Este espaço foi criado com o objetivo de falar um pouco a respeito do Espiritismo, trazer alguns esclarecimentos a respeito desta doutrina tão consoladora.
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14 de fev. de 2014
Provas Científicas da Existência Espiritual
Autor: Léon Denis. Livro: Depois da Morte
Foi no seio da grande Confederação americana,
em 1850, que, pela
primeira vez, as manifestações espíritas atraíram
a atenção pública. Pancadas
faziam-se ouvir em vários aposentos, móveis
deslocavam-se sob a ação de
uma força invisível, mesas agitavam-se e feriam
ruidosamente o solo. Tendo
um dos espectadores tido a idéia de combinar as
letras do alfabeto com o
número de pancadas, estabeleceu-se uma
espécie de telegrafia espiritual e a
força oculta pôde conversar com os assistentes.
Disse ser a alma de uma
pessoa conhecida que tinha vivido no país,
entrou em minudências muito
exatas sobre a sua identidade, vida e morte, e
relatou particularidades que
dissiparam todas as dúvidas. Outras almas foram
evocadas e responderam
com a mesma precisão. Todas se diziam
revestidas de um corpo fluídico,
invisível aos nossos sentidos, porém que não
deixava de ser material.
Rapidamente, multiplicaram-se as
manifestações, que, pouco a pouco, se
foram estendendo por todos os Estados da
União. De tal sorte preocuparam a
opinião, que certos sábios, acreditando ver nelas
uma causa de perturbação
para a razão e paz pública, resolveram observá-
las de perto, a fim de
demonstrarem o seu absurdo. Foi assim que o
juiz Ednionds, Presidente do
Supremo Tribunal de Nova York e Presidente do
Senado, e o professor de Quí-
mica, Mapes, da Academia Nacional, foram
levados a se pronunciarem sobre a
realidade e o caráter dos fenómenos espíritas.
Suas conclusões, formuladas
depois de rigoroso exame, constam em obras
importantes, e por elas está
declarado que tais fenómenos eram reais e que
só podiam ser atribuidos à
ação dos Espíritos.
Propagou-se o movimento a tal ponto que, em
1852, foi dirigida ao
Congresso em Washington uma petição assinada
por quinze mil pessoas, a fim
de se obter a proclamação oficial da realidade
dos fenômenos.
Um sábio célebre, Robert Hare, professor na
Universidade da Pensilvânia,
tomou francamente o partido dos espíritas,
publicando, sob o titulo:
Ezperimental Investigations of the Spiritual
Manifestatzons, uma obra que fez
sensação, e na qual estabeleceu cientificamente a
intervenção dos Espíritos.
Robert Dale Owen, sábio e escritor notável,
também se ligou a esse
movimento de opinião, e escreveu várias obras
para o favorecer, entre as quais
a que teve por título: Footfalls on the Boundary
of Another World (Investidas às
fronteiras de um outro mundo, 1877),
conseguindo um êxito considerável.
Segundo Russel Wallace, o Modern Spiritualism
conta hoje, nos Estados
Unidos, onze milhões de adeptos, representados
por uma imprensa numerosa
(22 jornais ou revistas), cujo órgão principal é o
Banner of Light, de Boston.
*
Na Inglaterra, porém, é que as manifestações
espíritas foram submetidas à
análise mais metódica. Numerosos sábios
ingleses têm estudado os
fenômenos da mesa com uma atenção
perseverante e minuciosa, e é deles
que nos vêm os mais formais testemunhos.
Em 1869, a Sociedade Dialética de Londres, uma
das mais autorizadas
agremiações científicas, nomeou uma Comissão
de trinta e três membros,
sábios, literatos, prelados, magistrados, entre os
quais Sir John Lubbock, da95
Royal Society, Henry Lewes, hábil fisiologista,
Huxler, Wallace, Crookes, etc.,
para examinar e “aniquilar para sempre” esses
fenômenos espíritas, que, dizia
a moção, “são somente produto da imaginação”.
Depois de dezoito meses de
experiências e de estudos, a Comissão, em seu
relatório, reconheceu a
realidade dos fenômenos e concluiu em favor do
Espiritismo.
Na enumeração dos fatos observados, o relatório
não só demonstra as
pancadas e os movimentos da mesa, mas
também menciona “aparições de
mãos e de formas que, não pertencendo a
nenhum ente humano, pareciam
vivas por sua ação e mobilidade. Essas mãos
eram algumas vezes tocadas e
seguradas pelos assistentes, convencidos de que
elas não eram o resultado de
uma impostura ou de uma ilusão”.
Um dos trinta e três, A. Russel Wallace,
colaborador de Darwin, e, depois
da morte deste, o mais eminente representante
do evolucionismo, prosseguiu
suas investigações e consignou os seus
resultados numa obra de grande êxito:
Miracles and Modern Splritualism. Falando dos
fenômenos, exprime-se nestes
termos: “Quando me entreguei a essas
experiências, era fundamentahnente
materialista. Não havia em minha mente
concepção alguma de existência
espiritual. Contudo, os fatos são obstinados;
venceram e obrigaram-me a aceitá-los muito
tempo antes que eu pudesse admitir a sua
explicação espiritual.
Esta veio sob a Influência constante de fatos
sucessivos que não podiam ser
afastados nem explicados de nenhuma outra
maneira.”
Entre os sábios ingleses cujos testemunhos
públicos podem ser invocados
em favor da manifestação dos Espíritos, também
citaremos StaInton Moses
(mais conhecido por Oxon), professor da
Faculdade de Oxford, que sobre estas
matérias publicou um livro intitulado Spzrit
Identity, e uma outra obra
denominada Psychography (82), onde trata
principalmente dos fenômenos de
escrita direta; Warley, engenheiro-chefe dos
telégrafos, Inventor do
condensador elétrico; Sergent Cox, jurisconsulto;
A. de Morgan, presidente da
Sociedade Matemática de Londres, que afirma
claramente as suas crenças na
obra: From Matter to Spirit; o professor Challis,
da Universidade de Cambridge;
os Drs. Charbers, Janies Oully, G. Sexton, etc.
Além de todos estes nomes, justamente
estimados, há um outro, maior e
mais ilustre, que vem juntar-se à lista dos
partidários e defensores do
Espiritismo; é o de Wilhiam Crookes, membro da
Royal Soclety (Academia de
Ciências da Inglaterra).
Não há ciência que não deva uma descoberta ou
um progresso a esse
Espírito sagaz. Os trabalhos de Crookes sobre o
ouro e a prata, sua aplicação
do sódio ao processo de amalgamação são
utilizados em todas as oficinas metalúrgicas da
América e da Austrália. Com o auxílio do
heliômetro do
Observatório de Greenwich, foi ele o primeiro
que pôde fotografar os corpos
celestes; as suas reproduções da Lua são
célebres. Seus estudos sobre os
fenômenos da luz polarizada, sobre a
espectroscopia não são menos
conhecidos. Crookes descobriu também o tállo.
