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4 de nov. de 2011

'Dia de Finados'



O Dia dos Mortos


Na sessão da Sociedade de 2 de Novembro,
Charles Nodier, rogado a consentir para continuar o trabalho que começou, respondeu:

Permiti-me, esta noite, meus muito caros amigos, vos falar sobre um outro assunto; continuarei o meu trabalho começado numa próxima vez.

Hoje é uma época que nos é muito pessoalmente consagrada, pelo que não lembraremos a vossa atenção sobre a morte e sobre as preces que reclamam a maioria daqueles que vos precederam.

Esta semana é uma época de confraternização entre o céu e a Terra, entre os vivos e os mortos; deveis vos ocupar de nós mais particularmente, e de vós também; porque meditando este pensamento de que logo, como para nós, os vivos pedirão pela vossa alma, deveis vos tornar melhores.

Segundo a maneira pela qual vivestes neste mundo, sereis recebidos diante de Deus.

O que é a vida, depois de tudo? Uma curtíssima emigração do Espírito sobre a Terra; tempo, entretanto, em que pode amontoar um tesouro de graças ou se preparar para cruéis tormentos.

Pensai nisso, pensai no céu, e a vida, qualquer que a tendes, vos parecerá bem breve.”

Charles Nodier (Médium: senhorita Huet)

* * *

As perguntas seguintes foram dirigidas ao Espírito a respeito de sua comunicação:

1. Hoje os Espíritos são mais numerosos do que habitualmente nos cemitérios?

R. Neste tempo estamos mais de bom grado junto de nossos despejos terrestres, porque os vossos pensamentos, as vossas preces ali estão conosco.

2. Os Espíritos que, nestes dias, vêm para suas tumbas junto das quais ninguém roga, sofrem por se verem abandonados, ao passo que outros têm seus parentes e seus amigos que vêm lhes dar um sinal de lembrança?

R. Não há pessoas piedosas que oram por todos os mortos em geral? Pois bem! Essas preces retornam ao Espírito esquecido, são para eles o maná celeste que cai para o preguiçoso como para o homem ativo; a prece é para o conhecido como para o desconhecido: Deus a reparte igualmente, e os bons Espíritos que dela não têm mais necessidade a revertem para aqueles que ela pode ser necessária.

3. Sabemos que a fórmula das preces é indiferente, todavia, muitas pessoas têm necessidade de uma fórmula para fixar as suas idéias; por isso, vos seríamos reconhecidos em consentir em nos ditar uma sobre esse assunto; todos nós nos associaremos a ela pelo pensamento, para aplicá-la aos Espíritos que podem dela ter necessidade.

R. Eu o desejo muito.

Deus, criador do universo, dignai-vos ter piedade de vossas criaturas; considerai as suas fraquezas; abreviai as suas provas terrestres, se estão acima de suas forças; compadecei-vos das penas daqueles que deixaram a Terra, e inspirai-lhes o desejo de progredir para o bem.”


Texto retirado da Revista Espírita – 1860 / Allan Kardec


* * ** * ** * * ** * * *


Mensagens para Reflexão

NINGUÉM MORRE

Não reclames da Terra
Os seres que partiram...

Olha a planta que volta
Na semente a morrer.

Chora, de vez que o pranto
Purifica a visão.

No entanto, continua
Agindo para o bem.

Lágrima sem revolta
É orvalho da esperança.

A morte é a própria vida
Numa nova edição.

(Emmanuel / Chico Xavier)

*** *** ***

SAUDADE

Ante os mortos queridos,
Faze silêncio e ora.

Ninguém pode apagar
A chama da saudade.

Entretanto se choras,
Chora fazendo o bem.

A morte para a vida
É apenas mudança.

A semente no solo
Mostra a ressurreição.

Todos estamos vivos
Na presença de Deus.

(Emmanuel / Chico Xavier)

FINADOS.




Como a Doutrina Espírita encara o Dia de Finados?

Realmente o tema desperta algumas dúvidas. Mesmo alguns companheiros espíritas perguntam se devem ou não ir aos cemitérios no dia 2 de Novembro, se isto é importante ou não.

