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29 de ago. de 2013

Adversário da felicidade



Eles formavam um casal harmônico. Jovens e belos desfilavam pelas ruas de mãos dadas e sorrisos nos lábios.

Tudo parecia lhes sorrir. Profissionais liberais, administravam sua agenda de forma que a profissão não lhes tomasse todas as horas.

Escoavam os meses e se reprisavam os anos de gentilezas, traduzindo carinhoso afeto.

Até que um dia, um cliente mais ousado tomou atitudes indevidas e, embora fosse rechaçado com firmeza pela jovem esposa, o esposo se encheu de ciúmes.

A partir de então, o relacionamento começou a deteriorar. Ele se tornou frio para com ela. Os diálogos amigos se transformaram em monossílabos forçados.

Ela passou a agasalhar mágoa no seu coração.

Finalmente, optaram pela separação. A pedido dela, ele saiu de casa. Agora se encontravam somente no campo profissional, pois trabalhavam no mesmo local.

As noites solitárias começaram a se tornar intermináveis e ele passou a sentir a falta dela. Analisou os motivos da separação e descobriu que havia sido muito infantil. Resolveu pedir desculpas e retornar ao lar.

Em uma noite, decidiu que, ao se erguer pela manhã, iria até uma floricultura, compraria lindas flores e as remeteria para a sua amada.

Escolheu versos cheios de amor para esconder entre o ramalhete delicado:

Alma gêmea da minh'alma.

Flor de luz da minha vida.

Sublime estrela caída das belezas da amplidão.

És meu tesouro infinito.

Juro-te eterna aliança.

Porque eu sou tua esperança.

Como és todo o meu amor.

Adormeceu pensando em como se ajoelharia aos seus pés, confessando-lhe o amor que sentia.

Quando amanheceu o dia, vestiu-se, perfumou-se e foi até a frente da casa. Então, se sentiu um tolo romântico.

E se ela não o perdoasse? E se ela não estivesse disposta a reatar o relacionamento?

Afastou-se. Durante todo aquele dia a ideia não lhe saía da cabeça. Afinal, ela estava ali, tão perto, trabalhando na outra sala. Não encomendou as flores. Mas leu e releu os versos que escrevera. Chegou a noite, cheia de estrelas.

O quarto de hotel parecia sufocá-lo. Saiu, comprou flores, escreveu os versos em lindo cartão e se dirigiu para a casa dela.

A passo acelerado, foi chegando. Tinha na mente, para sair pelos lábios, todas as frases de perdão e juras de amor.

Com o coração em descompasso, bateu à porta. A empregada atendeu chorosa e vendo-o, apontou para o interior da sala.

A jovem tivera um problema cardíaco e morrera. As flores que ele levava serviram para lhe adornar o caixão. Mas os versos que ele fizera, esses ele não poderia jamais declamar aos seus ouvidos. Era tarde demais...

* * *

O ciúme é perigoso adversário. Tem a capacidade de destruir relações afetivas, ferindo os que a ele se entregam.

Se você já se permitiu dominar por ele, pense em quanto já perdeu em oportunidades de ser feliz. Quantas vezes se tornou frio, agressivo. Quantas vezes magoou e se sentiu magoado.

E tome uma decisão imediata. Abandone esse sentimento e retorne às fontes generosas do amor. Só quem ama é feliz e faz os outros felizes.

Redação do Momento Espírita, com reprodução de versos
extraídos do cap. 4, pt.2, do livro Há dois mil anos, pelo
Espírito Emmanuel, psicografado por
Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 12, ed. Fep.
Em 24.03.2010.

16 de ago. de 2012

Arrependimento e ação.