Todos esses trabalhos, porém,
são excedidos por sua magnífica descoberta do
quarto estado da matéria,
descoberta que lhe assegura um lugar no
panteão da Inglaterra, ao lado de
Newton e de Herschell, e um outro mais
admirável ainda na memória dos
homens.
William Crookes entregou-se, durante dez anos,
ao estudo das
manifestações espíritas e, para verificá-las
cientificamente, construiu
instrumentos de precisão e delicadeza inauditas.
Com o auxílio de um médium96
notável, a jovem Florence Cook, e de outros
sábios tão rigorosamente
metódicos como ele, operava em seu próprio
laboratório, cercado de aparelhos
elétricos, que teriam tornado Impossível ou
mortal qualquer tentativa de fraude.
Em sua obra: Reaearches in the Phenomena ai
Spirituausm (83), Crookes
analisa as diversas espécies de fenômenos
observados: movimentos de corpos
pesados, execução de peças musicais sem
contacto humano, aparições de
mãos em plena luz, aparições de formas e de
figuras, etc. Durante vários
meses, o Espírito de uma jovem e graciosa
mulher, chamada Katie King,
mostrou-se, todas as noites, aos olhos dos
investigadores, revestindo, por
alguns instantes, as aparêúcias de um corpo
humano provido de órgãos e de
sentidos, conversando com Crookes, com sua
esposa e com os assistentes,
submetendo-se a todas as experiências exigidas,
deixando-se tocar, auscultar,
fotografar, após o que se esvaia como tênue
névoa. Essas curiosas
manifestações estão longamente relatadas na
obra referida, de WUliam
Crookes.
A Society por Psychical Research, outra
agremiação de sábios, entrega-se,
há dez anos, a investigações profundas sobre os
fenômenos de aparições.
Várias centenas de casos foram descobertos por
ela, consignados na sua
revista, denominada Proceedings e numa obra
especial: Phantaams ai the
Living, dos Drs. Myers, Gurney e Podmore, que
explicam tais fenômenos pela
telepatia ou transmissão do pensamento entre os
seres humanos. Quase todos
esses fenômenos sucederam-se no momento da
morte de pessoas que, em
certas ocasiões, se reproduziram nas ditas
aparições. Uma leitura atenciosa
dos Proceedings não permite que aceitemos,
para um grande número de
casos, as diferentes explicações dadas por esses
doutores, como sendo tais
fenômenos o produto da ação mental a distância
ou da alucinação, nem
mesmo é razoável admitir-se o caráter subjetivo
que, em geral, lhes atribuem.
A objetividade, a realidade desses fatos ressalta
dos próprios termos dos
Proceedings e dos testemunhos recolhidos
durante as Investigações: “As
aparições têm, em certos casos, impressionado
os animais; ao seu aspecto,
cães bravios são tomados pelo terror, ocultam-se
e fogem; cavalos passam
apressadamente, trêmulos por todo o corpo,
cobrem-se de suor ou recusam-se
a avançar.” (84)
“Algumas aparições deram lugar a impressões
auditivas, táteis e visuais.
Fantasmas, em diversos andares de uma casa,
foram vistos sucessivamente
por diversas testemunhas.” (85)
Na obra Phantasms of the Living estão referidos
muitos efeitos físicos que
foram produzidos, tais como ruidos, pancadas,
abertura de portas,
deslocamento de objetos, etc.; aí também foram
mencionadas vozes predizendo os
acontecimentos (86). Certas aparições também
puderam ser
fotografadas. (87)
Na Alemanha, os mesmos testemunhos da
existência dos Espíritos e de
suas manifestações decorrem dos trabalhos do
astrônomo Zõllner, dos
professores Ulricl, Weber, Fechner, da
Universidade de Leipzig; Carl du Prel,
de Munique. Esses sábios, cépticos todos, a
princípio, e igualmente animados
do desejo de desmascarar o que consideravam
trapaças vulgares, foram
constrangidos, pelo respeito à verdade, a
proclamar a realidade dos fatos
observados. (88)
*97
O movimento espírita estendeu-se aos países
latinos. A Espanha possui,
em cada uma das suas principais cidades, uma
sociedade e um jornal de
estudos psíquicos. A agremiação mais
importante é o Centro Barcelonês, ao
qual está ligada a União Escolar Espiritista, cujo
órgão é a Revista de Estudos
Psicológicos. Uma federação reúne todos os
grupos e círculos da Catalunha,
em número superior a cem. O seu presidente é o
visconde Torres-Solanot,
escritor e experimentador distinto.
Na Itália também se produziram manifestações
importantes em favor do
Espiritismo. Depois das experiências do
professor Ercole Chiaia, de Nápoles,
realizadas com a médium Eusápia Paladino, aí se
travaram debates
apaixonados, que têm agitado o mundo sábio.
Esse investigador reproduziu
todos os fenômenos notáveis do Espiritismo:
transportes, materializações,
levitações, etc., aos quais também se devem
adicionar as impressões de pés e
mãos e fisionomias em parafina derretida, assim
obtidas em recipientes
isolados de todo e qualquer contacto humano.
A publicidade que se deu a esses fatos provocou
uma crítica vivaz da parte
do professor Lombroso, criminalista e
antropologista célebre. Oferecendo-se o
Sr. Chiaia para produzir novamente os mesmos
fenômenos, realizaram-se
então, em fins do ano 1891, várias sessões na
própria casa de Lombroso, em
Nápoles. Este, auxiliado por outros professores,
os Srs. Tamburini, Virgilio,
BIancht, Vlzioli, da Universidade de Nápoles,
pôde assim verificar a realidade
dos fatos espíritas, que depois se tornou pública.
(89)
Em carta publicada ulteriormente (90), o
professor Lombroso menciona as
experiências realizadas pelos Drs. Barth e
Defiosa, durante as quais o primeiro
destes viu seu pai, já falecido, que então o
abraçou duas vezes. Em outra
sessão, o banqueiro Kirsch viu aparecer uma
pessoa sua afeiçoada, morta
havia vinte anos, e que lhe falou em francês,
língua desconhecida do médium.
O professor Lombroso tentou explicar todos os
fenômenos espíritas pela
“exteriorização da força psíquica do médium”,
porém não demonstrou como
essa teoria poderia a eles adaptar-se.
Desde então, em 18 de novembro de 1892,
L’Italia dei Popolo, jornal
político em Milão, publicou um suplemento
especial em que se vêem as atas
das dezessete sessões efetuadas nessa cidade,
em casa do Sr. Finzi, com a
presença da mesma médium Eusápia Paladino.
Esses documentos estão
assinados pelos seguintes sábios eminentes de
diversos países:
Schiaparelli, diretor do Observatório Astronômico
de Milão;
Alezander Aksakol, conselheiro de Estado da
Rússia, diretor da revista
Psychische Studten, de Leipzig;
Carl du Prel, de Munique;
Angelo Brofferio, professor de Filosofia;
Gérosa, professor de Física na Escola Superior de
Agricultura, em Portici;
Ermacora e G. Finzi, doutores em Física;
Charles Richet, professor na Faculdade de
Medicina de Paris, diretor da
Revue Scientifique;
Lombroso, professor da Faculdade de Medicina
de Turlm.
