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22 de abr. de 2019

Suicídio Inconsciente


É sempre muito difícil quando precisamos escrever sobre suicídio. 

As estatísticas em nosso país crescem vertiginosamente. Dados estatísticos apontam que do ano de 2000 ao ano de 2015, os suicídios cresceram 65% entre pessoas com idade entre 10 e 14 anos, e 45% em pessoas de 15 a 19 anos. 

Mais assustador ainda é falar em números reais. No nosso país, em média, 32 pessoas tiram a própria vida por dia, sendo essa a segunda maior causa de mortes entre jovens dos 15 aos 29 anos de idade, principalmente entre mulheres dos 15 aos 19 anos.

Entretanto, esse tema já foi trabalhado em artigos anteriores e, por isso, hoje trabalharemos um assunto pouco abordado, mas não menos importante: o Suicídio Inconsciente.

Mas, em que consiste o suicídio inconsciente ou, como também é chamado, suicídio indireto? É o ato de aniquilarmos, lenta e progressivamente, nosso corpo material. Como? De diversas formas.

Viver irritado é uma de suas formas, haja vista que tal estado é causador de problemas circulatórios; fazer uso indiscriminado e não seguindo orientações médicas de calmantes, buscando uma tranquilidade artificial; usar alucinógenos através de drogas, lícitas ou ilícitas, buscando uma euforia de caráter ilusório; vícios mentais, que de tanto pensarem negativo, desenvolvem doenças psicossomáticas; os maledicentes que passam a vida se envenenando com a maldade que eles julgam erroneamente estar em seu próximo; aqueles que alimentam rebeldia e constante inconformidade com a vida e seus caminhos; os que são demasiadamente apegados à pessoas ou bens materiais, que passam a vida toda pensando em ter, cuidar, não perder, entre outros sentimentos e; por fim, os excessos de diversos tipos: alimentação pouco ou nada saudável, tabagismo, bebida alcoólica em excesso, sexo sem responsabilidade e desregrado. Aqui fica a exclamação. Muitos de nós fazemos uma ou mais dessas coisas que usei como exemplo.

O mais conhecido caso de suicídio inconsciente é do Espírito André Luiz, que descreveu suas experiências e sua surpresa por ser considerado suicida, no Livro Nosso Lar. Segue trecho do livro onde ele demonstra que assim o acusavam sem que ele tivesse consciência de que havia atentado contra sua própria vida:

- Que buscais, infeliz! Aonde vais, suicida?

Tais objurgatórias, incessantemente repetidas, perturbavam-me o coração. Infeliz, sim; mas, suicida? – nunca! Essas increpações, a meu ver, não eram procedentes. Eu havia deixado o corpo físico a contragosto. Recordava meu porfiado duelo com a morte. Ainda julgava ouvir os últimos pareceres médicos, enunciados na Casa de Saúde; lembrava a assistência desvelada que tivera, os curativos dolorosos que experimentara nos dias longos que se seguiram à delicada operação dos intestinos. Sentia, no curso dessas reminiscências, o contato com o termômetro, o pique desagradável da agulha de injeções e, por fim, a última cena que precedera o grande sono: minha esposa ainda jovem e os três filhos contemplando-me, no terror da eterna separação. Depois, o despertar na paisagem úmida e escura e a grande caminhada que parecia sem fim (LIVRO NOSSO LAR).

Olvidava-se André Luiz dos excessos alimentares e de bebidas alcoólicas que cometera ao longo de sua vida, levando-o a destruição de todo seu aparelho gástrico e levando-lhe à condição de suicida inconsciente.

Pois é, meus queridos leitores. Todos os dias nós cometemos os mais variados excessos. Todos os dias nós tomamos atitudes que vão minando a saúde de nosso corpo físico antes da hora. Principalmente nos dias atuais, onde nos estressamos demais, trabalhamos demais, queremos demais, fingimos demais, somos fúteis demais, nos preocupamos demais com o que os outros vão pensar, bebemos em excesso dando a desculpa de que trabalhamos demais na semana e merecemos, fumamos em excesso porque alivia nosso estresse. Para tudo temos desculpas... E em tudo, nos matamos um pouco.

Infelizmente, as consequências de tal “tipo” de suicídio está descrita no Livro dos Espíritos, das questões 943 a 957 e já foram abordadas oportunamente em artigo anterior.

Entretanto, o suicídio involuntário, sabendo-se de seus “instrumentos”, pode ser evitado por nós. Como? Reforma íntima, oração e vigília! Todos podemos nos tornar pessoas melhores, todos podemos cuidar mais de nosso corpo físico, todos podemos fazer mais por nós mesmos... Basta que tenhamos força de vontade!

Vamos tentar?

Rafaela Paes

6 de out. de 2016

Suicídio, uma visão médica e espírita


Só existe um problema filosófico verdadeiramente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida é responder a questão fundamental da filosofia.” – Albert Camus (1913-1960)

A afirmativa acima é do Prêmio Nobel de Literatura de 1957 e se encontra no livro O Mito de Sísifo, cujo tema central é o suicídio.1 Se essa proposição parece exagerada, em sua essência guarda verdades, que devem ser refletidas de forma séria e profunda. Não se pode negar que, se não é o único “problema filosófico verdadeiramente sério”, é um dos maiores, levando-nos a pensar em questões fundamentais como o sentido da vida humana e a continuação do existir.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou em setembro de 2014 um suplemento intitulado Preventing Suicide – a Global Imperative2 (em tradução livre, Prevenindo o Suicídio – um Imperativo Global). São as estatísticas mais recentes sobre o tema, referentes ao ano de 2012, as quais revelam a magnitude do problema. Naquele ano, 804 mil pessoas tiraram a própria vida, número que excede as vidas perdidas por homicídio e guerras juntos e equivale a uma morte a cada 40 segundos. Nesse número, obviamente, não são contabilizadas as tentativas, mas somente as mortes consumadas. Em termos de tentativas, tem-se uma a cada dois segundos.

