31 de mai. de 2011

Biografia: John Wilmot Rochester - Conde de Rochester


John Wilmot Rochester, Conde de Rochester, célebre almirante sob o reinado de Carlos II, da Inglaterra, nasceu em 1 ou 10 de abril de 1647. Filho de Henry Wilmot e Anne (viúva de Sir Francis Henry Lee), Rochester parecia-se com o pai, no físico e no temperamento, dominador e orgulhoso. Henry Wilmot havia recebido o título de Conde devido ao seu empenho em levantar dinheiro na Alemanha para ajudar o rei Carlos I a recuperar o trono, depois de ter sido obrigado a deixar a Inglaterra.
Quando seu pai morreu, Rochester tinha 11 anos e herdou o título de Conde, pouca herança e honrarias.
O jovem J.W. Rochester cresceu em Ditchley entre a bebida, as intrigas do teatro, as amizades artificiais com os poetas profissionais, a luxúria, os bordeis de Whetstone Park e a amizade do rei a quem ele desprezava.
Sua cultura, para época, foi ampla: dominava o latim e o grego , conhecia os clássicos, o francês e o italiano.
Em 1661, com 14 anos, saiu do Wadham College, em Oxford, com o título de "Master of Arts". Partiu, então, para o Continente (França e Itália) e tornou-se uma figura interessante: alto, atraente, inteligente, charmoso, brilhante, sutil, educado e modesto, característicos ideais para conquistar a frívola sociedade de seu tempo.
Quando ainda não contava com 20 anos, em janeiro de 1667, casou-se com Elizabeth Mallet. Dez meses após, a bebida começava a afetar seu caráter. Teve quatro filhos com Elizabeth e uma filha, em 1667 com a atriz Elizabeth Barry.
Vivendo as mais diferentes experiências, desde combates à marinha holandesa em alto mar até envolvimento em crime de morte, a vida de Rochester seguiu por caminhos de desatinos, abusos sexuais, alcoólicos e charlatanismo, um período em que atuou como "médico".
Quando contava com 30 anos, Rochester escreve a um amigo companheiro de aventuras relatando estar quase cego, coxo e com poucas changes de rever Londres.
Em uma rápida e curta recuperação, Rochester retorna a Londres.
Pouco tempo depois, agonizante, realiza sua última aventura: chama o sacerdote Gilbert Burnet e ditalhe suas memórias. Em suas reflexões finais, Rochester reconhecia ter vivido uma existência iníqua, cujo fim lhe chegava lenta e penosamente em razão das doenças venéreas que lhe dominavam.
Conde de Rochester morreu em 26 de julho de 1680.
No estado de Espírito, ele recebe a missão de trabalhar pela propagação do Espiritismo, e, para isso, escolheu e preparou um médium desde a infância, a fim de poder cumprir a tarefa. Esse médium,
a Sra. Wera Krijanowskaia, é uma jovem filha de família russa mui distinta. Não obstante ter recebido no Instituto Imperial de S. Petersburgo uma sólida instrução, ela não se aprofundou em nenhum ramos de conhecimentos. Depois de 300 anos através de sua médium mecânica Sra. Wera Krijanowskaia, Rochester manifesta-se para ditar sua produção histórico-literária, testemunhando que a vida se desdobra ao infinito nas suas marcas indeléveis da memória espiritual, rumo à luz e ao caminho de Deus. Sua temática passa pelas civilizações assírias, egípcia, grega e romana, percorrendo a antiguidade greco-romana e a Idade Média; bem como, pelos costumes tão dissemellhantes como a França de Luiz XI e da renascença, vindo até o século XX. Entre 1882 e 1920 teria ditado 51 romances, quase todos traduzidos já estão traduzidos para o português.
"Monumento no túmulo da famosa escritora no cemitério de Siselinna na cidade de Tallinn."
Inscrição no monumento: "Vera Kryzhanovskaia (Rochester) 1861-1924"

Relação de Livros do Conde J.W. Rochester
Livros em ordem alfabética

. Abadia dos Beneditinos
. Algemas Douradas . Herculânum
. Alma de Minh´Alma . Ira Divina, A
. Bem Aventurado os Pobres de Espírito . Laço da Morte, O
. Bruxa Naema, A . Legisladores, Os
. Castelo Encantado, O . Lenda do Castelo Montinhoso, A
. Chanceler de Ferro, O . Magos, Os
. Cobra Capela . Morte do Planeta, A
. Confissões de um Condenado . Na Fronteira
. Cornélius, O Centurião que Viu Jesus . Narrativas Ocultas
. Do Reino das Sombras . No Castelo da Escócia
. Dolores . Noite de São Bartolomeu, A
. Duas Esfinges, As . Nova Era
. Elixir da Longa Vida, O . Num Outro Mundo
. Episódio da Vida de Tibério . Paradigma da Humanidade, O
.Faraó Mernephtah, O . Reckenstein, Os
. Feira dos Casamentos . Romance de uma Rainha Vols. I e II
. Feitiço Infernal . Sinal da Vitória
. Flor do Pântano, A . Terrífico Fantasma, O
. Força do Amor, A . Vingança do Judeu, A

30 de mai. de 2011

Conseqüências de um Suicídio.




Na noite de 24 para 25 de Maio de 2008 manifestou-se psicofonicamente um amigo suicida que nos contou sua história e seus sofrimentos.


Disse-nos sua identidade que, por razões óbvias, não revelamos.


Antes de se manifestar psicofonicamente, este companheiro espiritual gemia de sofrimento...




Doutrinador: Podeis dizer o que sentis?

Espírito: ...O meu corpo... está todo partido.

Doutrinador: Como aconteceu isso amigo?

Espírito: Deitei-me debaixo de um comboio. Fiquei todo estraçalhado.

Doutrinador: Caíste sem querer?

Espírito: Não. Atirei-me no desespero.

Doutrinador: Olha, meu amigo, vamos rogar a Deus nosso Pai e a Jesus Nosso Mestre, a ajuda.

Espírito: Não tenho feito outra coisa... Já me disseram. Estive muito tempo louco.