Essas atas mencionam a produção dos seguintes
fenômenos, observados
em plena luz:
“Movimentos mecânicos, que não podem ser
explicados pelo contacto das
mãos; levantamento completo da mesa;
movimentos mecânicos com o98
contacto indireto das mãos da médium, exercido
de forma a tornar Impossível
qualquer ação desta, movimentos espontâneos
de objetos a distância, sem
nenhum contacto com as pessoas presentes;
movimentos da mesa também
sem contacto; movimentos dos braços de uma
balança; pancadas e reproduções de sons na
mesa.”
Fenômenos obtidos na obscuridade, estando os
pés e as mãos da médium
constantemente seguros por duas das pessoas
presentes:
“Transporte de diversos objetos, sem contacto,
tais como: cadeiras,
Instrumentos de música, etc.; impressão de
dedos sobre papel enegrecido por
carvão; modelamento de dedos na argila;
aparições de mãos sobre um fundo
luminoso; aparições de luzes fosforescentes;
levantamento da médium para
cima da mesa; mudanças de cadeiras com as
pessoas que as ocupavam;
sensação de apalpadelas.”
Enfim, à meia-luz:
“Aparições de mãos humanas e vivas sobre a
cabeça da médium; contacto
de uma figura humana barbuda.”
Nas suas conclusões, os referidos
experimentadores estabelecem que, devido
às precauções tomadas, não era possível
nenhuma fraude. Do conjunto dos
fenômenos observados, dizem eles, depreende-
se a vitória de uma verdade
que injustamente muitos têm querido tornar
impopular.
*
No Brasil, em Portugal, nos Açores, na Austrália,
nas Repúblicas do Rio da
Prata e do Pacifico, no México, em Porto Rico e
Cuba, o Espiritismo também se
tem desenvolvido extraordinariamente, devido
Isso, em grande parte, à boa
aceitação que ele encontra na consciência dos
povos e aos fatos que se
produzem.
Em todos esses países há centros e revistas ou
jornais espíritas que se
encarregam de propagar esta consoladora
doutrina, entre as quais podemos
mencionar, como mais antigos, o Reformador,
órgão da Federação Espírita
Brasileira, com sede no Rio de Janeiro, a Revista
Espírita de la Habana, órgão
da Sociedade La Reencarnación, em Havana, e a
revista Constancia, órgão da
Sociedade Espírita Constância, de Buenos Aires.
(82) “Ensinos Espirituallstas”, livro muito
recomendável pela sua
elevação moral.
(83) “Fatos Espíritas”. Edição da FEB. — (N. T.)
(84) “Proceedings”, pág. 151.
(85) “Proceedings”, págs. 102 e 107.
(86) “Phantasms of the Living”, págs. 102 e 149.
“Proceedings”, pág. 305.
(87) “Annales des Sclences Psychiques”, págs.
356 e 361.
(88) Ler “Wissenschaftliche Abhandiungen”, por
Zõllner. Idem, “O
Desconhecido”, por Camille Flammarion. — (N.T.)
(89) Ver a obra “O Fenômeno Espírita”,
testemunho de sábios, por Gabriel
Delanne, pág. 235.
(90) Idem, pág. 238.99
20
O ESPIRITISMO NA FRANÇA
Na França não há tantos sábios espíritas como na
Inglaterra, pois os seus
homens de ciência, mais talvez do que em
qualquer outro país, têm
testemunhado Indiferença ou reserva proposital a
respeito das manifestações
psíquicas. Vêem-se, entretanto, belas exceções.
Assinalamos somente Camille
Flammarion, cujo estilo encantador popularizou a
ciência dos mundos, e
Babinet, membro do Instituto. Estes dois sábios
fizeram ato de adesão ao Espiritismo; o primeiro,
por seu discurso pronunciado no túmulo de Allan
Kardec;
o segundo, por uma carta ao Dr. Feytaud (1867),
carta que se tornou pública, e
na qual fez conhecer sua intenção de expor ao
público os fenômenos incríveis
de que foi testemunha, e cuja realidade pensa
poder demonstrar, decidido
como está a ir avante. A sua morte, porém,
impediu a execução desse projeto.
Mais recentemente, um jovem sábio, de grande
futuro, o Dr. Paul Gibier,
discípulo favorito de Pasteur e diretor do
Instituto Anti-Rábico de Nova York,
publicou duas obras: O Espiritismo ou
Faquirismo Ocidental (Paris, 1887) e
Análise das Coisas (1889) (91), nas quais estuda
conscienciosamente e afirma,
com coragem, a existência dos mesmos fatos.
O Dr. Gibier, com o auxílio do médium Slade,
estudou, de modo muito
especial, o curioso fenômeno da escrita direta
sobre a lousa, ao qual
consagrou trinta e três sessões. Lousas duplas,
fornecidas pelo experimentador, foram seladas,
uma posta sobre a outra, e assim se obtiveram,
no seu
interior, numerosas comunicações em várias
línguas.
“Temos observado estes fenômenos, escreve ele
(92), tantas vezes e sob
formas tão variadas que, se fosse privado nos
reportarmos aos nossos
sentidos para demonstrar casos tão especiais,
renegaríamos o que na vida comum se apresenta
todos os dias aos nossos olhos.”
É, porém, no mundo das letras e das artes que
encontraremos numerosos
partidários ou defensores dos fenômenos
espíritas e das doutrinas que lhes
são correlativas. Entre outros escritores que se
pronunciaram neste sentido,
citaremos: Eugêne Nus, o autor das obras:
Grands Mystêres e Choses de
l’Âutre Monde; Vacquerie, que, a respeito deste
ponto, expôs suas opiniões nas
Miettes de l’Histoire; Victor Hugo, Maurice
Lachâtre, Théophile Gauthier,
Victorien Sardou, O. Fauvety, Ch. Lomon, Eugêne
Bonnemêre, etc.
É quase sempre fora das academias que as
experiências espíritas na
França têm sido tentadas, e, sem dúvida, disso
provêm a pouca atenção que
se lhes tem prestado. De 1850 a 1860, estavam
em moda as mesas giratórias;
a predileção era geral, nenhuma festa, nenhuma
reunião íntima terminava sem
alguns exercidos deste gênero. Mas, entre a
multidão das pessoas que
tomavam parte nessas reuniões e que se
divertiam com o fenômeno quantas
teriam entrevisto suas conseqüências, do ponto
de vista cientifico e moral, e a
Importância das soluções que ele trazia à
Humanidade? Cansaram de propor
questões banais aos Espíritos. A moda das
mesas, como qualquer outra,
passou, e, depois de certo processo ruidoso, o
Espiritismo caiu em descrédito.