 
Dentre as emoções mais amargas sentidas pelos seres humanos está o arrependimento.
Ele chega tardiamente, embrulhado em sombras, trazendo o amargo do fel.
Insinua-se como tóxico penetrante, quando não irrompe desgovernado, produzindo desastre...
Nunca antecipa sua presença, mas quando chega mata a esperança, subjuga a coragem e vence a resistência.
É útil para despertar a consciência e desastroso para a convivência demorada, porque destroi a vida.
Assim, o arrependimento deve ser aproveitado, pela alma que o sente, para elevar-se acima da sua influência perniciosa.
Quando a luz do arrependimento se acende na consciência culpada, esta visualiza, com nitidez, os desatinos cometidos e se julga irremissivelmente perdida.
Mas o arrependimento, ao contrário do que se pensa, é bênção que enseja ao arrependido maturidade e convite à reparação.
É a porta que se abre para que a alma equivocada busque o acerto e se renove para Deus.
Assim, se o arrependimento nos visita, não façamos dele motivo para o desalento.
O agricultor desavisado, que semeia espinhos ao invés de boas sementes, ou desleixado, que permite o alastramento das ervas daninhas, quando se dá conta de que sua lavoura corre perigo, não pode ficar se lamentando, de braços cruzados.
Ao contrário, deve agir rapidamente para recuperar o tempo perdido.
Começa por arrancar os espinheiros e limpar o eito. Depois é tempo de preparar o solo e lançar sementes que produzam bons frutos.
Jesus, profundo conhecedor dos mapas que norteiam a intimidade dos seres, ensinou-nos como proceder quando visitados pelo arrependimento: tomar do arado, e não olhar para trás.
Um exemplo célebre na História do Cristianismo é o de Maria de Magdala.
Mulher jovem e bonita, se comprazia nos prazeres efêmeros e vazios. Mas quando vislumbrou uma proposta de felicidade efetiva, refez as metas, fortaleceu os ânimos e seguiu com coragem.
Não ficou isenta das consequências dos atos pretéritos, mas não vacilou ante o campo que o Mestre lhe ofereceu para ser joeirado.
O profeta Ezequiel escreve, no Antigo Testamento, que o desejo do Criador não é a morte do ímpio, mas a eliminação da impiedade.
Mas para que haja a eliminação da impiedade é preciso que o ímpio caia em si, qual filho pródigo, e volte-se para o Pai.
Assim, se o arrependimento bater nas portas da nossa consciência, acolhamo-lo com a tranquilidade de quem reconhece que se equivocou, mas que deseja, sinceramente, refazer a lição com acerto.
*   *   *
Para evitar arrependimentos futuros convém que façamos, no momento presente, o melhor que estiver ao nosso alcance.
A consciência é guia seguro para nortear nossas atitudes, uma vez que nela estão inscritas as Leis Divinas.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Arrependimento,
 do livro Heranças de amor, pelo Espírito Eros, psicografia 
de  Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 06.08.2009.

2 de jun. de 2011

Arrependimento.




Pergunta: O arrependimento se verifica no estado corpóreo ou no estado espiritual?

Resposta dos Espíritos — No estado espiritual. Mas pode também verificar-se no estado corpóreo, quando bem compreendeis a distinção entre o bem e o mal.


Pergunta: Qual é a conseqüência do arrependimento no estado espiritual?


Resposta dos Espíritos — O desejo de uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o impedem de ser feliz e aspira a uma nova existência, onde possa expiar as suas faltas.


Pergunta: Qual é a conseqüência do arrependimento no estado corpóreo?

Resposta dos Espíritos
— Adiantar-se, ainda na vida presente, se houver tempo para reparação das faltas. Quando a consciência reprova e mostra uma imperfeição, sempre se pode melhorar.


Pergunta: Não há homens que só possuem o instinto do mal, sendo inacessíveis ao arrependimento?

Resposta dos Espíritos — Já te disse que se deve progredir sem cessar. Aquele que nesta vida só possui o instinto do mal, numa outra terá o do bem, e é para isso que renasce muitas vezes, pois é necessário que todos avancem e atinjam o alvo, uns com mais rapidez, e outros de maneira mais demorada, segundo os seus desejos. Aquele que só tem o instinto do bem já está purificado, porque pode ter tido o do mal numa existência anterior.


Pergunta: O homem perverso, que durante a vida não reconheceu suas faltas, sempre as reconhecerá depois da morte?

Resposta dos Espíritos — Sim, ele sempre as reconhece, e então sofre mais porque sente todo o mal que praticou ou do qual foi a causa voluntária. Entretanto, o arrependimento nem sempre é imediato. Há Espíritos que se obstinam no mau caminho, apesar dos sofrimentos. Mas, cedo ou tarde, reconhecerão haver tomado um falso caminho e o arrependimento se manifestará. É para esclarecê-los que os bons Espíritos trabalham e que vós mesmos podeis trabalhar.


