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23 de out. de 2021

Entrevista: escritor Ricardo Di Bernardi fala sobre reencarnação

 

Quem reencarna?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Toda alma (conforme diriam alguns) ou espírito que ainda não alcançou a plenitude do conhecimento e do amor necessita reencarnar.

Qual o número de vezes que já reencarnamos? Dizem que são 7, é verdade?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Só se for o sete simbólico que significaria: "sempre", "eterno", "todo" ... 7 notas musicais, sete cores, 7 dias da semana significam todas as notas, todos os dias todas as cores. Todos nós já contamos inúmeras existências e deveremos ter um número incontável pela frente.

Para quê reencarnar, ou seja, qual a finalidade básica da reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - A evolução. A busca do conhecimento e do amor plenos. Em resumo, a busca da felicidade.

É possível diminuir-se o número das reencarnações? Como posso fazer isto?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Depende do esforço próprio, do progresso e evolução alcançados.

Qual a razão ou fundamento filosófico que vocês (reencarnacionista) se baseiam para considerar lógica a hipótese ou teoria da existência da reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Justiça divina e amor, dando oportunidade a todas as criaturas.

Há reencarnação apenas na Terra?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. Há inúmeros astros habitados no universo onde se pode reencarnar.

Quem disse isso?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Jesus. Há muitas moradas na casa do meu pai. Além disso, todos os espíritos evoluídos nos dizem isto.

Quando reencarna em outro astro?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Bem, vamos dividir em três situações:
a) Espíritos que superam o conhecimento em seu planeta podem renascer em outro astro mais evoluído. É lhes dada esta opção.
b) Espíritos superiores podem também reencarnar em outros astros mais atrasados em missões de auxílio.
c) Espíritos que não acompanham a evolução de um planeta podem reencarnar em astros mais atrasados que se adaptam a sua situação evolutiva.

Em termos de reencarnação, como vocês espíritas veem a posição da Terra no contexto do universo?

Dr. Ricardo Di Bernardi - A Terra é um planeta relativamente atrasado onde reencarnam espíritos que ainda não superaram suas limitações em todos os sentidos. Exceto alguns missionários planetários.

Em resumo, como o Sr. diria quais são os tipos de reencarnações que existem aqui na Terra?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Segundo os espíritos, e não apenas segundo meu pensamento, há reencarnações de provas (que equivalem à verificação de aprendizado), reencarnações de expiação (ressarcimento de dívidas anteriores) e reencarnações de missões (auxílio a terceiros).

Leva-se muito tempo entre uma vida e outra? Ou seja, quanto tempo se leva de intervalo?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Depende da situação específica de cada espírito, do seu merecimento ou evolução e da necessidade dos seus vínculos espirituais e materiais.

Como assim vínculos?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Parentes, amigos, amores etc... são fatores que influenciam.

Quer dizer que o tempo é muito variável?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim. Há quem reencarne meses após a morte física. Há quem leve séculos.

Todos os espíritos desejam reencarnar?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Alguns não têm condições de escolha e são conduzidos ao retorno sob orientação dos mentores espirituais

Quer dizer “na marra”?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Com suavidade, mas determinação dos espíritos superiores.

Há um programa básico para cada nova vida?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim, as linhas gerais da vida são relativamente determinadas para a melhor lição educativa ao espírito.

Os espíritos podem participar da programação básica da sua reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim, se tem nível de evolução espiritual para isso.

E se um espírito não tiver a fim de reencarnar, relutar etc. Isto existe? O que acontece?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Existe em alguns casos. O livre-arbítrio se estende também no mundo da dimensão espiritual. Pela ignorância se prejudicam quando assim agem. Retardam o seu crescimento. No entanto, mais cedo ou mais tarde se fará.

Há evidências científicas da reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim, há. Gostei de como perguntou: “Evidências". Rigorosamente, não seriam provas, embora eu as considere satisfatórias em volume de casos, em nível de seriedade e em qualidade de pesquisa pelas universidades envolvidas.

Você se refere a pesquisas oficiais de universidades? Quais?

Dr. Ricardo Di Bernardi - A Universidade de Virgínia nos Estados Unidos, por exemplo, tem um trabalho com mais de 2000 casos pesquisados pelo neurologista Dr. Ian Stevenson.

Como este pesquisou?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Estudando MEC (memória extra cerebral) - são crianças de tenra idade que se recordam, em detalhes significativos, de vidas anteriores.

Há algum livro publicado?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim. Por exemplo: Twenty Cases Sugestive of Reincarnation.

Este autor é espírita?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não, é um pesquisador, o que dá mais credibilidade.

Há pesquisas em outros centros?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sem dúvida. Albert De Rochas do Instituto Politécnico de Paris publicou Les vies successives.

E no Brasil?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Excelente contribuição do Dr. Hernani Guimarães Andrade: o livro Reencarnação no Brasil. Pesquisas no IBPP (Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas).

Há outras provas, ou melhor, evidências?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Há. Terapia Regressiva a Vidas (Vivências) Passadas documentam vidas anteriores. Há também a Retro cognição Hipnótica onde a pessoa relata as vidas anteriores.

Qual o momento inicial da reencarnação nesta vida. Ou melhor, a reencarnação dá-se quando o bebê nasce ou na gestação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - O processo reencarnatório se inicia no momento da concepção ou fecundação. O espírito se fixa ao ovo.

Quer dizer que o aborto seria um mal?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sem dúvida, o aborto irresponsável ou provocado é um atentado a Lei da Natureza ou Lei de Deus.

Como o espírito reencarnado se expressa pelo novo corpo físico?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Pelos órgãos disponíveis. Conforme ocorre o desenvolvimento dos órgãos, vão se abrindo os canais de expressão para o espírito. Órgãos ou sistema nervoso deficientes são limitações de expressão necessárias como provas ou expiações do espírito.

São castigos por vidas passadas?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. São reajustes necessários ao desequilíbrio do corpo espiritual. O corpo espiritual registra, armazena as experiências desastrosas de vidas anteriores e agora influência a genética atraindo essas anormalidades ou deficiências.

Isto parece explicação técnica e não religiosa...

Dr. Ricardo Di Bernardi - De fato, a Doutrina Espírita é uma ciência nova que vem explicar aos homens por meio de provas irrecusáveis a existência do mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo.

Este corpo espiritual é o mesmo que o apóstolo Paulo falava? Qual o papel desse corpo espiritual na reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi – Sim, é o mesmo. O corpo espiritual, fazendo uma analogia, é como um computador que armazenou os registros passados e transmite ou programa as tendências no novo corpo físico. Esse corpo espiritual (períspirito = corpo astral) dá um molde energético o qual será o orientador do material genético disponível. Digamos que dá o estímulo para a formação do corpo adequado às necessidades cármicas e evolutivas do espírito.

Parece lógico. Nós perdemos os conhecimentos das vidas passadas?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. Estão nos porões do nosso inconsciente.

O esquecimento das vidas passadas nos é necessário? Por quê?

Dr. Ricardo Di Bernardi - É necessário para facilitar a superação de problemas. Por exemplo: para facilitar a convivência com adversários nossos de vidas anteriores que renascem no mesmo lar.

Então, o passado é apagado?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não totalmente. Há situações que as lembranças de vidas passadas podem ser trazidas à tona do consciente com finalidade terapêutica. (Terapia Regressiva de Vivências Passadas). No entanto, o esquecimento procura estabelecer o equilíbrio psíquico.