Em números absolutos, o ranking dos países é liderado pela Índia, totalizando número superior a 258 mil mortes. O Brasil ocupa a preocupante oitava posição com quase 12 mil suicídios por ano, média de 24 mortes por dia. Outros dados importantes trazidos pela OMS indicam que se trata da segunda causa de morte entre pessoas na faixa etária de 15 a 29 anos, ou seja, jovens em idade produtiva. Os dados também revelam que 75 % de todos os suicídios de 2012 ocorreram em países pobres ou em desenvolvimento. Os números, assim, são imperativos em comprovar a importância do tema e de que se vive um verdadeiro problema filosófico e de saúde pública.

Mas afinal, por que tantas mortes? Por que as pessoas cometem suicídio? Os suicidólogos, especialistas no assunto, atestam que mais de 90% das pessoas que cometem suicídio são portadoras de algum transtorno mental, o qual seria possível ser diagnosticado e tratado. Na lista têm-se, em especial, os transtornos do humor (depressão e transtorno afetivo bipolar), abuso de substâncias ilícitas (álcool e drogas), transtornos de personalidade e esquizofrenia. Transtornos dessa natureza aumentam os índices de suicídio, sobretudo quando não há tratamento adequado. No entanto, não se deve esquecer uma das maiores chagas da Humanidade: o materialismo.

Os Espíritos Luminares, que sob a bandeira do Espírito de Verdade colaboraram na elaboração da Doutrina Espírita, indicam que a luta contra o materialismo é um dever e uma necessidade para a transformação moral da Humanidade. Allan Kardec, na Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo, diz “que o materialismo, com o proclamar para depois da morte o nada, anula toda responsabilidade moral ulterior”.3 Despertar o ser para sua verdadeira essência, indicando sua natureza espiritual sujeita às Leis de Causa e Efeito e à Lei da Reencarnação, é tarefa das mais relevantes e que descortina um Novo Mundo e situa o Homem como sujeito do seu destino na construção da felicidade.

“A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as ideias materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio […]”.4 O Espiritismo, como Doutrina Consoladora, transforma a crença em saber, dizima as dúvidas e vence o materialismo, dando a conhecer as leis que regem o universo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo. A partir daí, foi e é possível conhecer as graves consequências de pôr fim à própria vida. O capítulo V, intitulado Suicidas, da segunda parte do livro O Céu e o Inferno,5 guarda importante material de estudo e desvenda o importante sofrimento post mortem.

O sofrimento vivenciado não é fruto de castigo divino, pois não existe esse artigo nas Leis Universais. É natural que o Espírito, ao se deparar com a realidade pós-túmulo e entender que a vida ainda “pulsa”, mergulhe nos abismos da própria consciência onde se encontram escritas as Leis de Deus.6 Transgredir as Leis de Deus é transgredir a própria natureza, causando assim profundo sofrimento moral. O Espírito percebe que a morte compreendida como extinção da vida não corresponde à verdade. A rigor, a morte está inserida nela e é a porta para o retorno à Pátria da qual saiu, voltou e sairá ainda na necessidade de evoluir sempre. Além disso, existem as consequências biológicas da complexa relação espírito-corpo, o qual, enquanto encarnado, se satura de fluido vital. Para que o desligamento ocorra por completo, o Espírito deve extinguir totalmente o fluido vital a fim de que possa dar continuidade à sua jornada como Espírito desencarnado. Em Memórias de um Suicida, psicografia de Yvonne A. Pereira, há o seguinte esclarecimento:

[…] Será preciso que se desagreguem dele [do suicida], as poderosas camadas de fluidos vitais que lhe revestiam a organização física, adaptadas por afinidades especiais da grande mãe natureza à organização astral, ou seja, ao perispírito, as quais nele se aglomeram em reservas suficientes para o compromisso da existência completa […].7

Daí as profundas e graves impressões sofridas pelo Espírito vinculado ainda ao corpo [1]físico por ter atentado contra a própria vida de forma violenta. São repercussões de ordem magnética que impactam o envoltório sutil do Espírito ou corpo espiritual, ou seja, o perispírito. Dado que tal envoltório corresponde à matriz biológica formadora do corpo físico, pode haver implicações futuras. Dificuldades no intercurso existencial e em encarnações posteriores, gerando limitações físicas e psíquicas não são incomuns. Entram em ação as Leis de Causa e Efeito na necessidade de reparar equívocos através da dor, maior aliada do processo evolutivo.

Eis o que afirma Léon Denis: “Fundamentalmente considerada, a dor é uma lei de equilíbrio e educação” e, assinala ainda, “necessidade de ordem geral, como agente de desenvolvimento, condições do progresso”.[2]Porém, em nenhum momento, o Espírito em sofrimento é abandonado à própria sorte. As Leis de Deus agem sempre a favor do Espírito imortal, acolhendo-o e aliviando suas dores para que possa progredir com confiança e fé em si mesmo e no Pai de infinita misericórdia. Assevera Jesus: “Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados. […] pois que é deles o Reino dos Céus”. (Mateus, 5:4, 6 e 10.)

A espiritualidade e a religiosidade são as ferramentas mais eficazes de prevenção ao suicídio e também as mais consoladoras. A Ciência caminha nessa direção e são inúmeras as pesquisas indicativas de menores taxas e atitudes mais negativas em relação a esse ato.[1] A data de 10 de setembro, indicada pela OMS, corresponde ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Seja ela um momento de reflexão para todos e, igualmente, de alçar uma prece em favor desses Espíritos em sofrimento, buscando a figura meiga do Nazareno…

[…] Desci, mas desci muito aos reinos inferiores…

Despertando no túmulo, escutei Os gritos da aflição de alguém que muito amei E que muito amo ainda… […] um amigo não esquece a dor de outro amigo que cai… Antes de me altear à Celeste Alegria, Ao sol do mesmo amor a Deus, em que te enlevas, Vali-me, após a cruz, das grandes horas mudas,

E desci para as trevas, A fim de aliviar a imensa dor de Judas.

O trecho acima do poema Amor e perdão, de Maria Dolores, psicografia de Francisco Cândido Xavier, descreve o diálogo do Mestre de Nazaré e Maria Madalena após o histórico dia do Calvário.[2] O Cristo, nos três dias que antecederam a “ressurreição”, buscou Judas, seu amigo amado, após o ato impensado do suicídio…

Jesus nunca nos esquece!



