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1 de nov. de 2021

Escolha profissional na visão espírita


1 - A vocação profissional é fruto da escolha do Espírito antes de reencarnar?

Pode ser. Há Espíritos que planejam cuidadosamente as atividades que pretendem desenvolver. Desde a infância revelam preferência por determinada profissão, envolvendo a opção feita. O menino que estima brincar de médico, bem como a menina que aprecia imitar a professora, oferecem pistas reveladoras dos compromissos que assumiram.

2 - Há escolas no plano espiritual?

Há escolas em todos os planos da Criação. A educação é o maior de todos os recursos evolutivos. Em cidades como Nosso Lar, segundo André Luiz, no livro homônimo, psicografia de Francisco Cândido Xavier, enfatiza-se o preparo dos Espíritos para a reencarnação, envolvendo, dentre outros aspectos, a atividade profissional.

3 - Existe adequação física para a profissão escolhida?

Isso é fundamental. O professor deve ter fluência, facilidade de expressão; o neurocirurgião, habilidade manual, sistema nervoso bem ajustado; ouvido afinado o músico; mãos fortes o trabalhador braçal; pernas ágeis o jogador de futebol. Tudo isso pode ser preparado na estrutura perispiritual e na combinação dos elementos hereditários, a partir da interferência de técnicos da espiritualidade, quando ocorre a fecundação do óvulo, dando início ao processo reencarnatório.

4 - A facilidade para determinada atividade sempre indica profissão escolhida na espiritualidade?

É indicativo de que a pessoa tem experiência no ramo. Encontramos excelentes profissionais em determinada área, que revelam vocação para atividades alheias à sua profissão: um médico muito hábil em lidar com marcenaria ou engenheiro que é excelente músico. Significa que já estiveram vinculados a essas atividades. Hoje, a própria dinâmica da evolução impõe que diversifiquem suas experiências, adquirindo novas aptidões.

5 - Por que a maior parte dos jovens encontra grande dificuldade para escolher uma profissão? É que não chegaram a defini-la previamente, na Espiritualidade.

Deverão vincular-se a determinada atividade que guarde compatibilidade com suas tendências, desejos e experiências anteriores.

6 - Quem reencarna com planejamento prévio não é um protegido?

Semelhante tendência é característica das sociedades humanas. Na espiritualidade prevalece sempre o merecimento. Se alguém tem a oportunidade de um melhor preparo para a reencarnação, deva-se aos seus méritos e à natureza da tarefa que pretende desempenhar. Considere-se, também, que sua responsabilidade será maior, já que, como ensina Jesus, mais será pedido àquele que mais recebeu.

7 - Os Espíritos que reencarnam com uma profissão definida não levam vantagem, não obterão maiores facilidades?

Digamos que é o corredor que sai na frente, mas a jornada é longa. O que pesa mesmo é a dedicação, o esforço, a vontade de vencer. Como diz Amado Nervo, nem sempre o que mais corre a meta alcança, nem mais longe o mais forte o disco lança, mas o que, certo em si, vai firme e em frente, com a decisão firmada em sua mente.

8 - Como enfrentar essa fase de incertezas, em que o jovem deve optar por uma profissão que ainda não definiu?

Infelizmente essa opção tem que ser feita na faixa dos dezesseis aos dezoito anos, período de muitas incertezas para o Espírito reencarnado. Podem ajudá-lo os testes vocacionais, o contato com as atividades profissionais, sei de um jovem que descobriu sua vocação trabalhando como voluntário em grupo de assistência a hospitais; outro optou pelo magistério, a partir de uma experiência com evangelização infantil, o debate com professores e, sobretudo, a confiança em Deus e a oração. Quem ora contrito, consciente da presença divina, sempre colherá a orientação precisa do que deve fazer, que caminhos deve trilhar em relação a todas as atividades humanas. Isso inclui a profissão.

RICHARD SIMONETTI

31 de out. de 2021

Quando “morremos” demora para nosso espírito se desligar do corpo?

 

O desligamento entre o corpo e o espírito, depois que nosso corpo falece, é rápido ou demora muito? Segundo o relato contido em várias obras mediúnicas de autores de grande relevância no meio Espírita, a morte física e o desenlace espiritual não ocorrem necessariamente no mesmo tempo. O indivíduo morre quando o coração deixa de funcionar e o corpo fica sem oxigênio e o espírito desencarna quando se completa o desligamento fluídico, o que em muitos casos demanda algumas horas ou até dias.

Basicamente, o espírito permanece ligado ao corpo enquanto são muito fortes nele as impressões da existência física. Indivíduos materialistas, que fazem da jornada humana um fim em si, que não cogitam de objetivos superiores, que cultivam vícios e paixões, ficam retidos por mais tempo no corpo até que a impregnação fluídica animalizada de que se revestem seja reduzida a níveis compatíveis com o desligamento.

