Mostrando postagens com marcador Evolução. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Evolução. Mostrar todas as postagens

30 de out. de 2021

Acelerando sua Evolução Espiritual


As pessoas se perguntam como tornar mais rápida a evolução do espírito? Existem várias estratégias. A que considero mais importante é: seja humilde. A humildade é, principalmente, a capacidade de vivenciar várias funções e papéis. Em um momento, você é quem ensina; em outro, você é o aluno. Você é quem manda e quem obedece. É quem assume funções de direção e quem segue as pessoas que dirigem.

A vida de São Francisco de Assis é repleta de ensinamentos de humildade. Ele e seus discípulos foram para Roma. Uma viagem de vários dias andando. Antes de sair de Assis, São Francisco fez um sorteio. O sorteado teria a função de dirigir a caravana. Seria quem decidiria onde dormir, quando rezar etc. Todos os outros, inclusive Francisco, obedeceriam ao líder. Francisco de Assis foi o fundador da ordem dos franciscanos, mas sempre que possível saía da posição de líder e vivia na posição de liderado. Desta forma, todos os frades eram valorizados e incentivados a se desenvolverem.

Ao aceitar ser liderado, Francisco era obrigado a realizar as atividades que eram necessárias e nem sempre as que ele desejava. Isto criou nele qualidade importantíssima: aceitação. A aceitação é a atitude mental de não colocar dificuldades e barreiras para aquilo que vem de fora. É a base da boa vontade, da gratidão e da paciência.

Pense quantas vezes você ficou irritado porque o sinal de trânsito ficou vermelho. Dentro de você se formou impaciência, raiva e sensação de ser vítima. Os seus sentimentos e pensamentos seriam diferentes se houvesse o treino para a aceitação.

A Filosofia do Caminho Nobre orienta as pessoas a se treinarem na técnica do “Seja bem-vindo”. A técnica ensina que cabe à pessoa transformar em positivo e em sabedoria tudo que chega até ela. Exemplo: você vai para a praia e só chove. Para viver a humildade, você tem que aceitar a chuva. O seu desejo de ficar deitado na areia não aconteceu, mas outras possibilidades e oportunidades existem. Diga: “seja bem-vinda chuva, não criarei negatividade em meu interior. Ao contrário, vou agir para criar bons momentos, boas soluções”.

A humildade é importante para que essa adaptação à realidade da vida seja rápida e sem produzir sentimentos e pensamentos negativos. Tenha certeza que o aprendizado será maior. Observe como o desejo quase sempre é prejudicial ao ser humano. O desejo é uma “máquina de negatividades”. Exemplo: você dirige o carro e deseja que o sinal não fique vermelho. Boa parte das vezes o sinal vai mudar e você terá que esperar parado. O desejo é frustrado e algo de negativo se forma no seu interior.

A humildade é a capacidade de ficar bem e feliz quando o sinal está vermelho, amarelo ou verde. O humilde é quem aceita a realidade. Algumas vezes esperamos, outras vezes os outros esperam. Observe a oscilação de posição e função.

A mente da pessoa deve estar preparada para a humildade. Nem a mente negativa e nem positiva são aptas a manter a humildade. Somente a mente neutra é capaz de aceitar plenamente a realidade e se adaptar a ela.
Deus organizou a vida para nos obrigar a vivenciar várias posições e funções. A pessoa mais sábia busca esta oscilação. São Francisco e Jesus foram os exemplos máximos dessa busca cotidiana de variações de funções. São Francisco queria que todos os frades desenvolvessem capacidades e responsabilidades. Todos são capazes e quem for imaturo deve ser orientado e ajudado. Desta forma, até os erros serviam para engrandecer as experiências do grupo.

São Francisco, assim como Jesus, se fazia pequeno. Serviu e foi servido. Tinha as funções mais nobres e também as mais simples. Por isto, aprendia sempre. Eles levaram muito a sério aquela recomendação de se colocar no lugar do outro. Eles viveram o lugar do outro. Eles experimentaram e aprenderam no lugar do outro. Eles não fizeram isto apenas uma vez. Eles fizeram desta oscilação parte importante da vida. Novas perspectivas e novas experiências são muito mais inspiradoras quando são vivenciadas.

O orgulho, comodismo, medo e vergonha são alguns dos traços de personalidade que dificultam a pessoa a se adaptar à realidade e realizar por vontade própria esta oscilação de funções e papéis.

Vou contar uma história: uma mulher sempre ajudava nas atividades do Centro Espírita, mas nunca assumia qualquer liderança. Ela preferia fazer a parte que era preciso. Ela descobriu que precisava oscilar um pouco, sair da zona de conforto. Ela se propôs a coordenar a organização da festa da pizza. Imediatamente veio a insegurança e o medo. Ela não havia desenvolvido várias qualidades; somente quando ousou este desafio é que descobriu várias limitações. O objetivo de oscilar é vivenciar novas realidades e ter a oportunidade de desenvolver e praticar qualidades e habilidades que são úteis para a vida humana encarnada e no plano espiritual.