Antes de tudo, lembremos que o respeito instintivo do homem pelos desencarnados, os chamados mortos, é uma consequência natural da intuição que as pessoas têm da vida futura.

Não faria nenhum sentido o respeito ou as homenagens aos mortos se no fundo o homem não acreditasse que aqueles seres queridos continuassem vivendo de alguma forma. É um fato curioso que mesmo aqueles que se dizem materialistas ou ateus nutrem este respeito pelos mortos.

Embora o culto aos mortos ou antepassados seja de todos os tempos, Léon Denis nos diz que o estabelecimento de uma data específica para a comemoração dos mortos é uma iniciativa dos druidas, antigo povo que viveu na região que hoje é a França. Os druidas, um povo que acreditava na continuação da existência depois da morte, se reuniam nos lares, não nos cemitérios, no primeiro dia de novembro, para homenagear e evocar os mortos.

A noção de imortalidade que a maioria das pessoas tem, no entanto, ainda é confusa, fazendo com que as multidões se encaminhem para os cemitérios, como se o cemitério fosse a morada eterna daqueles que pereceram.

O Espiritismo ensina o respeito aos desencarnados como um dever de fraternidade, mas mostra que as expressões de carinho não precisam ser realizadas no cemitério, nem é necessário haver um dia especial para que tais lembranças ou homenagens sejam realizadas.

Mas para os espíritos desencarnados o dia 2 de Novembro tem alguma coisa mais solene, mais importante? Eles se preparam para visitar os que vão orar sobre os túmulos?

É preciso entender que nossa comunicação com os desencarnados é realizada através do pensamento. As preces, as orações, são vibrações do pensamento que alcançam os espíritos.

Nossos entes queridos desencarnados são sensíveis ao nosso pensamento. Se existe entre eles e nós o sentimento de verdadeira afeição, se existe esse laço de sintonia, eles percebem nossos sentimentos e nossas preces, independente de ser dia de finados ou não.

Esse é o aspecto consolador da Doutrina Espírita: a certeza de que nossos queridos desencarnados, nossos pais, filhos, parentes e amigos, continuam vivos e continuam em relação conosco através do pensamento.

Não podemos privar de sua presença física, mas o sentimento verdadeiro nos une e eles estão em relação conosco, conforme as condições espirituais em que se encontrem.

Realizaram a grande viagem de retorno à pátria espiritual antes de nós, nos precederam na jornada de retorno, mas continuam vivos e atuantes.

Um amigo incrédulo uma vez nos falou:

Só vou continuar vivo na lembrança das pessoas”.

Não é verdade. Continuamos tão vivos após a morte quanto estamos vivos agora. Apenas não dispomos mais deste corpo de carne, pesado e grosseiro.

Então, os espíritos atendem sim aos chamados do pensamento daqueles que visitam os túmulos. No dia 2 de Novembro, portanto, como nos informam os amigos espirituais, o movimento nos cemitérios, no plano espiritual, é muito maior, porque é muito maior o número de pessoas que evocam, pelas preces e pelos sentimentos, os desencarnados.

Questões sobre o tema:

- Se estes desencarnados pudessem se tornar visíveis, como eles se mostrariam?

Com a forma que tinham quando estavam encarnados, para que pudessem ser reconhecidos.

Não é raro que o espírito quando desencarne sofra ou provoque alterações na sua aparência, ou seja, no seu corpo espiritual. Espíritos que estão em equilíbrio mental e emocional podem se apresentar com uma aparência mais jovem do que tinham quando estavam encarnados, enquanto outros podem inclusive adotar a aparência que tinham em outra encarnação. Por outro lado, espíritos que estão em desequilíbrio podem ter uma aparência muito diferente da que tinham no corpo, pois o corpo espiritual mostra o verdadeiro estado interior do espírito.

- E quanto aos espíritos esquecidos, cujos túmulos não são visitados? Como se sentem?

Isto depende muito do estado do espírito. Muitos já reconhecem que a visita aos túmulos não é fundamental para se sentirem amados. Outros, no entanto, comparecem aos cemitérios na esperança de encontrar alguém que ainda se lembre deles e se entristecem quando se vêem sozinhos.