Pergunta: O arrependimento sincero durante a vida é suficiente para extinguir as faltas e fazer que se mereça a graça de Deus?

Resposta dos Espíritos — O arrependimento auxilia a melhora do Espírito, mas o passado deve ser expiado.


Pergunta: Se, de acordo com isso, um criminoso dissesse que, tendo de expiar o passado, não precisa se arrepender, quais seriam para ele as conseqüências?

Resposta dos Espíritos — Se teimar no pensamento do mal, sua expiação será mais longa e mais penosa.


Pergunta: Podemos, desde esta vida, resgatar as nossas faltas?

Resposta dos Espíritos — Sim, reparando-as. Mas não julgueis resgatá-las por algumas privações pueris ou por meio de doações depois da vossa morte, quando não tereis mais necessidade de nada. Deus não considera um arrependimento estéril, sempre fácil e que só custa o trabalho de bater no peito. A perda de um dedo, quando se presta um serviço, apaga maior número de faltas do que o cilício (suplício da carne) suportado durante anos, sem outro objetivo que o bem de si mesmo.

O mal não é reparado senão pelo bem, e a reparação não tem mérito algum se não atingir o homem no seu orgulho ou nos interesses materiais. De que lhe serve restituir após a morte, corno justificação, os bens mal adquiridos, que foram desfrutados em vida e já não lhe servem para nada? De que lhe serve a privação de alguns gozos fúteis e de algumas superfluidades, se o mal que fez a outrem continue o mesmo? De que lhe serve, enfim, humilhar-se diante de Deus, se conserva o seu orgulho diante dos homens?


Pergunta: Não há nenhum mérito em se assegurar, após a morte, um emprego útil para os bens que deixamos?

Resposta dos Espíritos — Nenhum mérito não é bem o termo; isso vale sempre mais do que nada. Mas o mal é que aquele que dá ao morrer, geralmente é mais egoísta do que generoso. Quer ter as honras do bem sem lhe haver provado as penas. Aquele que se priva em vida tem duplo proveito: o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes os que beneficiou. Mas há sempre o egoísmo a dizer ao homem: ‘O que dás, tiras dos teus próprios gozos’. E como o egoísmo fala mais alto que o desinteresse e a caridade, ele guarda em vez de dar, sob o pretexto das suas necessidades e das exigências da sua posição. Ah! Lastimai aquele que desconhece o prazer de dar, porque foi realmente deserdado de um dos mais puros e suaves gozos do homem. Deus, submetendo-o à prova da fortuna, tão escorregadia e perigosa para o seu futuro, quis dar-lhe em compensação a ventura da generosidade, de que ele pode gozar neste mundo.


Pergunta: O que deve fazer aquele que, no último momento, na hora da morte, reconhece as suas faltas, mas não tem tempo para repará-las? É suficiente arrepender-se, nesse caso?

Resposta dos Espíritos — O arrependimento apressa a sua reabilitação, mas não o absolve. Não tem ele o futuro pela frente, que jamais se lhe fecha?


Texto retirado do ‘Livro dos Espíritos’ (Livro Quarto – Cap. 2 – Item VI)

Um criminoso arrependido.


A 3 de janeiro de 1857, Mons. Sibour, arcebispo de Paris, ao sair da Igreja de Saint-Étienne-du-Mont, foi mortalmente ferido por um jovem padre chamado Verger.

O criminoso foi condenado à morte e executado a 30 de janeiro. Até o último instante não manifestou qualquer sentimento de pesar, de arrependimento, ou de sensibilidade.

Evocado no mesmo dia da execução, deu as seguintes respostas:

1. Evocação.

R. Ainda estou preso ao corpo.

2. Então a vossa alma não está inteiramente liberta?

R. Não... tenho medo... não sei... Esperai que torne a mim. Não estou morto, não é assim?

3. Arrependei-vos do que fizestes?

R. Fiz mal em matar, mas a isso fui levado pelo meu caráter, que não podia tolerar humilhações... Evocar-me-eis de outra vez.