Mas, à falta de sábios oficiais, observadores dos
fenômenos, a França
possuia um homem que devia representar um
papel considerável, universal, no
advento do Espiritismo.
Allan Kardec, depois de ter, durante dez anos,
estudado pelo método
positivo, com razão esclarecida e paciência
infatigável, as experiências feitas100
em Paris; depois de ter recolhido os testemunhos
e documentos que de todos
os pontos do globo lhe chegaram, coordenou
esse conjunto de fatos, deduziu
os princípios gerais e compôs um corpo de
doutrina, contido em cinco volumes,
cujo êxito foi tal que alguns ultrapassaram hoje a
quadragésima edição, a
saber: O Livro dos Espíritos ou parte filosófica, O
Livro dos Médiuns ou parte
experimental, O Evangelho segundo o Espiritismo
ou parte moral, O Céu e o
Inferno ou parte analítica e Á Gênese ou parte
científica. (93)
Allan Kardec fundou a Revue Spirite, de Paris,
que se tornou o órgão, o
traço de união dos espíritas do mundo inteiro, e
na qual se poderá acompanhar
a evolução lenta e progressiva desta revelação
moral e filosófica.
A obra de Allan Kardec é, portanto, o resumo dos
ensinos comunicados aos
homens pelos Espíritos, em um número
considerável de grupos espalhados por
todos os pontos da Terra, e durante um período
de vinte anos.
Essas comunicações nada têm de sobrenaturais,
porque os Espíritos são
seres semelhantes a nós que vivemos na Terra e,
em sua maior parte, a ela
voltarão, submetidos, como nós, às leis da
Natureza e revestidos de um corpo,
mais sutil é verdade, mais etéreo do que o nosso,
porém perceptível aos
sentidos humanos em condições determinadas.
Allan Kardec, como escritor, mostrou-se de uma
clareza perfeita e de uma
lógica rigorosa. Todas as suas apreciações
repousam sobre fatos observados,
atestados por milhares de testemunhas. Apelou
para a Filosofia, e esta desceu
das alturas abstratas em que pairava, fez-se
simples, popular, acessível a
todos. Despida das suas formas envelhecidas,
posta ao alcance das mais
humildes inteligências, ela demonstra a
persistência da vida de além-túmulo, e
assim traz esperança, consolação e luz àqueles
que sofrem.
A doutrina de Allan Kardec, nascida — não será
demasiado repetí-lo — da
observação metódica, da experiência rigorosa,
não se torna um sistema
definitivo, imutável, fora e acima das conquistas
futuras da Ciência. Resultado
combinado de conhecimentos dos dois mundos,
de duas humanidades
penetrando-se uma na outra, ambas, porém,
imperfeitas e a caminho da
verdade, do desconhecido, a Doutrina dos
Espíritos transforma-se, sem cessar,
pelo trabalho e pelo progresso, e, sem dúvida,
superior a todos os sistemas, a todas
as filosofias do passado. Kardec afirmou que se
algum dia a ciência tradicional provar que o
Espiritismo está errado em determinado ponto,
abandonemos este ponto e fiquemos com a
ciência. Esse dia nunca chegou e acredito que
nunca chegará, pois, indubitavelmente, o
Espiritismo está muito à frente da ciência
terrestre.
A descoberta da matéria radiante, as análises dos
sábios ingleses e americanos
sobre os fluídos, sobre os invólucros
perispirituais ou formas revestidas pelos
Espíritos em suas aparições, todos esses
progressos abriram ao Espiritismo
um novo horizonte. Graças a esses estudos, o
Espiritismo penetrou a natureza
íntima do mundo fluídico, e, para o futuro, pode,
com armas Iguais, lutar contra
seus adversários nesse terreno da Ciência que se
lhe tornou familiar.
O Congresso Espírita e Espiritualista
Internacional, reunido em Paris, no
mês de setembro de 1889, demonstrou toda a
vitalidade da doutrina que
acreditavam sepultada debaixo dos sarcasmos e
das zombarias. Quinhentos
delegados, vindos de todos os pontos do mundo,
assistiram às suas sessões,
noventa e cinco revistas e jornais ai estiveram
representados. Homens de
grande saber e de alta posição, médicos,
magistrados, professores e mesmo
sacerdotes, pertencentes às mais diversas
nacionalidades — franceses,
espanhóis, italianos, belgas, suíços, russos,
alemães, suecos, etc. —, todos101
tomaram parte nos debates.
Os membros das diversas doutrinas
representadas nesse Congresso:
espíritas, teosofistas, cabalistas,
swedenborguianos, em perfeita união,
afirmaram, por unanimidade de votos, os dois
princípios seguintes:
1º— Persistência do Eu consciente depois da
morte, ou seja, a
imortalidade da alma.
2º — Relação entre os vivos e os mortos. (94)
O Congresso Espírita de 1889, despertando a
atenção pública, estimulou o
espírito de exame e provocou um conjunto de
estudos e experiências
científicas. Charles Richet e o Coronel de Rochas
fundaram, em Paris, uma
sociedade de investigações psíquicas, cujo
primeiro cuidado foi estabelecer um
exame sobre os fenômenos de aparição e sobre
todos os fatos da psicologia
oculta observados na França. Uma revista
especial, os Annales des Sciences
Psychiques, dirigida pelo Dr. Dariex, dá conta
não só desses trabalhos, mas
também dos que são realizados pelas sociedades
estrangeiras análogas.
O Congresso Internacional de Psicologia
Experimental, realizado em
Londres, no ano de 1892, mostrou que, em
pouco tempo, se haviam produzido
na Ciência algumas modificações especialmente
notáveis sobre o assunto.
Ch. Richet aborda francamente a questão da nova
Psicologia e trata dos
fenômenos espíritas: telepatia, dupla vista, etc.
Esse eminente professor
começa por fazer o seguinte questionário (95):
“Existirá essa Psicologia
oculta?” E, então, responde: “Para nós isso não é
duvidoso, pois efetivamente
existe tal Psicologia. Não é possível que tantos
homens distintos da Inglaterra,
América, França, Alemanha, Itália e outros
países, se tenham deixado enganar
tão grosseiramente. Eles refletiram e discutiram
todas as objeções
apresentadas, não encontrando motivo para
atribuírem ao acaso ou ao produto
de fraude qualquer dos fenômenos observados,
visto terem tomado
precauções, antes mesmo que outros as
houvessem Indicado. Recuso-me
também a acreditar que tais trabalhos tenham
sido estéreis ou que esses
homens tivessem meditado, experimentado,
refletido sobre meras ilusões.”
Charles Richet lembra aos membros do
Congresso o quanto as academias
se têm arrependido de haverem, muitas vezes,
negado a priOri as mais belas
descobertas; por isso, elas deviam ser agora mais
cautelosas a fim de não
caírem na mesma falta. Demonstra os resultados
proveitosos que, do estudo
da nova Psicologia, baseada sobre o método
experimental, pode decorrer para
a Ciência e para a Filosofia.
