitudes têm de ser de tal modo produtivas, que se ampliem cada vez mais. Não podemos fechar o círculo produtivo; tudo o que criamos tem vida própria e temos que ter a humildade de saber que esta criação vai crescer, adquirir vida própria, vai caminhar por si. É preciso agir, criando dentro de uma linha espiralada  projetando para o infinito.

Aqui cabe o seguinte comentário: quando criamos no sentido produtivo da Vida esta criação se amplia de tal modo que nos traz a alegria plena; porém quando nossos frutos não são bons, estes serão a seu tempo eliminados, porém até que isso aconteça, de acordo com a força de intensidade da criação, ou seja, até que a Vida reabsorva esta criação num sentido positivo, temos que sofrer a conseqüência desta criação negativa e desobediente de acordo com os princípios Universais. Está neste processo a gênese da dor e do sofrimento.

Concluindo, temos, o projeto da Vida é árvore-fruto que trazem em si sementes que irão perpetuar a criação num processo de alimentação incessante.

Jesus se diz a “videira verdadeira” (João, 15: 1); videira que produz o fruto da espiritualidade plena (vinho); e confirma com maestria os textos originais da Tora.

Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. ( João, 15: 8 )

Reflitamos sobre nossas criações… é importante que o que criamos dê margem para realizações ainda maiores no campo do espírito. Se trabalhamos com a palavra, seja escrita ou oral, se através de artigos, livros ou palestras, que esse trabalho seja não só o de informar, mas também de despertar nas pessoas a possibilidade de sua transformação. Este é o fruto por excelência, o fruto com semente em si, o que mais adiante vai gerar outros frutos com mais sementes que se projetam numa proposta educacional incessante. Este é o objetivo para o qual fomos criados, a produção com amor.

Só o amor nos lança ao infinito. O amor da Gênese Universal criou o imortal e sua produção é sempre contínua…

Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (João, 5: 17)

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