- A visita ao túmulo traz mais satisfação ao desencarnado do que uma prece feita em sua intenção?

Visitar o túmulo é a exteriorização da lembrança que se tem do espírito querido, é uma forma de manifestar a saudade, o respeito e o carinho. Desde que realizada com boa intenção, sem ser apenas um compromisso social ou protocolar, desde que não se prenda a manifestações de desespero, de cobranças, de acusações, como ocorre em muitas situações, a visitação ao túmulo não é condenável. Apenas é desnecessária, pois a entidade espiritual não se encontra no cemitério, e pode ser lembrada e homenageada através da prece em qualquer lugar. A prece ditada pelo coração, pelo sentimento, santifica a lembrança, e é sempre recebida com prazer e alegria pelo desencarnado.

- No ambiente espiritual dos cemitérios comparecem apenas os espíritos cujos corpos foram lá enterrados?

Não. Segundo as narrativas, o ambiente espiritual dos cemitérios fica bastante tumultuado no chamado Dia de Finados. E isto ocorre por vários motivos. Primeiro, como já dissemos, pela própria quantidade de pessoas que visitam os túmulos. Cada um de nós levamos nossas companhias espirituais, somos acompanhados pelos espíritos familiares. Depois, porque muitos espíritos que estão vagando desocupados e curiosos do plano espiritual também acorrem aos cemitérios, atraídos pelo movimento da multidão, tal como ocorre entre os encarnados. Alguns comparecem respeitosos enquanto outros se entregam à galhofa e à zombaria.

- E existem espíritos que permanecem fixados no ambiente do cemitério depois de sua desencarnação?

Sim, embora esta não seja uma ocorrência comum. Além disso, devemos nos lembrar que nos cemitérios, bem como em qualquer lugar, existem equipes espirituais trabalhando para auxiliar, dentro do possível, os que estão em sofrimento.

- Os espíritos dão alguma importância ao tratamento que é dado ao seu túmulo? As flores, os enfeites, as velas, os mausoléus, influenciam no estado espiritual do desencarnado?

Não. Somente os espíritos ainda muito ligados às manifestações materiais poderiam se importar com o estado do seu túmulo, e mesmos estes, em pouco tempo, percebem a inutilidade, em termos espirituais, de tais arranjos. O carinho com que são cuidados os túmulos só tem algum sentido para os encarnados, que devem se precaver para não criarem um estranho tipo de culto. Não devemos converter as necrópoles vazias em “salas de visita do além”. Há locais mais indicados para nos lembrarmos daqueles que partiram.

- E que tipo de local seria este?

O lar! Nossos entes familiares que já desencarnaram podem ser lembrados na própria intimidade e no aconchego de nosso lar, ao invés da frieza dos cemitérios e catacumbas. Eles sempre preferirão receber nossa mensagem de saudade e carinho envolvida nas vibrações do ambiente familiar. Qualquer que seja a situação espiritual em que eles se encontrem, serão alcançados pelo nosso pensamento. Por isso, devemos nos esforçar para, sempre que lembrarmos deles, que nosso pensamento seja de saudade equilibrada, de desejo de paz e bem-estar, de apoio e afeto, e nunca de desespero, de acusação, de culpa, de remorso.

- Mas a tristeza é natural, não?

Sim, mas não permitamos que a saudade se converta em angústia, em depressão. Usemos os recursos da confiança irrestrita em Deus, da certeza de Sua justiça e sua bondade. Deus é Amor, e onde haja a expressão do amor, a presença divina se faz. Vamos permitir que essa presença acalme nosso coração e tranquilize nosso pensamento, compreendendo que os afetos verdadeiros não são destruídos pela morte física, não são encerrados na sepultura. Dois motivos, portanto, para não cultivarmos a tristeza: sentimos saudades – e não estamos mortos; nossos amados não estão mortos – e sentem saudades...

Se formos capazes de orar, com serenidade e confiança, envolvendo a saudade com a esperança, sentiremos a presença deles entre nós, envolvendo nossos corações em alegria e paz.

Referências:
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec (Questões 320 a 329).
Livro “Quem tem medo da morte?” - Richard Simonetti.