REFERÊNCIAS:

[1]PIMENTA, Danilo. A postura camu-siana perante o suicídio físico. Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 22, n. 3, p. 281-288, jul./set. 2012.

[2]Preventing suicide: a global imperative. 2014

[3]KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 131. ed. 6. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2015. Introdução, it. IV, Resumo da doutrina de Sócrates e Platão, subit. 9.

[4]____. Cap. 5, it. 16.

[5]O céu e o inferno. Trad. Guillon Ribeiro. 61. ed. 2. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2015. pt. 2, cap. 5.

[6]KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 93. ed. 2. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2016. Q. 621.

[7] PEREIRA, Yvonne A. Memórias de um suicida. Pelo Espírito Camilo Cândido Botelho. 27. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2016. Cap. Vale dos suicidas, p. 27.

[8] DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 32. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2015. Cap. 26, p. 347-348.

[9] KOENIG, Harold. Espiritualidade no cuidado com o paciente. São Paulo: FE Ed., 2005. Cap. 1, p. 21.

[10] XAVIER, Francisco C. Coração e vida. Pelo Espírito Maria Dolores. São Paulo: Ideal, 1994. Cap. 14.

23 de dez. de 2015

SUICÍDIO! VAMOS PENSAR NO TEMA?


O suicídio é considerado um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. É preocupante o número de autoextermínios, que, em 90% dos casos, está associado a patologias de ordem mental diagnosticáveis e tratáveis. 
 
A informação é a melhor forma para se salvarem vidas. Pensando assim, o jornalista e professor André Trigueiro, 48, escreveu “Viver é a Melhor Opção”.
O livro analisa as causas que levam as pessoas a colocarem fim às próprias vidas, traz estatísticas, cita fatores de risco e aborda a visão espírita, ampliando os horizontes de investigação sobre o assunto.
“Não importa a corrente filosófica, humanista ou espiritualista, à qual estejam vinculados os suicídios. A luta em favor da vida é a causa comum, o que empresta sentido ao conceito de civilização”, diz o escritor.
Trigueiro era católico e se converteu ao espiritismo em 1987, quando tinha 21 anos. “Fiquei encantado pela forma como essa filosofia espiritualista explica as leis que regem a vida e o universo. Acho muito interessante também o fato de não ser uma doutrina proselitista, ao afirmar que ‘fora da caridade não há salvação’ (independentemente do credo), e de não se apresentar como o único caminho que leva a Deus”, comenta.
Para ele, dentre todas as grandes religiões e tradições espiritualistas do Ocidente e do Oriente, a doutrina espírita parece ser a que disponibiliza mais informações sobre a realidade do suicida no plano espiritual.
“Para os espíritas, em nenhuma hipótese o suicídio representa alívio ou solução para os problemas. Pelo contrário, agrava-se a situação de quem, pelos mais variados motivos, malbaratou a oportunidade de aproveitar a existência para avançar na senda evolutiva. Somos reencarnacionistas, e para nós não existem penas eternas. Mas o período de desequilibro que sucede o autoextermínio pode ser mais ou menos longo (dependendo de cada caso) e invariavelmente doloroso”, explica o jornalista. 
Motivos não faltam àqueles que ceifam suas vidas. Muitas vezes acredita-se que o suicida pode ter agido sob a influência de um espírito obsessor.
“Quando não se conhece devidamente a doutrina espírita, pode-se ‘terceirizar’ com muita facilidade os nossos erros, responsabilizando os obsessores. Em outras tradições, culpa-se o diabo. E nós nessa história? Somos apenas vítimas?”, questiona Trigueiro.
Segundo ele, o espírito de Marcelo Ribeiro, que ditou belas mensagens e textos para o médium Divaldo Pereira Franco, disse certa vez que “nós não somos outros espíritos. Somos os algozes do passado travestidos de vítimas do presente”.
“A lei de causa e efeito, uma das leis de Newton, é um dos fundamentos importantes do espiritismo. Quem semeia o mal colhe o mal, quem semeia o bem colhe o bem. Obsessores, quando aparecem, se percebem no suposto direito de fazer ‘justiça’. E atrapalham a existência daqueles que sofrem suas influências. Não se dão conta do erro que cometem, e do quanto essa postura atrasa suas jornadas evolutivas. Importa que o obsidiado perceba o que acontece e peça sinceramente perdão pelos erros do passado”, observa Trigueiro.  
Para a doutrina espírita, o desligamento do corpo de um suicida ocorre de forma muito dolorosa. “Ele encontra dificuldades em se afastar do corpo físico logo após o desencarne, gerando grande aflição, pois sofrerá as impressões do que venha a acontecer ao cadáver durante o processo de decomposição da matéria orgânica”, assinala Trigueiro.
Perispírito
Violência. O autoextermínio produz estragos importantes na matriz espiritual do suicida, no perispírito, que, em alguns casos, podem levar mais de um século para serem sanados.
Dependentes de álcool e tabagistas são suicidas

A leitura que a doutrina espírita faz do suicídio é bastante abrangente. É interessante ressaltar que para os espíritas não existe a morte, ou seja, o espírito que pratica o autoextermínio considera que vai ceifar sua vida, mas isso não acontece, porque o espírito continua vivo do lado de lá.

“O primeiro grande choque se dá quando o suicida percebe-se vivo, quando descobre que a morte não existe e que a dor que o afligia foi potencialmente agravada pelas consequências de seu ato. Para quem procurava uma solução, o desapontamento é evidente”, comenta o jornalista André Trigueiro.

Mas existe outra forma de autoextermínio, que os espíritas chamam de suicídio indireto, que é menos conhecida.

“Suicídio é também tudo que se faz conscientemente para apressar a extinção das forças vitais. O mais importante objetivo da vida é evoluir, e, para isso, dispomos de um poderoso combustível chamado fluido vital. Quando desperdiçamos vigorosamente esse fluido com atividades desimportantes e comprometedoras para a resiliência do organismo, precipitamos o retorno à pátria espiritual”, pondera Trigueiro.

Segundo ele, no livro “Nosso Lar”, psicografado por Chico Xavier, o espírito de André Luiz desencarna mais cedo que o previsto por complicações causadas pelo tabagismo, pela bebida e pelas noitadas. “De acordo com a obra, ele passou oito anos padecendo no umbral pela culpa de ter consumido suas preciosas energias vitais de forma tão displicente e irresponsável”.