Já me disseram que estou um bocadinho melhor. Mas as dores ainda são muitas.

E vim aqui hoje ouvir as vossas lições e servir ... servir de exemplo, ao mesmo tempo que venho recuperar forças aqui.

Já me explicaram... Venho buscar entrar noutro corpo para receber... poder reconstruir o meu corpo e servir de exemplo... para que nenhum de vós façais o mesmo um dia algo de semelhante àquilo que eu fiz, porque ninguém tem o direito de tirar a própria vida e sofre-se muito, muito mais do que antes desse acto, quando julgávamos que a vida era uma escuridão, que não havia saída.


Sofre-se muito... muito... não tem comparação com o sofrimento que se experimenta depois durante muitos e muitos anos... muitos e muitos anos. Eu não sei explicar, mas o corpo que já não temos continua conosco no nosso íntimo. Sentimos cada músculo, cada osso estraçalhado, tudo como se fossemos vivos. Pior, porque destruímos tudo o que tínhamos... e isso é justo, segundo percebi.


Não há outra maneira de recuperar senão o tempo e a mudança dos pensamentos. Não sabemos porquê, só mudam com muito sofrimento e depois de muito tempo passado. Ainda me dói muito, muito, muito e já lá vai muito tempo...

Doutrinador: Recordas-te há quantos anos, querido irmão?

Espírito: Vai fazer 100 anos. Só agora, há pouco é que fui socorrido. Embora sem o saber tenha sido sempre ajudado por Deus, que nunca me abandonou, e por outros seus enviados que eu nunca vi, mas que ficavam perto. Eu só via o meu corpo.

Enlouquecido de dor como se ainda fosse vivo e de desespero pelo que tinha feito, revivendo a toda e hora o acto que cometi.

Uma vez e outra via-me atirando para debaixo do comboio e via o meu corpo sendo todo desfeito.

Julgando que ia encontrar o esquecimento, encontrei a loucura e a dor que ninguém pode explicar senão vivendo... Ai...

Doutrinador: Rogamos a Deus, meu amigo, ajuda para ti. E neste momento estais sendo auxiliado por mensageiros de Jesus, Nosso Mestre.

Espírito: Estou, estou. Eu bem sinto um alívio muito grande às minhas imensas dores. Só mais uns tempos me ajudarão a recuperar, embora eu tenha boa vontade. São coisas muito demoradas...

Doutrinador: Mas vais conseguir, amigo... vais conseguir.

Espírito: Neste lado da vida, onde julgamos que se encontram os mortos, temos todo o tempo do mundo para, porque aqui não há tempo e nós, com a ajuda de todos e com a esperança e fé em Deus vamos conseguindo.

Este é mais um socorro que recebi hoje, um grande alívio para as minhas dores.

Doutrinador: E sabes, amigo, como vieste aqui ter, quem aqui te trouxe?

Espírito: Trouxe-me um auxiliar. Daqueles anjos que nos recolhem da lama, sem pedir nada em troca. Que nos acolhem e tratam da nossa loucura com medicamentos que eu não sei descrever, mas que são uma espécie dos medicamentos que na atualidade chamam homeopáticos... e muita oração em locais semelhantes a hospitais, insonorizados, higienizados, onde não entram vírus, semelhantes a pensamentos destrutivos.

Doutrinador: Muito bem, querido amigo. Temos a certeza que irás recuperar... Estamos solidários contigo...

Espírito: Sobretudo por muito má que a vida vos pareça, por maiores que sejam os golpes, afastai-vos dos pensamentos de destruição do maior bem que recebemos, que é a nosso vida, embora a nós não nos pertença. Só Deus pode decidir quando ela acaba.

Ninguém tem o direito de o fazer antes, porque receberá sempre as conseqüências.

Não que Deus nos castigue. Nós é que nos castigamos com esses atos de rebeldia, de orgulho e de insensatez.

Doutrinador: Tens razão, amigo. Certamente situações da tua última existência te levaram a esse ato desesperado...

Espírito: Mas que nunca seria justificado, porque atentei contra as leis divinas.

Doutrinador: Mas este tratamento e outros que irás receber irão ajudar a recuperar, a refletir sobre tua existência, sobre tua vida, sobre o futuro. E tenho a certeza que irás recuperar numa próxima existência, no plano físico.

Espírito: Com mais lutas ainda para mostrar que aprendi a lição e espero bem aprender!

Doutrinador: Todos nós temos sempre mais lutas...

Espírito: Mas é este ato um dos mais graves que a Humanidade pode cometer. Agora tão em voga, pois no meu tempo era condenado por todos, embora sancionado quando se tratava de lavar a honra das famílias.

Agora, por qualquer coisa se quer acabar com a vida, não dando importância às Leis de Deus, que estão fora de moda e nas quais já poucos acreditam e grandes desilusões sofrem deste lado e muito sofrimento os espera.

Daí que eu queira trabalhar quando recuperar, junto dos que permanecem vivos na Terra. Vivos de corpo, mas ainda não tendo nascido para a verdadeira vida, ignorantes como crianças que ainda não aprenderam.

É esse o meu desejo depois de curar-me. Divulgar por todos aquilo por que passei, para que registrem e evitem o ato de matar aquilo que Deus criou.

Doutrinador: Olha, querido amigo. Ainda te lembras de teu nome, de tua família, de tua cidade?

Espírito: Eu era A.B. e vivi em Braga. Vai fazer cem anos, embora tenha perdido um pouco essa noção do tempo, da sua contagem. É algo que me dizem os amigos que me rodeiam.

Doutrinador: Querido amigo, estamos solidários contigo. Estes momentos em que estás aqui conosco, certamente são boa terapia para o teu espírito. O nosso médico, que é Jesus, o médico das almas vai curar-te a ti e a nós todos através de mensageiros seus. Mas a reflexão que fizeste mostra bem como estás consciente de toda a tua situação.