(91) Traduzidas e editadas em português pela
FEB. — (N.T.)
(92) “O Espiritismo ou Faquirismo Ocidental”,
pág. 340.
(93) Traduzidos e editados em língua portuguesa
pela FEB. — (N.T.)
(94) O Congresso Espírita e Espiritualista
Internacional de Paris, 1900,
ratificou, por votação unânime, as seguintes
declarações:
“1) Reconhecimento da existência de Deus,
inteligência suprema, causa
primeira de todas as coisas; 2) pluralidade dos
mundos habitados; 3)
imortalidade da alma; 4) sucessividade de suas
existências corporais na
Terra e noutros globos do espaço; 5)
demonstração experimental da
sobrevivência da alma humana pela comunicação
medianimica com os
Espíritos; 6) condições felizes ou infelizes da vida
humana, em razão das
anteriores experiências da alma — de seus
méritos e de seus deméritos
—, e dos progressos que ela tem a realizar; 7)
perfectibilidade Infinita do102
ser; e 8) solidariedade e fraternidade universais.”
(95) “Annales des Sciences Psychiques”,
dezembro, 1892.
O Perispírito ou Corpo Espiritual
Autor: Léon Denis. Livro: Depois da Morte
Os materialistas, em sua negação da existência
da alma, muitas vezes têm
apelado para a dificuldade de conceberem um
ser privado de forma. Os
próprios espiritualistas não sabem explicar como
a alma imaterial,
imponderável, poderia presidir e unir-se
estreitamente ao corpo material, de
natureza essencialmente diferente. Essas
dificuldades encontram solução nas
experiências do Espiritismo.
Como precedentemente já o dissemos, a alma
está, durante a vida
material, assim como depois da morte, revestida
constantemente de um
envoltório fluidico, mais ou menos sutil e etéreo,
que Allan Kardec denominou
perispírito ou corpo espiritual. Como participa
simultaneamente da alma e do
corpo material, o perispírito serve de
intermediário a ambos: transmite à alma
as impressões dos sentidos e comunica ao corpo
as vontades do Espírito. No
momento da morte, destaca-se da matéria
tangivel, abandona o corpo às
decomposições do túmulo; porém, inseparável
da alma, conserva a forma
exterior da personalidade desta. O perispírito é,
pois, um organismo fluídico; é
a forma preexistente e sobrevivente do ser
humano, sobre a qual se modela o
envoltório carnal, como uma veste dupla e
Invisível, constituída de matéria
quintessenciada, que atravessa todos os corpos
por mais impenetráveis que
estes nos pareçam.
A matéria grosseira, incessantemente renovada
pela circulação vital, não é
a parte estável e permanente do homem. É
perispírito o que garante a
manutenção da estrutura humana e dos traços
fisionômicos, e isto em todas as
épocas da vida, desde o nascimento até à morte.
Exerce, assim, a ação de
uma forma, de um molde contrátil e expansível
sobre o qual as moléculas vão
incorporar-se.
Esse corpo fluídico não é, entretanto, imutável;
depura-se e enobrece-se
com a alma; segue-a através das suas
inumeráveis encarnações; com ela sobe
os degraus da escada hierárquica, torna-se cada
vez mais diáfano e brilhante
para, em algum dia, resplandecer com essa luz
radiante de que falam as
Bíblias (antigas) e os testemunhos da História a
respeito de certas aparições. É
no cérebro desse corpo espiritual que os
conhecimentos se armazenam e se
imprimem em linhas fosforescentes, e é sobre
essas linhas que, na
reencarnação, se modela e forma o cérebro da
criança. Assim, o intelecto e o
moral do Espírito, longe de se perderem,
capitalizam-se e se acrescem com as
existências deste. Daí as aptidões extraordinárias
que trazem, ao nascer,
certos seres precoces, particularmente
favorecidos.
A elevação dos sentimentos, a pureza da vida, os
nobres impulsos para o
bem e para o Ideal, as provações e os
sofrimentos pacientemente suportados,
depuram pouco a pouco as moléculas
perispiríticas, desenvolvem e multiplicam
as suas vibrações. Como uma ação química, eles
consomem as partículas
grosseiras e só deixam subsistir as mais sutis, as
mais delicadas.
Por efeito inverso, os apetites materiais, as
paixões baixas e vulgares
reagem sobre o perispírito e o tornam mais
pesado, denso e escuro. A atração
dos globos Inferiores, como a Terra, exerce-se
de modo irresistível sobre esses
organismos espirituais, que, em parte,
conservam as necessidades do corpo e
não podem satisfazê-las. As encarnações dos
Espíritos que sentem tais
necessidades sucedem-se rapidamente, até que
o progresso pelo sofrimento104
venha atenuar suas paixões, subtrai-los às
influências terrestres e abrir-lhes o
acesso de mundos melhores.
Estreita correlação liga os três elementos
constitutivos do ser. Quanto mais
elevado é o Espírito, tanto mais sutil, leve e
brilhante é o perispírito, tanto mais
isento de paixões e moderado em seus apetites
ou desejos é O corpo. A
nobreza e a dignidade da alma refletem-se sobre
o perispírito, tornando-o mais
harmonioso nas formas e mais etéreo; revelam-
se até sobre o próprio corpo: a
face então se ilumina com o reflexo de uma
chama interior.
É pelas correntes magnéticas que o perispírito se
comunica com a alma. É
pelos fluídos nervosos que ele está ligado ao
corpo. Esses fluídos, posto que
invisíveis, são vínculos poderosos que o prendem
à matéria, do nascimento à
morte, e mesmo, nos sensuais, assim o
conservam, até à dissolução do
organismo. A agonia representa a soma de
esforços realizados pelo perispírito
a fim de se desprender dos laços carnais.
O fluído nervoso ou vital, de que o perispírito é a
origem, exerce um papel
considerável na economia orgânica. Sua
existência e seu modo de ação
podem explicar bastantes problemas
patológicos. Ao mesmo tempo agente de
transmissão das sensações externas e das
impressões Íntimas, ele é
comparável ao fio telegráfico, transmissor do
pensamento, e que é percorrido
por uma dupla corrente.
A existência do perispírito era conhecida dos
antigos. Pelas palavras —
Och.ema e Férouer, os filósofos gregos e
orientais designavam o invólucro da
alma “lúcido, etéreo, aromático”. Segundo os
persas, assim que chega a hora
da reencarnação, o Férouer atrai e condensa em
torno de si as moléculas
materiais que são necessárias à constituição do
corpo, e, pela morte deste, as
restitui aos elementos que, em outros meios,
devem formar novos Invólucros
carnais. O Cristianismo também conserva
vestígios dessa crença. S. Paulo, em
sua primeira Epístola aos Coríntios, exprime-se
nos seguintes termos:
“O homem está na Terra com um corpo animal e
ressuscitará com um
corpo espiritual. Assim como tem um corpo
animal, também possui um corpo
espiritual.”