18 de mai. de 2015

SUICÍDIO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA!


“ (...)para o que não crê na eternidade e julga que com a vida tudo se acaba, se os infortúnios e as aflições o acabrunham, unicamente na morte vê uma solução para as suas amarguras. Nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar pelo suicídio as suas misérias.”
(“O suicídio e a loucura”. In: O Evangelho segundo o Espiritismo.) 

Crianças e adolescentes, em número expressivo, buscam no suicídio a fuga que lhes parece mais viável aos dissabores e dificuldades que surgem de suas experiências  na matéria.

O assunto, de importância vital para análise e reflexão de todos os espíritas, é destacado no temário das Campanhas Viver em Família e Em Defesa da Vida, reativadas pelo Conselho Federativo Nacional, órgão da Federação Espírita Brasileira, em 21 de novembro de 2004, tendo como uma de suas ações, em nível nacional, estimular o aprofundamento de temas dessa natureza, concluindo quão importante torna-se o conviver em família, onde sob todos os aspectos, a vida deve ser preservada e cuidada. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2000), no mundo inteiro, o suicídio está entre as cinco maiores causas de morte na faixa etária de 15 a 19 anos e em vários países ele fica como primeira ou segunda causa de morte entre meninos e meninas nessa mesma faixa etária.Verificamos que, estatisticamente, o Brasil se coloca como um dos países que possui um índice relativamente significativo neste tipo de morte entre os jovens: nos anos de 1991 a 2000 os suicídios, nessa faixa etária, tiveram crescimento de 28,5% e os dados, atualmente, apresentam, segundo a magnitude da população jovem brasileira, uma taxa de 4 suicídios por 100 mil habitantes. É possível, também, observar que a incidência dos óbitos por suicídio apresenta, a partir dos 10 anos, uma forte tendência ascendente para chegar à sua máxima expressão aos 21 anos de idade. 

É entristecedor ver esses Espíritos envolvidos em tantas frustrações, decorrentes de conflitos íntimos e de uma educação mal administrada, por parte dos pais, ou por serem, alguns, portadores de desequilíbrios emocionais que não foram atendidos adequadamente na infância, levando-os a uma atitude tão drástica.
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda (1991) aponta para os graves agentes psicológicos que levam ao suicídio, como a angústia, a insegurança, os conturbadores fenômenos psicossociais e econômicos, as enfermidades crucificadoras, o sentimento de desamparo e de perda, todos com sede na alma imatura e ingrata, fraca de recursos morais para sobrepô-los às contingências transitórias desses propelentes ao ato extremo. E, este trágico ato assume gravidade e constrangimento maiores, quando crianças, que ainda não dispõem do discernimento, optam pela aberrante decisão. 

Como avaliar o tresloucado gesto de seres tão jovens, sob a visão espírita? Que causas estimulam esses Espíritos, ainda imaturos, a buscarem, no gesto derradeiro, a superação dos problemas que os alucinam?
Mesmo considerando o grande número de suicidas que renascem com as impressões da ação cometida em vidas passadas, é necessária uma análise mais acurada sobre as razões que os impelem a cometer novas transgressões às leis de Deus, agravando ainda mais sua situação espiritual.
Analisaremos, inicialmente, os suicídios que têm por causa a obsessão.

Elucida-nos o venerável Espírito Bezerra de Menezes que Espíritos perversos influenciam os encarnados, sugestionando-os a cometerem o ato terrível, através do sono de cada noite, por uma pressão obsessora do seu desafeto espiritual, (...). Outros existem que não querem absolutamente morrer, não desejam o suicídio (...). Apesar disso, sucumbem, (...) uma vez que, deseducados da luz das verdades eternas, desconhecedores do verdadeiro móvel da vida humana, como da natureza espiritual do homem, não lograram forças nem elementos com que se libertarem do jugo mental (...) cujo acesso permitiram. Esses suicídios, levados a efeito por influências obsessivas, apresentam certa parcela de atenuantes para as vítimas e graves responsabilidades para os que os motivaram, respondendo, esses algozes, perante a Justiça Divina, pela crueldade cometida contra os seus adversários.
Intriga-nos, sem dúvida, que esta situação possa ocorrer com crianças e jovens.

A análise feita por Allan Kardec à resposta dada pelos Espíritos Superiores, à questão 199a, em O Livro dos Espíritos, esclarece-nos sobre o problema. Diz o Codificador: “Aliás, não é racional considerar-se a infância como um estado normal de inocência. Não se vêem crianças dotadas dos piores instintos, numa idade em que ainda nenhuma influência pode ter tido a educação? Algumas não há que parecem trazer do berço a astúcia, a felonia, a perfídia, até o pendor para o roubo e para o assassínio, não obstante os bons exemplos que de todos os lados se lhes dão?”Conclui Kardec, na mesma nota, que esses Espíritos se revelam viciosos por não possuírem progresso, sofrendo, então, por efeito de sua inferioridade. Essas crianças, geralmente, manifestam comportamentos desequilibrados, como resultante da rebeldia, da insatisfação, do nervosismo, da dificuldade intelectual que apresentam, agravando-se, cada vez mais, a sua existência, caso não recebam os cuidados urgentes dos pais, em forma de afeto, compreensão e providências terapêuticas adequadas, para que consigam superar reminiscências tão dolorosas.

Suely Caldas Schubert (1981), ao referir-se ao problema da obsessão na infância, traz de sua experiência interessantes depoimentos sobre crianças que tentaram o suicídio. Um desses casos foi destacado como gravíssimo. Conta-nos a autora que certa criança de três anos e alguns meses vinha tentando o suicídio das mais diferentes maneiras, o que lhe resultara, inclusive, ferimentos: um dia, jogou-se na piscina; em outro, atirou-se do alto do telhado, na varanda de sua casa; depois quis atirar-se do carro em movimento, o que levou os familiares a vigiá-la dia e noite. Seu comportamento, de súbito, tornou-se estranho, maltratando especialmente a mãe, a quem dirigia palavras de baixo calão que os pais nunca imaginaram ser do seu conhecimento.