Nós, aqui no plano físico, lemos relatos circunstanciados de amigos que estão na espiritualidade, que cometeram na última existência o ato do suicídio e relataram tudo o que viveram, o que sofreram, por que padeceram. E depois o reerguimento. Que é o que sucederá contigo. A fé em Deus Nosso Pai na Bondade Infinita e Jesus nosso Mestre...


Espírito: Que tudo perdoa...


Doutrinador:...Te irão ajudar. Sei que não estás sozinho aqui. Provavelmente outros amigos como tu...

Espírito: Nunca estive sozinho embora eu julgasse que sim. E ninguém está sozinho. Por mais que não o veja não o ouça não o sinta... ninguém está sozinho.

Doutrinador: ... Mas digo eu. Provavelmente outros amigos na tua situação...

Espírito: Há alguns sim. Alguns estão aqui presentes. Por que nunca se desperdiça uma oportunidade que seja para auxílio a todos que o necessitam. Nunca se desperdiça estas oportunidades num só ser, porque muitos são os aflitos.

Doutrinador: A todos os companheiros presentes o nosso abraço e rogamos a Deus muita luz para todos.

Espírito: Um pedido apenas. Ficai uns minutos pedindo muita luz sobre este ambiente, porque ela ainda é necessária para alguns amigos que estão neste ambiente sem consciência da situação em que se encontram... e dispensai mais palavras pelo orientador dos trabalhos que transmite o seu pedido de desculpas por achar que nada mais há a dizer... e que todo o trabalho deve ser dirigido ao auxilio de todos os que aqui se encontram.


Mil obrigados. Eternamente serei reconhecido. Talvez um dia vos possa pagar... aquilo que me acabastes de fazer. Que Deus vos auxilie a todos e vos proteja com bons pensamentos.

Doutrinador: Obrigado, querido amigo. Que Deus esteja contigo. Um grande abraço. Da nossa parte vamos continuar em concentração, mentalizando muita luz, durante 10, 15 minutos... o tempo necessário.



Retirado do blog Idéia Espírita

Aos quase suicida.






Sim. É a dor fulminante, a dor largamente suportada aquela que se te acumulou no coração, qual represa de fogo e fel, e aquela outra que sempre temeste e que chegou, por fim, à maneira de tempestade, arrasando-te as forças.

São elas, essas agonias indizíveis, para as quais os dicionários humanos não te fornecem palavras adequadas à necessária definição, que, muitas vezes, te fazem desejar a morte, antes do momento em que a morte apareça a cada criatura terrestre, à feição de anjo libertador.

Ainda assim, compreendendo-te os ápices de angústia, em nome de todos aqueles que te amam, aquém das fronteiras de cinza, dos quais te despediste na grande separação, rogamos-te paciência e coragem.

Ergue-te, acima de todos os escombros das próprias ilusões, e contempla os caminhos novos que a Infinita Bondade te reserva.

Se amarguras te azedaram os sonhos, espera pelo tempo cujos filtros não funcionam debalde; se desenganos te buscaram, observa que ensinamentos te trazem; se dificuldades repontaram da estrada, estuda com elas qual a melhor solução aos teus problemas de paz e de segurança; se provações surgiram, atribulando-te as horas, enumera as lições de que se façam portadoras, em teu benefício; se prejuízo te dilapidaram a existência, recorda que o trabalho nunca nos cerra as portas; e se alguém te deixou a alma vazia de afeição, pensa no amor infinito que sustenta o Universo, na certeza de que outras almas te virão ao encontro, abençoando-te o dom de amar e de servir.

Nunca esmoreças, ante as esperanças que te guiam para a vanguarda.

Quando estiveres a ponto de ceder à pior rendição de todas - aquela de recusar o dom da vida - detém-te a refletir em Deus que te criou para a Sabedoria e para o Amor.

E Ele, cujo poder arranca a erva da semente sepultada no chão para a glória solar, te arrebatará igualmente a qualquer transe de sofrimento, a fim de que sobrepaires além de todos os fracassos e de todas as crises do Mundo, de modo a que brilhes e caminhes adiante, aprendendo e trabalhando, servindo e amando, em plenitude de Vida Eterna.


Emmanuel
Extraído da revista “Informação”
Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier

O suicídio de um ateu.



O Sr. J. B. D., evocado a pedido de um de seus pais, era um homem instruído, mas imbuído ao último grau de idéias materialistas, não crendo nem em sua alma nem em Deus. Afogou-se voluntariamente há dois anos.

1. Evocação.

R. Eu sofro! Sou condenado.

2. Fomos rogados a vos chamar, da parte de um de vossos parentes, que deseja conhecer a vossa sorte; quereis nos dizer se a nossa evocação vos é agradável ou penosa?

R. Penosa.

3. A vossa morte foi voluntária?

R. Sim.

Nota: O Espírito escreveu com extrema dificuldade; a escrita era muito grande, irregular, convulsiva e quase ilegível. No seu início, mostra cólera, quebra um lápis e rasga o papel.

4. Tende mais calma; todos nós rogamos a Deus por vós.

R. Eu sou forçado em acreditar em Deus.

5. Que motivo pôde vos levar a vos destruir?

R. Aborrecimento da vida sem esperança.

Nota: Concebe-se o suicídio quando a vida é sem esperança; quer-se escapar da infelicidade a todo preço; com o Espiritismo, o futuro se abre e a esperança se legitima; o suicida não tem, pois, mais objetivo: bem mais, reconhece-se que, por esse meio, não se escapa de um mal senão para cair em um outro que é cem vezes pior. Eis porque o Espiritismo já arrancou tantas vítimas à morte involuntária. Estão, pois, errados, e são sonhadores aqueles que procuram, antes de tudo, o fim moral e filosófico? São culpáveis aqueles que se esforçam em acreditar por sofismas científicos, e supostamente em nome da razão, essa idéia desesperadora, fonte de tantos males e de crimes, que tudo acaba com a vida! Serão responsáveis, não só pelos seus próprios erros, mas de todos os males dos quais tiverem sido a causa.

