31 de out. de 2021

Quando “morremos” demora para nosso espírito se desligar do corpo?

 

O desligamento entre o corpo e o espírito, depois que nosso corpo falece, é rápido ou demora muito? Segundo o relato contido em várias obras mediúnicas de autores de grande relevância no meio Espírita, a morte física e o desenlace espiritual não ocorrem necessariamente no mesmo tempo. O indivíduo morre quando o coração deixa de funcionar e o corpo fica sem oxigênio e o espírito desencarna quando se completa o desligamento fluídico, o que em muitos casos demanda algumas horas ou até dias.

Basicamente, o espírito permanece ligado ao corpo enquanto são muito fortes nele as impressões da existência física. Indivíduos materialistas, que fazem da jornada humana um fim em si, que não cogitam de objetivos superiores, que cultivam vícios e paixões, ficam retidos por mais tempo no corpo até que a impregnação fluídica animalizada de que se revestem seja reduzida a níveis compatíveis com o desligamento.

Certamente, os benfeitores espirituais podem fazê-lo de imediato, tão logo se dê o colapso do corpo. No entanto, isso não é aconselhável, porquanto o desencarnante teria dificuldades maiores para ajustar-se às realidades espirituais.

O que aparentemente sugere um castigo para o indivíduo que não viveu sua existência condizente com os princípios da moral e da virtude é apenas manifestação de misericórdia.

Não obstante o constrangimento e as sensações desagradáveis que venha a enfrentar, na contemplação de seus despojes carnais em decomposição, tal circunstância é menos traumatizante do que o desligamento extemporâneo.

Há, a respeito da morte, concepções totalmente distanciadas da realidade. Quando alguém morre fulminado por um enfarte violento, costuma-se dizer:

“Que morte maravilhosa! Não sofreu nada!”. No entanto, é uma morte indesejável. Falecendo em plena vitalidade, salvo se altamente espiritualizado, ele terá problemas de desligamento e adaptação, pois serão muito fortes nele as impressões terrenas que o ligam ao corpo.

Se a causa da morte é o câncer, após prolongados sofrimentos, em dores atrozes, com o paciente definhando lentamente, decompondo-se em vida, fala-se: “Que morte horrível! Quanto sofrimento!”. Paradoxalmente, é uma boa morte. Doença prolongada é como se fosse um tratamento de beleza para o Espírito.
As dores físicas atuam como inestimável recurso terapêutico, ajudando-o a superar as ilusões do Mundo, além de depurá-lo como válvulas de escoamento das impurezas morais.

Destaque-se que o progressivo agravamento de sua condição torna o doente mais receptivo aos apelos da religião, aos benefícios da prece, às meditações sobre o destino humano. Por isso, quando a morte chega, ele está preparado e até a espera, sem apegos, sem temores.

Algo semelhante ocorre com as pessoas que desencarnam em idade avançada, cumpridos os prazos concedidos pela Providência Divina, e que mantiveram um comportamento disciplinado e virtuoso. Nelas, a vida física extingue-se mansamente como uma vela que bruxuleia e apaga, inteiramente gasta, proporcionando-lhes um retomo tranquilo, sem maiores percalços.

Fonte: livro Quem tem medo da morte – Richard Simonetti

A Consciência da sua Missão por Roberto Shinyashiki

 

Frequentemente, eu me pergunto: "O que cada um de nós está fazendo neste planeta?"

Se a vida for somente tentar aproveitar o máximo possível as horas e os minutos, esse filme é bobo. Tenho certeza de que existe sentido melhor em tudo o que vivemos. Para mim, nossa vinda ao planeta Terra tem, basicamente, dois motivos: evoluir espiritualmente e aprender a amar melhor.

Todos os nossos bens, na verdade, não são nossos. Somos apenas as nossas almas. E devemos aproveitar todas as oportunidades que a vida nos dá para nos aprimorarmos como pessoas.

Portanto, lembre-se sempre que os seus fracassos são sempre os melhores professores e que é nos momentos difíceis que as pessoas precisam encontrar razão maior para continuar em frente. As nossas ações, especialmente quando temos de nos superar, fazem de nós pessoas melhores.

A nossa capacidade de resistir às tentações, aos desânimos, para continuar o caminho, é que nos torna pessoas especiais. Ninguém veio a essa vida com a missão de juntar dinheiro e comer do bom e do melhor. Ganhar dinheiro e alimentar-se bem fazem parte da vida, mas, não podem ser a razão de viver.

Tenho certeza de que pessoas como: Martin Luther King, Mahatma Ghandi, Nelson Mandela, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Betinho e tantas outras anônimas, que lutaram e lutam para melhorar a vida dos mais fracos e dos mais pobres, não estavam motivadas pela ideia de ganhar dinheiro.

O que move, então, essas pessoas generosas a trabalhar diariamente, sem jamais desistir? A resposta é uma só: a consciência de sua missão nesta vida.
Quando você tem a consciência de que, através do seu trabalho, está realizando sua missão, você desenvolve força extra, capaz de levá-lo ao cume da montanha mais alta do planeta.

Infelizmente, muita gente se perde nesta viagem e distorce o sentido de sua existência, pensando que acumular bens materiais é o objetivo da vida. E quando chega no final do caminho percebe que o caixão não tem gavetas e que só vai poder levar daqui o bem que fez às pessoas.

Se você tem estado angustiado sem motivo aparente, está aí aviso para parar e refletir sobre o seu estilo de vida. Escute a sua alma: ela tem a orientação sobre qual caminho seguir. Tudo na vida é convite para o avanço e a conquista de valores, na harmonia e na glória do bem.

Roberto Shinyashiki

30 de out. de 2021

Acelerando sua Evolução Espiritual


As pessoas se perguntam como tornar mais rápida a evolução do espírito? Existem várias estratégias. A que considero mais importante é: seja humilde. A humildade é, principalmente, a capacidade de vivenciar várias funções e papéis. Em um momento, você é quem ensina; em outro, você é o aluno. Você é quem manda e quem obedece. É quem assume funções de direção e quem segue as pessoas que dirigem.

A vida de São Francisco de Assis é repleta de ensinamentos de humildade. Ele e seus discípulos foram para Roma. Uma viagem de vários dias andando. Antes de sair de Assis, São Francisco fez um sorteio. O sorteado teria a função de dirigir a caravana. Seria quem decidiria onde dormir, quando rezar etc. Todos os outros, inclusive Francisco, obedeceriam ao líder. Francisco de Assis foi o fundador da ordem dos franciscanos, mas sempre que possível saía da posição de líder e vivia na posição de liderado. Desta forma, todos os frades eram valorizados e incentivados a se desenvolverem.

Ao aceitar ser liderado, Francisco era obrigado a realizar as atividades que eram necessárias e nem sempre as que ele desejava. Isto criou nele qualidade importantíssima: aceitação. A aceitação é a atitude mental de não colocar dificuldades e barreiras para aquilo que vem de fora. É a base da boa vontade, da gratidão e da paciência.

Pense quantas vezes você ficou irritado porque o sinal de trânsito ficou vermelho. Dentro de você se formou impaciência, raiva e sensação de ser vítima. Os seus sentimentos e pensamentos seriam diferentes se houvesse o treino para a aceitação.

A Filosofia do Caminho Nobre orienta as pessoas a se treinarem na técnica do “Seja bem-vindo”. A técnica ensina que cabe à pessoa transformar em positivo e em sabedoria tudo que chega até ela. Exemplo: você vai para a praia e só chove. Para viver a humildade, você tem que aceitar a chuva. O seu desejo de ficar deitado na areia não aconteceu, mas outras possibilidades e oportunidades existem. Diga: “seja bem-vinda chuva, não criarei negatividade em meu interior. Ao contrário, vou agir para criar bons momentos, boas soluções”.

A humildade é importante para que essa adaptação à realidade da vida seja rápida e sem produzir sentimentos e pensamentos negativos. Tenha certeza que o aprendizado será maior. Observe como o desejo quase sempre é prejudicial ao ser humano. O desejo é uma “máquina de negatividades”. Exemplo: você dirige o carro e deseja que o sinal não fique vermelho. Boa parte das vezes o sinal vai mudar e você terá que esperar parado. O desejo é frustrado e algo de negativo se forma no seu interior.

A humildade é a capacidade de ficar bem e feliz quando o sinal está vermelho, amarelo ou verde. O humilde é quem aceita a realidade. Algumas vezes esperamos, outras vezes os outros esperam. Observe a oscilação de posição e função.

A mente da pessoa deve estar preparada para a humildade. Nem a mente negativa e nem positiva são aptas a manter a humildade. Somente a mente neutra é capaz de aceitar plenamente a realidade e se adaptar a ela.
Deus organizou a vida para nos obrigar a vivenciar várias posições e funções. A pessoa mais sábia busca esta oscilação. São Francisco e Jesus foram os exemplos máximos dessa busca cotidiana de variações de funções. São Francisco queria que todos os frades desenvolvessem capacidades e responsabilidades. Todos são capazes e quem for imaturo deve ser orientado e ajudado. Desta forma, até os erros serviam para engrandecer as experiências do grupo.

São Francisco, assim como Jesus, se fazia pequeno. Serviu e foi servido. Tinha as funções mais nobres e também as mais simples. Por isto, aprendia sempre. Eles levaram muito a sério aquela recomendação de se colocar no lugar do outro. Eles viveram o lugar do outro. Eles experimentaram e aprenderam no lugar do outro. Eles não fizeram isto apenas uma vez. Eles fizeram desta oscilação parte importante da vida. Novas perspectivas e novas experiências são muito mais inspiradoras quando são vivenciadas.

O orgulho, comodismo, medo e vergonha são alguns dos traços de personalidade que dificultam a pessoa a se adaptar à realidade e realizar por vontade própria esta oscilação de funções e papéis.

Vou contar uma história: uma mulher sempre ajudava nas atividades do Centro Espírita, mas nunca assumia qualquer liderança. Ela preferia fazer a parte que era preciso. Ela descobriu que precisava oscilar um pouco, sair da zona de conforto. Ela se propôs a coordenar a organização da festa da pizza. Imediatamente veio a insegurança e o medo. Ela não havia desenvolvido várias qualidades; somente quando ousou este desafio é que descobriu várias limitações. O objetivo de oscilar é vivenciar novas realidades e ter a oportunidade de desenvolver e praticar qualidades e habilidades que são úteis para a vida humana encarnada e no plano espiritual.

Cada desafio é nova oportunidade. Quem se esconde acaba por não desenvolver sabedoria. Uma vez um líder espiritual me disse: “quando comecei minha jornada eu servia aos outros sem vaidade. Depois de muitos anos liderando as pessoas, descobri que sirvo a elas, mas a vaidade entrou no meu coração sem eu perceber”. Ainda bem que ele percebeu. Era a hora dele ousar para romper com a vaidade. Uma batalha espiritual das melhores.

Somos limitados. Precisamos amadurecer e desenvolver sabedorias. O humilde olha para si sem se engrandecer e sem inventar desculpas e ilusões. Ele sabe que todos temos nossas dificuldades, nossas “sombras”. Quando estas sombras aparecem, como a vaidade do líder espiritual é como chamado interior que diz: “olha para este lado seu. Presta atenção nisto. Este lado precisa ser acolhido, precisa sem entendido, precisa receber amor e ser curado”.

O humilde é aquele que sabe que existem várias sombras em seu interior. Ele não foge dessa verdade e nem deseja que seja diferente. Ao contrário, ele diz: “esta é a hora de encarar este problema. É a hora de cuidar deste meu lado. Em outros tempos ele foi negligenciado e agora estou “sendo chamado” para olhar para ele e cuidar. Vou me dar este presente: vou colocar todo amor, respeito e força interior para cuidar de mim.”

Uma pergunta final: em que momento você para escutar seu espírito? A pessoa humilde deve aceitar a realidade, oscilar de posição, valorizar as outras pessoas e também aquietar a mente para escutar o que vem do seu interior. O espírito e a espiritualidade são ativos e dinâmicos. É necessário desenvolver a sensibilidade para perceber os sinais que vem de dentro de si para fora.

Lição: tenha empatia e tente ver as coisas das perspectivas dos outros. A imaturidade fortalece o orgulho. O orgulho te faz desprezar o que vem do outro.
O melhor para você é filtrar e aproveitar. Somente os tolos desprezam a perspectiva alheia. Para aprender, você tem que aproveitar as oportunidades da vida. Pessoas que falam a verdade valem ouro. Mesmo que sejam seus desafetos. Elas nos fazem refletir; assim é mais fácil aprender.

Quatro posturas que você deve ter:

1. Aprenda a observar quem sabe fazer bem feito.
2. Dê liberdade para as pessoas expressarem seus próprios pontos de vistas.
3. Aprofunde um pensamento antes de rejeitá-lo.
4. O importante é aprender e não estar certo.

Observe a atitude de um homem que abandonou o orgulho e “aprendeu a aprender”. Um dia, na empresa em que trabalhava, um desafeto tentou humilhá-lo. Disse que ele era burro. O orgulho o faria ter raiva deste homem e gritar com ele. A humildade o levou a aprofundar o pensamento do desafeto. Ele disse: “se eu sou burro, fala para todo mundo uma burrice minha”. O desafeto contou que ele não conhecia uma solução no sistema da empresa que tornava o trabalho mais simples. Resultado: o homem humilde descobriu algo novo, ele aprendeu, ficou melhor. O orgulhoso quer se mostrar o melhor. O verdadeiro humilde sabe que o importante é ficar sempre um pouco melhor. A natureza foi planejada para trazer benefícios reais para quem segue o caminho traçado pela espiritualidade.
Regis Mesquita

29 de out. de 2021

Reflexão: É fácil recriminar, mas...

 

Será que somos diferentes? Será que somos tão maravilhosamente perfeitos a ponto de só enxergarmos problemas nos outros? Será que somos realmente honestos ou é pura hipocrisia, simples aparência?

Eu estava conversando com uma amiga francesa sobre o fato de muitas pessoas viverem reprovando outras, como se elas próprias não tivessem defeitos, como se elas não cometessem atos igualmente reprováveis. Então, essa amiga citou frase de La Rochefoucauld: “Si nous n’avions pas tant de défauts, nous ne prendrions pas tant de plaisir à en remarquer chez les autres.”- tradução: “Se não tivéssemos tantos defeitos, não teríamos tanto prazer em observar os dos outros”.

A conversa fluiu. Despedimo-nos. Deitei para dormir. E aquela frase não me saía da mente. Lembrei que lera num livro outra frase dele: “Deploramos com facilidade os defeitos alheios, mas raramente nos servimos deles para corrigir os nossos.” Continuei pensando com meus botões e lembrei em uma outra frase, essa agora de Frei Damião: “Antes de clamar contra a maldade dos tempos e dos homens, examinas se estás sendo a luz que deves ser.”

À mente veio, de repente, lembrança da época de colégio, quando um dos padres citou Mateus, da Bíblia Sagrada, dizendo que geralmente vemos o argueiro no olho do irmão, mas não a trave no nosso.

Corpo e mente já cansados, clamando por merecido descanso. Viro para o lado no intuito de apagar a “meia-luz” da luminária, que me faz relaxar e permite à deusa do sono me entregar. Vejo então meu livro constante de cabeceira, o Evangelho Segundo o Espiritismo. Nele encontro: “Um dos defeitos da humanidade é ver o mal de outrem antes de ver o que está em nós. Para se julgar a si mesmo, seria preciso poder se olhar num espelho, transportar-se, de alguma sorte, para fora de si e se considerar como outra pessoa, em se perguntando: Que pensaria eu se visse alguém fazendo o que faço?”

Tantas reflexões. Mas a cama me chama, a deusa do sono me abraça e eu já não penso em mais nada. Adormeço apenas com a certeza: se quisermos corrigir os defeitos do mundo, devemos começar corrigindo os nossos, como diria aquele Frei, examinando se estamos sendo a luz que devemos ser.

Cirilo Veloso Moraes

28 de out. de 2021

Eu escolho a paz


É lamentável constatarmos que a história das civilizações é quase que integralmente permeada por guerras e desentendimentos. De tempos em tempos, a tênue linha que representa o equilíbrio e a cooperação entre os povos é severamente ameaçada – ou mesmo rompida – tolhendo de muitos as liberdades públicas conquistadas a duras penas e trazendo consigo nada mais do que angústia, dor e sofrimento.

Em nome de uma busca incontida pela manutenção das estruturas de poder e da defesa de um ideário no mais das vezes tolo e egoísta, nossos representantes põem em risco a vida e a incolumidade de centenas de milhares de pessoas inocentes chegando a ameaçar toda a vida na Terra.

Paralelamente, constatamos que a história particular de muitos de nós também costuma ser escrita a partir de conflitos, discussões e uma agressividade descomedida e desproporcional. Não é difícil percebermos que são essas cotidianas atitudes de dissensão que, somadas, fomentam essa mentalidade beligerante que por vezes parece imperar.

É preciso nos habituarmos a enxergar em cada instante de nosso dia-a-dia aquilo que nos faz semelhantes uns aos outros, não havendo sentido em seguirmos sempre enfatizando as diferenças. Também é sempre conveniente lembrarmos que, independentemente de nossa cultura ou posição geográfica, estamos todos de passagem pela Terra, visando fazer o máximo aprendizado possível para nos burilarmos.

Se ainda há em alguns de nós o predomínio das más tendências, isso apenas se deve ao seu grau de aperfeiçoamento ainda primário, e deve ser visto como uma oportunidade para a prática da comiseração pelos demais, nunca de revides ou mais provocações.

Não há sentido em continuarmos a nos digladiar pelos motivos mais simples. Não há mais espaço para pensarmos constantemente em guerras e conflitos. Urge a necessidade de que as pessoas de bem de um modo geral se comprometam e fazer um repensar constante na paz e nos meios de sua manutenção, extirpando de suas vidas qualquer espécie de pensamento agressivo.

Precisamos aprender a nos autoconhecer de uma forma tal que nos permita alcançarmos a serenidade típica daqueles que conseguem de fato enxergar a vida aos olhos do espírito. Ademais, também é conveniente nos convencermos de que só alcançaremos paz nas questões externas – seja nas de convívio com o próximo ou nas de Estado – se antes disso formos capazes de alcançar essa paz interior que, como dissemos, é peculiar aos que conseguiram compreender a vida em sua integralidade.

Aqueles que fizerem essa escolha consciente de serem firmes agentes disseminadores da paz servirão como faróis em meio à escuridão, pouco a pouco trazendo à lume os demais. As grandes transformações se operam a partir das pequenas atitudes individuais corajosamente tomadas por alguns que ousaram divergir do pensamento outrora dominante. Só assim conseguiremos suplantar essa visão belicista ora dominante.

Eu escolho a paz! E você?

Rodrigo Fontana França

27 de out. de 2021

Reflexão: Problemas e Desafios


Se você, assim como eu, anda observando que problemas são ingredientes que nunca faltam nos banquetes da vida, temos algo em comum que em muito poderá elucidar alguns equívocos na dinâmica do cotidiano. Muitas pessoas se desesperam diante de cada problemática que as visita pelo amanhecer e no decorrer das jornadas diárias.

Muitos poderão dizer que problemas são desafios e perguntarem: o que seria da vida sem os problemas? Faria sentido viver diariamente sem um "probleminha" sequer? Aprendemos desde criança a resolver os "probleminhas" de matemática, que requeriam de cada um de nós bastante tempo de raciocínio, tarefas essas que formavam a nossa base para as resoluções de questões de maiores complexidades.

Bom. Matemática à parte, sigamos pelo cotidiano com os problemas e desafios a serem transpostos na lida diária. Esses parceiros inseparáveis nos auxiliando na caminhada evolutiva da vida. O certo é que os problemas de cada um, em particular, são questões a serem resolvidas através de muito trabalho, raciocínio e esforço próprio.

Podemos receber ajuda dos céus e das pessoas que nos circundam, inclusive das virtuais, mas cabe somente a cada um de nós resolver os próprios problemas. Essa dinâmica é que nos faz crescer e evoluir a ponto de enfrentá-los sem medo da derrota e com a certeza da vitória do aprendizado em favor da felicidade que buscamos.

Os problemas, como já sabemos, podem se manifestar por meio de uma crise financeira, ou de uma enfermidade, ou de uma relação de amizade ou conjugal complicada, ou apenas de um simples melindre, ou de uma atitude arrogante ou impensada etc.

Se ficarmos parados diante deles, reclamando ou simplesmente "deixando pra lá" ou no "seja o que Deus quiser", os problemas continuarão sendo problemas, haja vista que o que Deus quer de nós, para o nosso bem na jornada evolutiva, é que nos esforcemos e resolvamos os respectivos problemas, colocando em ação a fé, a esperança e a caridade que devemos ter uns com os outros.

Diante disso, conclui-se que cada problema requer um desafio a transpor, através da força de vontade de vencer, da aplicação do pensamento positivo e da paciência, dentre tantas outras virtudes. Não é fácil, mas podemos treinar passo a passo. Todo desafio é um aprendizado que nos habilita à transposição de novos desafios e assim por diante; pois, com certeza, tudo podemos n'Aquele que nos fortalece quando fazemos a nossa parte.

Yé Gonçalves

26 de out. de 2021

Reflexão: a gratidão nos ensina que quase tudo na vida é bom

 

As pessoas estão cada dia mais insatisfeitas. A grande insatisfação das pessoas se reflete na quantidade de reclamações que elas fazem. O problema da reclamação é tão grave que quase todas as pessoas estão insatisfeitas sempre ou constantemente.

Sempre reclamam, julgam, brigam e desistem de boas atitudes. O grande problema é a percepção deturpada da realidade. Elas não percebem três verdades:

  • Elas recebem muito.
  • Elas aproveitam pouco do que recebem.
  • O que elas consideram negativo na maior parte das vezes é positivo.

Exemplo simples:

O sujeito fica bravo porque o farol de trânsito ficou vermelho. Ele reclama do farol com raiva. Porém, nos dias em que o farol está quebrado ele demora 10 vezes mais tempo para atravessar o mesmo cruzamento. Ele percebe a realidade negativamente porque está dominado pela mente reativa.

A mente reativa age assim:

  • Foca na perda e no que falta;
  • Deixa em segundo plano o que ganha e o que abunda;
  • Apesar de saber da importância do farol, ele realmente vive a perda, a raiva e a tensão pelo fato do sinal ficar vermelho.

Você precisa aprender a viver com a mente neutra. Uma forma de treinar a viver com a mente neutra é mentalizando as verdades mais elevadas.

A gratidão nos ensina que quase tudo na vida é bom. Agradecer o que vem e não está em nossos planos. Agradecer porque precisamos que a vida nos obrigue a viver vários tipos diferentes de situações. Essas situações são negativas? Não, não são. São positivas porque nos obrigam a experimentar o que não experimentaríamos por nossa própria vontade. Devemos aceitar e dizer: seja bem-vinda! O resultado será mais sabedoria, mais maturidade, mais qualidades.

Tudo isto gera facilidades futuras. O que aprendi ontem se torna facilidade hoje. Um dia aprendi a andar, hoje ando com facilidade, entendeu? Por isso, é bom viver o que não escolhemos.

Nosso foco deve ser NÃO reclamar. O foco deve ser APROVEITAR.

Regis Mesquita

25 de out. de 2021

Qual o papel da doença na sua evolução?


Em toda a história da humanidade, a ligação com o divino sempre foi medida em relação às benesses que uma determinada população adquiria. Se as coisas iam bem, é porque Deus estava satisfeito. Se iam mal, era necessário realizar sacrifícios, oferendas e atos que hoje seriam considerados absurdos.
Mesmo com toda a evolução dos povos, verdadeira globalização de sentimentos e crenças, a questão da doença ainda nos atinge, gerando questionamentos infinitos, quando não revolta.

A medicina, como tudo na vida, evoluiu em espiral, hora se apoiando no sagrado, no maravilhoso, hora se afastando de tudo isso, chegando às raias do ceticismo completo. Nesse caminho, Curandeiros, Xamãs, Parteiras, Feiticeiras e outros tiveram seu momento de glória e de tragédia.
Grandes trabalhadores da Seara divina, mostrando o lado humano que nos toca, revelaram sua indignação com Deus nos momentos de sacrifício, de dor e de doença, mas nem por isso desistiram de seus ideais. Jó, Paulo de Tarso, Santo Agostinho e outros são exemplos vivos disso.

O espiritismo veio nos trazer nova visão sobre saúde e doença, retirando completamente a pessoalidade divina, tão criticada por Einstein. E, realmente não há sentido algum em pensar em um Deus pessoal, que fica sentado numa sala imensa com botões coloridos, a nos beneficiar ou prejudicar, se divertindo ou extravasando sua raiva. Baseado na lógica, os ensinamentos crísticos-kardequianos nos mostram que todos, sem exceção, somos obrigados a colher exatamente o que plantamos, sendo a doença não a derrota, uma resposta negativa de Deus, mas antes disso uma oportunidade.

A medicina terá que caminhar muito até conhecer a verdadeira origem das doenças que vem do corpo espiritual. Esse corpo espiritual, além de ser o revestimento do espírito, participa de fenômenos anímicos-mediúnicos e serve como molde, como o modelo organizador biológico, vindo a ser a origem, o substrato para a manifestação no corpo físico, de patologias expiatórias e evolutivas.

Esse entendimento leva muitos espíritas a entrar em um processo de auto-obsessão, onde a necessidade premente do sofrimento ocupa o topo da lista de necessidades evolutivas. A questão toda não está em buscar o sofrimento, como se ele fosse bom, mas escutar o sofrimento quando ele chegar. Não basta sofrer, sem raciocinar, sem entender o que aquele sofrimento quer nos dizer. As leis siderais que regem os planetas e a vida de seus habitantes nos forçam para cima sempre, para a nossa evolução plena e, nesse processo, o sofrimento aparece como um acelerador, um impulsionador rumo ao desiderato.

Escute a sua dor. Escute o seu sofrimento. Ele não é nem vilão nem mocinho, é somente a forma de nos acordar para o bem maior, para o caminho verdadeiro.

Além disso, ainda resta outro aspecto a ser discutido. A relatividade do sofrimento. Quanto mais apegados a matéria, mais sofreremos por problemas financeiros e pessoais. Um arranhão no carro pode levar alguém a enfartar. No nosso caminho rumo à nossa realização, vamos nos libertando de uma variedade de entulhos psíquicos e cada vez dando valor menor a sensações e sentimentos que nos traziam enormes sofrimentos no passado.

Desapego e trabalho cristão: essa é a fórmula para vencer o sofrimento e a dor e é sempre bom lembrar a frase dita por Nossa Senhora ao grande médium Chico Xavier – “Meu filho, tudo passa!”

23 de out. de 2021

Entrevista: escritor Ricardo Di Bernardi fala sobre reencarnação

 

Quem reencarna?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Toda alma (conforme diriam alguns) ou espírito que ainda não alcançou a plenitude do conhecimento e do amor necessita reencarnar.

Qual o número de vezes que já reencarnamos? Dizem que são 7, é verdade?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Só se for o sete simbólico que significaria: "sempre", "eterno", "todo" ... 7 notas musicais, sete cores, 7 dias da semana significam todas as notas, todos os dias todas as cores. Todos nós já contamos inúmeras existências e deveremos ter um número incontável pela frente.

Para quê reencarnar, ou seja, qual a finalidade básica da reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - A evolução. A busca do conhecimento e do amor plenos. Em resumo, a busca da felicidade.

É possível diminuir-se o número das reencarnações? Como posso fazer isto?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Depende do esforço próprio, do progresso e evolução alcançados.

Qual a razão ou fundamento filosófico que vocês (reencarnacionista) se baseiam para considerar lógica a hipótese ou teoria da existência da reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Justiça divina e amor, dando oportunidade a todas as criaturas.

Há reencarnação apenas na Terra?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. Há inúmeros astros habitados no universo onde se pode reencarnar.

Quem disse isso?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Jesus. Há muitas moradas na casa do meu pai. Além disso, todos os espíritos evoluídos nos dizem isto.

Quando reencarna em outro astro?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Bem, vamos dividir em três situações:
a) Espíritos que superam o conhecimento em seu planeta podem renascer em outro astro mais evoluído. É lhes dada esta opção.
b) Espíritos superiores podem também reencarnar em outros astros mais atrasados em missões de auxílio.
c) Espíritos que não acompanham a evolução de um planeta podem reencarnar em astros mais atrasados que se adaptam a sua situação evolutiva.

Em termos de reencarnação, como vocês espíritas veem a posição da Terra no contexto do universo?

Dr. Ricardo Di Bernardi - A Terra é um planeta relativamente atrasado onde reencarnam espíritos que ainda não superaram suas limitações em todos os sentidos. Exceto alguns missionários planetários.

Em resumo, como o Sr. diria quais são os tipos de reencarnações que existem aqui na Terra?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Segundo os espíritos, e não apenas segundo meu pensamento, há reencarnações de provas (que equivalem à verificação de aprendizado), reencarnações de expiação (ressarcimento de dívidas anteriores) e reencarnações de missões (auxílio a terceiros).

Leva-se muito tempo entre uma vida e outra? Ou seja, quanto tempo se leva de intervalo?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Depende da situação específica de cada espírito, do seu merecimento ou evolução e da necessidade dos seus vínculos espirituais e materiais.

Como assim vínculos?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Parentes, amigos, amores etc... são fatores que influenciam.

Quer dizer que o tempo é muito variável?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim. Há quem reencarne meses após a morte física. Há quem leve séculos.

Todos os espíritos desejam reencarnar?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Alguns não têm condições de escolha e são conduzidos ao retorno sob orientação dos mentores espirituais

Quer dizer “na marra”?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Com suavidade, mas determinação dos espíritos superiores.

Há um programa básico para cada nova vida?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim, as linhas gerais da vida são relativamente determinadas para a melhor lição educativa ao espírito.

Os espíritos podem participar da programação básica da sua reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim, se tem nível de evolução espiritual para isso.

E se um espírito não tiver a fim de reencarnar, relutar etc. Isto existe? O que acontece?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Existe em alguns casos. O livre-arbítrio se estende também no mundo da dimensão espiritual. Pela ignorância se prejudicam quando assim agem. Retardam o seu crescimento. No entanto, mais cedo ou mais tarde se fará.

Há evidências científicas da reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim, há. Gostei de como perguntou: “Evidências". Rigorosamente, não seriam provas, embora eu as considere satisfatórias em volume de casos, em nível de seriedade e em qualidade de pesquisa pelas universidades envolvidas.

Você se refere a pesquisas oficiais de universidades? Quais?

Dr. Ricardo Di Bernardi - A Universidade de Virgínia nos Estados Unidos, por exemplo, tem um trabalho com mais de 2000 casos pesquisados pelo neurologista Dr. Ian Stevenson.

Como este pesquisou?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Estudando MEC (memória extra cerebral) - são crianças de tenra idade que se recordam, em detalhes significativos, de vidas anteriores.

Há algum livro publicado?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim. Por exemplo: Twenty Cases Sugestive of Reincarnation.

Este autor é espírita?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não, é um pesquisador, o que dá mais credibilidade.

Há pesquisas em outros centros?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sem dúvida. Albert De Rochas do Instituto Politécnico de Paris publicou Les vies successives.

E no Brasil?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Excelente contribuição do Dr. Hernani Guimarães Andrade: o livro Reencarnação no Brasil. Pesquisas no IBPP (Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas).

Há outras provas, ou melhor, evidências?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Há. Terapia Regressiva a Vidas (Vivências) Passadas documentam vidas anteriores. Há também a Retro cognição Hipnótica onde a pessoa relata as vidas anteriores.

Qual o momento inicial da reencarnação nesta vida. Ou melhor, a reencarnação dá-se quando o bebê nasce ou na gestação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - O processo reencarnatório se inicia no momento da concepção ou fecundação. O espírito se fixa ao ovo.

Quer dizer que o aborto seria um mal?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sem dúvida, o aborto irresponsável ou provocado é um atentado a Lei da Natureza ou Lei de Deus.

Como o espírito reencarnado se expressa pelo novo corpo físico?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Pelos órgãos disponíveis. Conforme ocorre o desenvolvimento dos órgãos, vão se abrindo os canais de expressão para o espírito. Órgãos ou sistema nervoso deficientes são limitações de expressão necessárias como provas ou expiações do espírito.

São castigos por vidas passadas?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. São reajustes necessários ao desequilíbrio do corpo espiritual. O corpo espiritual registra, armazena as experiências desastrosas de vidas anteriores e agora influência a genética atraindo essas anormalidades ou deficiências.

Isto parece explicação técnica e não religiosa...

Dr. Ricardo Di Bernardi - De fato, a Doutrina Espírita é uma ciência nova que vem explicar aos homens por meio de provas irrecusáveis a existência do mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo.

Este corpo espiritual é o mesmo que o apóstolo Paulo falava? Qual o papel desse corpo espiritual na reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi – Sim, é o mesmo. O corpo espiritual, fazendo uma analogia, é como um computador que armazenou os registros passados e transmite ou programa as tendências no novo corpo físico. Esse corpo espiritual (períspirito = corpo astral) dá um molde energético o qual será o orientador do material genético disponível. Digamos que dá o estímulo para a formação do corpo adequado às necessidades cármicas e evolutivas do espírito.

Parece lógico. Nós perdemos os conhecimentos das vidas passadas?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. Estão nos porões do nosso inconsciente.

O esquecimento das vidas passadas nos é necessário? Por quê?

Dr. Ricardo Di Bernardi - É necessário para facilitar a superação de problemas. Por exemplo: para facilitar a convivência com adversários nossos de vidas anteriores que renascem no mesmo lar.

Então, o passado é apagado?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não totalmente. Há situações que as lembranças de vidas passadas podem ser trazidas à tona do consciente com finalidade terapêutica. (Terapia Regressiva de Vivências Passadas). No entanto, o esquecimento procura estabelecer o equilíbrio psíquico.

Sob a ótica da reencarnação, qual o seu conceito de família?

Dr. Ricardo Di Bernardi - a verdadeira família é a família espiritual, constituída de espíritos afins que se compreendem e se auxiliam.

Esta visão não exime de responsabilidade junto à família convencional?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. A maior responsabilidade é com àqueles que encarnam e convivem sob o mesmo teto e possuem conosco laços consanguíneos. Assim nos orientam os espíritos superiores.

Os espíritos reencarnam sempre com o mesmo sexo?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. O espírito em essência não tem sexo. Conforme a necessidade de sua missão, prova ou expiação pode reencarnar como homem ou mulher, sem que isto determine qualquer alteração na manifestação da sexualidade.

Quer dizer que não é por causa da reencarnação em sexo diferente que ocorre a homossexualidade?

Dr. Ricardo Di Bernardi - A homossexualidade decorre de dificuldades mais profundas, onde o espírito já traz questões adaptativas ao sexo ligadas a situações sofridas nesta vida ou em outras anteriores. Não é a simples mudança de sexo que ocasiona esta situação.

O espírito reencarna com uma determinada vocação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - As percepções e conhecimentos adquiridos e vivenciados anteriormente nos dão tendências inatas que podem ser chamadas de vocação.

O espírito reencarnado está totalmente fixo ao corpo?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. Durante o sono ou em outras situações como meditação, treinamento etc pode projetar-se ou desdobrar-se para fora do corpo biológico.

Isto seria a tal da viagem astral?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim. Há viagens pequenas... tours longos, com bom guia turístico ou com um péssimo guia turístico, sem guia turístico etc. Isto é, pode-se sair com proteção ou sem.

Qual o espírito que reencarnou na Terra que foi o mais evoluído?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Provavelmente Jesus. Digo provavelmente por isto não ser um dogma.

O que o senhor acha que foi em vida passada?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Fui ainda menos evoluído, menos tolerante, menos inteligente, menos amoroso. Melhorei um pouquinho. Quero dizer com isso, que todos nós evoluímos a cada existência.

Há referências bíblicas favoráveis a reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim. Inúmeras. Veja em João III versículos de 1 a 20, por exemplo, ou Mateus XVII de 10 a 14. Basta procurar as obras espíritas que há explicações detalhadas.

22 de out. de 2021

Partida e Chegada por Henry Sobel


Quando observamos da praia um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.

Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram. Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".

Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz: "já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro!".

Assim é a morte.

Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O ser que amamos continua o mesmo, suas conquistas persistem dentro do mistério divino. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita. E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: "já se foi", no além, outro alguém dirá: "já está chegando". Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a vida.

Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário. A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.

E o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Assim, um dia todos nós partimos como seres imortais que somos, todos nós ao encontro daquele que nos criou.

Henry Sobel

21 de out. de 2021

Redescobrindo o Perdão

 

Até há pouco tempo, falar de perdão cabia de forma exclusiva aos religiosos. Dizer a alguém que seria melhor perdoar, conforme ensinou Jesus, parecia próprio de quem vive fora da realidade.

No entanto, na atualidade, perdoar tem se tornado medida de bom senso. Pessoas não religiosas têm descoberto que perdoar é terapêutico. O Dr. Fred Luskin, diretor do projeto perdão, da Universidade de Stanford, em seu livro “O poder do perdão”, afirma que carregar a bagagem da amargura é tóxico. Nos estudos que realizou com voluntários, constatou que a ação de perdoar melhorou os níveis de energia, humor, qualidade do sono e a vitalidade física geral.

Isso ocorre porque somos programados para lidar com a tensão. Pode ser o alarme de incêndio, uma crise, uma discussão mais acalorada... Nessas ocasiões, o corpo libera os hormônios do estresse, adrenalina e cortisol, acelerando o coração, a respiração e fazendo a mente disparar. Ao mesmo tempo, a liberação de açúcar estimula os músculos e os fatores de coagulação aumentam no sangue.

Se isso for breve como, por exemplo, um sobressalto na estrada por um quase acidente é inofensivo. Contudo, a raiva e o ressentimento são como acidentes que não têm fim. Transformam em toxinas os hormônios que deveriam nos salvar.

O efeito depressor do cortisol no sistema imunológico está relacionado a doenças graves. Ele esgota o cérebro, causando atrofia celular e perda de memória. Ainda mais, provoca doenças cardíacas por elevar a pressão sanguínea, os níveis de açúcar no sangue, enrijecendo as artérias.

É aí que entra o perdão, que parece interromper a circulação desses hormônios.

Vejamos algumas dicas para encontrar a paz por meio do perdão e melhorar a nossa qualidade de vida:

1º Concentre-se nos fatos da ofensa.
Quase sempre quando nos sentimos ofendidos, nossa tendência é aumentar o que de fato aconteceu. Acrescentamos os nossos sentimentos e tudo toma um volume muito maior.

2º Tente entender o que ocasionou a ofensa.
Por vezes, somos nós mesmos os promotores dela, por algo que tenhamos dito ou feito. Mesmo que não tenha sido nossa intenção ferir a outro, a forma como dizemos ou uma atitude que tomemos em um momento delicado, pode levar a criatura a reagir mal, agredindo.

3º Focalize a natureza humana do agressor, não só a sua atitude.
Pense em que nós mesmos, no trato pessoal, em momentos de estresse, de cansaço, dizemos coisas que constituem mais um desabafo. Assim pode ocorrer com o outro, porque na terra somos todos ainda seres muito imperfeitos.

4º Perdoe apenas para si mesmo. Ninguém mais.
Perdoe em seu coração. Não é indispensável que você comunique o fato ao agressor. Lembre que perdoar de forma alguma significa que você concorda com a ofensa. Muito menos que você deve permitir que o tratem injustamente.

A sabedoria de Jesus recomendou, há mais de 2000 anos: “amai os vossos inimigos. Fazei o bem aos que vos odeiam. Orai pelos que vos perseguem e caluniam. Perdoai aos homens as faltas que cometerem contra vós”.

E acentuou que nunca se deveria guardar mágoa. Se num momento de oferenda de nosso coração ao pai, nos lembrássemos de que alguém tem algo contra nós, prescreveu Jesus que deveríamos, antes, nos reconciliar com o adversário.

O Mestre do amor e da sensibilidade sabia porque dizia essas coisas. Os estudiosos de hoje estão provando que ele tinha toda a razão.

Resignação Espírita e Conformismo Religioso

 

Uma das acusações que se faz ao Espiritismo é a de levar o homem ao conformismo. "Os espíritas se conformam com tudo e, dessa maneira, acabarão impedindo o progresso, criando entre nós um clima de marasmo, favorável às tiranias políticas do Oriente. A ideia da reencarnação é o caldo de cultura do despotismo, deste poder isolado, pois as massas crentes se entregam a qualquer jugo."

Muitos confundem a resignação espírita com o conformismo religioso. Mas, contraditoriamente, acusam o Espiritismo e não acusam as religiões. Por outro lado, tiram conclusões teóricas de fatos que podem ser observados na prática. A ideia da reencarnação não é nova, não nasceu com o Espiritismo, e não precisamos teorizar a respeito, pois temos toda a história da humanidade ante os olhos para nos mostrar praticamente os seus efeitos.

Vamos, entretanto, pôr ordem. E tratemos, primeiro, da resignação e do conformismo. A resignação espírita decorre, não de sujeição místico-religiosa às forças incontroláveis, mas de compreensão do problema da vida. Quando o espírita se resigna, não está se submetendo pelo medo, mas apenas aceitando a realidade à qual terá de se sujeitar, exatamente para superá-la, vencê-la. Não é o conformismo que se manifesta nessa resignação, mas a inteligente compreensão de que a vida é um processo em desenvolvimento, dentro do qual o homem tem de se equilibrar.

Acaso não é assim que fazemos todos, espíritas e não-espíritas, em nossa vida diária? Nós, inconformados, também somos obrigados, diariamente, a aceitar uma porção de coisas a que gostaríamos de nos furtarmos? A diferença entre resignação ou aceitação de um lado e, conformismo de outro, é que a primeira atitude é ativa e consciente, enquanto a segunda é passiva e inconsciente. O Espiritismo nos ensina a aceitar a realidade para vencê-la.

"Se a doença o acossa, dize o espírita, entende que está sendo vítima do fatalismo cármico, do destino irrevogável. Se a morte lhe rouba um ente querido, ele acha que não deve chorar, mas agradecer a Deus. Se o patrão o pune, ele se submete; se o amigo o trai, ele perdoa; se o inimigo lhe bate na face esquerda, ele lhe oferece a direita. O Espiritismo é a doutrina da despersonalização humana."

Mas acontece que essa despersonalização não é ensinada pelo Espiritismo e sim pelo Cristianismo. Quando o Espiritismo ensina a conformação diante da doença e da morte, o perdão das ofensas e das traições, nada mais está fazendo do que repetir as lições evangélicas. Ora, como acusam o Espiritismo em nome do Cristianismo, é evidente que está em contradição. Além disso, convém esclarecer que não se trata de despersonalização, mas de sublimação da personalidade. O que o Cristianismo e o Espiritismo querem é que o homem egoísta, brutal, carnal, agressivo, animalesco, seja substituído pelo homem espiritual. A "personalidade" animal deve dar lugar à verdadeira personalidade humana.

Quanto ao caso das doenças, seria oportuno lembrar as curas espíritas. Não chega isso para mostrar que não há fatalismo cármico? O que há é a compreensão de que a doença tem o seu papel na vida humana. Porém, cabe ao homem, nesse terreno, como em todos os demais, lutar para vencê-la. O Espiritismo, longe de ser doutrina conformista, é uma doutrina de luta.

O espírita luta incessantemente, dia e noite, para superar o mundo e superar a si mesmo. Conhecendo o processo da vida e as suas exigências, não se atira cegamente à luta, mas procura realizá-la com inteligência, num constante equilíbrio entre as suas forças e o poder dos obstáculos.

José Herculano Pires, do livro "O Homem Novo"

20 de out. de 2021

Relacionamento, Casamento e Espiritismo


Todos passamos nossas vidas buscando o sucesso, a felicidade, a prosperidade. Queremos ter êxito em nossa carreira, alcançar estabilidade financeira, independência e, acima de tudo, encontrar a felicidade. No entanto, o que nos faz feliz?

Grande parte das pessoas associa a felicidade a um relacionamento afetivo ou casamento. Para muitos, sem isso não há alegria, não há felicidade plena. Contudo, o que muitas vezes acontece, é que mesmo tendo um relacionamento, não somos felizes. Isso porque a felicidade está dentro de nós. Se não aprendermos a encontrar a felicidade dentro de nós e sozinhos, não saberemos ser felizes com um companheiro. Se colocarmos a responsabilidade de nossa felicidade nas mãos de outra pessoa, jamais encontraremos um companheiro que seja capaz de atender nossas expectativas.

Ter um relacionamento amoroso, sem dúvidas, pode trazer muita alegria, mas a felicidade não está condicionada a isso. Na visão Espírita, há no homem mais do que apenas necessidades físicas: há a necessidade de evoluir. E, de acordo com esse pensamento, o casamento e os relacionamentos afetivos têm a finalidade de nos fazer progredir.

Allan Kardec, em sua obra “O Livro dos Espíritos”, indagou: "Será contrário à lei da Natureza o casamento?". Os espíritos se pronunciaram com a seguinte resposta: "É um progresso na marcha da Humanidade... Sua abolição seria regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes”.

No livro “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Kardec afirmou que "Na união dos sexos, de par com a lei material e divina, comum a todos os seres viventes, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral - a Lei do amor. Quis Deus que os seres se unissem, não só pelos laços carnais, como pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se transmitisse aos filhos, e que fossem dois, em vez de um, a amá-los, cuidar deles e auxiliá-los no progresso" capítulo 22, item 3.

Portanto, de acordo com o Espiritismo, um relacionamento deverá traduzir-se em amor, respeito, amizade, lealdade, compreensão, cumplicidade, entre outros.
Não basta ter um companheiro que levamos à tira colo e apresentamos aos amigos e família nas ocasiões sociais. É preciso que, de fato, essa relação, nos traga algum tipo de evolução. É preciso que valha a pena!

Se o caminho que estamos trilhando é socialmente adequado e nos torna “uma mulher/homem casada(o)”, mas, no entanto, não nos faz feliz, nos traz estagnação e um certo “contentamento”, é hora de mudar. É o momento de buscarmos nossa felicidade, ainda que sozinhos!

Não tenha medo do desconhecido, do novo. Na verdade, o que devemos temer é o que já conhecemos e que não nos faz bem. Precisamos nos tornar conscientes, aprender a recomeçar e a escolher novos caminhos toda vez que a estrada escolhida estiver nos desviando de nossos objetivos, de nossa felicidade e, principalmente, de nossa evolução

Raquel Rayons

19 de out. de 2021

Talismãs e Amuletos na Visão Espírita

 

Em sua época, Kardec era reconhecido pelos seus contemporâneos como autoridade em relação aos temas sobre as novas descobertas entre a relação dos mundos visível e invisível. Tanto assim que, frequentemente, buscavam-no a fim de receber sua opinião relacionada aos inúmeros fenômenos além-matéria. Foi assim quanto ao poder de objetos, talismãs e adereços. Teriam eles, poder de descortinar o passado de alguém ou prever o futuro, ou atrair os Espíritos? Há, nesses objetos, algo que possa denominá-los, na forma vulgar, como objetos mágicos?

Dentre as vezes que Kardec abordou o tema medalhas, símbolos e demais, um texto na Revista Espírita, 11/1858, com o título “Os talismãs – medalha cabalística” trata sobre tal assunto, conforme resumo.

Uma senhora, médium sonâmbula, havia informado que determinada medalha tinha poderes especiais de atrair os Espíritos. Pediram a opinião de Kardec a respeito. Logo de início, já explica que os Espíritos são atraídos pelo pensamento e não pelo objeto em si. Espíritos que se apegam a esses objetos são inferiores, mesmo que estejam agindo de forma honesta. É que conservam, mais ou menos, as manias e ideias que tinham enquanto encarnados. Portanto, nada fora do esquadro que repitam este modelo mental no mundo dos Espíritos. Por outro lado, há também os Espíritos zombeteiros que gostam de divertirem-se à custa da ingenuidade alheia. O foco, portanto, é o pensamento e é esse que acaba por atrair os Espíritos.

Imagine que você deposita uma fé inabalável de que um copo qualquer pode atrair um bom Espírito. E todos os dias você reserva um tempo para olhar no interior deste copo a fim de atrair os bons Espíritos para um contato. Você ora com fervor e sinceridade e os Espíritos comparecem, serenam teu coração, sugerem-te bons conselhos, ajudam-te a responder as mais intrincadas questões íntimas e por aí vai. Você pode achar que o poder está no copo. Contudo, a realidade é que a força está relacionada ao teu pensamento e sentimentos para que tragam os bons Espíritos em teu benefício. O copo é apenas um amuleto e, caso seja descartado, nenhuma alteração haverá se você prosseguir na busca dos bons Espíritos com sinceridade e fervor.

A ideia de Kardec é tornar o contato com os Espíritos mais espiritual do que material. Se antes havia uma suposta “necessidade” do material para interagir com o espiritual, Kardec a retira e mostra que isto é desnecessário. O contato com os Espíritos é feito de coração para coração, de mente a mente. Não é a matéria, o objeto que atrai os Espíritos, mas o pensamento, o coração conectado e a vontade do indivíduo.

Há uma observação a ser feita. Os objetos podem ser magnetizados e, com isso, “adquirirem” algumas propriedades especiais, mas de forma passageira. Imagine alguém dotado de grande poder magnético, daqueles em que o olhar é penetrante e traz força indescritível. Este indivíduo direciona seu olhar a uma medalha, seu pensamento naquele objeto é firme e forte no intuito de magnetizá-lo. Pois bem, é possível sim que alguém ao tocar este objeto, agora já impregnado com o fluido a ele direcionado, sinta sensação diferente, ou mesmo entre em transe por conta da “força” que contém, momentaneamente, o material.

Perceba, todavia, que o poder não está no objeto em si, mas na força do pensamento que a ele foi direcionada. Kardec, como trabalhava com evocação, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, evocou São Luís e pediu que este manifestasse sua opinião relacionada ao assunto.
O benfeitor considerou o tema já amplamente debatido e questão encerrada, pois após algumas diretrizes, bem semelhantes ao pensamento de Kardec, sugeriu que ele – Kardec – se ocupasse de coisas mais sérias.

O tema em questão pode desdobrar-se e dar origem aos mais diversos questionamentos como, se há objetos com mais ou menos condições de absorver os fluidos magnéticos e ficarem mais ou menos tempo impregnados com estes.

Há muita coisa interessante a pesquisar. Que tal?

Wellington Balbo

18 de out. de 2021

Nem todo desencarne foi planejado


Como diz Richard Simonetti: “A Terra é um planeta de provas e expiações. O simples fato de aqui vivermos significa que somos Espíritos comprometidos com débitos que justificam qualquer tipo de sofrimento ou morte que venhamos a enfrentar, como contingência evolutiva, sem que tenha ocorrido um planejamento dos superiores celestes nesse particular”.

Se desencarnarmos com um tiro, por exemplo, isso não significa que nascemos para desencarnar com um tiro. Por que? Porque ninguém nasce para atirar em alguém, matar, enganar ou prejudicar o seu próximo e nem a si mesmo. Nascemos para EVOLUIR.

Os espíritos disseram na questão 741 do Livro dos Espíritos que “muitos flagelos resultam da imprevidência do homem”. O que acontece é que muitos de nós usamos mal o livre arbítrio. Vejamos estes exemplos: transgredimos a lei de trânsito, daí sofremos o acidente que pode colocar a nossa vida e de outras pessoas em risco; nos atiramos num rio perigoso para nos refrescar e daí, acontece a desencarnação por afogamento... assim somos nós, quando vivemos perigosamente ou na adrenalina. Sofremos as consequências de nossas inconsequências.

Nossos atos podem ocasionar a desencarnação antes da hora planejada. Porém, não é um suicídio direto porque não houve a intenção de se matar. É um suicídio indireto porque a pessoa sabe que aquilo é perigoso e assim mesmo arrisca a vida. Então, se alguém atirar, esta bala vai atingir algo e este algo pode ser uma pessoa.

Como disse Richard Simonetti: O simples fato de aqui vivermos significa que somos Espíritos comprometidos com débitos que justificam qualquer tipo de sofrimento ou morte que venhamos a enfrentar...”.

Também não podemos esquecer que a maioria de nós tem algo a resgatar. Salvo os casos onde o Espírito pede, antes de encarnar, uma prova difícil ou dolorosa. Exemplo: para adiantar sua evolução, para despertar familiares a observar sua fé e por tantos outros motivos. Mas a maioria são devedores, uns resgatam individualmente, outros coletivamente.

Em um acidente de carro, por exemplo, a lei divina pode poupar quem ainda não chegou a hora ou está em MORATÓRIA - como foi o caso do médium José Raul Teixeira que sofreu um acidente e sua vida foi poupada.

Um dia, numa palestra de Divaldo Franco, este o chamou e disse que no momento do acidente Joanna de Angelis entrou na sala de Divaldo e pediu para que ele orasse em agradecimento por Raul ter recebido uma longa moratória.

A lei divina também pode aproveitar o acidente para levar quem precisa ir. Esse foi o caso de Luiz Sérgio, que desencarnou em um acidente de carro e que ele relata no livro “O mundo que encontrei”. No carro, havia várias pessoas, mas só ele desencarnou. Em seu segundo livro, ele conta que em uma de suas encarnações ele sabotou a carruagem de uma pessoa para ficar com o cargo dela.

Isto não significa que todos os que escapam de um acidente estão recebendo moratória, pode ser que precisem continuar sua expiação. Como vemos, cada caso é um caso e só Deus sabe os detalhes. Cabe a nós cuidarmos e preservarmos a vida, pois ela é dada por Deus como oportunidade de evoluirmos.

A vida bem vivida pela causa do Bem pode nos dar “MORATÓRIA”, ou seja, uma sobrevida, uma dilatação do tempo de permanência do Espírito no corpo de carne. Por isso, vemos muitos trabalhadores do BEM desencarnando com idade bem avançada. Estes receberão uma carga extra de fluido vital para estender o seu tempo no corpo físico.

17 de out. de 2021

A Dor é Inevitável, O Sofrimento é Opcional


Uma amiga deu um depoimento elucidativo de como a dor e o sofrimento são coisas bem diferentes. Relatou que por ocasião do Plano Real (1994), ela e o marido possuíam uma construtora. Os negócios estavam indo de vento em popa e, da noite para o dia, eles perderam tudo e ficaram devendo milhares de reais para fornecedores e funcionários. A empresa quebrou.

Eles tinham duas opções: se desesperarem, se revoltarem ou encararem o problema de frente e buscarem a melhor solução. Optaram por aproveitar a dor e transformá-la em ferramenta de crescimento. Passaram por inúmeras dificuldades, privações, mas não se desesperaram. Reuniram forças e deram a volta por cima.

Uma porta se fecha, muitas outras se abrem. Vida é oportunidade. Uma outra amiga me revelou que tem dois irmãos separados. O primeiro, seis meses após a separação, conseguiu se reerguer e voltou a ser o que era antes. Deu a volta por cima. O outro, diante da dor da separação, optou pelo sofrimento e após 17 anos do ocorrido ainda se encontra deprimido.
A pior das mortes é o que morre dentro de nós enquanto vivemos. Tornou-se um morto vivo, um autômato, um zumbi. Morreu por dentro, não sente mais vontade de viver e aguarda o fim “definitivo”.

Imagine um casal que se separou depois de alguns anos juntos. Imagine que um deles sente uma dor terrível no início. É normal? Sim, a dor da separação é natural, é esperada. A dor, vem e vai, ela tem um movimento fluido, ela passa. Depois de alguns anos, se essa “dor” ainda persiste, na verdade não é mais dor, é “sofrimento”, ou seja, uma dor “arrastada”.

Conheci um casal que perdeu um filho num acidente. Até hoje não se recuperaram. Sofrem dia e noite, num tormento sem fim. Se revoltaram, não aceitam a perda e se colocaram nas condições de vítimas da vida. Outro casal que passou pela mesma perda, decidiu ajudar crianças órfãs e pobres. Encontraram na renovação espiritual o suporte para viver com alegria.
As perdas, todas elas, umas mais outras menos, costumam nos trazer grandes sofrimentos, mas não são irremediáveis. Dor e sofrimento são coisas diferentes.

A dor faz parte da vida, não há como evitá-la. O sofrimento, não. O sofrimento pode ser diminuído e até evitado. Vai depender de nós. Existem maneiras de atenuarmos e evitarmos o sofrimento trabalhando com nossos pensamentos e emoções.

O sofrimento é como se fosse uma dor crônica, não tratada, não cuidada, negligenciada. A dor física anuncia que algo em nós não vai bem e precisa ser tratado. A dor não é castigo: é contingência inerente à vida, cuja atuação enobrece o espírito.

O sofrimento é um conceito mais abrangente e complexo do que a dor: “em se tratando de uma doença, é o sentimento de angústia, vulnerabilidade, perda de controle e ameaça à integridade do eu. Pode existir dor sem sofrimento e sofrimento sem dor. O sofrimento, sendo mais vasto, é existencial. Ele inclui as dimensões psíquicas, psicológicas, sociais e espirituais do ser humano”.

A simples reflexão sobre a dor e o sofrimento basta para evidenciar que eles têm uma razão de ser muito profunda:

A dor é um alerta da natureza que anuncia algum mal que está nos atingindo e que precisamos enfrentar. Se não fosse a dor, sucumbiríamos a muitas doenças sem sequer nos dar conta do perigo.

  • “O sofrimento é inerente ao estado de imperfeição, mas atenua-se com o progresso e desaparece quando o Espírito vence a matéria”. “O sofrimento é um meio poderoso de educação para as Almas, pois desenvolve a sensibilidade, que já é, por si mesma, um acréscimo de vida”. “O sofrimento é o misterioso operário que trabalha nas profundezas de nossa alma, e trabalha por nossa elevação”. “Em todo o universo, o sofrimento é sobretudo um meio educativo e purificador”.
  • “O primeiro juiz enviado por Deus é o sofrimento, que procura despertar a consciência adormecida”. “É apelo à ascensão. Sem ele seria difícil acordar a consciência para a realidade superior. Aguilhão benéfico, o sofrimento evita-nos a precipitação nos despenhadeiros do mal, auxilia-nos a prosseguir entre as margens do caminho, mantendo-nos a correção necessária ao êxito do plano redentor”. (Equipe Feb, 1995)


Allan Kardec, no cap. VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz-nos que todos os sofrimentos, misérias, decepções, dores físicas, perda de entes queridos encontram sua consolação na fé no futuro, na confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Naquele que não crê na vida futura, as aflições se abatem com todo o seu peso e nenhuma esperança vem suavizar-lhe a amargura. O jugo será leve desde que obedeçamos à lei. Mas, que lei? A lei áurea deixada por Jesus: “Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fosse feito”. Praticando-a, vamos atualizando as nossas potencialidades de justiça, amor e caridade, primeiramente com relação a Deus e, secundariamente, com relação a nós mesmos e ao nosso próximo.

Fernando Rossit