Os pais da referida criança buscaram ajuda no Espiritismo e, a partir das reuniões de desobsessão, realizadas em seu benefício, foi possível diagnosticar, espiritualmente, as causas do seu estado atual. A oração, o passe e a água fluidificada, usados na terapêutica espiritual, melhoraram sensivelmente o problema obsessivo e outras crianças, que apresentavam sintomas semelhantes, foram amparadas, igualmente. Schubert chama atenção para a importância das aulas de Evangelização Espírita, quando os pequeninos seres são extremamente ajudados pelos ensinamentos ministrados, oferecidos por meio das luzes do esclarecimento espírita-cristão de que tanto carecem (p. 66).

Além das orientações que recebemos da profilaxia espírita é imprescindível procurarmos o auxílio de psicólogos, médicos, educadores e outros, que orientem na utilização de mecanismos preventivos, para o reajustamento dessas crianças. É importante ressaltar, todavia, que ao tratarmos de suicídio, não podemos apenas nos referir às obsessões, que influenciam grandemente essas almas torturadas, mas devemos levar em conta o rol de dificuldades que esses Espíritos trazem consigo, impulsionando-os a cometer desatinos de toda sorte, em prejuízo próprio, não lhes permitindo viver de forma mais tranqüila e segura.
Aos pais cabe a tarefa maior de ampará-los, dispensando-lhes muito amor, a fim de que se sintam amados e possam superar esses estados de sofrimento, choques e dores que necessitam ser atenuados por meio da educação, na prática de exercícios moralizadores, até que consigam transformar suas disposições mentais, na busca do rumo feliz que tanto anelam.

Ao conhecermos os fatores causais dos sofrimentos que nos atingem, passamos a aceitar com resignação e responsabilidade as provas indispensáveis para evoluirmos. Por isso, aceitar filhos difíceis é reagir de forma positiva, envolvendo-os em vibrações de ternura, anulando-lhes as impressões negativas, dialogando constantemente com eles, no uso da palavra envolta em emoção afetuosa e franca, e transmitindo-lhes a confiança de que haverão de se livrar dos problemas íntimos que os oprimem, confiando em Jesus e nos benfeitores espirituais. A criança, se evangelizada desde cedo, tem noção exata do que significa o amparo desses Amigos do além-túmulo.

O problema do suicídio assume dimensões maiores na adolescência, quando, quase sempre, não se recebeu ajuda na fase infantil. O Espírito Joanna de Ângelis (1998) afirma que a desinformação a respeito da imortalidade do ser e da reencarnação responde pela correria alucinada na busca do suicídio. (...) E essa falta de esclarecimento é maior no período infanto-juvenil, (...) facultando a fuga hedionda da existência carnal (...).

Há que se considerar, também, o suicídio indireto, quando o adolescente, vivendo em clima de lutas acerbas e não tendo recebido uma base familiar de orientação segura, desgasta suas forças morais e emocionais, enredando-se no jogo das paixões, principalmente no sexo em uso excessivo, na ingestão de bebidas alcoólicas, do fumo nocivo e das drogas, resultando nas reações comportamentais rebeldes e agressivas, que causarão sobrecargas destrutivas no conjunto do ser, desequilibrando suas condições física e mental (p. 133).

O panorama traçado até aqui mostra que o suicídio de crianças e jovens é constantemente desafiado pelas circunstâncias, muitas vezes imprevisíveis, que surgem dentro do próprio lar.

O lar deve ser escola de real educação, sem o caráter autoritário e impositivo, que torne as relações entre pais e filhos obsessivas e desgastantes, mas com a preocupação sincera de estabelecer-se entre eles uma amizade verdadeira, que lhes permita encontrar a resistência espiritual de que precisam, para enfrentar as vicissitudes e os desafios decorrentes de frustrações e de conflitos íntimos, surgidos, especialmente, dos relacionamentos interpessoais, nem sempre vividos favoravelmente.

A educação que se funda no processo de despertar os poderes latentes do Espírito é a única que realmente resolve o problema do ser. Educação que deve preparar o indivíduo para a vida como realmente ela é, destacando, sempre, a bênção da reencarnação, que permite lutar pelas mais nobres aspirações e reconhecendo, com gratidão, os destinos altaneiros que Deus concebeu e tracejou para o Espírito.
Importa, pois, primeiramente, que a criança e o adolescente tenham uma visão correta sobre a realidade e o futuro do ser, traçando para si valores éticos e cristãos que constituem a verdadeira vida e que os fará esperar pela concretização de realizações que os estimulem ao progresso.


A missão do Espiritismo é educar para salvar. Tenhamos nós, espíritas, a certeza desta revelação, pois enquanto esse fato não penetrar em nossas mentes e corações não saberemos acolher, com compreensão, essas almas infelizes e enfermas, necessitadas de infinito amor. Quanto a isso, reflitamos sobre a sábia lição de Jesus: “Ninguém acende uma candeia para pô-la debaixo do alqueire; põe-na, ao contrário, sobre o candeeiro, a fim de que ilumine a todos os que estão na casa.” (Mateus, 5:15.)

Clara Lila Gonzalez de Araujo 

2 de set. de 2014

SUICÍDIO CONSCIENTE E INVIGILÂNCIA MORAL!


            
                          A invigilância moral que nasce e se estrutura na ignorância humana com relação ao conhecimento da vida espiritual tem dizimado milhões de criaturas através dos tempos, e o pior é que continuará sua marcha lúgubre.

            O Espiritismo vem tirar da pasmaceira moral os espíritos aqui reencarnados a fim de que melhorem um pouco que seja, a qualidade de suas vidas, fazendo-os ver e sentir as consequências de seus vícios, paixões e desatinos cultivados através do corpo carnal.

            Nessas horas de devaneio a criatura se deixa envolver por espíritos de baixo astral, ou de baixo padrão vibratório, quando o ser perde o domínio integral de si mesmo. Criam-se algemas cruéis, difíceis de serem abertas. É a malha do vício que aprisiona, cerceia a liberdade, impõe condições, passa a dominar.