6. Quisestes escapar às vicissitudes da vida; com isso ganhastes alguma coisa? Sois mais feliz agora?

R. Por que o nada não existe?

7. Quereis ser bastante bom para nos descrever a vossa situação, o melhor que puderdes.

R. Eu sofro por estar obrigado a crer em tudo o que negava. A minha alma está como num braseiro; ela está horrivelmente atormentada.

8. De onde vos vieram as idéias materialistas que tínheis quando vivo?

R. Numa outra existência, eu fui mau, e o meu Espírito estava condenado a sofrer os tormentos da dúvida durante a minha vida; também me matei.

Nota: Há aqui toda uma ordem de idéias. Pergunta-se, freqüentemente, como pode haver materialista, uma vez que tendo já passado pelo mundo espírita dever-se-ia ter dele a intuição; ora, é precisamente essa intuição que é recusada, como castigo a certos Espíritos que conservaram o seu orgulho, e não se arrependeram de suas faltas. A Terra, é preciso que não se esqueça, é um lugar de expiação; eis porque ela encerra tantos maus Espíritos encarnados.

9. Quando vos afogastes, que pensáveis que vos adviria? Que reflexões fizestes naquele momento?

R. Nenhuma; era o nada para mim. Vi depois que não tendo cumprido a minha pena, sofri toda a minha condenação, e a irei ainda muito sofrer.

10. Agora estais bem convencido da existência de Deus, da alma e da vida futura?

R. Ai de mim! Não sou senão muito atormentado por isso!

11. Tornastes a ver a vossa mulher e o vosso irmão?

R. Oh! Não.

12. Por que isso?

R. Por que reunir os nossos tormentos? Exila-se na infelicidade, não se reúne senão na felicidade; ai de mim!

13. Ficaríeis satisfeito em rever o vosso irmão, que poderíamos chamar aqui, ao vosso lado?

R. Não, não; eu estou muito baixo.

14. Por que não quereis que o chamemos?

R. É que ele não é feliz, ele não mais do eu.

15. Temeis a sua visão; entretanto, isso poderia vos fazer bem?

R. Não; mais tarde.

16. Vosso parente me pede para vos perguntar se assististes ao vosso enterro, e se ficastes satisfeito com o que ele fez nessa ocasião?

R. Sim.

17. Desejais lhe dizer alguma coisa?

R. Que se ore um pouco por mim.

18. Parece que na sociedade que freqüentáveis, algumas pessoas partilham as opiniões que tínheis quando vivo; teríeis alguma coisa a lhes dizer a esse respeito?

R. Ah! Os infelizes! Possam crer em uma outra vida! É o que posso desejar-lhes de mais feliz; poderiam compreender a minha triste posição, isso os faria refletir muito.

Evocação do irmão do precedente, professando as mesmas idéias, mas que não se suicidou. Embora infeliz, é mais calmo; sua escrita é limpa e legível.

19. Evocação.

R. Possa o quadro de nossos sofrimentos vos ser uma lição útil, e vos persuadir de que existe uma outra vida, onde se expiam as suas faltas, a sua incredulidade!

20. Vós e o vosso irmão que acabamos de chamar vos vedes reciprocamente?

R. Não, ele me foge.

21. Estais mais calmo do que ele; poderíeis nos dar uma descrição mais precisa dos vossos sofrimentos?

R. Sobre a Terra não sofreis em vosso amor-próprio, em vosso orgulho, quando sois obrigado a convir com os vossos erros? O vosso Espírito não se revolta ao pensamento de vos humilhar diante daquele que vos demonstrou que estais no erro? Pois bem! O que credes que sofre o Espírito que, durante toda uma existência, persuadiu-se de que nada existe depois dele, que ele tem razão contra todos? Quando de repente se encontra em face da estrondosa verdade, ele é aniquilado, humilhado. A isso vem se juntar o remorso por ter podido, por tanto tempo, esquecer a existência de um Deus tão bom, tão indulgente. Seu estado é insuportável; não encontra nem calma, nem repouso; não reencontrará um pouco de tranqüilidade senão no momento em que a graça santa, quer dizer, o amor de Deus, o tocar, porque o orgulho se apodera de tal modo do nosso Espírito, que o envolve inteiramente, e é preciso ainda muito tempo para se desfazer dessa vestimenta fatal; o que não é senão as preces de nossos irmãos que pode nos ajudar a dele nos desembaraçarmos.

22. Quereis falar dos vossos irmãos vivos ou em Espírito?

R. De uns e de outros.

23. Enquanto conversávamos com o vosso irmão, uma pessoa aqui presente orou por ele; essa prece lhe foi útil?

R. Ela não estará perdida. Se ele recusa a graça agora, isso lhe virá, quando estiver em estado de recorrer a esta divina panacéia.

O resultado dessas duas evocações, sendo transmitido à pessoa que nos pedira para fazê-las, recebemos dela a resposta seguinte:

Não podeis crer, senhor, o grande bem produzido pela evocação de meu sogro e de meu tio. Reconhecemo-los perfeitamente; sobretudo a escrita do primeiro tem uma analogia marcante com aquela que tinha quando vivo, tanto melhor que, durante os últimos meses que passou conosco, ela era brusca e indecifrável; nela se encontra a mesma forma das pernas das letras do parágrafo e de certas letras, principalmente os d, f, o, p, q, t.

Quanto às palavras, às expressões e ao estilo, é ainda mais surpreendente; para nós a analogia é perfeita, senão que está mais esclarecido sobre Deus, a alma e a eternidade que negava tão formalmente outrora.

Estamos perfeitamente convencidos de sua identidade; Deus nisso será glorificado pela vossa crença mais firme no Espiritismo e nossos irmãos, Espíritos ou viventes, com isso se tornarão melhores. A identidade de seu irmão não é menos evidente; com a diferença imensa do ateu ao crente, reconhecemos o seu caráter, o seu estilo, as suas formas de frases; uma palavra sobretudo nos surpreendeu, é a de panacéia; era a sua palavra habitual; ele a dizia e repetia a todos e a cada instante.