Sob a ótica da reencarnação, qual o seu conceito de família?

Dr. Ricardo Di Bernardi - a verdadeira família é a família espiritual, constituída de espíritos afins que se compreendem e se auxiliam.

Esta visão não exime de responsabilidade junto à família convencional?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. A maior responsabilidade é com àqueles que encarnam e convivem sob o mesmo teto e possuem conosco laços consanguíneos. Assim nos orientam os espíritos superiores.

Os espíritos reencarnam sempre com o mesmo sexo?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. O espírito em essência não tem sexo. Conforme a necessidade de sua missão, prova ou expiação pode reencarnar como homem ou mulher, sem que isto determine qualquer alteração na manifestação da sexualidade.

Quer dizer que não é por causa da reencarnação em sexo diferente que ocorre a homossexualidade?

Dr. Ricardo Di Bernardi - A homossexualidade decorre de dificuldades mais profundas, onde o espírito já traz questões adaptativas ao sexo ligadas a situações sofridas nesta vida ou em outras anteriores. Não é a simples mudança de sexo que ocasiona esta situação.

O espírito reencarna com uma determinada vocação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - As percepções e conhecimentos adquiridos e vivenciados anteriormente nos dão tendências inatas que podem ser chamadas de vocação.

O espírito reencarnado está totalmente fixo ao corpo?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Não. Durante o sono ou em outras situações como meditação, treinamento etc pode projetar-se ou desdobrar-se para fora do corpo biológico.

Isto seria a tal da viagem astral?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim. Há viagens pequenas... tours longos, com bom guia turístico ou com um péssimo guia turístico, sem guia turístico etc. Isto é, pode-se sair com proteção ou sem.

Qual o espírito que reencarnou na Terra que foi o mais evoluído?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Provavelmente Jesus. Digo provavelmente por isto não ser um dogma.

O que o senhor acha que foi em vida passada?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Fui ainda menos evoluído, menos tolerante, menos inteligente, menos amoroso. Melhorei um pouquinho. Quero dizer com isso, que todos nós evoluímos a cada existência.

Há referências bíblicas favoráveis a reencarnação?

Dr. Ricardo Di Bernardi - Sim. Inúmeras. Veja em João III versículos de 1 a 20, por exemplo, ou Mateus XVII de 10 a 14. Basta procurar as obras espíritas que há explicações detalhadas.

3 de abr. de 2014

'É A HISTÓRIA DE UMA CONVERSÃO', DIZ AUTOR SOBRE BIOGRAFIA DE KARDEC


Uma nova biografia de Allan Kardec se "materializa" nas livrarias neste mês de outubro e não se trata de nenhum "fenômeno mediúnico". Nem por isso, desprovido de novidade, mesmo Kardec sendo uma personalidade (re) conhecida por espíritas e não-espirítas. O que torna a obra um atrativo é o seu autor:
 Marcel Souto Maior, jornalista, não-espirita e biógrafo de Chico Xavier, em obra -- entre outras -- que deu origem ao filme sobre o médium brasileiro.

Marcel Souto Maior
Desta vez, após anos de contato com a Doutrina dos Espíritos e seu Codificador, Souto Maior decidiu que chegara o momento de retratar um personagem que o intrigava."O que transformou o professor Rivail no missionário Kardec? O que deu a ele tanta certeza sobre a existência e influência dos espíritos? ", idaga o autor.

Nesta entrevista, concedida ao portal Nova Era, Marcel fala do livro e dos motivos que o levaram a se interessar pelo assunto:

"O que mais me mobiliza – e me impressiona – no espiritismo não é o fenômeno, sempre sujeito a fraudes, mistificações ou enganos. O que mais admiro no movimento é a rede de solidariedade que ele sustenta e mantém cada vez mais viva e integrada. "

Leia a seguir a integra da entrevista:

Por que você resolveu escrever a biografia de Allan Kardec?
Por interesse jornalístico. Desde que iniciei minhas pesquisas sobre Chico Xavier, há 20 anos, mergulhei também no universo de Kardec – um personagem que sempre me intrigou. Ele se chamava Hippolyte Léon Denizard Rivail e era um professor cético, discípulo do educador Pestalozzi, na França do século 19 até ver mesas girarem, cestos escreveram, adolescentes colocarem no papel mensagens complexas demais para a idade e formação delas...Aos 53 anos, depois de pôr à prova estes fenômenos, ele mudou de vida e de nome para dar voz aos espíritos. O que transformou o professor Rivail no missionário Kardec? O que deu a ele tanta certeza sobre a existência e influência dos espíritos? A biografia – escrita com o máximo de objetividade – é a história desta “conversão”. Uma saga pontuada por altos e baixos, surpresas e decepções, fraudes e revelações.

Como foi a pesquisa? Você pode falar um pouco das fontes que você utilizou?
Li, é claro, toda a obra de Kardec – inclusive as obras pedagógicas do professor Rivail – e estudei a fundo todos os exemplares da “Revista Espírita”, escrita e publicada por ele ao longo de 12 anos. Esta foi a primeira etapa da pesquisa: um mergulho nas motivações, dúvidas e convicções de Rivail/Kardec. Na segunda fase de investigação, depois de ler os principais livros escritos sobre o Codificador, fiz uma série de viagens a Paris (quatro ao todo) para levantar informações históricas e resgatar artigos e reportagens de jornais e revistas da época sobre – e contra - Kardec e o espiritismo. O acervo de periódicos da Biblioteca Nacional da França me ajudou muito nesta etapa. Meu principal objetivo, como jornalista, foi reconstituir os obstáculos enfrentados por Kardec em sua Marcha contra o Materialismo e os principais ataques sofridos por ele ao longo de sua jornada: perseguições da Imprensa e da Igreja, que chegaram ao auge no Auto-de-Fé de Barcelona.

Você já tem dois livros com temáticas espírita, mesmo não sendo espirita, o que lhe traz credibilidade. O que falar desses temas e personagens tem mostrado pra você? Fale um pouco deste interesse.
O que mais me mobiliza – e me impressiona – no espiritismo não é o fenômeno, sempre sujeito a fraudes, mistificações ou enganos. O que mais admiro no movimento é a rede de solidariedade que ele sustenta e mantém cada vez mais viva e integrada. Ao mergulhar nas histórias de Chico e de Kardec entrei em contato com os conceitos e práticas que considero os mais relevantes e transformadores da doutrina. “Ajuda o outro e você estará se ajudando”, Chico receitava e praticava. “Graças a Deus aprendi a viver apenas com o necessário”, dizia. “Fora da caridade não há salvação”, decretava Kardec. “Trate o outro como você gostaria de ser tratado”, ensinava. O espiritismo aumenta, sim, a responsabilidade de todos nós diante da vida, ao nos tirar do próprio umbigo e nos colocar em contato com o outro. Estas são as principais lições do espiritismo pra mim. Hoje luto para ser menos egoísta e mais tolerante, apesar de não me considerar espírita.

Como você analisa o resultado final desta nova obra "Kardec"?
O livro acaba de sair da gráfica da editora Record - ficou pronto, aliás, em 3 de outubro, dia do aniversário de Rivail - e ainda estou, confesso, sem muito distanciamento para avaliar o resultado final. Encaro o livro como a minha versão da vida e da obra do professor – uma visão jornalística. Espero que os leitores que já conhecem Kardec através de outras biografias – e do estudo de sua obra -, reconheçam Kardec no meu livro e descubram também, em alguns capítulos, novidades sobre os obstáculos que ele enfrentou para organizar e divulgar a “doutrina dos espíritos”.