            Queremos nos referir ao tabagismo, esquecendo por enquanto os demais, como por exemplo, o alcoolismo, o uso de drogas, a maledicência, o hábito de caluniar, a glutonaria, o sexo em desregramento, a violência, etc., etc, tudo isso causando sérios curtos-circuitos no perispírito do viciado, energeticamente desestruturando-o, lamentavelmente, tendo em vista que ele será o molde do novo corpo físico da próxima reencarnação do viciado.

            Segundo dados colhidos num trabalho sobre saúde, da jornalista Magaly Sonia Gonzales, publicado na revista “Isto É”, de julho de 2000, “o vício do fumo foi adquirido pelos espanhóis, junto aos índios da América Central, que o encontraram nas adjacências de Tobaco, província de Yucatán. Um dos primeiros a cultivar o tabaco na Europa foi o Monsenhor Nicot, embaixador da França, em Portugal, de onde se derivou o nome nicotina, dado à principal toxina nele contida”.

            Através das constatações médicas científicas, verifica-se que o fumo é um veneno para o corpo. Como aliado deste princípio, encontramos os preceitos médicos/morais do Espiritismo, que mostra o fumo como um destruidor da mente, que provoca tonteiras, que enseja vômitos no estômago, dispara perturbações brônquicas nos pulmões e no sangue; é um agente envenenador, com ameaças de leucemia.

            O tabagismo se apodera do viciado em processo lento mas contínuo, fazendo-o mais uma “vítima”, inicialmente de si mesmo, depois dele, fumo. Em verdade, o viciado se torna escravo de sua vontade pusilânime. O tabagismo é uma doença que, tratada a tempo, tem cura, requerendo do viciado, no entanto, muita obstinação para dele se desvencilhar, determinação esta que ainda não é apanágio dos espíritos aqui residentes.

            Para deixar o cigarro é preciso readquirir o poder da vontade que se estiolou diante da prepotência, do autoritarismo da nicotina e seus sequazes.

            O viciado é aquele que perde o comando da mente.

            A luta do viciado pela recuperação do controle da vontade torna-se mais acerba pelo fato do vício haver encontrado quem lhe insufla maior potência: os espíritos desencarnados tabagistas. As mentes de além-túmulo não se desvinculam com facilidade, sem mais nem menos, deste foco que alimenta seus desregramentos: o fumante terreno.

            Os efeitos do tabagismo são devastadores, a saber: afeta o sistema respiratório, provocando bronquite, enfisema, câncer pulmonar, angina do peito, laringite, tuberculose, tosse e rouquidão; ataca o sistema digestivo, dificultando o apetite e a digestão, além de provocar úlcera gastroduodenal, hepatite; aumenta a concentração do ácido úrico, instalando a chamada gôta; o sistema circulatório sofre com o aparecimento de varizes, flebite, isquemia, úlceras varicosas, palpitação, trombose, aceleração de doenças coronarianas e cardiovasculares; o sistema nervoso, sempre muito sensível, leva à uremia, mal de Parkinson, vertigem, náuseas, dores de cabeça, nervosismo e opressão. A falta do fumo no organismo do viciado gera ansiedade, angústia, desencadeando crises, convulsões e espasmos. Instala-se, como se depreende, toda uma dependência mental, psíquica e física.
             Para os indígenas, a fumaça afastava os “maus espíritos”, daí o surgimento dos defumadores. Os pagés jogavam folhas secas no braseiro, ao mesmo tempo em que invocavam os seus deuses. Com o passar do tempo, habituaram-se a fazer um rolo de folhas secas de tabaco, fumegantes, aspirando e tragando a fumaça, o que neles provocava sensações de prazer. Nascia aí, para desgraça de tantas pessoas e o enriquecimento despudorado de muitas outras, o vício de fumar.

            Rogamos a Deus que surjam, cada vez mais, medidas restritivas aos fumantes e aos que propagam o cigarro, como também exemplos de abominação ao tabagismo nas famílias, nas escolas e na sociedade em geral. Com tal procedimento se dará uma demonstração de que o tabagismo é um suicídio em processo inconsciente lento, porém pertinaz.

A tendência do tabagismo é desaparecer antes do alcoolismo. Os dois têm seus dias contados na face da Terra.

Os males de um vício altamente destruidor da vida física, como o tabagismo, destroem também a vida espiritual pelo fato de lesar o perispírito. Acompanhando o espírito na erraticidade, não só de imediato aparecem as sequelas, mas também no seu retorno à vida carnal, num novo corpo altamente comprometido, estruturado que se acha em matriz defeituosa – o perispírito.

Largar o tabagismo, dizem os entendidos, tem de ser feito de uma só vez. Não concordamos tacitamente com isso, tendo em vista que cada criatura tem suas próprias reações orgânicas. O resultado que se obtém em relação a um caso pode ser diverso daquele que se constata em outro. Deve-se, entendemos colocar em ação todos os recursos existentes e, estando a pessoa determinada a parar com o uso do cigarro, surgirá o meio mais eficaz, o que seja mais aconselhável para o seu organismo reagir ao assédio do vício. Referimo-nos ao fato de que, na hora em que o viciado se predispõe a deixar o vício, logo a Espiritualidade Superior passa a cuidar do caso, a ele se dedicando com determinação e amor. Os resultados só poderão ser o melhor – libertação do vício.

O Espiritismo analisa o tabagismo como um “inimigo” do ser humano que precisa ser “eliminado”. Sendo um gerador de doenças e de dependências, merece do Espiritismo uma batalha sem trégua. Contudo, ele atuará sem violentação de consciências, somente ajudando, com a sua terapia, a quem quer ser ajudado.

O viciado recebe do Espiritismo, além de informações fornecidas pela medicina tradicional quanto aos males provocados pelo fumo, o alerta contra as obsessões e as desastrosas consequências no campo energético do espírito, fator este a exigir atenções especiais e procedimentos profundos na mentalização do fumante.

Mostra a Doutrina Espírita a necessidade não só de se cuidar do corpo, mas, sobretudo, do espírito e de seu campo vibratorial, o perispírito.

A visão reencarnatória é o principal fator que induz reformulação dos valores ético-morais de quem se aproxima do Espiritismo, pois ela representa, acima de tudo, o uso da lógica e da razão na busca de uma melhor compreensão da vida, abrangendo o aspecto dual da existência: o material e o espiritual.