Comuniquei essas duas evocações a várias pessoas que se surpreenderam com a sua veracidade; mas os incrédulos, aqueles que partilham as opiniões de meus dois parentes, gostariam de respostas ainda mais categóricas; que o Sr. D..., por exemplo, precisasse o lugar onde foi enterrado, aquele onde se afogou, de qual maneira fez isso etc.

Para satisfazê-los e convencê-los, não poderíeis evocá-lo de novo, e, nesse caso, poderíeis dirigir-lhe as perguntas seguintes: Onde e quando se cumpriu o seu suicídio? Quanto tempo ele permaneceu sob a água? - Em que lugar seu corpo foi encontrado? - Em que lugar foi enterrado? – De que maneira, civil e religiosa, foi procedida a sua inumação? Etc.

Consenti, eu vos peço, senhor, fazer responder categoricamente a estas perguntas que são essenciais para aqueles que ainda duvidam; estou persuadido do bem imenso que isso produzirá. Espero que a minha carta vos chegue amanhã, sexta-feira, a fim de que possais fazer essa evocação na sessão da Sociedade que deve ocorrer nesse dia... etc.”

Reproduzimos esta carta, por causa de um fato de identidade que ela constata; a ela juntamos a resposta que demos, para a instrução de pessoas que não estão familiarizadas com as comunicações de além-túmulo:

... As perguntas que pedis para serem dirigidas de novo ao Espírito de vosso sogro, são, sem dúvida, ditadas por uma louvável intenção, a de convencer incrédulos; porque, em vós não se mistura nenhum sentimento de dúvida e de curiosidade; mas, um mais perfeito conhecimento da ciência espírita vos faria compreender que elas são supérfluas.

Primeiro, pedindo-me para responder categoricamente ao senhor vosso padrasto, ignorais sem dúvida que não se governa os Espíritos à vontade; eles respondem quando querem, como querem, e, freqüentemente, como podem; a sua liberdade de ação é ainda maior do que quando vivos, e têm mais meios para escaparem ao constrangimento moral do que se poderia exercer sobre eles.

As melhores provas de identidade são aquelas que eles dão espontaneamente, por sua própria vontade, ou que nascem de circunstâncias, e é, na maioria do tempo, em vão que se procure provocá-los. Vosso parente provou a sua identidade de maneira irrecusável, segundo vós; é, pois, mais que provável que recusaria responder a perguntas que, com razão, pode olhar como supérfluas e tendo em vista satisfazer a curiosidade de pessoas que lhe são indiferentes.

Ele poderia responder, como freqüentemente fazem outros Espíritos em semelhante caso: “Por que me perguntar coisas que sabeis?” Acrescentarei mesmo que o estado de perturbação e de sofrimento, em que se encontra, deve lhe tornar mais penosas as procuras desse gênero; é absolutamente como se se quisesse constranger um enfermo que pode com dificuldade pensar e falar, a contar detalhes de sua vida; isso seria, seguramente, faltar à consideração que se deve em sua posição.

Quanto ao resultado que esperais, seria nulo, estejais disto persuadido. As provas de identidade que foram fornecidas têm um valor bem maior, por isso mesmo que são espontâneas e que nada podia colocar sobre o caminho; se os incrédulos com elas não estão satisfeitos, não o estariam mais, talvez menos ainda, por perguntas previstas e que poderiam suspeitar de conivência.

Há pessoas a quem nada pode convencer; elas veriam com seus olhos o Sr. vosso sogro em pessoa, e se diriam um joguete de alucinação. O que há de melhor a fazer com eles é deixá-los tranqüilos e não perder seu tempo com discursos supérfluos; não há senão que lamentá-los, porque não aprenderão senão muito depressa, às suas custas, o que custa por ter recusado a luz que Deus lhes enviava; é contra estes, sobretudo, que Deus faz manifestar-se a severidade.

Duas palavras ainda, senhor, sobre o pedido que me fazeis de fazer essa evocação, no mesmo dia em que recebesse a vossa carta. As evocações não se fazem assim com uma varinha; os Espíritos não respondem sempre ao nosso chamado; é necessário, para isso, que possam ou que queiram; é necessário, além do mais, um médium que lhes convenha e que tenha aptidão especial necessária; que esse médium esteja disponível no momento dado; que o meio seja simpático ao Espírito etc. Todas as circunstâncias pelas quais não se pode nunca responder, e que importa de conhecer quando se quer fazer a coisa seriamente.”

Fonte: Revista Espírita (Fevereiro de 1861) – Allan Kardec
(Conversas familiares de além-túmulo)

 

Suicídio e autocastigo.




Suicídio, não pense nisso
Nem mesmo por brincadeira...
Um ato desses resulta
Na dor de uma vida inteira.

Por paixão, Quím afogou-se
Num poço de Guararema.
Renasceu em provação
Atolado no enfisema.

Matou-se com tiro certo
A menina Dilermanda.
Voltou em corpo doente,
Não fala, não vê nem anda.

Pôs fogo nas próprias vestes
Dona Cesária da Estiva...
Está de novo na Terra
Num corpo que é chaga viva.

Suicidou-se à formicida
Maricota da Trindade...
Voltou... Mas morreu de câncer
Aos quatro meses de idade.

Enforcou-se o Columbano
Para mostrar rebeldia...
De volta, trouxe a doença
Chamada paraplegia.

Queimou-se com gasolina
Dona Lília Dagele.
Noutro corpo sofre sarna
Lembrando fogo na pele.

Tolera com paciência
Qualquer problema ou pesar;
Não adianta morrer,
Adianta é se melhorar.

(Cornélio Pires)

* * *

Deus não castiga o suicida, pois é o próprio suicida quem se castiga. A noção do castigo divino é profundamente modificada pelo ensino espírita. Considerando-se que o Universo é uma estrutura de leis, uma dinâmica de ações e reações em cadeia, não podemos pensar em punições de tipo mitológico após a morte. Mergulhado nessa rede de causas e efeitos, mas dotado do livre arbítrio que a razão lhe confere, o homem é semelhante ao nadador que enfrenta o fatalismo das correntes de água, dispondo de meios para dominá-las.