Tem alguma expectativa de como ela será recebida pelo movimento espírita?
Não sei como os espíritas vão receber o livro. É sempre um enigma para mim a reação dos leitores: espíritas ou não-espíritas. Tento sempre escrever o livro mais consistente e independente possível. Como jornalista luto para me ater aos fatos sem fazer juízos de valor. Deixo ao leitor a liberdade - e a responsabilidade - de chegar às próprias conclusões. Cada leitor, espírita ou não-espírita, terá uma leitura diferente do livro, de acordo com sua fé ou falta de fé. Espero apenas que os leitores espíritas reconheçam no livro o Kardec que já conhecem tão bem e encontrem novas respostas – e caminhos – nesta investigação.
A partir do Portal Nova Era.

2 de out. de 2013

CORRUPÇÃO! UM MAL DO ESPÍRITO!


1 – Sucedem-se os governos no Brasil e perpetua-se a corrupção, em todos os níveis de atividade, na área pública e privada. Está na alma do brasileiro?
A corrupção está na alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta a desonestidade.
2 – Mas essa tendência parece ser mais forte em nosso país.
A tendência é universal. Ocorre que em países desenvolvidos é controlada e punida. A impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com a corrupção, é assustadora. Com raras exceções, somente os pobres vão parar na cadeia.
3 – No seu entender, quais as medidas que deveriam ser tomadas pelo governo?
Compete-lhe aprimorar os controles e instituir mecanismos que levem à punição exemplar dos infratores. Mas isso não basta, já que sempre haverá espertos capazes de burlar as leis. A educação orientada para a cidadania é o caminho mais acertado, estabelecendo controles a partir da consciência de que ser cidadão é, acima de tudo, respeitar as leis.

4 – E quanto ao Espiritismo?
Há duas frentes de ação, inspirando a honestidade. Em primeiro lugar, também a educação, não a formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a respeitar as leis.
5 – E a segunda frente?
Mostrar que todos responderemos por nossas ações quando retornarmos ao Mundo Espiritual, em observância plena à advertência de Jesus de que a cada um será dado segundo suas obras (Mateus, 16:27). Quem está consciente dessa realidade será sempre o fiscal incorruptível de si mesmo.
6 – Essa advertência está presente em todas as religiões, sem muita ressonância na alma dos fiéis. Por que o Espiritismo seria mais convincente?
As noções das religiões tradicionais sobre a vida espiritual são fantasiosas. Falam das coisas do Além, a partir de especulações dos que vivem na Terra. O Espiritismo fala a partir de informações dos que lá vivem, mostrando de forma clara e incisiva as consequências do comportamento humano. O saber é sempre mais incisivo do que o imaginar.
7 – Qual seria o castigo da corrupção?
Diz Dante, em A Divina Comédia, que os adeptos do princípio com dinheiro, qualquer não vira um sim, vão parar numa vala de piche fervente, no inferno, atormentados por demônios perversos. Suas fantasias guardam algo da realidade espiritual. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento.
8 – A honestidade seria o passaporte para regiões mais amenas?
Sim, mas não basta cumprir as leis dos homens. Sobretudo, é preciso ser honesto perante Deus, como explica o Espírito Joseph Brê, dirigindo-se à sua neta, na obra citada: Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor a Deus e ao próximo.
Entrevista com Richard Simonetti

10 de set. de 2013

Entrevista com Célia Xavier de Camargo

Por: Afonso Moreira Jr. 