Certamente, os benfeitores espirituais podem fazê-lo de imediato, tão logo se dê o colapso do corpo. No entanto, isso não é aconselhável, porquanto o desencarnante teria dificuldades maiores para ajustar-se às realidades espirituais.

O que aparentemente sugere um castigo para o indivíduo que não viveu sua existência condizente com os princípios da moral e da virtude é apenas manifestação de misericórdia.

Não obstante o constrangimento e as sensações desagradáveis que venha a enfrentar, na contemplação de seus despojes carnais em decomposição, tal circunstância é menos traumatizante do que o desligamento extemporâneo.

Há, a respeito da morte, concepções totalmente distanciadas da realidade. Quando alguém morre fulminado por um enfarte violento, costuma-se dizer:

“Que morte maravilhosa! Não sofreu nada!”. No entanto, é uma morte indesejável. Falecendo em plena vitalidade, salvo se altamente espiritualizado, ele terá problemas de desligamento e adaptação, pois serão muito fortes nele as impressões terrenas que o ligam ao corpo.

Se a causa da morte é o câncer, após prolongados sofrimentos, em dores atrozes, com o paciente definhando lentamente, decompondo-se em vida, fala-se: “Que morte horrível! Quanto sofrimento!”. Paradoxalmente, é uma boa morte. Doença prolongada é como se fosse um tratamento de beleza para o Espírito.
As dores físicas atuam como inestimável recurso terapêutico, ajudando-o a superar as ilusões do Mundo, além de depurá-lo como válvulas de escoamento das impurezas morais.

Destaque-se que o progressivo agravamento de sua condição torna o doente mais receptivo aos apelos da religião, aos benefícios da prece, às meditações sobre o destino humano. Por isso, quando a morte chega, ele está preparado e até a espera, sem apegos, sem temores.

Algo semelhante ocorre com as pessoas que desencarnam em idade avançada, cumpridos os prazos concedidos pela Providência Divina, e que mantiveram um comportamento disciplinado e virtuoso. Nelas, a vida física extingue-se mansamente como uma vela que bruxuleia e apaga, inteiramente gasta, proporcionando-lhes um retomo tranquilo, sem maiores percalços.

Fonte: livro Quem tem medo da morte – Richard Simonetti

22 de jul. de 2015

CHARLIE CHARLIE, COMPASSO E COPO! BRINCADEIRA PERIGOSA!


"Brincadeiras do copo ou compasso: "Essas brincadeiras são desaconselháveis. Inspiradas em mera curiosidade e sem nenhum preparo do grupo, podem converter-se em porta aberta às obsessões. Acontece com frequência..."
Trouxe o assunto ao blog, em virtude de uma das evangelizadas da Casa Espírita, confessar ter participado da atividade e todo seu medo mesclado com curiosidade. 

A brincadeira do copo, muito comum entre os jovens, consiste em fazer perguntas aos Espíritos através da tábua Ouija ou algo parecido, desde que contenha números e as palavras "sim" e "não". Atualmente os jovens estão preferindo fazer esta - perigosa - brincadeira com um compasso escolar e o famoso Charlie Charlie.

1 - Como funciona o copo para entrar em contato com os Espíritos?
Lembra um pouco o fenômeno das mesas girantes, nos primórdios do Espiritismo. Faz-se um circulo em torno dele, com a posição das letras alfabéticas ao longo dos trezentos e sessenta graus. Os participantes fazem imposição das mãos sobre o copo. Ele se movimenta indicando letras que, anotadas, formam palavras e frases.
2 - São os Espíritos que movimentam o copo?
O fenômeno pode ser anímico. Os próprios participantes, inconscientemente, fazem o movimento. Ou espiritual, iniciativa de entidades desencarnadas que aproveitam a base fluídica sustentada pelos encarnados.
3 - Funciona, então, como uma reunião mediúnica?
No segundo caso, sim. Há Espíritos e médiuns.


4 - Há algum problema com essas brincadeiras?
São desaconselháveis. Inspiradas em mera curiosidade e sem nenhum preparo do grupo, podem converter-se em porta aberta às obsessões. Acontece com frequência.
5 - Os benfeitores espirituais não nos protegem?
A natureza dos Espíritos que participam de uma reunião de intercâmbio depende das intenções e disposições do grupo. Sem conhecimento, sem um propósito nobre, sem seriedade, realizadas por mera diversão, atendendo à curiosidade, sessões com o copo atraem Espíritos zombeteiros e mistificadores que ali têm campo fértil para a semeadura de perturbações.
6 - E se houver boas intenções?
Segundo velho ditado, o inferno está cheio delas. Há muita gente bem intencionada que se perturba com o fenômeno mediúnico, por falta de conhecimento, experiência e orientação.
7 - Uma reunião com o copo poderia ser realizada no Centro Espírita?
Sim, mas seria regredir ao primarismo das mesas girantes, com manifestações demoradas, cansativas e pouco produtivas. Nos Centros Espíritas exercitam-se a psicofonia e a psicografia, em que os médiuns transmitem o pensamento dos Espíritos pela palavra falada e escrita, bem mais eficiente. Mal comparando, é como passar do telégrafo para o telefone ou fax.
8 - Se não é prudente brincar com o copo, o que devem fazer meus amigos que se interessam pelo assunto?
Que procurem o Centro Espírita, participem das reuniões doutrinárias e dos cursos de Espiritismo. Então estarão habilitados a participar de reuniões mediúnicas. Ali terão um aproveitamento bem melhor sem os riscos que envolvem essas “diversões” juvenis.