Embora em diversas épocas tenha sido afirmada
a existência do perispírito,
foi ao Espiritismo que coube determinar o seu
papel exato e a sua natureza.
Graças às experiências de Crookes e de outros
sábios ingleses, sabemos que
o perispírito é o instrumento com cujo auxílio se
executam todos os fenômenos
do Magnetismo e do Espiritismo. Esse organismo
espiritual, semelhante ao
corpo material, é um verdadeiro reservatório de
fluídos, que a alma põe em
ação pela sua vontade. É ele que, no sono natural
como no sono provocado, se
desprende da matéria, transporta-se a distâncias
consideráveis e, na escuridão
da noite como na claridade do dia, vê, percebe e
observa coisas que o corpo
não poderia conhecer por si.
O perispírito tem, portanto, sentidos análogos
aos do corpo, porém muito
mais poderosos e elevados. Ele tudo vê pela luz
espiritual, diferente da luz dos
astros, e que os sentidos materiais não podem
perceber, embora esteja
espalhada em todo o Universo.
A permanência do corpo fluídico, antes como
depois da morte, explica
também o fenômeno das aparições ou
materializações de Espíritos. O
perispírito, na vida livre do espaço, possui
virtualmente todas as forças que
constituem o organismo humano, mas nem
sempre as põe em ação. Desde
que o Espírito se acha nas condições requeridas,
isto é, desde que pode retirar105
do médium a matéria fluídica e a força vital
necessárias, ele as assimila e reveste, pouco a
pouco, as aparências do corpo terrestre. A
corrente vital circula,
então, e, sob a ação do fluído que recebe, as
moléculas físicas coordenam-se
segundo o plano do organismo, plano de que o
perispírito reproduz os traços
principais. Logo que o corpo humano fica
reconstituido, o seu organismo entra
em funções.
As fotografias e os moldes obtidos em parafina
mostram-nos que esse novo
corpo é idêntico ao que o Espírito animava na
Terra; mas essa vida só pode
ser temporária e passageira, porque é anormal, e
os elementos que a produzem, após uma curta
condensação, voltam às fontes donde foram
emanados.
3 de dez. de 2012
O Magnetismo segundo Léon Denis.

Esse mundo dos fluidos, que se entrevê além do estado radiante, reserva bastantes surpresas e descobertas à Ciência. Inumeráveis são as variedades de formas que a matéria, tornando-se sutil, pode revestir para as necessidades de uma vida superior.
Texto retirado do livro “Depois da Morte” – Léon Denis - Cap. 17 (Os Fluidos – O Magnetismo)
24 de mai. de 2012
Prática Espírita.

Que é praticar o Espiritismo?
- Praticar o Espiritismo é:
1) invocar os Espíritos e se pôr em comunicação com o mundo invisível;
2) frequentar assiduamente as reuniões espíritas;
3) desenvolver os dons de mediunidade que estão em germe em cada um de nós.
Que é invocar os Espíritos?
- E dirigir-lhes preces e lhes pedir luz, inspiração, ajuda e proteção.
A prece é então ouvida no mundo invisível?
- A prece é um transporte da alma, que abre um caminho fluídico no espaço; ela pode atingir os mais elevados Espíritos e chegar até Deus.
Qual é a melhor das orações?
- Toda oração é boa quando é uma elevação da alma e um apelo sincero do coração.
Que é uma reunião espírita?
- É um grupo composto de diversas pessoas unidas pela comunhão dos pensamentos, a afinidade dos fluidos e a concordância das vontades.
Como deve ser organizada uma reunião espírita?
- De um grupo de pesquisadores esclarecidos, de um presidente, de um ou vários médiuns, sob a proteção dos bons Espíritos.
Onde devem realizar-se essas reuniões?
- Não importa onde, porque o Espírito se manifesta onde quer, mas de preferência em lugar reservado, pois os bons Espíritos não gostam de se manifestar na confusão.
Deve-se reunir de dia ou de noite?
- Tanto de dia, como de noite, conforme os Espíritos decidirem; entretanto a noite é mais propícia às comunicações com o mundo invisível.
Por que?
- Porque a atmosfera noturna é mais calma; a atividade do dia não interfere mais nas correntes das ondas magnéticas; nessas condições, é mais fácil estabelecer o caminho fluídico entre este mundo e o além. É, aliás, o que significa o provérbio antigo: “O dia é dos homens, a noite é dos deuses”, isto é, dos Espíritos.
Todas as reuniões espíritas produzem as mesmas revelações e os mesmos fenômenos?
- Não. Cada reunião tem sua característica, cada grupo sua fisionomia. Tudo depende da elevação dos Espíritos que se comunicam, das disposições íntimas dos assistentes e, sobretudo, do valor dos médiuns.
Num grupo espírita, os membros assistentes têm igualmente certos deveres a cumprir?
- Sim, e o primeiro de todos é de se unirem pela afinidade simpática dos fluidos e a concordância unânime das vontades. Uma única vontade discordante ou hostil neutraliza o fluido coletivo e pode impedir a comunicação. Não se deve jamais introduzir numa reunião um elemento novo, sem ter pedido antes a opinião do Espírito protetor do grupo, porque só ele julgará das afinidades fluídicas do recém-vindo.
Se os assistentes são movidos por simples sentimento de curiosidade ou de ceticismo, o que sucederá?
- Os assistentes têm a companhia dos Espíritos que merecem. Se eles são levianos, terão Espíritos levianos e mistificadores; se são corrompidos terão espíritos impuros e perversos, cujo contato, embora momentâneo, nunca é inofensivo.
Os grupos espíritas devem ser limitados quanto ao número de pessoas que os compõem?
- Não de uma forma absolutamente matemática; mas, como regra geral, os grupos menos numerosos são os mais unidos e, por consequência, os melhores.
Por que?
- Se já é difícil harmonizar os fluidos de cinco ou seis pessoas com os do Espírito, torna-se mais difícil ainda, quando os membros são mais numerosos. É bom não ser menos de três, nem mais de doze. Acrescentemos que é preferível reunir-se, tanto quanto possível, no mesmo local, nos mesmos dias e à mesma hora. Esses hábitos regulares favorecem sensivelmente a influência e a ação dos Espíritos.
A prática do Espiritismo não leva também algumas vezes ao suicídio ou à loucura?
- De maneira alguma. Se alguns casos de exaltação foram produzidos, é preciso observar que a ciência e a religião, que são duas coisas necessárias e muito elevadas, têm também, no curso dos séculos, uma, arruinado muitos cérebros; outra, produzido casos de loucura religiosa e cometido crimes odiosos. Não é, no entanto, uma razão para renunciar à religião que tem feito grandes almas, nem a ciência, que tem produzido grandes espíritos. Seria ilógico e injusto ver as coisas elevadas somente por seus pequenos e maus aspectos. Pelo fato de o cérebro humano não poder suportar o peso de certas revelações, só se pode concluir uma coisa: é que o invisível não tem limites e o homem é bem limitado diante do infinito.