Célia Xavier de Camargo – Imagem Internet
Lançamento da Petit Editora, o livro “Leon Tolstói por ele mesmo” foi psicografado por Célia Xavier de Camargo que, nesta entrevista, conta a história de sua vida, uma existência dividida entre a família, o trabalho profissional e a mediunidade. A médium revela seus primeiros contatos com os espíritos, sua experiência mediúnica e também explica como foi psicografar o livro do grande escritor russo. Sem esconder seu entusiasmo pelo Espiritismo, demonstra serenidade no exercício de suas tarefas mediúnicas, comprometimento que pretende levar adiante, não obstante as naturais dificuldades, entendendo tratar-se de uma valiosa oportunidade de crescimento espiritual.
Quem é  Célia Xavier, por ela mesma?Difícil definir. Sou uma pessoa simples, com defeitos e problemas como qualquer outra, convicta do ideal espírita, consciente da sua responsabilidade como ser espiritual em contínuo processo de aprendizado e evolução, buscando a transformação moral.
Relate suas primeiras experiências mediúnicas. Quando e em que circunstâncias aconteceram?Desde criança sentia a presença dos espíritos. No entanto, foi em 1980 que tive a minha primeira experiência mediúnica. Era domingo. Após o almoço, Joaquim, meu marido, estava vendo um jogo de futebol pela televisão. Sentada a seu lado, ouvi alguém sussurrar em meu ouvido: Vamos escrever? Estranhei. — Agora?! Respondi mentalmente. E ele disse: Por que não? Está tudo tranqüilo. As crianças saíram e o Joaquim está vendo jogo! Fui para meu quarto e recebi minha primeira mensagem, assinada pelo Espírito Celso. Era curta, direta, e trazia o título: “Bendito sejas”.
Nessa época  sua família entendeu sua condição de médium?Sem dúvida. Minha família é espírita, e esses fenômenos são considerados naturais em nosso lar. Porém, foi uma surpresa. Muito boa por sinal.
Quando foi que conheceu o Espiritismo? Lembra-se de sua primeira visita a uma casa espírita?Quando nasci meus pais já eram espíritas. As primeiras imagens que trago na lembrança de uma casa espírita são da cidade de Matão, no Estado de São Paulo, onde morávamos nessa época. Eu tinha quatro anos de idade e freqüentava as aulas de moral cristã no Centro Espírita Amantes da Pobreza, fundado por Cairbar Schutel. A sala era pequena, simples, despojada, com cadeiras de assento de palha e eu gostava muito de ir aos domingos pela manhã. Na atualidade, esse centro  mantém mais ou menos as mesmas características daquela época e a presença de Cairbar Schutel ainda é muito forte.
Há alguma passagem de sua infância que a recorde de algum fato ligado a Cairbar?Quando nasci, Cairbar Schutel havia desencarnado fazia vários anos. Meu pai atravessava um momento de sérias dificuldades quando conheceu esse grande espírita. Natural da Bahia, meu pai terminou o curso de Odontologia e foi para a cidade de Santa Ernestina, Estado de São Paulo, próxima de Matão, começar a vida, pois — segundo informação dada por seu irmão, Antenor, também dentista e residente em Santa Adélia, São Paulo — a pequena localidade não tinha dentista. Seis meses depois meu pai casou-se com Albertina, jovem de dezessete anos, natural da cidade. Muito católicos, não saíam da igreja; ele tornou-se presidente da Congregação Mariana, e, ela Filha de Maria. E os problemas começaram. Dotado de faculdade sonambúlica, dita inconsciente, meu pai entrava em transe mediúnico à noite e causava o maior tumulto na cidadezinha. Falava em altos brados, como se estivesse discursando e todos podiam ouvi-lo. No dia seguinte, não se lembrava de nada. Preocupado, o jovem casal mudou-se mais para perto da igreja, julgando que tudo fosse melhorar, mas a situação piorou. A notícia na cidade era que o doutor Urbano estava ficando louco. Um amigo, o único com a mente mais aberta na cidade, afirmou a Urbano que só havia uma pessoa em condições de ajudá-lo: Cairbar Schutel, o farmacêutico de Matão. De posse dessa informação, Urbano foi até Matão, conversou com seu Schutel, que o tranqüilizou, orientando-o dentro dos conhecimentos da Doutrina Espírita e afirmando que ele não estava doente, apenas possuía a faculdade de perceber a presença do mundo espiritual, o que Allan Kardec chamou de mediunidade. Desse dia em diante, meus pais passaram a freqüentar reuniões no Centro Espírita Amantes da Pobreza orientados por Cairbar Schutel e tornaram-se grandes e inseparáveis amigos. Posteriormente, ficaram sabendo que a entidade que meu pai recebia e fazia tanto barulho à noite era o padre Loureiro de Aguiar, que, inconsciente de sua condição de desencarnado, julgava estar na igreja fazendo preleção para os fiéis e, por essa razão, falava tão alto. Tornou-se também um bom amigo.
Nos seus tempos de faculdade quais eram seus autores favoritos?Sempre fui amante da leitura, especialmente da literatura espírita. Meu pai tinha uma vasta biblioteca e um dos meus passatempos favoritos era remexer em seus livros. Aos onze anos de idade, aproximadamente, eu já tinha lido a coleção de André Luiz. Apreciava também “A evolução anímica”, de Gabriel Delanne, e “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, de Léon Denis. A obra “Flores de outono”, de Jésus Gonçalves, era meu livro de cabeceira. Quanto aos anos de faculdade, em virtude dos estudos acadêmicos, por trabalhar o dia todo – era funcionária pública – e também por ter três crianças pequenas e muitos problemas domésticos, distanciei-me um tanto das leituras espíritas que poderiam muito ter-me ajudado. Por essa época, restringia-me à leitura de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec.
A partir de seu casamento, em 1965, como foi possível conciliar suas obrigações?Foi difícil conciliar tudo. Quando as atividades são muitas, necessário estabelecer prioridades. Nesse caso, as tarefas espíritas se restringiram a uma reunião mediúnica por semana.
Qual foi seu primeiro livro psicografado?O primeiro livro que psicografei foi “Perdoa!…”, ditado pelo Espírito Jésus Gonçalves e publicado pela Casa Editora O Clarim, de Matão. Trata-se de um romance, cujo drama enfoca o século VI, durante o reinado de Justiniano.
Durante os primeiros tempos de seu desenvolvimento mediúnico, alguém em especial a ajudou?Joaquim, meu marido, sempre foi o grande companheiro e incentivador, ajudando-me em todos os momentos. Do invisível, a presença de amigos espirituais era uma constante, especialmente de Jésus Gonçalves, com quem sempre tive grande afinidade, meu pai e tantos outros. E eu precisava bastante de ajuda. Em virtude de minha mediunidade ser intuitiva, sentia-me insegura, cheia de dúvidas, sem saber se o que estava escrevendo era da minha cabeça ou não. Que pretensão! Aos poucos, aprendi a discernir. Percebi que basta guardar por alguns dias o resultado da psicografia e depois voltar a ler. Nota-se claramente que os pensamentos não são nossos.
Depois dessa primeira experiência, em que bases o seu trabalho prosseguiu?Tornei-me um pouco mais segura, não obstante sempre preocupada com a veracidade dos textos que recebia. Certamente, a reação favorável do público leitor me incentivou muito. Quando o primeiro livro foi publicado, já estava recebendo o segundo de Jésus Gonçalves: “Aves sem ninho”.
Como é realizado seu trabalho de psicografia? As reuniões são públicas?O trabalho de psicografia exige extremo cuidado, em virtude da delicadeza do processo, especialmente no meu caso. Comecei esse tipo de atividade na Sociedade Espírita Maria de Nazaré, em Rolândia, no Estado do Paraná, num grupo de reunião mediúnica. Não deu certo. A reunião mediúnica, pelas próprias características, exige o envolvimento de todos os seus componentes no auxílio aos comunicantes necessitados e eu senti que não podia me alhear ao grupo realizando uma atividade diferente, em benefício da harmonia geral. Passei a fazer psicografia num outro dia, sozinha, no recinto da casa espírita, cercando-me de cuidados para que o ambiente fosse o mais equilibrado e elevado possível: fazia uma prece inicial, seguida da leitura de um trecho de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, e de uma mensagem, de Emmanuel ou de André Luiz, terminando essa etapa preparatória com nova prece. Só então, sentindo-me devidamente preparada, iniciava a tarefa de psicografia. Há muitos anos faço essa atividade mediúnica em meu lar, utilizando-me dos benefícios do computador, que facilita o meu trabalho e o dos espíritos. A preparação, no entanto, continua nos mesmos moldes. Dedico-me à psicografia nas terças e quintas, das 9 às 12h.