(Do livro "Não Pise na Bola", de Richard Simonetti, cap. 30, edição O Clarim, 1996)

26 de jun. de 2014

VIDA NOTURNA


1 -Sou vidrado em espetáculos noturnos “da pesada” — penumbra nevoenta, luzes faiscantes, som “manero”, turma animada... Um êxtase!

►É compreensível. Há quem goste de banho de lama, férias no Polo Norte, tanajura frita. Há até Espíritos que apreciam morar no Umbral! Gosto não se discute.

2 -Umbral?

►Vejo que você não leu a obra de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, onde descreve uma região densa e escura que circunda a Terra, habitada por Espíritos em desajuste, ainda presos aos interesses da Terra. Seria o purgatório da Igreja Católica. Para nós, espíritas, o Umbral.

3 - E o que tem isso a ver com minha curtição?

►É que essas casas noturnas parecem sucursais do Umbral. Ambiente sombrio, inconseqüência, gente avoada e até drogada...

4 - Espíritos também?

►Aos montes, perturbados e perturbadores gravitando em torno dos encarnados.

5 - Qual o problema se estamos todos numa boa?

►Muitos pacientes no manicômio também se sentem assim. Criminosos, assaltantes, estelionatários, adúlteros, estão todos “numa boa”. Só que essa “boa” de hoje será a “péssima” de amanhã, em lamentável envolvimento com o desajuste.

6 - Que mal pode haver num lugar onde a gente vai curtir um som, em ambiente de descontração e alegria, num agito muito feliz? ►Começa pelo som, tão ensurdecedor que fatalmente músicos e freqüentadores habituais terão problemas auditivos. Depois o envolvimento com o álcool, as drogas, que correm soltos, o sexo promíscuo e mais a sintonia com Espíritos umbralinos. Resultado a médio e longo prazo: perturbação, enfermidade, obsessão, infelicidade. Decididamente, não é uma boa.

7 -Nada disso me afeta. Sinto-me muito bem.

►Problemas dessa natureza não surgem da noite para o dia. Há um efeito cumulativo, como um copo d’água que só transborda quando cheio.

8 -Há no Espiritismo alguma proibição a respeito?

►O apóstolo Paulo dizia “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm”. É exatamente esse o ponto de vista doutrinário. Faça o que deseja, mas considere que nem sempre o objeto de seus desejos é algo conveniente. Cuidado com o Umbral!

Nota do próprio autor - Nós temos duas maneiras para evitar o que é inconveniente: 1º colhendo as consequencias de nossas iniciativas. 

2º Recebendo informações a respeito. O Espiritismo nos oferece essa segunda alternativa. A opção é nossa. Aprendemos pelo saber ou pelo sofrer.

Richard Simonetti

5 de jun. de 2014

SOMOS REALMENTE TODOS HONESTOS AOS OLHOS DE DEUS? COMO ANDA NOSSO TELHADO PARA TACARMOS PEDRAS NOS DOS OUTROS?



1 – Sucedem-se os governos no Brasil e perpetua-se a corrupção, em todos os níveis de atividade, na área pública e privada. Está na alma do brasileiro?
A corrupção está na alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta a desonestidade.

2 – Mas essa tendência parece ser mais forte em nosso país.
A tendência é universal. Ocorre que em países desenvolvidos ela é melhor controlada e punida. A impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com a corrupção, é assustadora. Com raras exceções, somente os pobres vão parar na cadeia.

3 – No seu entender, quais as medidas que deveriam ser tomadas pelo governo?
Compete-lhe aprimorar os controles e instituir mecanismos que levem à punição exemplar dos infratores. Mas isso não basta, já que sempre haverá espertos capazes de burlar as leis. A educação orientada para a cidadania é o caminho mais acertado, estabelecendo controles a partir da consciência de que ser cidadão é, acima de tudo, respeitar as leis.

4 – E quanto ao Espiritismo?
Há duas frentes de ação, inspirando a honestidade. Em primeiro lugar, também a educação, não a formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a respeitar as leis.