O Dia dos Mortos




O dia de comemoração dos mortos tem alguma coisa de mais solene para os Espíritos? Preparam-se eles para visitar os que vão orar sobre os túmulos?

Os Espíritos atendem ao chamado do pensamento, nesse dia como nos outros.

Esse é para eles um dia de reunião junto às sepulturas?

Reúnem-se em maior número nesse dia, porque maior é o número de pessoas que os chamam. Mas cada um só comparece em atenção aos seus amigos, e não pela multidão dos indiferentes.

Sob que forma comparecem e como seriam vistos, se pudessem tornar-se visíveis?

Aquela pela qual eram conhecidos em vida.

Os Espíritos são sensíveis à saudade dos que os amavam na Terra?

Muito mais do que podeis julgar. Essa lembrança aumenta-lhes a felicidade, se são felizes, e se são infelizes, serve-lhes de alívio.

A visita ao túmulo proporciona mais satisfação ao Espírito do que uma prece feita em sua intenção?

— A visita ao túmulo é uma maneira de se manifestar que se pensa no Espírito ausente: é a exteriorização desse fato. Eu já vos disse que é a prece que santifica o ato de lembrar; pouco importa o lugar, se a lembrança é ditada pelo coração.

A alma que volta à vida espiritual é sensível às honras que tributam aos seus despojos mortais?

— Quando o Espírito já chegou a um certo grau de perfeição, não tem mais vaidade terrestre e compreende a futilidade de todas as coisas. Sabeis porém, que, frequentemente, há Espíritos que, no primeiro momento da morte, gozam de grande satisfação com as honras que lhes tributam, ou se desgostam com o abandono a que lançam o seu envoltório, pois conservam ainda alguns preconceitos deste mundo.

O respeito instintivo do homem pelos mortos, em todos os tempos e entre todos os povos, é um efeito da intuição da existência futura?

— É a sua consequência natural. Sem ela, esse respeito não teria sentido.

Trechos retirados do “Livro dos Espíritos” - Allan Kardec
(Livro Segundo – Cap. 6 – Item IX)

25 de ago. de 2011

'Dia de Finados'



O Dia dos Mortos


Na sessão da Sociedade de 2 de Novembro,
Charles Nodier, rogado a consentir para continuar o trabalho que começou, respondeu:

Permiti-me, esta noite, meus muito caros amigos, vos falar sobre um outro assunto; continuarei o meu trabalho começado numa próxima vez.

Hoje é uma época que nos é muito pessoalmente consagrada, pelo que não lembraremos a vossa atenção sobre a morte e sobre as preces que reclamam a maioria daqueles que vos precederam.

Esta semana é uma época de confraternização entre o céu e a Terra, entre os vivos e os mortos; deveis vos ocupar de nós mais particularmente, e de vós também; porque meditando este pensamento de que logo, como para nós, os vivos pedirão pela vossa alma, deveis vos tornar melhores.

Segundo a maneira pela qual vivestes neste mundo, sereis recebidos diante de Deus.

O que é a vida, depois de tudo? Uma curtíssima emigração do Espírito sobre a Terra; tempo, entretanto, em que pode amontoar um tesouro de graças ou se preparar para cruéis tormentos.

Pensai nisso, pensai no céu, e a vida, qualquer que a tendes, vos parecerá bem breve.”

Charles Nodier (Médium: senhorita Huet)

* * *

As perguntas seguintes foram dirigidas ao Espírito a respeito de sua comunicação:

1. Hoje os Espíritos são mais numerosos do que habitualmente nos cemitérios?

R. Neste tempo estamos mais de bom grado junto de nossos despejos terrestres, porque os vossos pensamentos, as vossas preces ali estão conosco.

2. Os Espíritos que, nestes dias, vêm para suas tumbas junto das quais ninguém roga, sofrem por se verem abandonados, ao passo que outros têm seus parentes e seus amigos que vêm lhes dar um sinal de lembrança?

R. Não há pessoas piedosas que oram por todos os mortos em geral? Pois bem! Essas preces retornam ao Espírito esquecido, são para eles o maná celeste que cai para o preguiçoso como para o homem ativo; a prece é para o conhecido como para o desconhecido: Deus a reparte igualmente, e os bons Espíritos que dela não têm mais necessidade a revertem para aqueles que ela pode ser necessária.