Retirado do livro 'Síntese Doutrinária' – Léon Denis
27 de set. de 2011
Morte e Reencarnação.
A morte mais não é que uma transformação necessária e uma renovação, pois nada perece realmente. A morte é só aparente; somente muda a forma exterior; princípio da vida, a alma fica em sua unidade permanente, indestrutível. Esta se acha, além do túmulo, na plenitude de suas faculdades, com todas as aquisições com que se enriqueceu durante as suas existências terrestres: luzes, aspirações, virtudes e potências. Eis aí os bens imperecíveis a que se refere o Evangelho, quando diz: “Os vermes e a ferrugem não os consumirão nem os ladrões os furtarão.” São as únicas riquezas que poderemos levar conosco e utilizar na vida futura.
A morte e a reencarnação que se lhe segue, em um tempo dado, são duas condições essenciais do progresso. Rompendo os hábitos acanhados que havíamos contraído, elas colocam-nos em meios diferentes; obrigam a adaptarmo-nos às mil faces da ordem social, e universal.
Quando chega o declínio da vida, quando nossa existência, semelhante à página de um livro, vai voltar-se para dar lugar a uma página branca e nova, aquele que for sensato consulta o seu passado e revê os seus atos. Feliz quem nessa hora puder dizer: meus dias foram bem preenchidos! Feliz aquele que aceitou as suas provas com resignação e suportou-as com coragem! Esses, macerando a alma, deixaram expelir tudo o que nela havia de amargor e fel.
Rememorando na consciência as suas tribulações, bendirão os sofrimentos que suportaram e, com a paz íntima, verão sem receio aproximar-se o momento da morte.
Digamos adeus às teorias que fazem da morte a porta do nada, ou o prelúdio de castigos intermináveis. Adeus sombrios fantasmas da Teologia, dogmas medonhos, sentenças inexoráveis, suplícios infernais! Chegou a vez da esperança e da vida eterna! Não mais há negrejantes trevas, porém, sim, luz deslumbrante que surge dos túmulos.
Já vistes a borboleta de asas multicores despir a informe crisálida, esse invólucro repugnante, no qual, como lagarta, se arrastava pelo solo? Já a vistes solta, livre, voejar ao calor do Sol, no meio do perfume das flores? Não há imagem mais fiel para o fenômeno da morte. O homem também está numa crisálida que a morte decompõe. O corpo humano, vestimenta de carne, volta ao grande monturo; o nosso despojo miserável entra no laboratório da Natureza; mas, o Espírito, depois de completar a sua obra, lança-se a uma vida mais elevada, para essa vida espiritual que sucede à vida corpórea, como o dia sucede à noite. Assim se distingue cada uma das nossas encarnações.
Firmes nesses princípios, não mais temeremos a morte. Como os gauleses, ousaremos encará-la sem terror. Não mais haverá motivo para receio, para lágrimas, cerimônias sinistras e cantos lúgubres. Os nossos funerais tornar-se-ão uma festa pela qual celebraremos a libertação da alma, sua volta à verdadeira pátria.
Texto retirado do livro “Depois da Morte” - Léon Denis
O Espiritismo por Léon Denis.
LÉON DENIS
Um sucessor e propagador da Doutrina codificada por Allan Kardec.
Considerado o “apóstolo do Espiritismo”.
O Espiritismo, já o dissemos, não dogmatiza; não é uma seita nem uma ortodoxia. É uma filosofia viva, patente a todos os espíritos livres, e que progride por evolução. Não faz imposições de ordem alguma; propõe, e o que propõe apóia-se em fatos de experiência e provas morais; não exclui nenhuma das outras crenças, mas se eleva acima delas e abraça-as numa fórmula mais vasta, numa expressão mais elevada e extensa da verdade.
As Inteligências superiores abrem-nos o caminho, revelam-nos os princípios eternos, que cada um de nós adota e assimila, na medida da sua compreensão, consoante o grau de desenvolvimento atingido pelas faculdades de cada um na sucessão das suas vidas.
O que o Espiritismo mais toma a peito é evitar as funestas conseqüências da ortodoxia.
A sua revelação é uma exposição livre e sincera de doutrinas, que nada têm de imutáveis, mas que constituem um novo estádio no caminho da Verdade Eterna e Infinita. Cada um tem o direito de analisar-lhe os princípios, que apenas são sancionados pela consciência e pela razão. Mas, adotando-os, deve cada um conformar com eles a sua vida e cumprir as obrigações que deles derivam. Quem a eles se esquiva não pode ser considerado como adepto verdadeiro.
Léon Denis em "O Problema do Ser, Do Destino e da Dor"
O Inferno e os Demônios.

Baseando-se nos casos de obsessão, nas manifestações ruidosas dos Espíritos frívolos e zombeteiros, a Igreja entendeu dever atribuir aos demônios todos os fenômenos espíritas e condená-los como inúteis ou perigosos.
Antes de refutar essa interpretação, convém lembrar que o Catolicismo acolheu do mesmo modo todas as grandes descobertas, todos os progressos consideráveis que assinalam os fastos da História. Raras são as conquistas científicas que não foram julgadas como obras diabólicas. Era, pois, de esperar que fossem repelidas pelo poder sacerdotal as instruções dos Espíritos que o vinham aluir.
O mundo invisível, já o dissemos, é um véu espesso que cobre a Humanidade. Os Espíritos são apenas almas, mais ou menos perfeitas, entes humanos desencarnados, e nossas relações com eles devem ser reguladas com tanta reserva e prudência quanto na convivência com os nossos semelhantes.
Ver no Espiritismo somente manifestações de Espíritos inferiores equivale a notar na Humanidade unicamente o mal. O ensino dos Espíritos elevados tem aclarado o caminho da vida, resolvido os obscuros problemas do futuro, fortificado a fé vacilante, restabelecido a justiça sobre bases inabaláveis. Graças a eles, uma multidão de incrédulos e de ateus tem sido levada a crer em Deus e na imortalidade: homens ignorantes e viciosos são atraídos, aos milhares, para o bem e para a verdade.
Será isso obra do demônio? Seria Satanás, se, com efeito, existisse, tão cego que trabalhasse contra os seus próprios interesses?
É necessária alguma perspicácia para distinguir a natureza dos Espíritos e conhecer, em nossas relações com eles, a parte que se deve conservar ou rejeitar. Jesus disse: “conhece-se a árvore pelo seu fruto”. A linguagem e as instruções dos Espíritos elevados são sempre impregnadas de dignidade, de sabedoria e de caridade; visam ao progresso moral do homem e desprendem-se de tudo que é material. As comunicações dos Espíritos atrasados pecam pelas qualidades contrárias; abundam em contradições e tratam, geralmente, de assuntos vulgares, sem alcance moral. Os Espíritos levianos ou inferiores entregam-se, de preferência, às manifestações físicas.