5 – E a segunda frente?
Mostrar que todos responderemos por nossas ações quando retornarmos ao Mundo Espiritual, em observância plena à advertência de Jesus: a cada um segundo suas obras.

6 – Essa advertência está presente em todas as religiões, sem muita ressonância no alma dos fiéis. Por que o Espiritismo seria mais convincente?
As noções das religiões tradicionais sobre a vida espiritual são fantasiosas. Falam das coisas do Além, a partir de especulações dos que vivem na Terra. O Espiritismo fala a partir de informações do que lá vivem, mostrando de forma clara e incisiva as consequências do comportamento humano.

7 – Qual seria o castigo da corrupção?
Diz Dante, em A Divina Comédia, que os adeptos do princípio “com dinheiro, qualquer não vira um sim”, vão parar numa vala de piche fervente, no inferno, atormentados por demônios perversos. Suas fantasias guardam algo da realidade espiritual. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento.

8 – A honestidade seria o passaporte para regiões mais amenas?
Sim, mas não basta cumprir as leis dos homens. Sobretudo, é preciso ser honesto perante Deus, como explica o Espírito Joseph Brê, dirigindo-se à sua neta, na obra citada: Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor a Deus e ao próximo.

RICHARD SIMONETTI 

COMO NASCEM OS ESPÍRITOS? O OVO OU A GALINHA?


                   

1 – Como nascem os Espíritos?
Questões dessa natureza são inabordáveis para a frágil inteligência humana. Não obstante, sabemos que o Espírito não é criado num átimo, instantaneamente, no momento da concepção, como sugere a teologia ortodoxa.

2 – O ser humano nasce a partir de uma gestação no ventre materno, que se estende por nove meses. E o Espírito?
Diríamos que há uma “gestação” no ventre da Natureza, com prolongado estágio entre os seres inferiores, envolvendo milhares de anos, sob orientação de técnicos da espiritualidade e os estímulos do instinto.

3 – Isso significa que animais e vegetais têm Espírito?
Possuem um princípio espiritual. Ao perpassar de longas eras ele desenvolve-se em complexidade, até atingir o estágio que lhe permita exercitar a razão. Paralelamente, conquista o livre arbítrio e passa a desdobrar suas experiências evolutivas não mais sob o domínio dos instintos, mas a partir de suas próprias iniciativas.

4 – Um rato, um cachorro, um inseto, uma ave, um peixe ou qualquer vegetal, todos possuem um princípio espiritual em evolução? E todos serão um dia Espíritos?
Exatamente. Não há vida sem a contraparte espiritual. O princípio espiritual, que a todos anima, será Espírito, o ser pensante, um dia. Há uma unidade de vistas na obra da Criação. Deus não admite privilégios. Estamos todos a caminho de gloriosa destinação.

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5 – Isso explica por que há indivíduos que guardam um jeito animalizado, agressivos como um leão, covardes como uma hiena, venenosos como uma cobra… Estagiaram por lá há pouco?
Comportamentos dessa natureza revelam nossa natureza ainda mais próxima da animalidade, distante da angelitude. Todavia, não revelam uma influência próxima, porquanto a transição do princípio espiritual, a alma dos seres inferiores, para o ser pensante, não ocorre na Terra, mas em outros planos do Infinito, demandando largo tempo.

6 – Há uma escala a ser observada pelo princípio espiritual em evolução, envolvendo espécies e raças, no reino vegetal e animal? Arbusto, árvore, inseto, peixe, ave, mamíferos…
A lógica nos diz que existe esse escalonamento, mas não sabemos como se opera e não deve envolver todas as espécies e todas as raças, mesmo porque, no dinamismo da evolução, surgem e desaparecem espécies ao longo de milhões de anos que sustentam os processos evolutivos.

7 – Se o princípio espiritual passa por vários estágios nos reinos inferiores, isso significa que ele está submetido à reencarnação?
Sim, faz parte do processo. O princípio espiritual desdobra experiências reencarnatórias, sempre conduzido pelo instinto, desenvolvendo-se em complexidade, conquistando estágios superiores, até atingir condições para transformar-se num Espírito.

8 – Se o princípio espiritual que anima um cachorro é imortal e irá para a espiritualidade quando morrer seu corpo, isso significa que poderemos reencontrar animais de estimação, quando partirmos para o Além?
É possível mas improvável, já que, normalmente, a “alma” dos animais permanece pouco tempo na espiritualidade, logo sendo reconduzida à vida física.