3. Sabemos que a fórmula das preces é indiferente, todavia, muitas pessoas têm necessidade de uma fórmula para fixar as suas idéias; por isso, vos seríamos reconhecidos em consentir em nos ditar uma sobre esse assunto; todos nós nos associaremos a ela pelo pensamento, para aplicá-la aos Espíritos que podem dela ter necessidade.

R. Eu o desejo muito.

Deus, criador do universo, dignai-vos ter piedade de vossas criaturas; considerai as suas fraquezas; abreviai as suas provas terrestres, se estão acima de suas forças; compadecei-vos das penas daqueles que deixaram a Terra, e inspirai-lhes o desejo de progredir para o bem.”


Texto retirado da Revista Espírita – 1860 / Allan Kardec


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Mensagens para Reflexão

NINGUÉM MORRE

Não reclames da Terra
Os seres que partiram...

Olha a planta que volta
Na semente a morrer.

Chora, de vez que o pranto
Purifica a visão.

No entanto, continua
Agindo para o bem.

Lágrima sem revolta
É orvalho da esperança.

A morte é a própria vida
Numa nova edição.

(Emmanuel / Chico Xavier)

*** *** ***

SAUDADE

Ante os mortos queridos,
Faze silêncio e ora.

Ninguém pode apagar
A chama da saudade.

Entretanto se choras,
Chora fazendo o bem.

A morte para a vida
É apenas mudança.

A semente no solo
Mostra a ressurreição.

Todos estamos vivos
Na presença de Deus.

(Emmanuel / Chico Xavier)

FINADOS.




Como a Doutrina Espírita encara o Dia de Finados?

Realmente o tema desperta algumas dúvidas. Mesmo alguns companheiros espíritas perguntam se devem ou não ir aos cemitérios no dia 2 de Novembro, se isto é importante ou não.

Antes de tudo, lembremos que o respeito instintivo do homem pelos desencarnados, os chamados mortos, é uma consequência natural da intuição que as pessoas têm da vida futura.

Não faria nenhum sentido o respeito ou as homenagens aos mortos se no fundo o homem não acreditasse que aqueles seres queridos continuassem vivendo de alguma forma. É um fato curioso que mesmo aqueles que se dizem materialistas ou ateus nutrem este respeito pelos mortos.

Embora o culto aos mortos ou antepassados seja de todos os tempos, Léon Denis nos diz que o estabelecimento de uma data específica para a comemoração dos mortos é uma iniciativa dos druidas, antigo povo que viveu na região que hoje é a França. Os druidas, um povo que acreditava na continuação da existência depois da morte, se reuniam nos lares, não nos cemitérios, no primeiro dia de novembro, para homenagear e evocar os mortos.

A noção de imortalidade que a maioria das pessoas tem, no entanto, ainda é confusa, fazendo com que as multidões se encaminhem para os cemitérios, como se o cemitério fosse a morada eterna daqueles que pereceram.

O Espiritismo ensina o respeito aos desencarnados como um dever de fraternidade, mas mostra que as expressões de carinho não precisam ser realizadas no cemitério, nem é necessário haver um dia especial para que tais lembranças ou homenagens sejam realizadas.

Mas para os espíritos desencarnados o dia 2 de Novembro tem alguma coisa mais solene, mais importante? Eles se preparam para visitar os que vão orar sobre os túmulos?

É preciso entender que nossa comunicação com os desencarnados é realizada através do pensamento. As preces, as orações, são vibrações do pensamento que alcançam os espíritos.

Nossos entes queridos desencarnados são sensíveis ao nosso pensamento. Se existe entre eles e nós o sentimento de verdadeira afeição, se existe esse laço de sintonia, eles percebem nossos sentimentos e nossas preces, independente de ser dia de finados ou não.

Esse é o aspecto consolador da Doutrina Espírita: a certeza de que nossos queridos desencarnados, nossos pais, filhos, parentes e amigos, continuam vivos e continuam em relação conosco através do pensamento.