O Espiritismo traz à Humanidade um ensino proporcional às suas necessidades intelectuais; vem restabelecer em sua primitiva pureza, explicar, completar a doutrina do Evangelho; arrancá-la ao Espírito de especulação, aos interesses de classes, restituir-lhe sua verdadeira missão e sua influência sobre as almas; por isso ele é visto com espanto por todos aqueles a quem vai perturbar o sossego e enfraquecer a autoridade.
Com o correr dos tempos, a doutrina do Cristo tem sido alterada e, hoje, apenas exerce uma ação enfraquecida, insuficiente, sobre os costumes e caracteres. Agora, o Espiritismo vem tomar e prosseguir a tarefa confiada ao Cristianismo. É aos Espíritos que cabe, de então em diante, a missão de restabelecer todas as coisas, de penetrar nos meios mais humildes, como nos mais esclarecidos, e de, em legiões inumeráveis, trabalhar para a regeneração das sociedades humanas. A teoria dos demônios e do inferno eterno não mais pode ser admitida por nenhum homem sensato. Satanás é, simplesmente, um mito. Criatura alguma é votada eternamente ao mal.
Texto retirado do livro “Depois da Morte” - Léon Denis
"O Alvo da Vida."

Entre as almas só há diferenças de graus, diferenças que lhes é lícito transpor no futuro. Usando do livre-arbítrio, nem todos havemos caminhado com o mesmo passo e isso explica a desigualdade intelectual e moral dos homens; mas todos, filhos do mesmo Pai, nos devemos aproximar d’Ele na sucessão das existências, para formar com os nossos semelhantes uma só família, a grande família dos bons Espíritos que povoam o Universo.
Estão banidas do mundo as idéias de paraíso e de inferno eterno. Nesta imensa oficina, só vemos seres elevando-se por seus próprios esforços ao seio da harmonia universal. Cada qual conquista a sua situação pelos próprios atos, cujas conseqüências recaem sobre si mesmo, ligam-no e prendem. Quando a vida é entregue às paixões e fica estéril para o bem, o ser se abate; a sua situação se apouca. Para lavar manchas e vícios, deverá reencarnar nos mundos de provas e ali purificar-se pelo sofrimento. Cumprida a purificação, sua evolução recomeça. Não há provações eternas, mas sim reparações proporcionais às faltas cometidas. Não temos outro juiz nem outro carrasco a não ser a nossa consciência, pois essa consciência, assim que se desprende das sombras materiais, torna-se um julgador terrível. Na ordem moral como na física só há efeitos e causas, que são regidos por uma lei soberana, imutável, infalível. Essa lei regula todas as vidas. O que, em nossa ignorância, chamamos injustiça da sorte não é senão a reparação do passado. O destino humano é um pagamento do débito contraído entre nós mesmos e para com essa lei.
A vida atual é a conseqüência direta, inevitável das nossas vidas passadas, assim como a nossa vida futura será a resultante das nossas ações presentes, da nossa maneira de viver. Vindo animar um corpo novo, a alma traz consigo, em cada renascimento, a bagagem das suas qualidades e dos seus defeitos, todos os tesouros acumulados pela obra do passado. Assim, na série das vidas, construímos por nossas próprias mãos o nosso ser moral, edificamos o nosso futuro, preparamos o meio em que devemos renascer, o lugar que devemos ocupar.
Pela lei da reencarnação, a soberana justiça reina sobre os mundos. Cada ser, chegando a possuir-se em sua razão e em sua consciência, torna-se o artífice dos próprios destinos. Constrói ou desmancha, à vontade, as cadeias que o prendem à matéria. Os males, as situações dolorosas que certos homens sofrem, explicam-se pela ação desta lei. Toda vida culpada deve ser resgatada. Chegará a hora em que as almas orgulhosas renascerão em condições humildes e servis, em que o ocioso deve aceitar penosos labores. Aquele que fez sofrer sofrerá a seu turno.
Porém, a alma não está para sempre ligada a esta Terra obscura. Depois de ter adquirido as qualidades necessárias, deixa-a e vai para mundos mais elevados. Percorre o campo dos espaços, semeado de esferas e de sóis. Ser-lhe-á arranjado um lugar no seio das humanidades que os povoam. E, progredindo ainda nesses novos meios, ela, sem cessar, aumentará a sua riqueza moral e o seu saber. Depois de um número incalculável de vidas, de mortes, de renascimentos, de quedas e de ascensões, liberta das reencarnações, gozará vida celeste, tomará parte no governo dos seres e das coisas, contribuindo com suas obras para a harmonia universal e para a execução do plano divino.
Eis aí o céu prometido aos nossos esforços. O céu não está longe de nós, mas, sim, conosco. Felicidades íntimas ou remorsos pungentes, o homem traz, nas profundezas do ser, a própria grandeza ou a miséria conseqüente dos seus atos. As vozes harmoniosas ou severas que em si percebe são as intérpretes fiéis da grande lei, tanto mais potentes e imperiosas quanto mais elevado ele estiver na escala dos aperfeiçoamentos infinitos. A alma é um mundo em que se confundem ainda sombras e claridades, mundo cujo estudo atento faz-nos cair de surpresa em surpresa. Em seus recônditos todas as potências estão em germe, esperando a hora da fecundação para se desdobrarem em feixes de luz. À medida que ela se purifica, suas percepções aumentam. Tudo o que nos encanta em seu estado presente, os dons do talento, os fulgores do gênio, tudo isso nada é, comparado ao que um dia adquirirá, quando tiver atingido as supremas altitudes espirituais.
Texto retirado do livro “Depois da Morte” - Léon Denis
"Sem a idéia da reencarnação, sinceramente, com todo respeito às demais religiões, eu não vejo uma explicação sensata, inclusive, para a existência de Deus." Chico Xavier
Anjo da Guarda.

Todos temos um desses gênios tutelares que nos inspira nas horas difíceis e nos dirige pelo bom caminho. Daí a poética tradição cristã do Anjo da Guarda. Não há concepção mais grata e consoladora.
Saber que temos um amigo fiel e sempre disposto a nos socorrer, de perto como de longe, nos influenciando a grandes distâncias ou se conservando junto de nós nas provações; saber que ele nos aconselha por intuição e nos aquece com seu amor, eis uma fonte inapreciável de força moral.
O pensamento de que testemunhas benévolas e invisíveis vêem todos os nossos atos, regozijando-se ou entristecendo-se, deve inspirar-nos mais sabedoria e circunspeção.
É por essa proteção oculta que se fortificam os laços de solidariedade que ligam o mundo celeste à Terra, o Espírito livre ao homem, Espírito prisioneiro da carne.
É por essa assistência contínua que se criam, de um a outro lado, as simpatias profundas, as amizades duradouras e desinteressadas.
O amor que anima o espírito elevado vai pouco a pouco se estendendo a todos os seres sem cessar, revertendo tudo para Deus, pais das almas, foco de todas as potências efetivas.
Léon Denis - Livro "Depois da Morte", 1897
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