Durante seu trabalho de psicografia, algum espírito se manifesta na condição de dirigente ou mesmo de auxiliar ou supervisor dessa tarefa?Interessante essa pergunta. Na verdade, sempre me preocupei com o fato de não ter alguém que se apresente como mentordirigente espiritual ou outro nome que se lhe dê. Às vezes me perguntam: Quem é seu guia? E eu respondo que não sei. E essa é a mais pura verdade. Nunca uma entidade se apresentou dizendo que iria supervisionar meu trabalho. Achava lindo o nosso querido Chico Xavier que tinha o Emmanuel, entidade que o assistia em todos os momentos e que, segundo palavras do próprio Chico, não o deixava sair da linha e até lhe fazia cobranças. Talvez eu não mereça esse tipo de ajuda. Não quero parecer ingrata, longe disso. Tenho contado sempre com valiosa assistência espiritual na travessia de provações, no trabalho na casa espírita, no exercício da mediunidade e nas demais áreas da minha existência. Todavia, percebo com mais clareza a presença do amigo espiritual que está laborando comigo naquela oportunidade. Jésus Gonçalves, querido companheiro espiritual, após ditar “Em busca da ilusão”, que era o terceiro livro de sua lavra, afastou-se e nunca mais soube dele. Tenho razões para acreditar que esteja reencarnado, embora muitas pessoas afirmem vê-lo e estar em contato com ele. Ultimamente, tenho percebido mais a presença de Leon Tolstói, de quem acabo de receber a terceira obra, “Leon Tolstói por ele mesmo”.
Até fixar residência na cidade de Rolândia, no Estado do Paraná, você residiu em outras cidades. Nessas andanças, colaborou em algum centro espírita?Saí de Matão aos seis anos de idade, passando a residir em Marília, Estado de São Paulo, onde freqüentei a evangelização infantil e a mocidade no Centro Espírita Luz e Verdade. Estudei, casei-me e tive três filhos. Em 1974 nos mudamos para Rolândia no Estado do Paraná, onde residimos até esta data, e nos vinculamos à Sociedade Espírita Maria de Nazaré.
Quando aconteceu seu primeiro contato espiritual com Leon Tolstói? O que sentiu diante da presença do grande escritor russo?De Leon Tolstói tinha lido “Anna Karênina”, “Ressurreição” e aquela que considero sua obra-prima, “Guerra e Paz”. Também li os livros psicografados pela excelente médium Yvonne A. Pereira, apreciando especialmente “Ressurreição e vida. Sempre senti grande afinidade por ele ao ler seus livros. Meu primeiro contato espiritual com Leon Tolstói foi em 7 de setembro de 1992, quando ele escreveu uma mensagem por meu intermédio. Na ocasião, eu estava recebendo “Em busca da ilusão”, de Jésus Gonçalves, porém nesse dia não foi esse bondoso amigo que se apresentou para escrever, mas uma outra entidade diferente daquelas a quem eu estava habituada. Informou esse espírito que tinha recebido de Jésus a oportunidade de escrever por meu intermédio, algo relatando suas experiências, e submeteu à minha apreciação esse seu desejo. Era Leon Tolstói.  Para tranqüilizar-me, pois eu estava bastante tensa, disse que não me inquietasse por saber que ele gostava de escrever sobre regionalismo russo, difícil para os que não estão afeitos a esse gênero. Afirmou ter descoberto no meu passado que eu já tivera uma existência em certa região da Rússia, o que facilitaria o trabalho. E, para mostrar-me que não seria difícil, nesse mesmo dia ditou o conto “O paralítico”, que se tornou o primeiro capítulo do livro “A eterna mensagem do monte”. Depois, Tolstói escreveu um romance, “Mansão dos lilases”, sendo ambos publicados pela Casa Editora O Clarim.
Quando iniciou a psicografia de “Leon Tolstói por ele mesmo”?Antes de começar a ditar os textos dessa última obra, Leon Tolstói mandou uma mensagem, que consta do livro, na qual me pede leia com atenção sua obra “O reino de Deus está em vós”, publicada em 1893. Esse livro, logo depois de lançado, por ser polêmico, foi proibido pelo Czar, e Tolstói excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa. Permaneceu desconhecido por cem anos e somente em 1988 voltou a ser publicado na Europa. Após minha leitura desse extraordinário livro, ele começou a ditar os textos da obra “Leon Tolstói por ele mesmo” no dia 2 de maio de 2002, trabalho que se estendeu por três anos!  Conquanto terno, manso e cheio de paciência, o autor é exigente e minucioso. Dos livros que psicografei, esse foi o mais difícil e que mais esforço exigiu, também porque nesse período enfrentei muitas dificuldades. Sinto-me feliz e gratificada por ter concluído esta obra.
Se for possível responder, qual é a aparência espiritual de Tolstói?Eu o vejo sempre da maneira como ele se apresentava em vida, o que as fotografias da época mostram. Roupas toscas de mujique, a barba longa que lhe dá ar de profeta. Provavelmente não terá mais essa aparência, após quase um século de vivência na espiritualidade. Todavia, acredito que assim se apresente aos encarnados para ser reconhecido, ou porque sinta real predileção por essa existência. Kardec nos ensina que o Espírito, livre, assumirá a aparência que mais o agradar.
Psicografar um livro de um espírito dessa envergadura é uma grande responsabilidade. Como se sentiu ao ser escolhida?Realmente, pesa-me sobremaneira a responsabilidade de colocar o nome de um autor, conhecido mundialmente, em textos psicografados por mim. Não tenho nada de especial, de diferente. Sou uma médium como qualquer outra. Quando recebi sua primeira mensagem, já citada e que consta do livro “A eterna mensagem do monte”, o impacto só não foi maior porque a presença desse generoso amigo é serena, sua vibração amorável, transmitindo segurança, confiança e muita paz.
Durante a psicografia de “Leon Tolstói por ele mesmo” você presenciou alguma cena que mais a impressionou?Minha mediunidade é intuitiva. Ouço o autor espiritual ditar e começo a escrever; ao mesmo tempo, vejo as cenas descritas por ele. A imagem que mais me emocionou é quando Tolstói conta como sentia a presença de Jesus enquanto andava pelas plantações de trigo, de centeio ou de aveia, e sentia como se o Mestre estivesse ali a seu lado. Há uma descrição em que Tolstói parece ver Jesus falando sobre a Parábola do Semeador, enquanto joga as sementes na terra. Nessa hora, os raios do sol incidem em sua figura e colocam reflexos dourados em seus cabelos. Muito lindo!
Além da psicografia, quais são suas outras percepções mediúnicas?Também sou médium de psicofonia. Praticamente todos os dias, exerço atividades na Sociedade Espírita Maria de Nazaré, na cidade de Rolândia, no Paraná. Nossa casa espírita promove reuniões doutrinárias, palestras e passes, cursos, reuniões mediúnicas, evangelização infanto-juvenil. Além disso, desenvolvemos um trabalho de assistência social que funciona na periferia, onde fundamos a Casa da Sopa, que atende todos os dias oferecendo almoço e janta. Oferecemos cursos de bordado, tricô e crochê, além de um trabalho dedicado às gestantes. Aos sábados e domingos realizamos palestras, evangelização infantil e ajuda aos necessitados. Sou responsável pela página Espiritismo para as crianças, no mensário espírita O Imortal, de Cambé, no Paraná. Tudo isso entremeado de viagens para palestras.
Que livro está lendo?Estou terminando de ler “Por trás do véu de Ísis”, do jornalista Marcel Souto Maior e “Muito além da coragem”, de Chris Benguhe. Muito interessante.
Quais são seus livros de cabeceira?“O Evangelho Segundo o Espiritismo”  e “O Livro dos Espíritos”. Gosto de ler Hermínio Miranda, Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis, entre outros. Tenho sempre um romance, para espairecer.
Quais são seus planos? Está trabalhando em algum livro?Normalmente trabalho em dois livros ao mesmo tempo. Há muitos anos, desde que iniciamos uma reunião mediúnica com os jovens, às terças-feiras, percebi que os moços da espiritualidade vinham e tomavam conta do dia. Assim, na terça de manhã, psicografo livros de jovens, tendo iniciado com “Céu Azul”, de César Augusto Melero, seguindo-se mais cinco livros. Na quinta, recebo outros autores, como Erick e Leon Tolstói. Desse modo, tenho dois livros em andamento: na terça, do jovem Paulo Hertz, em fase de revisão, ainda sem título; na quinta, o que tomou o lugar de “Leon Tolstói por ele mesmo”, um romance ainda na fase inicial, com poucos capítulos ditados.
Agradecemos sua mensagem aos leitores, em especial àqueles que estão buscando desenvolver a mediunidade.Estamos vivendo numa época muito especial. Grandes transformações ocorrem tanto a nível material, geológico, planetário, quanto espiritual. Esta existência é a maior e melhor oportunidade que já tivemos. O fato de sermos espíritas mostra o grau de responsabilidade que assumimos perante nós mesmos, perante o próximo e perante Deus. Urge aproveitar o tempo que nos foi concedido para fazer o máximo possível, transformando-nos moralmente e sendo agentes de mudança da sociedade em que vivemos, para ajudarmos na implantação de um mundo melhor.  Desse modo, a faculdade mediúnica é uma bênção concedida por Deus com a finalidade de ajudar a nós mesmos e aos necessitados que nos rodeiam. Enfrentar com seriedade, firmeza, disciplina, devotamento e amor a oportunidade que recebemos é imprescindível. Diz-nos Emmanuel que o médium é sempre espírito bastante comprometido com o erro, tendo prejudicado muita gente. Então, a mediunidade surge como ferramenta de trabalho para podermos auxiliar maior quantidade de espíritos, entre eles nossos desafetos, o que nos proporcionará maior dose de bem-estar, paz, equilíbrio e felicidade.  Assim, diante das dificuldades da existência, por piores que sejam, devemos lembrar sempre da recomendação de Jesus: “Buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo”.
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16 de jul. de 2013