Compete-nos, portanto, ajudar os nossos irmãos e irmãs que se encontram sob o jugo do vício a fugirem desta forma sub-reptícia de mergulhar num suicídio inconsciente.



(Artigo publicado originalmente em Reformador / FEB - abril de 2002)

24 de fev. de 2014

SUICÍDIO INVOLUNTÁRIO, O OUTRO LADO DA MOEDA





O escritor norte-americano Sidney Sheldon, relata em sua autobiografia (1), o episódio em que, ainda garoto, tomara a decisão de se suicidar, algo que seu pai, hábil vendedor à época, impedira, usando argumento bastante convincente.
Há dois modos de se interromper a vida por conta própria. O mais impactante é o ato tresloucado, desprovido de qualquer razão, em que o indivíduo usando de arma ou procedimento letal dá cabo à própria vida. O outro é praticado ao longo do tempo, através de atitudes que comprometem a saúde física e mental do sujeito. Exemplos: o uso de drogas, lícitas e ilícitas, de medicamentos sem a orientação médica e além do necessário, do alcoolismo, da promiscuidade sexual, da alimentação inadequada e exagerada, da poluição mental, por intermédio de ideias destrutivas, da submissão sem resistência ao pessimismo, da crença permanente de que se é um derrotado, porque não se consegue atingir metas para as quais tanto se trabalha e se luta.
Em o livro Nosso Lar (2), o personagem principal André Luiz, se surpreende quando é informado de que sua passagem pelo Umbral (3) se devia ao fato de ser um suicida, ainda que involuntário.
Camilo Castelo Branco, o célebre escritor português, autor de, entre outros, Amor de Perdição, um clássico da literatura, relata no admirável Memórias de um Suicida (4), as terríveis consequências que sofrera, em virtude de seu impensado ato, ao abdicar da existência humana.
O assunto está sempre em voga mas ganha destaque maior com o falecimento da cantora Amy Winehouse, que, após anos lutando contra o vício destruidor do álcool e das drogas, sucumbira aos efeitos devastadores de tais substâncias.
Considerando os ensinamentos da doutrina espírita, seria Amy uma suicida involuntária, ou seja, não tinha intenção, até onde se sabe, de se matar, mas acabou por fazê-lo, devido os hábitos agressivos que impôs ao seu corpo físico.
Por que tais fatos acontecem?
Bem, um dos motivos talvez seja por que nos falta a compreensão de que estamos em uma condição humana, mas, em verdade, somos espíritos. Portanto, até podemos acreditar que somos eternos, mas não temos a exata noção do que isso representa. Por conseguinte, não aceitamos que a experiência humana é mais uma etapa em nosso infinito aprendizado.
Para mensurarmos a dimensão e a importância da nossa experiência humana, ainda nos sujeitamos a conceitos de vitórias e derrotas, de êxito e de fracasso. Todavia, estas coisas, perdem todo o seu significado grandioso que a elas damos quando vistas do alto de nossas consciências.
Faça de seu corpo físico um santuário sagrado de devoção à vida. Esta deveria ser mais do que uma preocupação, uma meta a ser atingida. E os hospitais e as clínicas psiquiátricas, os presídios e os velórios seriam menos freqüentados.
Mas vivemos em um mundo cujos valores objetivos, como as conquistas materiais, portanto, efêmeras, prevalecem sobre os valores subjetivos.
Desde pequenos somos sugestionados e convidados a competir, a sobrepor o semelhante, a vê-lo como um inimigo a ser batido, e não como um irmão que encontramos em nosso caminho de aprendizado e com o qual podemos caminhar juntos, lado a lado.
O resultado, o sucesso e a vitória são tudo o que importa para nós. E quando ele não vem, porque nem sempre virá nos sentimos insatisfeitos, nos acreditamos incapazes, descremos de tudo, principalmente nas coisas que só o Bem proporciona. O Bem aos nossos olhos perde o brilho, torna-se inútil, sinônimo de derrota, de impossibilidade, de imperfeição e de insuficiência.
Daí é um passo para nos envolvermos com as energias inferiores, que, em nós, encontrarão refúgio para a sua escuridão. Então, estabelece-se uma simbiose, entre um e outro, criando uma atmosfera destrutiva, de alienação à realidade, que envolve e domina a nossa mente, posteriormente, nossos sentidos, e finalmente, o nosso corpo físico, tornando-o escravo das energias negativas, alimentadas pelos vícios de toda a sorte, principalmente àqueles que levam pouco a pouco à degradação moral e humana do indivíduo, ou seja, do espírito, que está na condição humana.
De aprendiz, liberto e senhor de si, em condições de realizar por si só, de aprender e de escolher, ele se torna escravo, submisso, refém da situação que, seja por descuido, ou opção, criou para si mesmo.
Sozinho, não conseguirá sair dessa "teia de aranha" na qual se meteu. Necessitará de ajuda. E, muitas vezes, tão desacreditado da vida que se encontra que ele não deseja essa ajuda. E só a terá de fato, a partir do instante, em que, cansado de sofrer, realmente quiser ser ajudado.
Observada de maneira superficial têm-se a impressão de que tal dramática situação só ocorre com artistas famosos, expostos às influências de toda sorte, em face o seu nível de sensibilidade mais aflorado. Mas não. O fenômeno se dá em muito maior número entre as pessoas consideradas comuns porque não são celebridades, não são artistas. Essas padecem com os sofrimentos, muitas vezes, solitariamente, abandonadas pelos próprios familiares, amigos e colegas de trabalho e de estudo.
Já é hora dos filósofos, psicólogos, escritores e artistas descerem do pedestal de sua auto-suficiência intelectual e buscarem compreender os ensinamentos de Jesus, fundamentados no amor e no perdão, forças motriz que propiciam a felicidade e a paz que todos buscamos.
A finalidade da existência humana não é competirmos entre nós, mas ajudarmo-nos uns aos outros em nossas jornadas de aprendizado.
A fé nos valores morais, a prática do Bem, o desapego consciente às coisas materiais, reconhecendo-se a sua necessidade, sim, mas jamais as tornando sustentáculos de nossa paz e alegria espiritual, são mais que mecanismos, são defesas ao alcance de todos, para que possamos passar ao largo das inclinações aos vícios, das quais todos nós estamos sujeitos, e que nos levam à destruição.
Elevemos o pensamento a Deus, nas horas de maior dificuldade. Lembremos que tudo passa, e todas as experiências por nós vivenciadas durante a trajetória humana são oportunidades para o nosso crescimento espiritual. Porque espíritos é o que de fato somos.