Livro Espiritismo, Tudo o que Você Precisa Saber- RICHARD SIMONETTI

10 de mar. de 2014

Variações de Humor

Richard Simonetti
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– Eu estava muito bem, saudável, animado… De repente, sem motivo palpável, caí na “fossa” – uma angústia invencível, uma profunda sensação de infelicidade, como se a vida não tivesse mais graça…
Queixas assim são frequentes nas pessoas que pro¬curam o Centro Espírita. Nesse estado toma corpo, não raro, a ideia de que a morte é a solução.
Conversávamos com um rapaz que tentara o suicídio ingerindo substância tóxica. Socorrido a tempo, amargava sofrida recuperação.
Tentamos definir o motivo de tão grave iniciativa:
– Alguma desilusão sentimental?
– Absolutamente. Não tenho namorada.
– Problemas familiares?
– Pelo contrário. Dou-me muito bem com meus pais e irmãos.
– Perdeu o emprego?
– Trabalho há anos na mesma firma. O patrão parece contente comigo.
– Então, o que foi?
– É que eu estava entediado de viver. Entrei em esta¬do de tristeza e achei que seria melhor morrer.
– Já se sentiu assim, anteriormente?
– Sim, de vez em quando…
* * *
Em Psicologia o paciente poderia ser definido como ciclotímico, alguém com temperamento sujeito a variações intensas de humor – alegria e tristeza, euforia e angústia, serenidade e tensão. Tem períodos de grande energia, confiança, exaltação, alternados com aflições. Muita disposição e iniciativas hoje; amanhã, temores e inibições.
Os períodos negativos podem prolongar-se, instalando a depressão, a exigir tratamento especializado na área da psiquiatria. Como ela se alterna com estados de euforia, em que o paciente parece totalmente recuperado, sem que nada tenha ocorrido para justificar a mudança de humor, emprega-se a expressão “depressão endógena”, algo que tem sua origem nas tendências constitucionais herdadas, algo que faz parte da personalidade do indivíduo.
Há uma retificação a fazer. A tendência à depressão é uma herança, realmente, não de nossos pais, mas de nós mesmos, porquanto as características fundamentais de nossa personalidade representam, essencialmente, a soma de nossas experiências em vidas pretéritas.
O que fizemos no passado determina o que somos no presente. Poderíamos colocar em dúvida a justiça de Deus se assim não fosse, porquanto é inadmissível, além de não encontrar nenhum respaldo científico, a existência de uma herança psicológica embutida nos elementos genéticos.
O que pesa sobre nossos ombros, favorecendo os estados depressivos, é a carga dos desvios cometidos, das tendências inferiores desenvolvidas, dos vícios cultivados, do mal praticado. Há pessoas que, pressionadas por esse peso mergulham tão fundo na angústia que parecem cultivar a volúpia do sofrimento, com o que comprometem a própria estabilidade física, favorecendo a evolução de desajustes intermináveis.
* * *
De certa forma somos todos ciclotímicos, temos variações de humor, sem que isso se constitua num estado mórbido: hoje em paz com a vida; amanhã brigados com a Humanidade. Nas nuvens por algum tempo; depois na fossa.
E nem sempre, como ocorre com o paciente ciclotímico, há justificativa para essa alternância. Pelo contrário: frequentemente nosso humor opõe-se às circunstâncias, como o indivíduo plenamente realizado no terreno afetivo, social e profissional que, não obstante, experimenta períodos de angústia; no outro extremo, o doente preso ao leito, padecendo dores e incômodos, que tem momentos de indefinível alegria e bem-estar.
Essa ciclotimia guarda relação com os processos de influência espiritual. Estados depressivos podem originar-se da atuação de Espíritos perturbados e perturbadores, que consciente ou inconscientemente nos assediam. Popularmente emprega-se o termo encosto para esse envolvimento.
Por outro lado, os estados de euforia, sem motivo aparente, resultam do contato com benfeitores espirituais que imprimem em nosso psiquismo algo de suas vibrações alentadoras.
– Hoje estou em estado de graça. Acordei bem disposto, feliz, sem nenhum grilo na cabeça – diz alguém, sem saber que tal disposição é fruto de ajuda recebida no plano espiritual durante as horas de sono físico, favorecendo lhe um “alto astral”.
* * *
Importante lembrar, também, o ambiente como fator de indução que pode precipitar estados de depressão ou euforia.
Num velório, onde os familiares do morto deixam-se dominar pelo desespero, em angústia extrema, marcada por gritos e choro convulsivo, muitas pessoas se sentirão deprimidas, porquanto os sentimentos negativos são tão contagiosos como uma gripe. Se não possuímos defesas espirituais tenderemos a assimilá-los com muita facilidade.
Inversamente, comparecendo a uma reunião de cunho religioso, onde se cultua a prece, no empenho de comunhão com a Espiritualidade, ouvindo exortações relacionadas com a virtude e o bem, experimentaremos maravilhosa sensação de paz, como se houvéssemos ingerido milagroso elixir.
* * *
Há outro aspecto muito interessante, abordado pelo Espírito François de Genève, no capítulo V, de O Evangelho segundo o Espiritismo:
Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que o vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia e vos julgais infelizes.
Crede-me, resisti com energia a essas impressões, que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor; mas, não as busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que Ele vos reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação, para vos ajudar a romper os liames que vos mantém cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante o vosso degredo na Terra, tendes que desempenhar uma missão de que não suspeitais, quer dedicando-vos à vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou. Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e atribulações, sede forte e corajosa para suportá-los. Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que, jubilosos por ver-vos de novo entre eles, vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra.
* * *
Podemos concluir, em resumo, que a ciclotimia de nossa personalidade ocorre em função de pressões ambientes, de influências espirituais, do peso do passado e das saudades do Além.
E como superar as variações de humor, mantendo a serenidade e a paz em todas as situações?
É evidente que não o faremos da noite para o dia, como quem opera um prodígio, mesmo porque isso envolve uma profunda mudança em nossa maneira de pensar e agir, o que pede o concurso do tempo.
Considerando, entretanto, que influências boas ou más passam necessariamente pelos condutos de nosso pensamento, podemos começar com o esforço por disciplinarmos nossa mente, não nos permitindo ideias negativas.
O apóstolo Paulo, orientando a comunidade cristã, em relação aos testemunhos necessários, ressalta bem isso, ao proclamar, na Epístola aos Filipenses
Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.
Recadinhos ao leitor:
– Mexa-se. Desenvolva atividades. Ninguém “cai na fossa”; geralmente entramos nela quando renunciamos a uma vida ativa e empreendedora.
– Policie sua casa mental. Estados depressivos começam com insinuantes ideias infelizes.
– Ainda que não se sinta disposto, cultive a convivência com familiares, amigos, colegas de profissão. O isolamento contraria a natureza sociável do ser humano, favorecendo a instalação de desajustes íntimos.
Muita Paz!