Entrevista com Célia Xavier de Camargo

Por: Afonso Moreira Jr. 

Célia Xavier de Camargo – Imagem Internet
Lançamento da Petit Editora, o livro “Leon Tolstói por ele mesmo” foi psicografado por Célia Xavier de Camargo que, nesta entrevista, conta a história de sua vida, uma existência dividida entre a família, o trabalho profissional e a mediunidade. A médium revela seus primeiros contatos com os espíritos, sua experiência mediúnica e também explica como foi psicografar o livro do grande escritor russo. Sem esconder seu entusiasmo pelo Espiritismo, demonstra serenidade no exercício de suas tarefas mediúnicas, comprometimento que pretende levar adiante, não obstante as naturais dificuldades, entendendo tratar-se de uma valiosa oportunidade de crescimento espiritual.
Quem é  Célia Xavier, por ela mesma?

Difícil definir. Sou uma pessoa simples, com defeitos e problemas como qualquer outra, convicta do ideal espírita, consciente da sua responsabilidade como ser espiritual em contínuo processo de aprendizado e evolução, buscando a transformação moral.
Relate suas primeiras experiências mediúnicas. Quando e em que circunstâncias aconteceram?Desde criança sentia a presença dos espíritos. No entanto, foi em 1980 que tive a minha primeira experiência mediúnica. Era domingo. Após o almoço, Joaquim, meu marido, estava vendo um jogo de futebol pela televisão. Sentada a seu lado, ouvi alguém sussurrar em meu ouvido: Vamos escrever? Estranhei. — Agora?! Respondi mentalmente. E ele disse: Por que não? Está tudo tranqüilo. As crianças saíram e o Joaquim está vendo jogo! Fui para meu quarto e recebi minha primeira mensagem, assinada pelo Espírito Celso. Era curta, direta, e trazia o título: “Bendito sejas”.
Nessa época  sua família entendeu sua condição de médium?

Sem dúvida. Minha família é espírita, e esses fenômenos são considerados naturais em nosso lar. Porém, foi uma surpresa. Muito boa por sinal.
Quando foi que conheceu o Espiritismo? 

Lembra-se de sua primeira visita a uma casa espírita?Quando nasci meus pais já eram espíritas. As primeiras imagens que trago na lembrança de uma casa espírita são da cidade de Matão, no Estado de São Paulo, onde morávamos nessa época. Eu tinha quatro anos de idade e freqüentava as aulas de moral cristã no Centro Espírita Amantes da Pobreza, fundado por Cairbar Schutel. A sala era pequena, simples, despojada, com cadeiras de assento de palha e eu gostava muito de ir aos domingos pela manhã. Na atualidade, esse centro  mantém mais ou menos as mesmas características daquela época e a presença de Cairbar Schutel ainda é muito forte.
Há alguma passagem de sua infância que a recorde de algum fato ligado a Cairbar?

Quando nasci, Cairbar Schutel havia desencarnado fazia vários anos. Meu pai atravessava um momento de sérias dificuldades quando conheceu esse grande espírita. Natural da Bahia, meu pai terminou o curso de Odontologia e foi para a cidade de Santa Ernestina, Estado de São Paulo, próxima de Matão, começar a vida, pois — segundo informação dada por seu irmão, Antenor, também dentista e residente em Santa Adélia, São Paulo — a pequena localidade não tinha dentista. Seis meses depois meu pai casou-se com Albertina, jovem de dezessete anos, natural da cidade. Muito católicos, não saíam da igreja; ele tornou-se presidente da Congregação Mariana, e, ela Filha de Maria. E os problemas começaram. Dotado de faculdade sonambúlica, dita inconsciente, meu pai entrava em transe mediúnico à noite e causava o maior tumulto na cidadezinha. Falava em altos brados, como se estivesse discursando e todos podiam ouvi-lo. No dia seguinte, não se lembrava de nada. Preocupado, o jovem casal mudou-se mais para perto da igreja, julgando que tudo fosse melhorar, mas a situação piorou. A notícia na cidade era que o doutor Urbano estava ficando louco. Um amigo, o único com a mente mais aberta na cidade, afirmou a Urbano que só havia uma pessoa em condições de ajudá-lo: Cairbar Schutel, o farmacêutico de Matão. De posse dessa informação, Urbano foi até Matão, conversou com seu Schutel, que o tranqüilizou, orientando-o dentro dos conhecimentos da Doutrina Espírita e afirmando que ele não estava doente, apenas possuía a faculdade de perceber a presença do mundo espiritual, o que Allan Kardec chamou de mediunidade. Desse dia em diante, meus pais passaram a freqüentar reuniões no Centro Espírita Amantes da Pobreza orientados por Cairbar Schutel e tornaram-se grandes e inseparáveis amigos. Posteriormente, ficaram sabendo que a entidade que meu pai recebia e fazia tanto barulho à noite era o padre Loureiro de Aguiar, que, inconsciente de sua condição de desencarnado, julgava estar na igreja fazendo preleção para os fiéis e, por essa razão, falava tão alto. Tornou-se também um bom amigo.
Nos seus tempos de faculdade quais eram seus autores favoritos?

Sempre fui amante da leitura, especialmente da literatura espírita. Meu pai tinha uma vasta biblioteca e um dos meus passatempos favoritos era remexer em seus livros. Aos onze anos de idade, aproximadamente, eu já tinha lido a coleção de André Luiz. Apreciava também “A evolução anímica”, de Gabriel Delanne, e “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, de Léon Denis. A obra “Flores de outono”, de Jésus Gonçalves, era meu livro de cabeceira. Quanto aos anos de faculdade, em virtude dos estudos acadêmicos, por trabalhar o dia todo – era funcionária pública – e também por ter três crianças pequenas e muitos problemas domésticos, distanciei-me um tanto das leituras espíritas que poderiam muito ter-me ajudado. Por essa época, restringia-me à leitura de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec.
A partir de seu casamento, em 1965, como foi possível conciliar suas obrigações?

Foi difícil conciliar tudo. Quando as atividades são muitas, necessário estabelecer prioridades. Nesse caso, as tarefas espíritas se restringiram a uma reunião mediúnica por semana.
Qual foi seu primeiro livro psicografado?

O primeiro livro que psicografei foi “Perdoa!…”, ditado pelo Espírito Jésus Gonçalves e publicado pela Casa Editora O Clarim, de Matão. Trata-se de um romance, cujo drama enfoca o século VI, durante o reinado de Justiniano.
Durante os primeiros tempos de seu desenvolvimento mediúnico, alguém em especial a ajudou?

Joaquim, meu marido, sempre foi o grande companheiro e incentivador, ajudando-me em todos os momentos. Do invisível, a presença de amigos espirituais era uma constante, especialmente de Jésus Gonçalves, com quem sempre tive grande afinidade, meu pai e tantos outros. E eu precisava bastante de ajuda. Em virtude de minha mediunidade ser intuitiva, sentia-me insegura, cheia de dúvidas, sem saber se o que estava escrevendo era da minha cabeça ou não. Que pretensão! Aos poucos, aprendi a discernir. Percebi que basta guardar por alguns dias o resultado da psicografia e depois voltar a ler. Nota-se claramente que os pensamentos não são nossos.
Depois dessa primeira experiência, em que bases o seu trabalho prosseguiu?