4. Por que vos retirais?

R. Se o visse, muito me atemorizaria, pelo receio de que me fizesse outro tanto.

5. Mas nada tendes a temer, uma vez que a vossa alma está separada do corpo. Renunciai a qualquer inquietação, que não é razoável agora.

R. Que quereis? Acaso sois senhor das vossas impressões? Quanto a mim, não sei onde estou... estou doido.

6. Esforçai-vos por ser calmo.

R. Não posso, porque estou louco... Esperai, que vou invocar toda a minha lucidez.

7. Se orásseis, talvez pudésseis concentrar os vossos pensamentos...

R. Intimido-me... não me atrevo a orar.

8. Orai, que grande é a misericórdia de Deus! Oraremos convosco.

R. Sim; eu sempre acreditei na infinita misericórdia de Deus.

9. Compreendeis melhor, agora, a vossa situação?

R. Ela é tão extraordinária que ainda não posso apreendê-la.

10. Vedes a vossa vítima?

R. Parece-me ouvir uma voz semelhante à sua, dizen-do-me: Não mais te quero... Será, talvez, um efeito da imaginação!... Estou doido, vo-lo asseguro, pois que vejo meu corpo de um lado e a cabeça de outro... afigurando-se-me, porém, que vivo no Espaço, entre a Terra e o que denominais céu... Sinto como o frio de uma faca prestes a decepar-me o pescoço, mas isso será talvez o terror da morte... Também me parece ver uma multidão de Espíritos a rodear-me, olhando-me compadecidos... E falam-me, mas não os compreendo.

11. Entretanto, entre esses Espíritos há talvez um cuja presença vos humilha por causa do vosso crime.

R. Dir-vos-ei que há apenas um que me apavora o daquele a quem matei.

12. Lembrai-vos das anteriores existências?

R. Não; estou indeciso, acreditando sonhar... Ainda uma vez, preciso tornar a mim.

(Três dias depois.)

13. Reconhecei-vos melhor agora?

R. Já sei que não mais pertenço a esse mundo, e não o deploro. Pesa-me o que fiz, porém meu Espírito está mais livre. Sei a mais que há uma série de encarnações que nos dão conhecimentos úteis, a fim de nos tornarmos tão perfeitos quanto possível à criatura humana.

14. Sois punido pelo crime que cometestes?

R. Sim; lamento o que fiz e isso faz-me sofrer.

15. Qual a vossa punição?

R. Sou punido porque tenho consciência da minha falta, e para ela peço perdão a Deus; sou punido porque reconheço a minha descrença nesse Deus, sabendo agora que não devemos abreviar os dias de vida de nossos irmãos; sou punido pelo remorso de haver adiado o meu progresso, enveredando por caminho errado, sem ouvir o grito da própria consciência que me dizia não ser pelo assassínio que alcançaria o meu desiderato. Deixei-me dominar pela inveja e pelo orgulho; enganei-me e arrependo-me, pois o homem deve esforçar-se sempre por dominar as más paixões, o que aliás não fiz.

16. Qual a vossa sensação quando vos evocamos?

R. De prazer e de temor, por isso que não sou mau.

17. Em que consiste tal prazer e tal temor?

R. Prazer de conversar com os homens e poder em parte reparar as minhas faltas, confessando-as; e temor, que não posso definir - um quê de vergonha por ter sido um assassino.

18. Desejais reencarnar na Terra?

R. Até o peço e desejo achar-me constantemente exposto ao assassínio, provando-lhe o temor.

* * *
A situação de Verger, ao morrer, é a de quase todos os que sucumbem violentamente. Não se verificando bruscamente a separação, eles ficam como aturdidos, sem saber se estão mortos ou vivos. A visão do arcebispo foi-lhe poupada por desnecessária ao seu remorso; mas outros Espíritos, em circunstâncias idênticas, são constantemente acossados pelo olhar das suas vítimas.

Monsenhor Sibour, evocado, disse que perdoava ao assassino e orava para que ele se arrependesse. Disse mais que, posto estivesse presente à sua evocação, não se lhe tinha mostrado para lhe não aumentar os sofrimentos, porquanto o receio de o ver já era um sintoma de remorso, era já um castigo.


Do livro “O Céu e o Inferno” - Allan Kardec
(2a. Parte - Cap. VI - Ed. FEB)