Não podemos privar de sua presença física, mas o sentimento verdadeiro nos une e eles estão em relação conosco, conforme as condições espirituais em que se encontrem.

Realizaram a grande viagem de retorno à pátria espiritual antes de nós, nos precederam na jornada de retorno, mas continuam vivos e atuantes.

Um amigo incrédulo uma vez nos falou:

Só vou continuar vivo na lembrança das pessoas”.

Não é verdade. Continuamos tão vivos após a morte quanto estamos vivos agora. Apenas não dispomos mais deste corpo de carne, pesado e grosseiro.

Então, os espíritos atendem sim aos chamados do pensamento daqueles que visitam os túmulos. No dia 2 de Novembro, portanto, como nos informam os amigos espirituais, o movimento nos cemitérios, no plano espiritual, é muito maior, porque é muito maior o número de pessoas que evocam, pelas preces e pelos sentimentos, os desencarnados.

Questões sobre o tema:

- Se estes desencarnados pudessem se tornar visíveis, como eles se mostrariam?

Com a forma que tinham quando estavam encarnados, para que pudessem ser reconhecidos.

Não é raro que o espírito quando desencarne sofra ou provoque alterações na sua aparência, ou seja, no seu corpo espiritual. Espíritos que estão em equilíbrio mental e emocional podem se apresentar com uma aparência mais jovem do que tinham quando estavam encarnados, enquanto outros podem inclusive adotar a aparência que tinham em outra encarnação. Por outro lado, espíritos que estão em desequilíbrio podem ter uma aparência muito diferente da que tinham no corpo, pois o corpo espiritual mostra o verdadeiro estado interior do espírito.

- E quanto aos espíritos esquecidos, cujos túmulos não são visitados? Como se sentem?

Isto depende muito do estado do espírito. Muitos já reconhecem que a visita aos túmulos não é fundamental para se sentirem amados. Outros, no entanto, comparecem aos cemitérios na esperança de encontrar alguém que ainda se lembre deles e se entristecem quando se vêem sozinhos.

- A visita ao túmulo traz mais satisfação ao desencarnado do que uma prece feita em sua intenção?

Visitar o túmulo é a exteriorização da lembrança que se tem do espírito querido, é uma forma de manifestar a saudade, o respeito e o carinho. Desde que realizada com boa intenção, sem ser apenas um compromisso social ou protocolar, desde que não se prenda a manifestações de desespero, de cobranças, de acusações, como ocorre em muitas situações, a visitação ao túmulo não é condenável. Apenas é desnecessária, pois a entidade espiritual não se encontra no cemitério, e pode ser lembrada e homenageada através da prece em qualquer lugar. A prece ditada pelo coração, pelo sentimento, santifica a lembrança, e é sempre recebida com prazer e alegria pelo desencarnado.

- No ambiente espiritual dos cemitérios comparecem apenas os espíritos cujos corpos foram lá enterrados?

Não. Segundo as narrativas, o ambiente espiritual dos cemitérios fica bastante tumultuado no chamado Dia de Finados. E isto ocorre por vários motivos. Primeiro, como já dissemos, pela própria quantidade de pessoas que visitam os túmulos. Cada um de nós levamos nossas companhias espirituais, somos acompanhados pelos espíritos familiares. Depois, porque muitos espíritos que estão vagando desocupados e curiosos do plano espiritual também acorrem aos cemitérios, atraídos pelo movimento da multidão, tal como ocorre entre os encarnados. Alguns comparecem respeitosos enquanto outros se entregam à galhofa e à zombaria.

- E existem espíritos que permanecem fixados no ambiente do cemitério depois de sua desencarnação?

Sim, embora esta não seja uma ocorrência comum. Além disso, devemos nos lembrar que nos cemitérios, bem como em qualquer lugar, existem equipes espirituais trabalhando para auxiliar, dentro do possível, os que estão em sofrimento.

- Os espíritos dão alguma importância ao tratamento que é dado ao seu túmulo? As flores, os enfeites, as velas, os mausoléus, influenciam no estado espiritual do desencarnado?

Não. Somente os espíritos ainda muito ligados às manifestações materiais poderiam se importar com o estado do seu túmulo, e mesmos estes, em pouco tempo, percebem a inutilidade, em termos espirituais, de tais arranjos. O carinho com que são cuidados os túmulos só tem algum sentido para os encarnados, que devem se precaver para não criarem um estranho tipo de culto. Não devemos converter as necrópoles vazias em “salas de visita do além”. Há locais mais indicados para nos lembrarmos daqueles que partiram.

- E que tipo de local seria este?

O lar! Nossos entes familiares que já desencarnaram podem ser lembrados na própria intimidade e no aconchego de nosso lar, ao invés da frieza dos cemitérios e catacumbas. Eles sempre preferirão receber nossa mensagem de saudade e carinho envolvida nas vibrações do ambiente familiar. Qualquer que seja a situação espiritual em que eles se encontrem, serão alcançados pelo nosso pensamento. Por isso, devemos nos esforçar para, sempre que lembrarmos deles, que nosso pensamento seja de saudade equilibrada, de desejo de paz e bem-estar, de apoio e afeto, e nunca de desespero, de acusação, de culpa, de remorso.

- Mas a tristeza é natural, não?

Sim, mas não permitamos que a saudade se converta em angústia, em depressão. Usemos os recursos da confiança irrestrita em Deus, da certeza de Sua justiça e sua bondade. Deus é Amor, e onde haja a expressão do amor, a presença divina se faz. Vamos permitir que essa presença acalme nosso coração e tranquilize nosso pensamento, compreendendo que os afetos verdadeiros não são destruídos pela morte física, não são encerrados na sepultura. Dois motivos, portanto, para não cultivarmos a tristeza: sentimos saudades – e não estamos mortos; nossos amados não estão mortos – e sentem saudades...

Se formos capazes de orar, com serenidade e confiança, envolvendo a saudade com a esperança, sentiremos a presença deles entre nós, envolvendo nossos corações em alegria e paz.

Referências:
O Livro dos Espíritos - Allan Kardec (Questões 320 a 329).
Livro “Quem tem medo da morte?” - Richard Simonetti.

O Dia dos Mortos.




O dia de comemoração dos mortos tem alguma coisa de mais solene para os Espíritos? Preparam-se eles para visitar os que vão orar sobre os túmulos?

— Os Espíritos atendem ao chamado do pensamento, nesse dia como nos outros.

Esse é para eles um dia de reunião junto às sepulturas?

— Reúnem-se em maior número nesse dia, porque maior é o número de pessoas que os chamam. Mas cada um só comparece em atenção aos seus amigos, e não pela multidão dos indiferentes.

Sob que forma comparecem e como seriam vistos, se pudessem tornar-se visíveis?

— Aquela pela qual eram conhecidos em vida.

Os Espíritos são sensíveis à saudade dos que os amavam na Terra?

— Muito mais do que podeis julgar. Essa lembrança aumenta-lhes a felicidade, se são felizes, e se são infelizes, serve-lhes de alívio.

A visita ao túmulo proporciona mais satisfação ao Espírito do que uma prece feita em sua intenção?

— A visita ao túmulo é uma maneira de se manifestar que se pensa no Espírito ausente: é a exteriorização desse fato. Eu já vos disse que é a prece que santifica o ato de lembrar; pouco importa o lugar, se a lembrança é ditada pelo coração.

A alma que volta à vida espiritual é sensível às honras que tributam aos seus despojos mortais?

— Quando o Espírito já chegou a um certo grau de perfeição, não tem mais vaidade terrestre e compreende a futilidade de todas as coisas. Sabeis porém, que, frequentemente, há Espíritos que, no primeiro momento da morte, gozam de grande satisfação com as honras que lhes tributam, ou se desgostam com o abandono a que lançam o seu envoltório, pois conservam ainda alguns preconceitos deste mundo.

O respeito instintivo do homem pelos mortos, em todos os tempos e entre todos os povos, é um efeito da intuição da existência futura?

— É a sua consequência natural. Sem ela, esse respeito não teria sentido.

Trechos retirados do “Livro dos Espíritos” - Allan Kardec
(Livro Segundo – Cap. 6 – Item IX)