Notas:
1) O Outro Lado de Mim, Sidney Sheldon (Editora Record, 394 págs.)
2) Nosso Lar, André Luiz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier (Editora FEB, 335 págs.)
3) Região no mundo espiritual de dor e sofrimento, para onde se refugiam espíritos suicidas, e aqueles dominados pelo ódio.
4) Romance mediúnico de Camilo Cândido Botelho (Camilo Castelo Branco) psicografado pela médium Yvonne A. Pereira (Editora FEB, 688 págs.).
*Artigo publicado no Site Autores.com.br: http://www.autores.com.br/34-ensaios/49171-suicidio-involuntario-o-outro-lado-da-moeda.html

23 de jul. de 2013

Loucura, Suicídio e Obsessão




V. — Certas pessoas consideram as idéias espíritas como capazes de perturbar as faculdades mentais, pelo que acham prudente deter-lhes a propagação.

A. K. — Deveis conhecer o provérbio: “Quem quer matar o cão — diz que o cão está danado.”

Não é, portanto, estranhável que os inimigos do Espiritismo procurem agarrar-se a todos os pretextos; como este lhes pareceu próprio para despertar temores e suscetibilidades, empregam-no logo, conquanto não resista ao mais ligeiro exame. Ouvi, pois, a respeito dessa loucura, o raciocínio de um louco.

Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a loucura; as ciências, as artes, a religião mesmo, fornecem o seu contingente. A loucura provém de um certo estado patológico do cérebro, instrumento do pensamento; estando o instrumento desorganizado, o pensamento fica alterado.

A loucura é, pois, um efeito consecutivo, cuja causa primária é uma predisposição orgânica, que torna o cérebro mais ou menos acessível a certas impressões; e isto é tão real que encontrareis pessoas que pensam excessivamente e não ficam
loucas, ao passo que outras enlouquecem sob o influxo da menor excitação.

Existindo uma predisposição para a loucura, toma esta o caráter de preocupação principal, que então se torna idéia fixa; esta poderá ser a dos Espíritos, num indivíduo que deles se tenha ocupado, como poderá ser a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma ciência, da maternidade,
de um sistema político ou social. É provável que o louco religioso se tivesse tornado um louco espírita, se o Espiritismo fosse a sua preocupação dominante.

É certo que um jornal disse que se contavam, só em uma localidade da América, de cujo nome não me recordo, 4.000 casos de loucura espírita; mas é também sabido que os nossos adversários têm a idéia fixa de se crerem os únicos dotados de razão; é uma esquisitice como outra qualquer. Para eles, nós somos todos dignos de um hospital de doidos, e, por conseqüência, os 4.000 espíritas da localidade em questão eram considerados como loucos.

Dessa espécie, os Estados Unidos contam centenas de milhares, e todos os países do mundo um número ainda muito maior. Esse gracejo de mau gosto começa a não ter valor, desde que tal moléstia vai invadindo as classes mais elevadas da sociedade.

Falam muito do caso de Vitor Hennequin, mas se esquecem que, antes de se ocupar com os Espíritos, já ele havia dado provas de excentricidade nas suas idéias; se as mesas girantes não tivessem então aparecido (as quais, segundo um trocadilho bem espirituoso dos nossos adversários, lhe fizeram girar a cabeça), sua loucura teria seguido outro rumo.

Eu digo, pois, que o Espiritismo não tem privilégio algum, nesse sentido; mas vou ainda além: afirmo que, bem compreendido, ele é um preservativo contra a loucura e o suicídio.

Entre as causas mais numerosas de excitação cerebral, devemos contar as decepções, os desastres, as afeições contrariadas, as quais são também as mais freqüentes causas dosuicídio. Ora, o verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado, que as tribulações não são para eles senão os incidentes desagradáveis de uma viagem.

Aquilo que em outro qualquer produziria violenta comoção, afeta-o mediocremente. Ele sabe que os dissabores da vida são provas que servirão para o seu adiantamento, se as sofrer sem murmurar, porque sua recompensa será proporcional à coragem com que as houver suportado. Suas convicções dão-lhe, pois, uma resignação que o preserva do desespero e, por conseqüência, de uma causa incessante de loucura e de suicídio.

Ele sabe, além disso, pelo espetáculo que lhe dão as comunicações com os Espíritos, a sorte deplorável dos que abreviam voluntariamente os seus dias, e este quadro é bem de molde a fazê-lo refletir; também é considerável o número dos que por esse meio têm sido detidos nesse funesto declive. É um dos grandes resultados do Espiritismo.

Em o número das causas de loucura, devemos também colocar o medo, principalmente do diabo, que já tem desarranjado mais de um cérebro. Sabe-se o número de vítimas que se tem feito, ferindo as imaginações fracas com esse painel que, por detalhes horrorosos, capricham em tornar mais assustador.

O diabo, dizem, só causa medo às crianças, é um freio para corrigi-las; sim, como o papão e o lobisomem, que as contêm por algum tempo, tornando-se elas piores que antes, quando lhes perdem o medo; mas, em troca desse pequeno resultado, não contam as epilepsias que têm sua origem nesse abalo de cérebros tão delicados.

Não confundamos a loucura patológica com a obsessão; esta não provém de lesão alguma cerebral, mas da subjugação que Espíritos malévolos exercem sobre certos indivíduos, e que, muitas vezes, têm as aparências da loucura propriamente dita. Esta afecção, muito freqüente, é independente de qualquer crença no Espiritismo e existiu em todos os tempos. Neste caso, a medicação comum é impotente e mesmo prejudicial.

Fazendo conhecer esta nova causa de perturbação orgânica, o Espiritismo nos oferece, ao mesmo tempo, o único meio de vencê-la, agindo não sobre o enfermo, mas sobre o Espírito obsessor. O Espiritismo é o remédio e não a causa do mal.

Livro: O Que é o Espiritismo?
Capítulo I