Ninguém é levado na corrente da vida pela força exclusiva das circunstâncias. A consciência humana é soberana e dispõe da razão e da vontade para controlar-se e dirigir-se. Além disso, o homem está sempre amparado pelas forças espirituais que governam o fluxo das coisas. Daí a recomendação de Jesus: “Orai e vigiai”. A oração é o pensamento elevado aos planos superiores – a ligação do escafandrista da carne com os seus companheiros da superfície – e a vigilância é o controle das circunstâncias que ele deve exercer no mergulho material da existência.

O suicida é o nadador apavorado que se atira contra o rochedo ou se abandona à voragem das águas, renunciando ao seu dever de vencerias pela força dos seus braços e o poder da sua coragem, sob a proteção espiritual de que todos dispomos.

A vida material é um exercício para o desenvolvimento dos poderes do espírito. Quem abandona o exercício por vontade própria está renunciando ao seu desenvolvimento e sofre as consequências naturais dessa opção negativa. Nova oportunidade lhe será concedida, mas já então ao peso do fracasso anterior.

Cornélio Pires, o poeta caipira de Tietê, responde à pergunta do amigo através de exemplos concretos que falam mais do que os argumentos. Cada uma de nossas ações provoca uma real, o da vida. A arte de viver consiste no controle das nossas ações (mentais, emocionais ou físicas) de maneira que nós mesmos nos castigamos ou nos premiamos. Mas mesmo no autocastigo não somos abandonados por Deus que vela por nós em nossa consciência.

(Irmão Saulo)

Textos retirados do livro “Astronautas do Além”, de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires - Espíritos diversos.

Reflexões sobre o apego...



Apego é a não-aceitação da impermanência das coisas. Na Terra nada se perpetua, somente a alma é imortal.


O apego é a memória da “dor” ou do “prazer” passado, que carregamos para o futuro. Atrás de cada sofrimento existe um apego. Quando temos algo querido ou pensamos ter a posse da alguém que muito amamos, sofremos ao nos separarmos dele. O ciúme é o resultado do apego (medo de perder).


O desejo e o apego, privados de consciência reflexiva, estreitam nossa visão de felicidade, descartando novas possibilidades de uma vida pacífica e alegre.


A mente apegada a fatos, acontecimentos e pessoas é incapaz de perceber a sua essência. Aquele que está agarrado ao “ego” está vazio do “sagrado”; aquele que se liberta do “ego” descobre que sempre esteve repleto do “sagrado”.


O “desapego saudável” é uma vivência que leva ao crescimento íntimo e uma expansão da consciência, enquanto a experiência defensiva conduz a um bloqueio das sensações, fazendo com que as pessoas vivam numa aparente fuga social.

É preciso perceber a diferença entre o “amor real” e a “relação simbiótica”, ou mesmo o “apego familiar”. A realização espiritual não está em nos apegarmos egoisticamente aos entes queridos, e sim, nos interagirmos fraternalmente, uns com os outros.


Texto retirado do livro “Folhas de Outono – Idéias que mobilizam os potenciais humanos” – Ditado pelo Espírito Hammed – Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto – Editora Boa Nova.

Desprendimento dos Bens Terrenos.




Venho, meus irmãos, meus amigos, trazer-vos meu humilde auxílio, para ajudar-vos a marchar corajosamente na via de aperfeiçoamento em que entrastes. Somos devedores uns dos outros, e somente por uma união sincera e fraternal, entre os Espíritos e os encarnados, a regeneração será possível.

Vosso apego aos bens terrenos é um dos mais fortes entraves ao vosso adiantamento moral e espiritual. Em virtude desse desejo de aquisição, destruís as vossas faculdades afetivas, voltando-as inteiramente para as coisas materiais. Sede sinceros: a fortuna proporciona uma felicidade sem manchas? Quando os vossos cofres estão cheios, não há sempre um vazio em vossos corações? No fundo dessa cesta de flores, não há sempre um réptil oculto? Compreendo que um homem que conquistou a fortuna, por um trabalho constante e honrado, experimente por isso uma satisfação, aliás muito justa. Mas, desta satisfação muito natural e que Deus aprova, a um apego que absorve os demais sentimentos e paralisa os impulsos do coração, há uma distância, igual e que vai da sórdida avareza à prodigalidade exagerada, dois vícios entre os quais Deus colocou a caridade, santa e salutar virtude,que ensina o rico a dar sem ostentação, para que o pobre receba sem humilhação.


Que a fortuna provenha da vossa família, ou que a tenhais ganho pelo vosso trabalho, há uma coisa que jamais deveis esquecer: é que tudo vem de Deus, e tudo a Deus retorna. Nada vos pertence na Terra, nem sequer o vosso corpo: a morte despoja dele, como de todos os bens materiais. Sois depositários e não proprietários. Não vos enganeis sobre isto. Deus vos emprestou e tereis que restituir, mas ele vos empresta sob a condição de que, pelo menos o supérfluo, reverta para aqueles que não possuem o necessário.


Um dos vossos amigos vos empresta uma soma. Por menos honesto que sejais, tereis o escrúpulo de pagá-la, e lhe ficareis agradecido. Pois bem: eis a posição de todo homem rico! Deus é o amigo celeste que lhe emprestou a riqueza, não lhe pedindo mais do que o amor e o reconhecimento, mas exigindo, por sua vez, que o rico dê aos pobres, que são também seus filhos, tanto quanto ele.


O bem que Deus vos confiou excita em vossos corações uma ardente e desvairada cobiça. Já refletistes, quando vos apegais loucamente a uma fortuna perecível, e tão passageira como vós mesmos, que um dia tereis de prestar contas ao Senhor daquilo que Ele vos concedeu? Esquecei que, pela riqueza, fostes investidos na sagrada condição de ministros da caridade na Terra, para serdes os seus dispensadores inteligentes? O que sereis, pois, quando usais somente em vosso proveito o que vos foi confiado, senão depositários infiéis? Que resulta desse esquecimento voluntário dos vossos deveres? A morte inflexível, inexorável, virá rasgar o véu sob o qual vos escondeis, forçando-vos a prestar contas ao amigo que vos favoreceu, e que nesse momento reveste aos vossos olhos a toga de juiz.