25 de fev. de 2014

PLANEJAMENTO FAMILIAR! ESTARÍAMOS INTERFERINDO NA REENCARNAÇÃO?


1 – É lícito o planejamento familiar, o casal estabelecer quantos filhos deseja?


Quem cuidará deles? quem os sustentará, alimentará, protegerá, medicará, orientará, educará? Então, se os pais assumem tão sérios compromissos, obviamente têm o direito de decidir quantos serão os seus filhos.


2 – Isso não contraria a vontade de Deus? não devemos deixar que o Criador decida?


Ao nos outorgar a inteligência, Deus concedeu-nos, paralelamente, o livre arbítrio, a liberdade de decidir quanto à nossa vida. Isso inclui a prole. É assim que crescemos para a responsabilidade. Família planejada é família melhor cuidada. Deixar que venham filhos à vontade, sem depois cuidar deles, como acontece com freqüência, envolvendo casais menos esclarecidos, está longe de representar o cumprimento da vontade de Deus.


3 – Aprendemos com a doutrina espírita que muitas vezes a família é planejada na espiritualidade. o casal que limita a natalidade não corre o risco de estar negligenciando seus deveres?


Colocaríamos melhor a questão dizendo que “algumas vezes” esse planejamento é feito, porquanto poucos Espíritos revelam, ao reencarnar, suficiente maturidade para assumir tal compromisso. Se há o planejamento, o casal tende a observá-lo. Reencarna com essa idéia. Ambos, intuitivamente, desejam determinado número de filhos, e acabam por consumar o que foi planejado.


4 – Não pode ocorrer uma defecção? Que o casal resolva limitar a natalidade, aquém do que foi planejado?


Sim, porquanto nossa visão no mundo espiritual é mais ampla e esclarecida. Do “outro lado” identificamos melhor nossas necessidades. Aqui, de percepções bloqueadas pela armadura física, temos uma visão limitada e, inspirados pelo egoísmo, podemos refugar nossos compromissos.


5 – Se o casal planejou receber determinados Espíritos como filhos, e não o faz, o que acontece com eles?


Depende de sua condição evolutiva. Espíritos mais evoluídos vão cuidar da vida. Desafetos, que viriam para harmonizar-se com os pais, podem persegui-los. Amigos carentes, em estado de desequilíbrio, que deveriam reajustar-se no processo reencarnatório, podem vincular-se ao lar, agindo como almas penadas a perturbá-los.


6 – Nos países subdesenvolvidos a prole é numerosa, chega a envolver uma dúzia de filhos. Os pobres são mais fiéis ao planejamento espiritual?


Não se trata de fidelidade ao planejamento, mas de incapacidade de planejar, pela própria condição cultural. Os nascimentos em lares assim obedecem à Natureza. Espíritos vinculados ao psiquismo do casal são atraídos à reencarnação, pelo campo vibratório que se forma no relacionamento sexual.


7 – Não há interferência da espiritualidade?


Um evento tão importante como a reencarnação de jamais ocorre sem a presença de mentores espirituais, que oferecem seu apoio e ajuda. Eventualmente, podem até favorecer que determinado espírito seja conduzido àquele lar, num planejamento sumário.