Tornei-me um pouco mais segura, não obstante sempre preocupada com a veracidade dos textos que recebia. Certamente, a reação favorável do público leitor me incentivou muito. Quando o primeiro livro foi publicado, já estava recebendo o segundo de Jésus Gonçalves: “Aves sem ninho”.
Como é realizado seu trabalho de psicografia? As reuniões são públicas?

O trabalho de psicografia exige extremo cuidado, em virtude da delicadeza do processo, especialmente no meu caso. Comecei esse tipo de atividade na Sociedade Espírita Maria de Nazaré, em Rolândia, no Estado do Paraná, num grupo de reunião mediúnica. Não deu certo. A reunião mediúnica, pelas próprias características, exige o envolvimento de todos os seus componentes no auxílio aos comunicantes necessitados e eu senti que não podia me alhear ao grupo realizando uma atividade diferente, em benefício da harmonia geral. Passei a fazer psicografia num outro dia, sozinha, no recinto da casa espírita, cercando-me de cuidados para que o ambiente fosse o mais equilibrado e elevado possível: fazia uma prece inicial, seguida da leitura de um trecho de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, e de uma mensagem, de Emmanuel ou de André Luiz, terminando essa etapa preparatória com nova prece. Só então, sentindo-me devidamente preparada, iniciava a tarefa de psicografia. Há muitos anos faço essa atividade mediúnica em meu lar, utilizando-me dos benefícios do computador, que facilita o meu trabalho e o dos espíritos. A preparação, no entanto, continua nos mesmos moldes. Dedico-me à psicografia nas terças e quintas, das 9 às 12h.
Durante seu trabalho de psicografia, algum espírito se manifesta na condição de dirigente ou mesmo de auxiliar ou supervisor dessa tarefa?

Interessante essa pergunta. Na verdade, sempre me preocupei com o fato de não ter alguém que se apresente como mentordirigente espiritual ou outro nome que se lhe dê. Às vezes me perguntam: Quem é seu guia? E eu respondo que não sei. E essa é a mais pura verdade. Nunca uma entidade se apresentou dizendo que iria supervisionar meu trabalho. Achava lindo o nosso querido Chico Xavier que tinha o Emmanuel, entidade que o assistia em todos os momentos e que, segundo palavras do próprio Chico, não o deixava sair da linha e até lhe fazia cobranças. Talvez eu não mereça esse tipo de ajuda. Não quero parecer ingrata, longe disso. Tenho contado sempre com valiosa assistência espiritual na travessia de provações, no trabalho na casa espírita, no exercício da mediunidade e nas demais áreas da minha existência. Todavia, percebo com mais clareza a presença do amigo espiritual que está laborando comigo naquela oportunidade. Jésus Gonçalves, querido companheiro espiritual, após ditar “Em busca da ilusão”, que era o terceiro livro de sua lavra, afastou-se e nunca mais soube dele. Tenho razões para acreditar que esteja reencarnado, embora muitas pessoas afirmem vê-lo e estar em contato com ele. Ultimamente, tenho percebido mais a presença de Leon Tolstói, de quem acabo de receber a terceira obra, “Leon Tolstói por ele mesmo”.
Até fixar residência na cidade de Rolândia, no Estado do Paraná, você residiu em outras cidades. Nessas andanças, colaborou em algum centro espírita?

Saí de Matão aos seis anos de idade, passando a residir em Marília, Estado de São Paulo, onde freqüentei a evangelização infantil e a mocidade no Centro Espírita Luz e Verdade. Estudei, casei-me e tive três filhos. Em 1974 nos mudamos para Rolândia no Estado do Paraná, onde residimos até esta data, e nos vinculamos à Sociedade Espírita Maria de Nazaré.
Quando aconteceu seu primeiro contato espiritual com Leon Tolstói?

 O que sentiu diante da presença do grande escritor russo?De Leon Tolstói tinha lido “Anna Karênina”, “Ressurreição” e aquela que considero sua obra-prima, “Guerra e Paz”. Também li os livros psicografados pela excelente médium Yvonne A. Pereira, apreciando especialmente “Ressurreição e vida. Sempre senti grande afinidade por ele ao ler seus livros. Meu primeiro contato espiritual com Leon Tolstói foi em 7 de setembro de 1992, quando ele escreveu uma mensagem por meu intermédio. Na ocasião, eu estava recebendo “Em busca da ilusão”, de Jésus Gonçalves, porém nesse dia não foi esse bondoso amigo que se apresentou para escrever, mas uma outra entidade diferente daquelas a quem eu estava habituada. Informou esse espírito que tinha recebido de Jésus a oportunidade de escrever por meu intermédio, algo relatando suas experiências, e submeteu à minha apreciação esse seu desejo. Era Leon Tolstói.  Para tranqüilizar-me, pois eu estava bastante tensa, disse que não me inquietasse por saber que ele gostava de escrever sobre regionalismo russo, difícil para os que não estão afeitos a esse gênero. Afirmou ter descoberto no meu passado que eu já tivera uma existência em certa região da Rússia, o que facilitaria o trabalho. E, para mostrar-me que não seria difícil, nesse mesmo dia ditou o conto “O paralítico”, que se tornou o primeiro capítulo do livro “A eterna mensagem do monte”. Depois, Tolstói escreveu um romance, “Mansão dos lilases”, sendo ambos publicados pela Casa Editora O Clarim.
Quando iniciou a psicografia de “Leon Tolstói por ele mesmo”?

Antes de começar a ditar os textos dessa última obra, Leon Tolstói mandou uma mensagem, que consta do livro, na qual me pede leia com atenção sua obra “O reino de Deus está em vós”, publicada em 1893. Esse livro, logo depois de lançado, por ser polêmico, foi proibido pelo Czar, e Tolstói excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa. Permaneceu desconhecido por cem anos e somente em 1988 voltou a ser publicado na Europa. Após minha leitura desse extraordinário livro, ele começou a ditar os textos da obra “Leon Tolstói por ele mesmo” no dia 2 de maio de 2002, trabalho que se estendeu por três anos!  Conquanto terno, manso e cheio de paciência, o autor é exigente e minucioso. Dos livros que psicografei, esse foi o mais difícil e que mais esforço exigiu, também porque nesse período enfrentei muitas dificuldades. Sinto-me feliz e gratificada por ter concluído esta obra.
Se for possível responder, qual é a aparência espiritual de Tolstói?

Eu o vejo sempre da maneira como ele se apresentava em vida, o que as fotografias da época mostram. Roupas toscas de mujique, a barba longa que lhe dá ar de profeta. Provavelmente não terá mais essa aparência, após quase um século de vivência na espiritualidade. Todavia, acredito que assim se apresente aos encarnados para ser reconhecido, ou porque sinta real predileção por essa existência. Kardec nos ensina que o Espírito, livre, assumirá a aparência que mais o agradar.
Psicografar um livro de um espírito dessa envergadura é uma grande responsabilidade. Como se sentiu ao ser escolhida?

Realmente, pesa-me sobremaneira a responsabilidade de colocar o nome de um autor, conhecido mundialmente, em textos psicografados por mim. Não tenho nada de especial, de diferente. Sou uma médium como qualquer outra. Quando recebi sua primeira mensagem, já citada e que consta do livro “A eterna mensagem do monte”, o impacto só não foi maior porque a presença desse generoso amigo é serena, sua vibração amorável, transmitindo segurança, confiança e muita paz.
Durante a psicografia de “Leon Tolstói por ele mesmo” você presenciou alguma cena que mais a impressionou?

Minha mediunidade é intuitiva. Ouço o autor espiritual ditar e começo a escrever; ao mesmo tempo, vejo as cenas descritas por ele. A imagem que mais me emocionou é quando Tolstói conta como sentia a presença de Jesus enquanto andava pelas plantações de trigo, de centeio ou de aveia, e sentia como se o Mestre estivesse ali a seu lado. Há uma descrição em que Tolstói parece ver Jesus falando sobre a Parábola do Semeador, enquanto joga as sementes na terra. Nessa hora, os raios do sol incidem em sua figura e colocam reflexos dourados em seus cabelos. Muito lindo!
Além da psicografia, quais são suas outras percepções mediúnicas?

Também sou médium de psicofonia. Praticamente todos os dias, exerço atividades na Sociedade Espírita Maria de Nazaré, na cidade de Rolândia, no Paraná. Nossa casa espírita promove reuniões doutrinárias, palestras e passes, cursos, reuniões mediúnicas, evangelização infanto-juvenil. Além disso, desenvolvemos um trabalho de assistência social que funciona na periferia, onde fundamos a Casa da Sopa, que atende todos os dias oferecendo almoço e janta. Oferecemos cursos de bordado, tricô e crochê, além de um trabalho dedicado às gestantes. Aos sábados e domingos realizamos palestras, evangelização infantil e ajuda aos necessitados. Sou responsável pela página Espiritismo para as crianças, no mensário espírita O Imortal, de Cambé, no Paraná. Tudo isso entremeado de viagens para palestras.
Que livro está lendo?

Estou terminando de ler “Por trás do véu de Ísis”, do jornalista Marcel Souto Maior e “Muito além da coragem”, de Chris Benguhe. Muito interessante.
Quais são seus livros de cabeceira?“O Evangelho Segundo o Espiritismo”  e “O Livro dos Espíritos”. Gosto de ler Hermínio Miranda, Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis, entre outros. Tenho sempre um romance, para espairecer.
Quais são seus planos? Está trabalhando em algum livro?

Normalmente trabalho em dois livros ao mesmo tempo. Há muitos anos, desde que iniciamos uma reunião mediúnica com os jovens, às terças-feiras, percebi que os moços da espiritualidade vinham e tomavam conta do dia. Assim, na terça de manhã, psicografo livros de jovens, tendo iniciado com “Céu Azul”, de César Augusto Melero, seguindo-se mais cinco livros. Na quinta, recebo outros autores, como Erick e Leon Tolstói. Desse modo, tenho dois livros em andamento: na terça, do jovem Paulo Hertz, em fase de revisão, ainda sem título; na quinta, o que tomou o lugar de “Leon Tolstói por ele mesmo”, um romance ainda na fase inicial, com poucos capítulos ditados.
Agradecemos sua mensagem aos leitores, em especial àqueles que estão buscando desenvolver a mediunidade.Estamos vivendo numa época muito especial. Grandes transformações ocorrem tanto a nível material, geológico, planetário, quanto espiritual. Esta existência é a maior e melhor oportunidade que já tivemos. O fato de sermos espíritas mostra o grau de responsabilidade que assumimos perante nós mesmos, perante o próximo e perante Deus. Urge aproveitar o tempo que nos foi concedido para fazer o máximo possível, transformando-nos moralmente e sendo agentes de mudança da sociedade em que vivemos, para ajudarmos na implantação de um mundo melhor.  Desse modo, a faculdade mediúnica é uma bênção concedida por Deus com a finalidade de ajudar a nós mesmos e aos necessitados que nos rodeiam. Enfrentar com seriedade, firmeza, disciplina, devotamento e amor a oportunidade que recebemos é imprescindível. Diz-nos Emmanuel que o médium é sempre espírito bastante comprometido com o erro, tendo prejudicado muita gente. Então, a mediunidade surge como ferramenta de trabalho para podermos auxiliar maior quantidade de espíritos, entre eles nossos desafetos, o que nos proporcionará maior dose de bem-estar, paz, equilíbrio e felicidade.  Assim, diante das dificuldades da existência, por piores que sejam, devemos lembrar sempre da recomendação de Jesus: “Buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo”.
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8 de jul. de 2013

Construção da felicidade


Não há no mundo quem não deseje uma vida de felicidades. Sonhamos e desejamos que nossos dias sejam de alegrias intensas e plenas.

Anelamos que o sorriso nos venha fácil, que os dias nos sejam leves e que seja de venturas o nosso caminhar.
É natural que assim seja. Somos seres fadados à felicidade e esse é o sentimento que encontra na alma os mais profundos significados.
Porém, na ânsia da felicidade, imaginamos que temos que buscá-la em algum ponto, que a encontraremos em algum momento, que a atingiremos em um dia determinado.
Lembramos o soneto do poeta Vicente de Carvalho que afirma que a felicidade é uma árvore de dourados pomos, porém que não a alcançamos, porque sempre está onde a pomos e nunca a pomos onde nós estamos.
Ao imaginar a felicidade como uma meta a alcançar nos esquecemos que, na verdade, a felicidade é caminho a se traçar, é trilha a se percorrer, é história a se construir.
Quando imaginamos que a felicidade chegará um dia, perdemo-nos nos dias e não enxergamos a felicidade que nos chega.
Ou não será felicidade poder deparar-se com um pôr-de-sol tingindo de vermelho um céu que há pouco era de um azul profundo? Há tantos que desejariam ver um pôr-de-sol…
Quanta felicidade pode haver em escutar as primeiras palavras de um filho, uma declaração de amor de quem queremos bem, ou ainda, o assovio do vento chacoalhando suave as folhas da árvore? Há tantos que nada escutam, nem ouvem ou percebem…
Como somos felizes por poder pensar, criar, sonhar e, num piscar de olhos, viajar no mundo e no espaço, conduzidos pela imaginação, guiados pela mente! São tantos que permanecem carcereiros de si mesmos em suas distonias mentais, nos desequilíbrios emocionais…
Preocupamo-nos tanto em buscar a felicidade, que nos esquecemos que já temos motivos de sobra para sermos felizes.
E, efetivamente, não nos damos conta que a felicidade não está em chegar, mas que ela mora no próprio caminhar.
Ser feliz é ter o olhar de gratidão perante a vida, de entendimento do seu propósito, da percepção de que ela se mostra sempre generosa a cada um de nós.
Ser feliz não é negar que na vida também haverá embates, lutas e desafios cotidianos. Afinal, esses são componentes de nosso viver e, naturalmente, podem trazer dificuldades e dissabores.
Porém, ser feliz é também perceber que os embates produzem amadurecimento, que as lutas nos fazem mais fortes e nos oferecem aprendizado.
Assim, de forma alguma vale a pena ficarmos esperando o dia em que nossa felicidade se completará.
Ser feliz é compromisso para hoje, que se inicia pelo olhar para as coisas do mundo, passa pelo coração em forma de reconhecimento pelos presentes que nos chegam, completa-se em gratidão, oferecendo à vida o que ela nos dá em abundância.
 
Redação do Momento Espírita.
Em 25.11.2011.