É em vão que procurais iludir-vos na vida terrena, cobrindo com o nome de virtude o que freqüentemente é apenas egoísmo. É em vão que chamais economia e previdência aquilo que é simples cupidez e avareza, ou generosidade o que não passa de prodigalidade a vosso proveito. Um pai de família, por exemplo, deixando de fazer a caridade, economizará, amontoará ouro sobre ouro, e tudo isso, diz ele, para deixar a seus filhos o máximo de bens possível, evitando-lhes a queda na miséria. É bastante justo e bem paternal, convenhamos, e não se pode censurá-lo. Mas será sempre esse o único objetivo que o orienta? Não é antes, e o mais das vezes, uma desculpa para a própria consciência, a fim de justificar aos seus próprios olhos e aos olhos do mundo o seu apego pessoal aos bens terrenos? Não obstante, admito que o amor paterno seja o seu único móvel: será esse um motivo para fazê-lo esquecer dos seus irmãos perante Deus? Quando ele mesmo já vive no supérfluo, deixará os seus filhos na miséria, simplesmente por deixar-lhes um pouco menos desse supérfluo? Com isso, não estará lhes dando uma lição de egoísmo, que lhes endurecerá o coração? Não será asfixiar neles o amor do próximo? Pais e mães, estais num grande erro, se acreditais que com isso aumentais o afeto de vossos filhos por vós: ensinando-lhes a ser egoísta para com os outros, ensinai-lhes a sê-lo para vós mesmos.


Quando um homem trabalhou bastante, e com o suor do seu rosto acumulou bens, costuma dizer que o dinheiro ganho a gente sabe quanto custou: nada é mais verdadeiro. Pois bem: que esse homem, confessando conhecer todo o valor do dinheiro, faça a caridade segundo as suas posses, e terá mais mérito do que outro que, nascido na abundância, ignora as rudes fadigas do trabalho. Mas, se esse homem que recorda suas penas, seus esforços, se fizer egoísta, duro para com os pobres, será muito mais culpado que os outros. Porque, quanto mais conhecemos por nós mesmos as dores ocultas da miséria, mais devemos interessar-nos pelo socorro aos outros.


Infelizmente, o homem de posse carrega sempre consigo outro sentimento, tão forte como o apego à fortuna: é o orgulho. Não é raro ver-se o novo rico aturdir o infeliz que lhe pede assistência, com a história dos seus trabalhos e das suas habilidades, em vez de ajudá-lo, e terminar por dizer: “Faça como eu fiz!” Segundo ele, a bondade de Deus não influiu em nada na sua fortuna; somente a ele cabe o mérito. Seu orgulho põe-lhe uma venda nos olhos e um tampão nos ouvidos. Não compreende que, com toda a sua inteligência e sua capacidade, Deus pode derrubá-lo com uma só palavra.



Esperdiçar a fortuna não é desapegar-se dos bens terrenos, é descuido e indiferença. O homem, como depositário dos bens que possui, não tem o direito de dilapidá-los ou de confiscá-los para o seu proveito. A prodigalidade não é generosidade, mas quase sempre uma forma de egoísmo. Aquele que joga ouro a mancheias na satisfação de uma fantasia, não dará um centavo para prestar um auxílio. O desapego dos bens terrenos consiste em considerar a fortuna no seu justo valor em saber servir-se dela para os outros e não apenas para si mesmo, a não sacrificar por ela os interesses da vida futura, em perdê-la sem reclamar, se aprouver a Deus retirá-la. Se, por imprevistos revezes, vos tornardes como Jó, dizei como ele: “Senhor, vós me destes, vós me tirastes; que a Vossa vontade seja feita”. Eis o verdadeiro desprendimento. Sede submissos desde logo, tendo fé naquele que, assim como vos deu e tirou, pode devolver-vos. Resisti corajosamente ao abatimento, ao desespero, que paralisaria as vossas forças. Nunca vos esqueçais, quando Deus vos desferir um golpe, que ao lado da maior prova, ele coloca sempre uma consolação. Mas pensai, sobretudo, que há bens infinitamente mais preciosos que os da Terra, e esse pensamento vos ajudará a desprender-vos deles. Quanto menos apreço damos a uma coisa, somos menos sensíveis à sua perda. O homem que se apega aos bens terrenos é como a criança que só vê o momento presente; o que se desprende é como o adulto, que conhece coisas mais importantes, porque compreende estas palavras proféticas do Salvador: meu reino não é deste mundo.


O Senhor não ordena que atiremos fora o que possuímos, para nos tornarmos mendigos voluntários, porque então nos transformaríamos numa carga para a sociedade. Agir dessa maneira seria compreender mal os desprendimentos dos bens terrenos. É um egoísmo de outra espécie, porque equivale a fugir à responsabilidade que a fortuna faz pesar sobre aquele que a possui. Deus a dá a quem lhe parece bom para administrá-la em proveito de todos. O rico tem, portanto, uma missão, que pode tornar bela e proveitosa para si mesmo. Rejeitar a fortuna, quando Deus vo-la dá, é renunciar aos benefícios do bem que se pode fazer, ao administrá-la com sabedoria. Saber passar sem ela, quando não a temos; saber empregá-la utilmente, quando a recebemos; saber sacrificá-la, quando necessário; isto é agir segundo os desígnios do Senhor. Que diga, portanto, aquele que recebe o que o mundo chama uma boa fortuna: “Meu Deus, enviastes-me um novo encargo; dai-me a força de o desempenhar segundo a vossa santa vontade!”