8 – Nota-se que, na medida em que a população evolui cultural e economicamente, há uma tendência para a limitação da natalidade. Isso não representa um “fechar de portas” aos Espíritos que precisam reencarnar?


Há alguns excessos nesse particular. casais com maior poder aquisitivo podem não querer compromissos dessa natureza, a fim de “gozar a vida”. A virtude está no meio. Nem despreocupação com a quantidade de filhos, nem limitação excessiva. Nem porta escancarada, nem porta trancada antes da hora. Os filhos dão muito trabalho e preocupações, mas oferecem, também, significado e objetivo à existência, colaborando decisivamente para a mudança de pessoa na conjugação do verbo de nossas ações. da primeira do singular – eu, sob orientação do egoísmo, para a primeira do plural – nós, iniciando-nos nos domínios abençoados da fraternidade.

RICHARD SIMONETTI

TRABALHOS ESPIRITUAIS!!! O MAL ESTÁ COM QUEM O PRATICA.



1 – Na questão 551, de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta: “Pode um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe seja dedicado, fazer mal ao seu próximo?”

A resposta é surpreendente: “Não; Deus não o permitiria.” Não contraria os incontáveis casos de pessoas perseguidas por Espíritos que atendem à evocação maldosa de gente que pretende prejudicá-las?


Há muita fantasia em torno do assunto, envolvendo médiuns supostamente capazes de “contratar” tais Espíritos, supostamente dotados de poderes para prejudicar as vítimas. Se isso fosse tão simples estaríamos todos “fritos”, conforme a expressão popular, à mercê dessas influências.

02 – No entanto, é comum nos depararmos com pessoas assustadas que foram informadas de que estão “amarradas” por artes desses “contratos”.


É a maneira desonesta usada por gente especializada em impressionar os incautos. Há muita ingenuidade da parte dos consulentes e muita malandragem da parte dos supostos “médiuns”, amedrontando-os para mais facilmente tirar-lhes dinheiro.

3 – Não obstante, toda obsessão envolve influências espirituais. Sejam evocadas por médiuns ou tenham a iniciativa de Espíritos malfazejos, não produzem males na vítima?


Consideremos que um Espírito pode nos ocasionar embaraços, envolvendo as pessoas que nos rodeiam ou pressionando nosso psiquismo, mas só será capaz de nos molestar na intimidade da própria consciência se reagir de forma desajustada. Então, não é o mal que nos faça que nos afetem, mas o mal que asilarmos em reação à sua influência. Se eu conseguir manter a calma e o equilíbrio, sintonizado com o bem e a verdade, não serei atingido.

4 – Digamos que o Espírito obsidie uma mulher, induzindo- a ao adultério. Não estará fazendo mal ao seu marido?


O mal está com quem o pratica, no caso a esposa que cedeu à influência do Espírito, por guardar tendências compatíveis com o adultério. Vai responder por isso. Se o marido, revelando comportamento machista, agredi-la ou submetê-la à execração pública, então, sim, estará se envolvendo com o mal.

5 – De qualquer forma, haverá sofrimento para ele. Isso não é um mal?


Não podemos confundir com o mal o sofrimento decorrente de algum prejuízo moral ou material que nos façam. Ele está nos sentimentos negativos, no ódio, no rancor, no desejo de vingança…Se não os asilamos no coração, esse mal “periférico” nos fará crescer.

6 – Então o mal acaba se convertendo num bem?


Sem dúvida, mesmo o mal que façamos porquanto, contrariando as leis divinas, somos penalizados por nossa própria consciência que, mais cedo ou mais tarde, nos imporá sofrimentos depuradores, que nos converterão ao Bem.

7 – Por isso Jesus recomendava o perdão?


Não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete perdão incondicional, que tira o sofrimento maior, quando nos causam prejuízos, ajudando-nos a manter a própria integridade, sem nos deixarmos arrastar ao revide, este sim, o verdadeiro prejuízo, inspirado pelo mal em nós, quando não relevamos.

8 – Em resumo…
Nenhum Espírito nos induzirá ao mal, se cultivarmos o bem. Mesmo diante de prejuízos que nos cause, conservaremos a própria integridade, evitando os comprometimentos do desequilíbrio. Consideremos, ainda, a questão vibratória, quando assediados por Espíritos que venham por encomenda ou por iniciativa própria: não seremos afetados, desde que mantenhamos uma conduta reta, firma, baseada em princípios de fraternidade e respeito pelo próximo. Atendendo à lei de sintonia psíquica, nenhum Espírito mau nos envolverá se sempre encontrar o bem a reinar em nosso coração.

RICHARD SIMONETTI

19 de dez. de 2013

O Palavrão

64822_388354984526106_381060258_n1 – Como você define o palavrão?
Um eco das cavernas, o rosnar do troglodita que ainda existe no comportamento humano.
2 – Conheço gente civilizada que diz palavrões.
Destempero verbal, civilidade superficial.
3 – Seria uma educação de fachada?
Sim. Não podemos confundir rótulo com conteúdo. É fácil cultivar urbanidade nos bons momentos. Mostramos quem somos quando nos pisam nos calos ou martelamos os dedos.
4 – Não seria razoável considerar que em circunstâncias assim o palavrão é útil, exprimindo indignação ou amenizando a dor?
Há quem diga que nessas situações ele é mais eficiente do que uma oração. Só que a oração nos liga ao Céu. O palavrão nos coloca à mercê das sombras.
5 – Mas o que vale não é o sentimento, expresso na inflexão de voz?
Posso fazer carinho com um palavrão ou agredir com palavras carinhosas. Não me parece do bom gosto demonstrar carinho com palavrões. imagine-se dando uma paulada carinhosa em alguém. Além disso há o problema vibratório.
6 – As palavras têm peso vibratório específico?
Intrinsecamente não. No entanto, revestem-se de magnetismo compatível com o uso que fazemos delas. Há uma vibração sublime, que nos edifica e emociona, a envolver o Sermão da Montanha. Quando o lemos contritos, sintonizamos com a vibração sublime de milhões de cristãos que ao longo dos séculos se debruçaram sobre seus conceitos sublimes, em gloriosas reflexões.
7 – Considerando assim, imagino a carga deletéria que há no palavrão mais usado, em que “homenageamos” a mãe de nossos desafetos.
Sem dúvida, além de nos colocar abaixo do comportamento do troglodita, já que este agredia seus desafetos, não a mãe deles.
8 – Você há de Convir que é difícil abolir o palavrão inteiramente. Há todo um processo de condicionamento, o ambiente. Lá em casa, por exemplo, ele corre solto.
Isso é relativo. Venho de uma família de italianos da Calábria, um povo que cultua adoidado o palavrão. Alguns tios meus, em situação de irritação extrema, dirigiam impropérios a Deus. Desde cedo, vinculando-me ao Espiritismo, compreendi que esse tipo de linguajar não interessa ao bom relacionamento familiar e muito menos à nossa economia espiritual.
(( Richard Simonetti ))

2 de out. de 2013

CORRUPÇÃO! UM MAL DO ESPÍRITO!


1 – Sucedem-se os governos no Brasil e perpetua-se a corrupção, em todos os níveis de atividade, na área pública e privada. Está na alma do brasileiro?
A corrupção está na alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta a desonestidade.
2 – Mas essa tendência parece ser mais forte em nosso país.
A tendência é universal. Ocorre que em países desenvolvidos é controlada e punida. A impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com a corrupção, é assustadora. Com raras exceções, somente os pobres vão parar na cadeia.
3 – No seu entender, quais as medidas que deveriam ser tomadas pelo governo?
Compete-lhe aprimorar os controles e instituir mecanismos que levem à punição exemplar dos infratores. Mas isso não basta, já que sempre haverá espertos capazes de burlar as leis. A educação orientada para a cidadania é o caminho mais acertado, estabelecendo controles a partir da consciência de que ser cidadão é, acima de tudo, respeitar as leis.

4 – E quanto ao Espiritismo?
Há duas frentes de ação, inspirando a honestidade. Em primeiro lugar, também a educação, não a formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a respeitar as leis.
5 – E a segunda frente?
Mostrar que todos responderemos por nossas ações quando retornarmos ao Mundo Espiritual, em observância plena à advertência de Jesus de que a cada um será dado segundo suas obras (Mateus, 16:27). Quem está consciente dessa realidade será sempre o fiscal incorruptível de si mesmo.
6 – Essa advertência está presente em todas as religiões, sem muita ressonância na alma dos fiéis. Por que o Espiritismo seria mais convincente?
As noções das religiões tradicionais sobre a vida espiritual são fantasiosas. Falam das coisas do Além, a partir de especulações dos que vivem na Terra. O Espiritismo fala a partir de informações dos que lá vivem, mostrando de forma clara e incisiva as consequências do comportamento humano. O saber é sempre mais incisivo do que o imaginar.
7 – Qual seria o castigo da corrupção?
Diz Dante, em A Divina Comédia, que os adeptos do princípio com dinheiro, qualquer não vira um sim, vão parar numa vala de piche fervente, no inferno, atormentados por demônios perversos. Suas fantasias guardam algo da realidade espiritual. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento.
8 – A honestidade seria o passaporte para regiões mais amenas?
Sim, mas não basta cumprir as leis dos homens. Sobretudo, é preciso ser honesto perante Deus, como explica o Espírito Joseph Brê, dirigindo-se à sua neta, na obra citada: Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor a Deus e ao próximo.
Entrevista com Richard Simonetti