Cada desafio é nova oportunidade. Quem se esconde acaba por não desenvolver sabedoria. Uma vez um líder espiritual me disse: “quando comecei minha jornada eu servia aos outros sem vaidade. Depois de muitos anos liderando as pessoas, descobri que sirvo a elas, mas a vaidade entrou no meu coração sem eu perceber”. Ainda bem que ele percebeu. Era a hora dele ousar para romper com a vaidade. Uma batalha espiritual das melhores.

Somos limitados. Precisamos amadurecer e desenvolver sabedorias. O humilde olha para si sem se engrandecer e sem inventar desculpas e ilusões. Ele sabe que todos temos nossas dificuldades, nossas “sombras”. Quando estas sombras aparecem, como a vaidade do líder espiritual é como chamado interior que diz: “olha para este lado seu. Presta atenção nisto. Este lado precisa ser acolhido, precisa sem entendido, precisa receber amor e ser curado”.

O humilde é aquele que sabe que existem várias sombras em seu interior. Ele não foge dessa verdade e nem deseja que seja diferente. Ao contrário, ele diz: “esta é a hora de encarar este problema. É a hora de cuidar deste meu lado. Em outros tempos ele foi negligenciado e agora estou “sendo chamado” para olhar para ele e cuidar. Vou me dar este presente: vou colocar todo amor, respeito e força interior para cuidar de mim.”

Uma pergunta final: em que momento você para escutar seu espírito? A pessoa humilde deve aceitar a realidade, oscilar de posição, valorizar as outras pessoas e também aquietar a mente para escutar o que vem do seu interior. O espírito e a espiritualidade são ativos e dinâmicos. É necessário desenvolver a sensibilidade para perceber os sinais que vem de dentro de si para fora.

Lição: tenha empatia e tente ver as coisas das perspectivas dos outros. A imaturidade fortalece o orgulho. O orgulho te faz desprezar o que vem do outro.
O melhor para você é filtrar e aproveitar. Somente os tolos desprezam a perspectiva alheia. Para aprender, você tem que aproveitar as oportunidades da vida. Pessoas que falam a verdade valem ouro. Mesmo que sejam seus desafetos. Elas nos fazem refletir; assim é mais fácil aprender.

Quatro posturas que você deve ter:

1. Aprenda a observar quem sabe fazer bem feito.
2. Dê liberdade para as pessoas expressarem seus próprios pontos de vistas.
3. Aprofunde um pensamento antes de rejeitá-lo.
4. O importante é aprender e não estar certo.

Observe a atitude de um homem que abandonou o orgulho e “aprendeu a aprender”. Um dia, na empresa em que trabalhava, um desafeto tentou humilhá-lo. Disse que ele era burro. O orgulho o faria ter raiva deste homem e gritar com ele. A humildade o levou a aprofundar o pensamento do desafeto. Ele disse: “se eu sou burro, fala para todo mundo uma burrice minha”. O desafeto contou que ele não conhecia uma solução no sistema da empresa que tornava o trabalho mais simples. Resultado: o homem humilde descobriu algo novo, ele aprendeu, ficou melhor. O orgulhoso quer se mostrar o melhor. O verdadeiro humilde sabe que o importante é ficar sempre um pouco melhor. A natureza foi planejada para trazer benefícios reais para quem segue o caminho traçado pela espiritualidade.
Regis Mesquita

24 de set. de 2012

Maturidade espiritual.

A criança espera que tudo seja do jeito que gosta.
Acredita ter direito ao melhor presente, à comida preferida e exige a atenção da família toda para si.
É possível estabelecer uma comparação entre essa fase natural da evolução física e a evolução espiritual.
Afinal, homens são Espíritos que temporariamente vestem um corpo de carne.
Enquanto um homem tem a atenção focada em seus prazeres e necessidades, ele está na infância espiritual.
Por mais antigo que seja, ainda não atingiu a maturidade.
Considera absolutamente necessário defender seu espaço e fazer valer suas prerrogativas.
Como uma criança, entende ser justo o que o beneficia.
Assim é o discurso infantil a respeito da justiça.
Qualquer pequeno dever é injusto.
A mínima contrariedade representa opressão.
Já as vantagens todas, por grandes que sejam, são naturais.
A maturidade espiritual revela-se por uma diferente compreensão do justo.
O olhar já não está todo em vantagens e desejos.
Não há mais a percepção de que o mundo precisa atender todas as suas necessidades.
Gradualmente, o homem compreende que o direito nasce do dever bem cumprido.
Ele também entende que a vida em sociedade pressupõe renúncia.
Não é possível que todos realizem as próprias fantasias.
Se isso ocorresse, haveria o caos.
Há necessidade de limites e de concessões para a harmonia social.
O homem maduro aprende a prestar atenção nos direitos dos outros, pois o ideal do justo já despertou nele.
Sabe que a justiça é uma arte que implica dar a cada um aquilo que é seu.
Por isso, não avança no patrimônio do semelhante.
Não quer vantagens inapropriadas e nem aceita privilégios que os demais não podem ter.
Compreende que a família do próximo é tão respeitável quanto a dele.
Sabe que o patrimônio público é sagrado, pois voltado ao atendimento das necessidades coletivas.
Respeita profundamente a honra e as construções afetivas dos outros.
Seu senso ético não lhe permite baixezas, razão pela qual também tem a própria honra em grande conta.
O espetáculo das misérias humanas revela o quanto ainda são imaturas as criaturas, sob o prisma espiritual.
Entretanto, todas serão conduzidas à maturidade, pelos meios infalíveis de que a vida dispõe.
Cedo ou tarde, compreenderão quão pouco adianta amealhar bens e posições à custa da própria dignidade.
Quem se permite baixezas tem um despertar terrível, após a morte do corpo.
Assimila que, na cata de vantagens, se tornou um mendigo na verdadeira vida.
Percebe que sacrificou o permanente pelo transitório e perdeu tempo, pois terá de recomeçar o aprendizado.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita

15 de ago. de 2011

A Grande Transição.



Opera-se, na Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e confirmada pelo Espiritismo.


O planeta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição moral.


Isto porque, os espíritos que o habitam, ainda caminhando em faixas de inferioridade, estão sendo substituídos por outros mais elevados que o impulsionarão pelas trilhas do progresso moral, dando lugar a uma era nova de paz e de felicidade.


Os espíritos renitentes na perversidade, nos desmandos, na sensualidade e vileza, estão sendo recambiados lentamente para mundos inferiores onde enfrentarão as conseqüências dos seus atos ignóbeis, assim renovando-se e predipondo-se ao retorno planetário, quando recuperados e decididos ao cumprimento das leis de amor.


Por outro lado, aqueles que permaneceram nas regiões inferiores estão sendo trazidos à reencarnação, de modo a desfrutarem da oportunidade de trabalho e de aprendizado, modificando os hábitos infelizes a que se têm submetido, podendo avançar sob a governança de Deus.


Caso se oponham às exigências da evolução, também sofrerão um tipo de expurgo temporário para regiões primárias entre as raças atrasadas, tendo o ensejo de serem úteis e de sofrer os efeitos danosos da sua rebeldia.


Concomitantemente, espíritos nobres que conseguiram superar os impedimentos que os retinham na retaguarda, estarão chegando, a fim de promoverem o bem e alargarem os horizontes da felicidade humana, trabalhando infatigavelmente na reconstrução da sociedade, então fiel aos desíginios divinos.


Da mesma forma, missionários do amor e da caridade, procedentes de outras Esferas estarão revestindo-se da indumentária carnal para tornar essa fase de luta iluminativa mais amena, proporcionando condições dignificantes que estimulem ao avanço e à felicidade.

Não serão apenas os cataclismos físicos que sacudirão o planeta, como resultado da lei de destruição, geradora desses fenômenos, como ocorre com o outono que derruba a folhagem das árvores, a fim de que possam enfrentar a invernia rigorosa, renascendo exuberantes com a chegada da primavera, mas também os de natureza moral, social e humana que assinalarão os dias tormentosos, que já se vivem.


Os combates apresentam-se individuais e coletivos, ameaçando de destruição a vida com hecatombes inimagináveis.


A loucura, decorrente do materialismo dos indivíduos, atira-os no abismos da violência e da sensatez, ampliando o campo do desespero que se alarga em todas as direções.

Esfacelam-se os lares, desorganizam-se os relacionamentos afetivos, desestruturam-se as instituições, as oficinas de trabalho convertem-se em áreas de competição desleal, as ruas do mundo transformam-se em campos de lutas perversas, levando de roldão os sentimentos de solidariedade e de respeito, de amor e de caridade...


A turbulência vence a paz, o conflito domina o amor, a luta desigual substitui a fraternidade.

... Mas essas ocorrências são apenas o começo da grande transição.


* * *


A fatalidade da existência humana é a conquista do amor que proporciona plenitude. Há, em toda a parte, uma destinação inevitável, que expressa a ordem universal e a presença de uma Consciência Cósmica atuante.


A rebeldia que predomina no comportamento humano elegeu a violência como instrumento para conseguir o prazer que lhe não chega de maneira espontânea, gerando lamentáveis consequências, que se avolumam em desaires continuos.


É inevitável a colheita da sementeira por aqueles que a fez, tornando-se rico de grãos abençoados ou de espículos venenosos.


Como as leis da vida não podem ser derrogadas, toda objeção que lhes faz converte-se em aflição, impedindo a conquista do bem-estar.


Da mesma forma, como o progresso é inevitável, o que não seja conquistado através do dever, selo-á pelos impositivos estruturais de que o mesmo se constitui.


A melhor maneira, portanto, de compartilhar conscientemente da grande transição é através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto.


Nenhuma conquista exterior será lograda se não proceder das paisagens íntimas, nas quais estão instalados os hábitos. Esses, de natureza perniciosa, devem ser substituídos por aqueles que são saudáveis, portanto, propiciatórios de bem-estar e de harmonia emocional.


Na mente está a chave para que seja operada a grande mudança. Quando se tem domínio sobre ela, os pensamentos podem ser canalizados em sentido edificante, dando lugar a palavras corretas e a atos dignos.

O indivíduo, que se renova moralmente, contribui de forma segura para as alterações que se vêm operando no planeta.

Não é necessário que o turbilhão dos sofrimentos gerais o sensibilize, a fim de que possa contribuir eficazmente com os espíritos que operam em favor da grande transição.

Dispondo das ferramentas morais do enobrecimento, torna-se cooperador eficiente, em razão de trabalhar junto ao seu próximo pela mudança de convição em torno dos objetivos existenciais, ao tempo em que se transforma num exemplo de alegria e de felicidade para todos.


O bem fascina todos aqueles que o observam e atrai quantos se encontram distantes da sua ação, o mesmo ocorrendo com a alegria e a saúde.


São eles que proporcionam o maior contágio de que se tem notícia e não as manifestações aberrantes e afligentes que parecem arrastar as multidões. Como escasseiam os exemplos de júbilo, multiplicam-se os de desespero, logo ultrapassados pelos programas de sensibilização emocional para a plenitude.


A grande transição prossegue, e porque se faz necessária, a única alternativa é examinar-lhe a maneira de como se apresenta e cooperar para que as sombras que se adensam no mundo sejam diminuidas pelo Sol da imortalidade.


Nenhum receio deve ser cultivado, porque, mesmo que ocorra a morte, esse fenômeno natural é veículo da vida que se manifestará em outra dimensão.


* * *


A vida sempre responde conforme as indagações morais que lhe são dirigidas.


As aguardadas mudanças que se vêm operando trazem uma ainda não valorizada contribuição, que é a erradicação do sofrimento das paisagens espirituais da Terra.


Enquanto viceje o mal, no mundo, o ser humano torna-se-lhe vítima preferida, em face do egoísmo em que se estorcega, apenas por eleição espiritual.


A dor momentânea que o fere, convida-o por outro lado, à observância das necessidades de seguir a correnteza do amor no rumo do oceano da paz.


Logo passado o período de aflição, chegará o da harmonia.


Até lá, que todos os investimentos sejam de bondade e de ternura, de abnegação e de irrestrita confiança em Deus.



Joanna de Ângelis
(Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 30 de Julho de 2006, no Rio de Janeiro, RJ. Publicada na revista ‘Presença Espírita’, Setembro/Outubro 2006, Nº 256, páginas 28 e 29)

A Geração Nova.



Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem.


Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso.


Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundo inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalente a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar. Substitui-los-ão Espíritos melhores, que farão reinar em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.


A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclisma que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.


Tudo, pois, se processará exteriormente, como deve acontecer, com a única, mas capital diferença, de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.


A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhe são peculiares.


Têm idéias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais, porém, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.


Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior.


Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as idéias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração.


O que, ao contrário, distingue os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, pelo se negarem a reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme, enfim, o apego a tudo que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.


Desses vícios é que a Terra tem que ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contato com eles constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se achar livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor, que lhes está reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, enquanto esperam que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos superiores.


*** *** ***

É muito simples o modo por que se opera a transformação, sendo, como se vê, todo ele de ordem moral, sem se afastar em nada das leis da Natureza.


Sejam os que componham a nova geração Espíritos melhores, ou Espíritos antigos que se melhoraram, o resultado é o mesmo. Desde que trazem disposições melhores, há sempre uma renovação. Assim, segundo suas disposições naturais, os Espíritos encarnados formam duas categorias: de um lado, os retardatários, que partem; de outro, os progressistas, que chegam. O estado dos costumes e da sociedade estará, portanto, no seio de um povo, de uma raça, ou do mundo inteiro, em relação com aquela das duas categorias que preponderar.


Por estarem muitos, apesar de suas imperfeições, maduros para a transformação, é que muitos partem, a fim de apenas se retemperarem em fonte mais pura. Enquanto se conservassem no mesmo meio e sob as mesmas influências, persistiriam nas suas opiniões e nas suas maneiras de apreciar as coisas. Uma estada no mundo dos Espíritos bastará para lhes descerrar os olhos, por isso que aí vêem o que não podiam ver na Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista, poderão, conseguintemente, voltar com idéias inatas de fé, tolerância e liberdade. Ao regressarem, acharão mudadas as coisas e experimentarão a influência do novo meio em que houverem nascido. Longe de se oporem às novas idéias, constituir-se-ão seus auxiliares.


A regeneração da Humanidade, portanto, não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais. Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão predispostos, desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo. Assim, nem sempre os que voltam são outros Espíritos; são com freqüência os mesmos Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira.


Fonte: ‘A Gênese’ – Allan Kardec
(Cap. XVIII – São Chegados os Tempos – Itens 27 a 35)


* * * - * * *

“Pelo Espiritismo a humanidade deve entrar em uma nova fase, a do progresso moral, que é a sua conseqüência inevitável”. Allan Kardec

“Melhorados os homens, não fornecerão ao mundo invisível senão bons espíritos; estes, encarnando-se, por sua vez só fornecerão à Humanidade corporal elementos aperfeiçoados. A Terra deixará, então, de ser um mundo expiatório e os homens não sofrerão mais as misérias decorrentes das suas imperfeições”. Allan Kardec

O Propósito Supremo.



Homem, meu irmão, tenha fé em seu destino, porque ele é grande. Você nasceu com faculdades inatas, aspirações infinitas, e a eternidade lhe é dada para desenvolver uns e satisfazer os outros.

Crescer vida a vida, esclarecer-se pelo estudo, purificar-se pela dor, adquirir uma ciência sempre mais vasta, qualidades cada vez mais nobres; eis o que lhe está reservado.

Deus tem feito ainda mais por você. Deu os meios de colaborar em Sua obra; de participar na lei do progresso sem limites, abrindo novas vias aos seus semelhantes, elevando seus irmãos, atraindo-os a você, iniciando-os nos esplendores do verdadeiro e do belo, às sublimes harmonias do universo.

Não é isso criar, transformar almas e mundos? E esse trabalho imenso, fértil em caráteres, não é preferível a um repouso morno e estéril? Colaborar com Deus! Realizar em tudo e por tudo o bem e a justiça! Que pode ser maior, mais digno ao seu espírito imortal?!

Eleve então seu olhar e abrace as vastas perspectivas de seu porvir. Ponha nesse espetáculo a energia necessária para afrontar os ventos e as tempestades do mundo.

Marche, valente, lutador, suba a rampa que conduz aos cumes que chamamos virtude, dever, sacrifício. Não se detenha no caminho para colher floretes ou mato, para brincar com seixos dourados. Para frente, sempre em frente!

Vê você nos céus esplêndidos esses astros flamejantes, esses sóis inumeráveis arrastando, em suas evoluções prodigiosas, brilhantes cortejos de planetas? Quantos séculos acumulados não foram necessários para os formar?! Quantos séculos não serão precisos para os dissolver?!

Bem! Um dia virá em que todos esses fogos estarão extintos, onde esses mundos gigantescos se esvanecerão para dar lugar a novos globos, a outras famílias de astros emergentes das profundezas.

Nada daquilo que vê hoje existirá mais. O vento dos espaços terá para sempre varrido a poeira, esses mundos usados; mas você, você viverá sempre, prosseguindo sua marcha eterna no seio de uma criação incessantemente renovada.

Que serão então para tua alma purificada, engrandecida, as sombras e os cuidados do presente? Acidentes efêmeros de nosso curso, não deixarão, no fundo de nossa memória, mais do que tristes ou doces lembranças.

Diante dos horizontes infinitos da imortalidade, os males do presente, as provas sofridas, serão como uma nuvem fugitiva no meio de um céu sereno.

Meça então, em seu justo valor, as coisas da Terra. Não as desdenhe, sem dúvida, porque são necessárias ao progresso, e sua missão é de contribuir para o seu aperfeiçoamento pelo aperfeiçoamento de si mesmo; mas não ligue sua alma exclusivamente nisso, antes de tudo, procure os ensinamentos que trazem.

Por eles, você compreenderá que os objetivos da vida não são os gozos, nem a felicidade, mas, acima de tudo, uma forma de trabalho, de estudo e de cumprimento do dever, o desenvolvimento da alma, da personalidade que você reconhecerá além da tumba, tal qual a tem estado talhando, você mesmo, no curso de sua existência terrestre.


Léon Denis
Livro O Porquê da Vida

O homem veio do macaco?


Hipótese sobre a origem do corpo humano



Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim, for, afete a dignidade do homem.


Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.


Fique bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.


Admitida essa hipótese, pode dizer-se que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto. Melhorados, os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.


Como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência. Em nossos dias ainda há selvagens que, pelo comprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, têm tanta parecença com o macaco, que só lhes falta ser peludos, para se tornar completa a semelhante.



Retirado do livro “A Gênese” – Allan Kardec

A Encarnação dos Espíritos.



O Espiritismo ensina de que maneira se opera a união do Espírito com o corpo, na encarnação.


O Perispírito


Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. É semimaterial esse envoltório, isto é, pertence à matéria, pela sua origem, e à espiritualidade, pela sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é extraído do fluido cósmico universal, que, nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser abstrato, o Espírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível, conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, que são, como se sabe, os mais poderosos motores.


O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico.

O Nascimento

Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vital-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.


Um fenômeno particular, que a observação igualmente assinala, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desde que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às manifestações.


Mas, ao mesmo tempo em que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que, voltando à atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e melhor do que antes. Ele renasce qual se fizera pelo seu trabalho anterior; o seu renascimento lhe é um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. Ainda aí a bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma nova existência, a lembrança, muitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turbá-lo e lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu, por lhe ser isso útil. Se às vezes lhe é dado ter uma intuição dos acontecimentos passados, essa intuição é como a lembrança de um sonho fugitivo. Ei-lo, pois, novo homem, por mais antigo que seja como Espírito. Adota novos processos, auxiliado pelas suas aquisições precedentes. Quando retorna à vida espiritual, seu passado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga como empregou o tempo, se bem ou mal.


Não há, portanto, solução de continuidade na vida espiritual, sem embargo do esquecimento do passado. Cada Espírito é sempre o mesmo eu, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas, uma fase da sua existência. O próprio esquecimento se dá tão-só no curso da vida exterior de relação. Durante o sono, desprendido, em parte, dos liames carnais, restituído à liberdade e à vida espiritual, o Espírito se lembra, pois que, então, já não tem a visão tão obscurecida pela matéria.

A Morte

Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em conseqüência da desorganização do corpo. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito.


O Espiritismo, pelos fatos cuja observação ele faculta, dá a conhecer os fenômenos que acompanham essa separação, que, às vezes, é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que doutras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do Espírito, e pode durar meses inteiros.

Considerações Gerais

Normalmente, a encarnação não é uma punição para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio de ele progredir. A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover o alimento ao corpo, à sua segurança, ao seu bem-estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento é a sua união com a matéria. Daí o constituir uma necessidade a encarnação. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso material do globo que lhe serve de habitação. É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente.


Todavia, a encarnação do Espírito não é constante, nem perpétua: é transitória. Deixando um corpo, ele não retoma imediatamente outro. Durante mais ou menos considerável lapso de tempo, vive da vida espiritual, que é a sua vida normal, de tal sorte que insignificante vem a ser o tempo que lhe duram as encarnações, se comparado ao que passa no estado de Espírito livre.


No intervalo de suas encarnações, o Espírito progride igualmente, no sentido de que aplica ao seu adiantamento os conhecimentos e a experiência que alcançou no decorrer da vida corporal; examina o que fez enquanto habitou a Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça planos e toma resoluções pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a idéia de melhor se conduzir. Desse jeito, cada existência representa um passo para frente no caminho do progresso, uma espécie de escola de aplicação.



Retirado do livro A Gênese – Allan Kardec

Progresso dos Homens e dos Mundos.


O progresso material de um planeta acompanha o progresso moral de seus habitantes.

Ora, sendo incessante, como é, a criação dos mundos e dos Espíritos e progredindo estes mais ou menos rapidamente, conforme o uso que façam do livre-arbítrio, segue-se que há mundos mais ou menos antigos, em graus diversos de adiantamento físico e moral, onde é mais ou menos material a encarnação e onde, por conseguinte, o trabalho, para os Espíritos, é mais ou menos rude.

Deste ponto de vista, a Terra é um dos menos adiantados. Povoada de Espíritos relativamente inferiores, a vida corpórea é aí mais penosa do que noutros orbes, havendo os também mais atrasados, onde a existência é ainda mais penosa do que na Terra e em confronto com os quais esta seria, relativamente, um mundo ditoso.

Quando, em um mundo, os Espíritos hão realizado a soma de progresso que o estado desse mundo comporta, deixam-no para encarnar em outro mais adiantado, onde adquiram novos conhecimentos e assim por diante, até que, não lhes sendo mais de proveito algum a encarnação cm corpos materiais, passam a viver exclusivamente da vida espiritual, na qual continuam a progredir, mas noutro sentido e por outros meios. Chegados ao ponto culminante do progresso, gozam da suprema felicidade. Admitidos nos conselhos do Onipotente, conhecem-lhe o pensamento e se tornam seus mensageiros, seus ministros diretos no governo dos mundos, tendo sob suas ordens os Espíritos de todos os graus de adiantamento.

Assim, qualquer que seja o grau em que se achem na hierarquia espiritual, do mais ínfimo ao mais elevado, têm eles suas atribuições no grande mecanismo do Universo; todos são úteis ao conjunto, ao mesmo tempo que a si próprios. Aos menos adiantados, como a simples serviçais, incumbe o desempenho, a princípio inconsciente, depois, cada vez mais inteligente, de tarefas materiais. Por toda parte, no mundo espiritual, atividade, em nenhum ponto a ociosidade inútil.

A coletividade dos Espíritos constitui, de certo modo, a alma do Universo. Por toda parte, o elemento espiritual é que atua em tudo, sob o influxo do pensamento divino. Sem esse elemento, só há matéria inerte, carente de finalidade, de inteligência, tendo por único motor as forças materiais, cuja exclusividade deixa insolúveis uma imensidade de problemas. Com a ação do elemento espiritual individualizado, tudo tem uma finalidade, uma razão de ser, tudo se explica. Prescindindo da espiritualidade, o homem esbarra em dificuldades insuperáveis.

Quando a Terra se encontrou em condições climáticas apropriadas à existência da espécie humana, encarnaram nela Espíritos humanos. Donde vinham? Quer eles tenham sido criados naquele momento; quer tenham procedido, completamente formados, do espaço, de outros mundos, ou da própria Terra, a presença deles nesta, a partir de certa época, é um fato, pois que antes deles só animais havia.

Revestiram-se de corpos adequados às suas necessidades especiais, às suas aptidões, e que, fisionomicamente, tinham as características da animalidade. Sob a influência deles e por meio do exercício de suas faculdades, esses corpos se modificaram e aperfeiçoaram. É o que a observação comprova.

Deixemos então de lado a questão da origem, insolúvel por enquanto; consideremos o Espírito, não em seu ponto de partida, mas no momento em que, manifestando-se nele os primeiros germens do livre-arbítrio e do senso moral o vemos a desempenhar o seu papel humanitário, sem cogitarmos do meio onde haja transcorrido o período de sua infância, ou, se o preferirem, de sua incubação. Malgrado a analogia do seu envoltório com o dos animais, poderemos diferenciá-lo destes últimos pelas faculdades intelectuais e morais que o caracterizam. Como, debaixo das mesmas vestes grosseiras, distinguimos o rústico do homem civilizado.

Conquanto devessem ser pouco adiantados os primeiros que vieram, pela razão mesma de terem de encarnar em corpos muito imperfeitos, diferenças sensíveis haveria decerto entre seus caracteres e aptidões. Os que se assemelhavam, naturalmente se agruparam por analogia e simpatia. Achou-se a Terra, assim, povoada de Espíritos de diversas categorias, mais ou menos aptos ou rebeldes ao progresso.

Recebendo os corpos a impressão do caráter do Espírito e procriando-se esses corpos na conformidade dos respectivos tipos, resultaram daí diferentes raças, quer quanto ao físico, quer quanto ao moral. Continuando a encarnar entre os que se lhes assemelhavam, os Espíritos similares perpetuaram o caráter distintivo, físico e moral, das raças e dos povos, caráter que só com o tempo desaparece, mediante a fusão e o progresso deles.

Podem comparar-se os Espíritos que vieram povoar a Terra a esses bandos de emigrantes de origens diversas, que vão estabelecer-se numa terra virgem, onde encontram madeira e pedra para erguerem habitações, cada um dando à sua um cunho especial, de acordo com o grau do seu saber e com o seu gênio particular. Grupam-se então por analogia de origens e de gostos, acabando os grupos por formar tribos, em seguida povos, cada qual com costumes e caracteres próprios.

Não foi, portanto, uniforme o progresso em toda a espécie humana. Como era natural, as raças mais inteligentes adiantaram-se às outras, mesmo sem se levar em conta que muitos Espíritos recém-nascidos para a vida espiritual, vindo encarnar na Terra juntamente com os primeiros aí chegados, tornaram ainda mais sensível a diferença em matéria de progresso.

Entretanto, os Espíritos selvagens também fazem parte da Humanidade e alcançarão um dia o nível em que se acham seus irmãos mais velhos. Mas, sem dúvida, não será em corpos da mesma raça física, impróprios a um certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento já não estiver em correspondência com o progresso que hajam alcançado, eles emigrarão daquele meio, para encarnar noutro mais elevado e assim por diante, até que tenham conquistado todas as graduações terrestres, ponto em que deixarão a Terra, para passar a mundos mais avançados.


Retirado do livro “A Gênese” – Allan Kardec

O ponto culminante.




Você é um Espírito imortal que temporariamente enverga uma veste de carne.

Já teve infinitas experiências em incontáveis vidas.

Já foi rico e pobre, homem e mulher, saudável e enfermo, a cor de sua pele variou grandemente.

Errou, acertou, errou de novo para acertar com mais propriedade logo depois.

O ato de sua criação perde-se na noite dos tempos.

Entretanto, você se constrói a cada nova experiência.

Embora nem sempre seja feliz em suas escolhas, de cada vida sai mais forte e preparado.

Houve ocasiões em que terminou a trajetória carnal insatisfeito consigo mesmo.

Após cessarem as ilusões da matéria, compreendeu que poderia ter utilizado melhor seu tempo e seus recursos.

Mas também já atravessou vidas sofridas, nas quais resgatou graves débitos e fez importantes aprendizados.

A Lei do Progresso é um imperativo universal.

Ela impede que um Espírito perca virtudes e inteligência.

É possível nascer em situações mais complicadas e sucumbir a tentações.

Mas ninguém regride em sua evolução.

Uma vez conquistado determinado valor, ele jamais se perde.

A inteligência cada vez mais se abrilhanta, sem possibilidade de retrocesso.

Desse modo, hoje você está no ponto culminante de sua trajetória milenar.

Jamais foi tão inteligente e virtuoso.

Sabedoria, bondade, capacidade de renúncia e de trabalho, tudo em seu ser se encontra no zênite.

Está no exato ponto da evolução para o qual se preparou e dispõe dos recursos mais adequados à solução de seus problemas.

Sua atual existência foi carinhosamente preparada.

Considerando seus compromissos, erros e acertos, ela retrata uma possibilidade de real elevação.

A título de aprendizado e progresso, ou de provações retificadoras, você possui amplas condições de se sair maravilhosamente bem.

Não importa quão difícil lhe pareça dada exigência da vida, você pode dar conta dela.

Seus familiares são os mais adequados às suas necessidades.

As condições de sua vida são as ideais, conforme a Lei de merecimento que rege o Universo.

Você não é vítima e nem privilegiado.

Recebeu o necessário para ser um agente do progresso e espargir o bem em seu derredor.

À vista disso, importa compreender que a base de sua tranquilidade reside na integridade da consciência.

Todos os problemas que surgem em seu caminho são uma oportunidade bendita de retificação e aprendizado.

As carências são um auxílio a mais, um convite para compreender as tristezas do próximo.

Os recursos são generosos empréstimos da vida maior, em favor de sua felicidade.

Está em suas mãos converter todos esses fatores em luz e paz em seu caminho, mediante uma sábia e digna aplicação.

Pense nisso.

(Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXX, do livro 'Coragem', pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)

* * *

Deus dá a oportunidade de aprender e evoluir. Os ensinamentos são importantes para a evolução de cada um. Aceite tudo o que Deus coloca na estrada da vida, e compreenderá que não estamos aqui por acaso.

(Mensagem recebida pelo Grupo de Estudos de Psicografia da Fraternidade Francisco de Assis - Em 06/07/2009)

Evolução e Livre-Arbítiro.

..




Porque há dores necessárias no erguimento da vida, há quem se acolha à faixa da negação.

Ainda agora, muitos cientistas e religiosos, encastelados em absurdos afirmativos, parecem interessados em se anteporem ao próprio Deus.

Gigantes do raciocínio constroem máquinas com que investem o espaço cósmico, em arrojados desafios, para dizerem que a vida é a matéria suposta onipotente, enquanto que milhares de pregoeiros da fé levantam cadeias teológicas, tentando aprisionar a mente humana ao poste do fanatismo.

Na área de semelhantes conflitos, padece o homem o impacto de crises morais incessantes.

Não te emaranhes, porém, no labirinto.
O mundo está criado, mas não terminado.

De ponta a ponta da Terra, vibra, candente, a forja da evolução. Problemas solucionados abrem campo a novos problemas. Horizontes abertos descerram horizontes mais amplos. E, na arena da imensa luta, o espírito é a obra-prima do Universo, em árduo burilamento.

O Criador não vive fora da Criação.

A criatura humana, contudo, ainda infinitamente distante da Luz Total, pode ser comparada ao aprendiz limitado aos exercícios da escola.

Cada civilização é precioso curso de experiências e cada individualidade, segundo a justiça, deve estruturar a sua própria grandeza.

Examinando o livre-arbítrio que a Divina Lei nos faculta, consideremos que nós mesmos, imperfeitos quais somos, não furtamos, impunemente, uns dos outros, a liberdade de conhecer e realizar.

Pais responsáveis, não trancafiamos os filhos em urnas de afeto exclusivo, com a desculpa de amor.

Professores honestos, não tornamos o lugar do discípulo, ofertando-lhe privilégios, a título de ternura.

Médicos idôneos, não exoneramos o enfermo dos arriscados processos da cirurgia, a pretexto de compaixão.

Recebe, pois, o quadro das provações aflitivas em que te encontras, como sendo o maior ensejo de crescimento e de elevação que a Bondade Infinita, por agora, te pode dar.

Não te importe o materialismo a dementar-se no próprio caos. Sabes que o homem não é planta sem raiz, nem barco à matroca.

Os que negam a Causa das Causas, reajustam, para lá do sepulcro, visão e entendimento, emotividade e conceito.

Enquanto observas, no caminho, perturbação e sofrimento, à guisa de poeira e sucata em prodigiosa oficina, tranquiliza-te e espera, porquanto, aprendendo e servindo, sentirás em ti mesmo a presença do Pai.

Do livro "Justiça Divina", pelo Espírito Emmanuel, Francisco Cândido Xavier
(Reunião Publica de 11-18-61. 1ª Parte, cap. I, item 5)