Eis, meus amigos, o que eu queria ensinar-vos, a respeito do desprendimento dos bens terrenos. Resumirei dizendo: aprendei a contentar-vos com pouco. Se sois pobres, não invejeis o ricos, porque a fortuna não é necessária à felicidade. Se sois ricos, não esqueçais de que os vossos bens vos foram confiados, e que deveis justificar o seu emprego, como numa prestação de contas de tutela. Não sejais depositários infiéis, fazendo-os servir à satisfação do vosso orgulho e da vossa sensualidade. Não vos julgueis no direito de dispor deles unicamente para vós, pois não os recebestes como doação, mas como empréstimo. Se não sabeis pagar, não tendes o direito de pedir, e lembrai-vos de que dar aos pobres é saldar a dívida contraída para com Deus.
LACORDAIRE
Constantina, Argélia, 1863


Texto retirado do “Evangelho Segundo o Espiritismo” (Cap. XVI)




Apego.





Um dia um homem já de certa idade abordou um ônibus. Enquanto subia, um de seus sapatos escorregou para o lado de fora... A porta se fechou e o ônibus saiu; então ficou incapaz de recuperá-lo. O homem tranquilamente retirou seu outro sapato e jogou-o pela janela.

Um rapaz no ônibus, vendo o que aconteceu e não podendo ajudar ao homem, perguntou: "Notei o que o senhor fez. Por que jogou fora seu outro sapato?"

O homem prontamente respondeu: "De forma que quem o encontrar seja capaz de usá-los. Provavelmente apenas alguém necessitado dará importância a um sapato usado encontrado na rua. E de nada lhe adiantará apenas um pé de sapato..."

O homem mostrou ao jovem que não vale a pena agarrar-se a algo simplesmente por possuí-lo e nem porque você não deseja que outro o tenha.

Perdemos coisas o tempo todo. A perda pode nos parecer penosa e injusta inicialmente, mas a perda só acontece de modo que mudanças, na maioria das vezes positivas, possam ocorrer em nossa vida.

Como o homem da história, nós temos que aprender a desprender. Alguma força decidiu que era hora daquele homem perder seu sapato. Talvez isto tenha acontecido para iniciar uma série de outros acontecimentos bem melhores para o homem do que aquele par de sapatos. Talvez a procura por outro par de sapatos tenha levado o homem a um grande benfeitor. Talvez uma nova e forte amizade com o rapaz no ônibus. Talvez aquele rapaz precisasse presenciar aquele acontecimento para adotar uma ação semelhante. Talvez a pessoa que encontrou os sapatos tenha, a partir daí, a única forma de proteger os pés.

Seja qual for a razão, não podemos evitar de perder coisas. O homem sabia disto. Um de seus sapatos tinha saído de seu alcance. O sapato restante não mais lhe ajudaria, mas seria um ótimo presente para uma pessoa desabrigada, precisando desesperadamente de proteção do chão.

Acumular posses não nos faz melhores e nem faz o mundo melhor. Todos temos que decidir constantemente se algumas coisas devem manter seu curso em nossa vida ou se estariam melhor com os outros.

Autor desconhecido
(Texto recebido via e-mail, se voce conhece o autor, por favor, informe!)

Os Anjos Segundo o Espiritismo.




Que haja seres dotados de todas as qualidades atribuídas aos anjos, não restam dúvidas. A revelação espírita neste ponto confirma a crença de todos os povos, mas nos faz conhecer, ao mesmo tempo, a origem e natureza de tais seres.

As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos e sem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirirem tudo o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o mesmo.

Conseguem-no mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos graus a percorrer, o mesmo trabalho a concluir. Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo, e, visto serem todos seus filhos, não têm predileções. Ele lhes diz: Eis a lei que deve constituir a vossa norma de conduta; só ela pode levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe for contrário é o mal. Tendes inteira liberdade de observar ou infringir esta lei, e assim sereis os árbitros da vossa própria sorte.

Deus, portanto, não criou o mal; todas as suas leis são para o bem, e foi o próprio homem quem criou esse mal, infringindo essas leis; se ele as observasse, escrupulosamente, jamais se desviaria do bom caminho.

Entretanto, a alma, qual criança, é inexperiente nas primeiras fases da existência, e por isso ela é falível. Não lhe dá Deus essa experiência, mas dá-lhe meios de adquiri-la. Assim, um passo em falso, no caminho do mal, é um atraso para a alma, que, sofrendo-lhe as conseqüências, aprende à sua custa o que importa evitar. Deste modo, pouco a pouco, se desenvolve, aperfeiçoa e avança na hierarquia espiritual até ao estado de Espírito puro ou anjo.

Os anjos são, pois, as almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fruindo em sua plenitude a prometida felicidade. Antes, porém, de atingir o grau supremo, gozam de felicidade relativa ao seu adiantamento, felicidade que consiste, não na ociosidade, mas nas funções que a Deus apraz confiar-lhes, e por cujo desempenho se sentem felizes, tendo ainda nele um meio de progresso.

A Humanidade não se limita à Terra; ela habita inúmeros mundos que no Espaço circulam; já habitou aqueles que desapareceram e habitará os que se formarem. Tendo-a criado de toda a eternidade, Deus jamais cessa de criá-la. Muito antes que a Terra existisse e por mais remota que a suponhamos, outros mundos haviam, nos quais Espíritos encarnados percorreram as mesmas fases que ora percorrem os de mais recente formação, atingindo seu fim antes mesmo que houvéramos saído das mãos do Criador.

De toda a eternidade tem havido, pois, Espíritos puros ou anjos; mas, como a sua existência humana se passou num infinito passado, eis que os supomos como se tivessem sido sempre anjos de todos os tempos.

Realiza-se assim a grande lei de Unidade da Criação; Deus nunca esteve inativo e sempre teve Espíritos puros, experimentados e esclarecidos, para transmissão de suas ordens e direção do Universo, desde o governo dos mundos até os mais ínfimos detalhes. Tampouco teve Deus necessidade de criar seres privilegiados, isentos de obrigações; todos, antigos ou novos, adquiriram suas posições na luta e por mérito próprio; todos, enfim, são filhos de suas obras.

E, desse modo, completa-se com igualdade a Soberana Justiça do Criador.


Texto retirado do livro “O Céu e o Inferno - A Justiça Divina Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec