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23 de mar. de 2014

Caridade


Caridade, estrela luminosa a indicar o caminho redentor para todos aqueles que se curvam com humildade ao imperativo do amor ao próximo.
Caridade para com a criança abandonada, que sofrida enlanguesce de fome e de frio, desnutrida, descalça e faminta, vivendo por aí soterrada nas múltiplas dificuldades que lhe abatem a estima, lhe fazendo enxergar pela frente tão somente horizontes de penúria e desvalimento.
Caridade para com todas as mães que lutam e choram vivendo diariamente em desespero pleno, ao vislumbrar sua prole clamando por socorro e vivendo em estado de completo desvalimento. Todos lhe exigindo esforços redobrados, amparo, proteção, e se possível um naco de pão que venha lhes mitigar a fome.
Caridade para com o velho que extenuado pelas lutas já vividas, hoje fraco, cansado e alquebrado, alimentando-se tão somente das recordações, sorvendo dia após dia os cálices amargos do abandono, do esquecimento e do desprezo.
Caridade para com todos aqueles que passam os seus dias a deambular por entre os espinheiros das dificuldades mais imediatas, aprofundando-se pouco a pouco nos charcos da angustia e das incompreensões.
Caridade para com aqueles que continuam a seguir o caminho severino  derramando suas lágrimas doloridas, abraçados a miseras nesgas de esperança e sonhando com dias mais venturosos.
A Doutrina Espirita, como o Consolador Prometido por Jesus, tem proclamado em todas as direções que, “Fora da Caridade não há salvação”, convidando-nos para a realização de um profundo autoexame acerca das nossas ações em torno da caridade. Qual tem sido o nosso papel, diante aos múltiplos sofrimentos que pululam por entre as nossas realidades?
Caridade bendito farol. Luz misericordiosa a derramar sobre uma legião de necessitados, benfazejas filigranas de renovadas esperanças. Bussola segura a guiar todos aqueles que iluminados pelo Consolador Prometido têm atendido aos convites de Jesus, devotados ao exercício pleno do “Amor ao Próximo” e cientes de que verdadeiramente este é o maior dos mandamentos. A caridade é sem duvida o mais venturoso dos caminhos a indicar ao homem que se encontra hoje nas trilhas iniciais da regeneração as direções seguras para o amor e a felicidade.

Francisca Paula de Jesus
Casa de Caridade Herdeiros de Jesus
Reunião mediúnica de 23.05.2013
Médium – Jairo Avellar

29 de jan. de 2013

VERDADEIRO SENTIDO DA CARIDADE - O Livro dos Espíritos


Qual é o verdadeiro sentido da palavra caridade como a entendia Jesus?
Benevolência com todos, indulgência com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas. (questão 886 do O Livro dos Espíritos) 

O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer todo o bem que está ao nosso alcance e que gostaríamos que nos fosse feito. Esse é o sentido das palavras de Jesus:
“Amai-vos uns aos outros como irmãos”.
A caridade, para Jesus, não se limita à esmola. Ela abrange todas as relações com nossos semelhantes, sejam inferiores, iguais ou superiores. Ensina a indulgência, porque temos necessidade dela, e não nos permite humilhar os outros, ao contrário do que muitas vezes se faz. Se uma pessoa rica nos procura, temos por ela mil atenções, mil amabilidades; se é pobre, parece não haver necessidade de nos incomodar. Porém, quanto mais lastimável sua posição, mais se deve respeitar, sem nunca aumentar sua infelicidade pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo a distância entre ambos.

25 de ago. de 2012

A caridade.

Um costume muito comum aos fariseus, era o de tentar o Mestre, fazendo-Lhe perguntas que julgavam embaraçosas. Todavia, Jesus a todas respondia com presteza e sabedoria.
Certo dia, um deles, que era doutor da lei, propôs a seguinte questão: ”Mestre, qual o grande mandamento da lei?”
Jesus lhe respondeu: “Amarás o senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. Esse o maior e o primeiro mandamento.
Eis o segundo, que é semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo, como a ti mesmo. E acrescentou: toda lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.”
Como é fácil perceber, Jesus sintetizou a Lei e todos os ensinos dos profetas nestes dois mandamentos: Amar a Deus e ao próximo.
Se um não for cumprido, o outro também não será, ou seja, não se pode amar a Deus, sem amar Seus filhos, ou amar os filhos sem amar o Pai.
Podemos compreender com isso, que Jesus falava da caridade, pois na seqüência da resposta Ele narrou a parábola do samaritano.
A parábola faz referência a três pessoas que se depararam com um homem ferido no caminho, e ressalta que quem se compadeceu e o socorreu foi um samaritano, considerado herético, mas que pratica o amor ao próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade.
Percebemos nos ensinos de Jesus, que a prática da caridade é uma condição para a conquista da felicidade.
Vejamos que a caridade não é somente dar coisas, mas doar-se ao próximo, condição que não requer recursos financeiros nem influência social. Todos podemos fazê-la.
O apóstolo Paulo fala da caridade com as seguintes palavras: “Ainda que eu tivesse a linguagem dos anjos; tivesse o dom da profecia que penetrasse todos os mistérios; tivesse toda a fé possível, até ao ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.”
E prossegue dizendo: “E, quando houvesse distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria.”
Está bem claro nos ensinos de Paulo, que o fato de distribuir os bens materiais não é suficiente, ou não é só nisso que consiste a verdadeira caridade.
A caridade material é apenas uma faceta, a outra é a caridade moral. Não basta ter fé, não precisa ser profitente desta ou daquela religião, é preciso ter caridade como a entendia Jesus:“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.
É, em resumo, fazer ao próximo todo o bem que desejamos que o próximo nos faça.
*  *  *
 ”Nos caminhos claros da inteligência, muitas vezes as rosas da alegria completa produzem os espinhos da dor, mas, nas sendas luminosas da caridade, os espinhos da dor oferecem rosas de perfeita alegria”.
 Redação do Momento Espírita, com base no item 4 do  cap. XV   de  O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb e no verbete Caridade do livro Dicionário da alma, Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

A caridade do respeito.

Salvo raras exceções, as instituições dão coisas às pessoas carentes sem observarem um elemento indispensável na filantropia: o respeito.
Os direitos dos carentes geralmente são desconsiderados. Aqueles que lhes oferecem coisas em nome da caridade, por vezes se esquecem de que eles são gente.
Esquecem-se de que têm gosto, preferências, tamanho de roupa, número de calçado e paladar.
Às vezes, eles batem às portas abertas à caridade pela primeira vez e são abordados sem escrúpulos pelos atendentes que os obrigam a lhes fornecer dados e mais dados sobre sua vida íntima.
Afinal, quem está precisando de ajuda que se sujeite a esse tipo de investigação, sem reclamação.
Se o assistido ousa pedir algo diferente, imediatamente recebe a resposta: Se não está bom, pode procurar outro lugar melhor.
É importante que nos perguntemos até que ponto nossa caridade está sendo praticada dentro do modelo ensinado por Jesus.
O parâmetro sugerido pelo Cristo, somos nós mesmos. O referencial é sempre aquele que pratica a caridade, pois a recomendação é de fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem.
Então, temos que nos questionar se gostaríamos de vestir uma roupa de número 50, quando nosso manequim é 42, se calçaríamos um sapato 40 quando nosso número é 36 ou um 32 quando calçamos 38.
Temos ainda que nos perguntar se comeríamos algo que detestamos, ou se ouviríamos uma música que nos irrita, só pelo fato de sermos pobres.


Um dia, vimos uma senhora caridosa oferecer, sem critério algum, roupas usadas a uma mãe carente.
Ela agradeceu, dirigiu-se ao um canto da sala e abriu a sacola para contemplar o que ganhara.
Minutos depois ela retornou, dirigiu-se à senhora e lhe falou com educação: Creio que a senhora se enganou. Lá em casa não tem homem. Meu marido morreu e meu dois filhos são menores de dez anos, e na sacola só há roupas masculinas de adultos.
Ora, respondeu secamente a caridosa, e desde quando pobre tem número de roupa e calçado?
É só encher os sapatos com jornal e arregaçar as mangas das camisas e calças!
A mãe, constrangida diante das demais pessoas que a observavam, abaixou a cabeça, tomou as mãos dos filhos e saiu sem dizer uma única palavra.
Ao ganhar a rua ouvimos o filho mais velho, que devia ter uns oito anos dizer, numa tentativa de consolar a mãe que não conseguira conter as lágrimas doloridas que lhe brotavam da alma:
É verdade, mamãe! Eu e o mano estamos crescendo rápido, logo logo poderemos usar essas roupas e calçados, por favor, não chore mais mamãe!
*   *   *
Nem sempre as pessoas que buscam a caridade alheia são desocupadas, ou vivem totalmente às custas dos outros.
Existem mães viúvas que buscam corações sensíveis que lhes ajudem a manter vivos os filhos queridos.
Há filhos órfãos que precisam encontrar uma mão estendida para os livrar das garras da morte.
Há pais de família que, mesmo trabalhando de sol a sol, não ganham o suficiente para manter com vida os filhos doentes.
E não nos esqueçamos jamais, que nenhum de nós está livre de precisar da caridade alheia.
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita

Em 05.07.2010.
Espiritismo.

Erre auxiliando.


TEXTO PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER DO ESPÍRITO ANDRÉ LUIZ
Auxilie a todos para o bem.
Auxilie sem condições.

Ainda mesmo por despeito, auxilie sem descansar, na certeza de que, assim, muitas vezes, poderá você conquistar a cooperação dos próprios adversários.

Ainda mesmo por inveja, auxilie infatigavelmente, porque, desse modo, acabará você assimilando as qualidades nobres daqueles que respiram em Plano Superior.

Ainda mesmo por desfastio, auxilie espontaneamente aos que lhe cruzam a estrada, porque, dessa forma, livrar-se-á você dos pesadelos da hora inútil, surpreendendo, por fim, a bênção do trabalho e o templo da alegria.

Ainda mesmo por ostentação, auxilie a quem passa sob o jugo da necessidade e da dor, porque, nessa diretriz, atingirá você o grande entendimento, descobrindo as riquezas ocultas do amor e da humildade.

Ainda mesmo sob a pressão de grande constrangimento, auxilie sem repouso, porque, na tarefa do auxílio, receberá a colaboração natural dos outros, capaz de solver-lhe os problemas e extinguir-lhe as inibicões.


Ainda mesmo sob o império da aversão, auxilie sempre, porque o serviço ao próximo dissolver-lhe-á todas as sombras, na generosa luz da compreensão e da simpatia.

Erre auxiliando.

Ainda mesmo nos espinheiros da mágoa ou da ilusão, auxilie sem reclamar o auxílio de outrem, servindo sem amargura e sem paga, porque os erros, filhos do sincero desejo de auxiliar, são também caminhos abençoados que, embora obscuros e pedregosos, nos conduzem o espírito às alegrias do Eterno Bem.
*   *   *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Apostilas da Vida.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
5a edição. Araras, SP: IDE, 1993
Espiritismo.

Caridade.

 
 
TEXTO PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER DO ESPÍRITO EMMANUEL
 
Caridade é , sobretudo, amizade.

Para o faminto - é o prato de sopa.

Para o triste - é a palavra consoladora.

Para o mau - é a paciência com que nos compete auxiliá-lo

Para o desesperado - é o auxílio do coração.

Para o ignorante - é o ensino despretensioso.

Para o ingrato - é o esquecimento.

Para o enfermo - é a visita pessoal.

Para o estudante - é o concurso no aprendizado.

Para a crianca - é a proteção construtiva.

Para o velho - é o braço irmão.

Para o inimigo - é o silêncio.

Para o amigo - é o estímulo.

Para o transviado - é o entendimento.

Para o orgulhoso - é a humildade.

Para o colérico - é a calma.

Para o preguiçoso - é o trabalho.

Para o impulsivo - é a serenidade.

Para o leviano - é a tolerância.

Para o deserdado da Terra - é a expressão de carinho.

Caridade é amor, em manifestação incessante e crescente. É o sol de mil faces, brilhando para todos, e o gênio de mil mãos, amparando, indistintamente, na obra do bem, onde quer que se encontre, entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes, por que, onde estiver o Espírito do Senhor aí se derrama a claridade constante dela, a benefício do mundo inteiro.

*   *   *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Viajor.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
Araras, SP: IDE, 1985.
"O amor é o coração do Evangelho e o espírito do Espiritismo chama-se caridade." ("Opinião Espírita")

Caridade do pensamento.

 
 
TEXTO PSICOGRAFADO POR CHICO XAVIER DO ESPÍRITO EMMANUEL
 
Sabemos todos que o pensamento é onda de vida criadora, emitindo forças e atraindo-as, segundo a natureza que lhe é própria.
Fácil entender, à vista disso, que nos movemos todos num oceano de energia mental.

Cada um de nós é um centro de princípios atuantes ou de irradiações que liberamos, consciente ou inconscientemente.

Sem dúvida, a palavra é o veículo natural que nos exprime as idéias e as intenções que nos caracterizem, mas o pensamento, em si, conquanto a força mental seja neutra qual ocorre à eletricidade, é o instrumento genuíno das vibrações benéficas ou negativas que lançamos de nós, sem a apreciação imediata dos outros.

Meditemos nisso, afastemos do campo íntimo qualquer expressão de ressentimento, mágoa, queixa ou ciúme, modalidades do ódio, sempre suscetível de carrear a destruição.

Se tens fé em Deus, já sabes que o amor é a presença da luz que dissolve as trevas.

Cultivemos a caridade do pensamento.

Dá o que possas, em auxílio aos outros, no entanto, envolve de simpatia e compreensão tudo aquilo que dês.

No exercício da compaixão, que é a beneficência da alma, revisa o que sentes, o que desejas, o que acreditas e o que falas, efetuando a triagem dos propósitos mais ocultos que te inspirem, a fim de que se traduzam em bondade e entendimento, porque mais dia menos dia, as nossas manifestações mais íntimas se evidenciam ou se revelam, inelutavelmente, de vez que tudo aquilo que colocarmos, no oceano da vida, para nós voltará.

*   *   *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Paciência.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
CEU, 1983.
"Se Allan Kardec tivesse escrito que 'fora do Espiritismo não há salvação', eu teria ido por outro caminho. Graças a Deus ele escreveu “Fora da Caridade”, ou seja, fora do Amor não há salvação...” (Chico Xavier)

6 de jun. de 2011

Jesus mandou alguém.



(Para todos nós que nos dizemos espíritas...)




O culto do Evangelho no lar havia terminado às sete da noite, e João Pires, com a esposa, filhos e netos, em torno da mesa, esperava o café que a família saboreava depois das orações.


Ana Maria, pequena de sete anos, reclamou:


- Vovô, não sei porque Jesus não vem. Sempre vovô chama por ele nas preces: “Vem Jesus! Vem Jesus!” e Jesus nunca veio...


O avô riu-se, bondoso, e explicou:


- Filhinha, nós, os espíritas, não podemos pensar assim... O Mestre vive presente conosco em suas lições. E cada pessoa do caminho, principalmente os mais necessitados, são representantes d’Ele, junto de nós... Um doente é uma pessoa que o Senhor nos manda socorrer, um faminto é alguém que Ele nos recomenda servir...


D. Maria, a dona da casa, nesse momento repartia o café, e, antes que o vovô terminasse, batem à porta.


Ana Maria e Jorge Lucas, irmão mais crescido, correm para atender.


Daí a instantes, voltam, enquanto o menino grita:


- Ninguém não! É só um mendigo pedindo esmola.


- Que é isso? – exclama a senhora Pires, instintivamente – a estas horas?


Ana Maria, porém, de olhos arregalados, aproxima-se do avô e informa, encantada:


- Vovô, é um homem! Ele está pedindo em nome de Jesus. É preciso abrir a porta. Acho que Jesus ouviu a nossa conversa e mandou alguém por Ele...

A família comoveu-se.


O chefe da casa acompanhou a netinha e, depois de alguns instantes, voltaram, trazendo o desconhecido.

Era um velho, aparentando mais de oitenta anos de idade, de roupa em frangalhos e grande barba ao desalinho, apoiando-se em pobre cajado.


Ante a surpresa de todos, com ar de triunfo, a menina segurou-lhe a mão direita e perguntou:

- O senhor conhece Jesus?


Trêmulo e acanhado, o ancião respondeu:


- Como não, minha filha? Ele morreu na cruz por nós todos!

E Ana Maria para o avô:


- Eu não falei, vovô?


O grupo entendeu o ensinamento e o recém-chegado foi conduzido à poltrona. Alimentou-se. Recebeu tudo o que precisava e João Pires anotou-lhe o nome e endereço para visitá-lo no dia seguinte.

Antes da despedida, a pequena dormiu feliz, e, após abraçar o inesperado visitante, no “até amanhã”, o chefe de família, enxugando os olhos, falou, sensibilizado:


- Graças a Deus, tivemos hoje um culto mais completo.


Pelo Espírito: Hilário Silva - Do Livro: A Vida Escreve - Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


- Retirado do blog Bom Espírito -

Com o que tens.



Narram os versículos primeiros do capítulo 3 de ‘Atos dos Apóstolos’, no ‘Novo Testamento’, que Pedro e João subiram ao templo para orar.

Perceberam, ao lado da porta, um coxo de nascimento, que era diariamente trazido, e ali deixado, a fim de esmolar.


Ao ver os dois apóstolos por ele passarem, fez a sua rogativa.

Pedro pôs nele os olhos e lhe disse:

- “Olha para nós.”

O homem os olhou com atenção, ficando na expectativa de que eles lhe dessem alguma coisa.

Mas o velho apóstolo, passando as mãos ao longo da túnica rústica, emocionado, falou:

- “Não tenho prata nem ouro.”


Na seqüência, distendeu os braços na direção do mendigo e com os olhos marejados de sentidas lágrimas, usou a voz embargada para falar:

- “Mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te, e anda.”


Tomou-lhe da mão direita, levantou-o e imediatamente as pernas se consolidaram, os pés se firmaram e o coxo pôs-se a andar, exultando de felicidade.

* * *


Meditemos na profundidade da lição. Pensemos em como seria o Mundo se todos os homens estivessem resolvidos a dar o que possuem para a edificação do bem geral.


Ainda hoje, muitos dizemos: “Como poderei dar se não tenho?” e outros: “Quando tiver, darei.” Contudo, para o serviço real do bem, não necessitamos, em caráter absoluto, dos bens perecíveis da Terra.

O homem generoso distribuirá dinheiro e utilidades com os necessitados que encontre pelo caminho.


Entretanto, se não realizou em si mesmo o sentimento do amor, que é sua riqueza legítima, não fixará dentro de si a luz e a alegria que nascem das dádivas.

Todos trazemos conosco as qualidades nobres já conquistadas. Não há ninguém tão pobre que não possa se dar. Dar de si mesmo.


Pedro ofereceu seu amor ao pedinte e lhe devolveu o uso das pernas, o que o retirou, desde então, da condição de mendigo.


Curado, a possibilidade do trabalho e o conseqüente ganho honrado se lhe abriram.

Também nós podemos dar do que temos, agora, no momento que se faz precioso.

Todos os que esperamos pelo dinheiro, pelas posses, para contribuir nas boas obras, em verdade ainda nos encontramos distantes da possibilidade de ajudar a nós próprios.


Doar-se é servir com desinteresse. Dar das nossas horas, do nosso tempo, das nossas habilidades. Há tanto para dar, desde que cada criatura, na Terra, é depositária da enorme fortuna que angariou ao longo dos séculos, nas várias vidas.


Fortuna que não se guarda em cofres ou casas bancárias, mas se aloja na intimidade do coração e na lucidez da mente.


(Redação do Momento Espírita, com base nos versículos 1 a 8, do cap. 3 de Atos dos apóstolos.)

Boas Obras.



Se você dispõe de tempo e da vocação de auxiliar para contribuir nas boas obras com seu esforço pessoal, o seu trabalho será sempre bem vindo, especialmente porque lhe expressa o amor no propósito de servir.


Caso se veja na impossibilidade de comparecer pessoalmente em semelhantes empreendimentos, o seu concurso amoedado, de qualquer dimensão, é uma benção de sua generosidade, atraindo novas bênçãos em seu benefício.


Na hipótese de maiores dificuldades para que venha a exercer a cooperação a que nos referimos, a oferta de alguma utilidade mesmo usada, no apoio aos que faceiam necessidades primordiais desatendidas, constituem um sinal luminoso de sua bondade para com as tarefas em andamento.

Reconhecendo que ainda isso não representa medida ao seu alcance, você talvez desfrute o ensejo de falar, encorajando os companheiros que trabalham, ou fornecendo indicações que lhes amenizem a boa luta.


Observando que essa colaboração na se lhe faça possível, certamente poderá você orar pelos irmãos que se empenham às laboriosas realizações da beneficência.


Entretanto, se você, de todo, não consegue efetuar nada disso, não aponte os defeitos dos obreiros que se acham na construção do bem, de vez que se são eles criaturas reprováveis, qual você supõe, estarão fazendo o melhor que podem, no reajuste deles próprios, com a permissão e com o amparo de Deus.


André Luiz
(Do livro "Sinais de Rumo" - Francisco C. Xavier
)

***
“O auxílio ao próximo é sempre bem-vindo. Faça tudo o que puder; mas se nada for possível, ajude as boas obras ao menos com o seu silêncio...” (Mensagem do Instituto André Luiz)

Histórias do Chico...




Em seu livro “Mediunidade”, Divaldo Franco conta que Chico Xavier, além da tradicional sopa distribuída na casa espírita de que participava, tinha o hábito de realizar visitas a famílias necessitadas, sem horário definido e fazendo-o, por vezes, mesmo à noite.

O médium, ainda em Pedro Leopoldo, costumava visitar pessoas que ficavam embaixo de uma velha ponte, numa estrada abandonada. Iam ele, sua irmã Luiza e mais duas ou três pessoas muito pobres de sua comunidade. E, na medida que eles aumentavam a freqüência de visitas, os necessitados foram se avolumando, e mal conseguiam alimentos suficientes para o grupo. Afinal, as doações eram custeadas com seus próprios salários.

O esposo de Luíza, que era fiscal da prefeitura, recolhia na xepa das feiras-livres legumes e outros alimentos, e que eram doados para distribuir anonimamente, nos sábados, à noite, aos necessitados da ponte.

Um dia, porém, o pequeno grupo não tinha absolutamente nada. Decidiu-se, então, não irem, pois aquela gente estava com fome e nada teriam para oferecer. E eles próprios estavam vivendo com extremas dificuldades.

Foi quando apareceu-lhe o espírito do Dr. Bezerra de Menezes, que sugeriu colocassem algumas garrafas com água, que seria magnetizada para ser distribuída, havendo, ao menos, alguma coisa para dar.

Feito isto, o líquido teria adquirido um suave perfume, e então o Chico tomou as moringas e, com suas amigas, após a reunião convencional do sábado, dirigiram-se à ponte.

Quando lá chegaram encontraram umas 200 pessoas, entre crianças, adultos, enfermos em geral, pessoas com graves problemas espirituais, necessitados.

“Lá vem o Chico”, gritou alguém, enquanto o médium, constrangido e angustiado, pretendeu explicar a ocorrência.

Levantou-se e falou: “Meus irmãos, hoje nós não temos nada”, e narrou a dificuldade. As pessoas ficaram logo ofendidas, tomando atitudes de desrespeito e ele começou a chorar. Neste momento, uma das assistidas levantou-se e disse: “Alto lá! Este homem e estas mulheres vêm sempre aqui nos ajudar e hoje, que eles não têm nada para nos dar, vamos nós dar-lhes alguma coisa. Vamos dar-lhes a nossa alegria, vamos cantar, vamos agradecer”!

Neste momento, apareceu um caminhão carregado e o motorista procurava por Chico Xavier. Quando ele atendeu, o motorista perguntou se ele se lembrava de um certo Dr. Fulano de Tal? Chico recordava-se de um senhor de boa posição financeira, morador de São Paulo, que um ano antes estivera em Pedro Leopoldo e lhe contara o drama de vivia.

Seu filho falecera e o desespero atormentava o casal. Durante a reunião, o jovem veio trazido pelo Dr. Bezerra de Menezes e escreveu uma consoladora mensagem. Ambos ficaram muito gratos e garantiram que haveriam de retribuir a ajuda.

Foi quando o motorista lhe narrou: “Estou trazendo este caminhão de alimentos mandado pelo Dr. Fulano de Tal, que me deu o endereço do Centro onde deveria entregar a carga, mas tive um problema na estrada e atrasei; quando cheguei, estava tudo fechado”.

“Olhei para os lados - prosseguiu o motorista - e apareceu-me um senhor de idade com barbas brancas, e perguntou o que eu desejava. Disse que estava procurando Chico Xavier e ele me falou que, debaixo de uma ponte caída, estaria seu grupo. Este homem insistiu, ainda, para que dissesse ao Sr. que foi ele quem o orientou”.

“E qual o seu nome?”, perguntou o médium.

“Bezerra de Menezes”, respondeu o motorista.

Suas amigas ficaram espantadas, mas Chico limitou-se a dizer: “É um velho amigo”...


Retirado do blog Partida e Chegada

A Beneficência.





A beneficência é bem compreendida, quando se limita ao círculo de pessoas da mesma opinião, da mesma crença ou do mesmo partido?

Não, pois é sobretudo o espírito de seita e de partido que deve ser abolido, porque todos os homens são irmãos. O verdadeiro cristão vê irmãos em todos os seus semelhantes e, para socorrer o necessitado, não procura saber a sua crença, a sua opinião, seja qual for. Seguiria ele o preceito de Jesus Cristo, que manda amar até mesmo os inimigos, se repelisse um infeliz, por ter crença diferente da sua? Que o socorra, pois, sem lhe interpelar a consciência, mesmo porque, se for um inimigo da religião, será esse o meio de fazer que ele a ame. Repelindo-o, só faria que a odiasse.


SÃO LUÍS
Paris, 1860



Que pensar das pessoas que, sofrendo ingratidão por benefícios prestados, não querem mais fazer o bem, com medo de encontrar ingratos?

Essas pessoas têm mais egoísmo do que caridade, porque fazer o bem somente para receber provas de reconhecimento, é deixar de lado o desinteresse, e o único bem agradável a Deus é o desinteressado. São ainda orgulhosas, porque se comprazem na humildade do beneficiado, que deve rojar-se aos seus pés para agradecer-lhes. Aquele que busca na Terra a recompensa do bem que faz, não a receberá no céu, mas Deus a reservará para o que assim não procede.


É necessário ajudar sempre aos fracos, mesmo sabendo-se de antemão que os beneficiados não agradecerão. Sabeis que, se aquele a quem ajudais esquecer o benefício, Deus o considerará mais do que se fôsseis recompensados pela sua gratidão. Deus permite que às vezes sejais pagos com a ingratidão, para provar a vossa perseverança em fazer o bem.


Como sabeis, aliás, se esse benefício, momentaneamente esquecido, não produzirá mais tarde os seus frutos? Ficai certos, pelo contrário, de que é uma semente que germinará com o tempo. Infelizmente, não vedes nunca além do presente; trabalhais para vós, não tendo em vista os semelhantes.


A benemerência acaba por abrandar os corações mais endurecidos; pode ficar esquecida aqui na Terra, mas quando o Espírito se livrar do corpo, ele se lembrará, e essa lembrança será o seu próprio castigo. Então, ele lamentará a sua ingratidão, desejará reparar a sua falta, pagar a sua dívida noutra existência, aceitando mesmo, freqüentemente, uma vida de devotamento ao seu benfeitor. É assim que, sem o suspeitardes, tereis contribuído para o seu progresso moral, e reconhecereis então toda a verdade desta máxima: ‘um benefício jamais se perde’. Mas tereis também trabalhado para vós, pois tereis o mérito de haver feito o bem com desinteresse, sem vos deixar abater pelas decepções.


Ah!, meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que, na vida presente, vos ligam às existências anteriores! Se pudésseis abarcar a multiplicidade das relações que aproximam os seres uns dos outros, para o seu mútuo progresso, admiraríeis muito melhor a sabedoria e a bondade do Criador, que vos permite reviver para chegardes a ele!


GUIA PROTETOR
Sens, 1862


Retirado do “Evangelho Segundo o Espiritismo” – Cap. XIII

Doações Espirituais.



Feliz daquele que destaca uma parcela do que possui, a benefício dos semelhantes!


Bem-aventurado aquele que dá de si próprio!

Através de todos os filtros do bem, o amor é sempre o mesmo, mas, enquanto as dádivas materiais, invariavelmente benditas, suprimem as exigências exteriores, as doações de espírito interferem no íntimo, dissipando as trevas que se acumulam no reino da alma.

Dolorosa a tortura da fome, terrível a calamidade moral.

Divide o teu pão com as vítimas da penúria, mas estende fraternas mãos aos que vagueiam mendigando o esclarecimento e o consolo que desconhecem.


Não precisas procurá-los, de vez que te cercam em todos os ângulos do caminho...


São amigos e por vezes te ferem com supostas atitudes de crueldade, quando apenas te esmolam conforto, comunicando-te, em forma de intemperança mental, as chamas de sofrimento que lhes calcinam os corações; categorizam-se por adversários e criam-te problemas, não por serem perversos, mas porque lhes faltam ainda as luzes do entendimento; aparecem por pessoas entediadas, que dispõem de todas as vantagens humanas para serem felizes, mas a quem falta uma voz verdadeiramente amiga, capaz de induzi-las a descobrir a tranqüilidade e a alegria, através da sementeira das boas obras; surgem na figura de criaturas consideradas indesejáveis e viciosas, cujo desequilíbrio nada mais é que a expectativa frustrada do amparo afetivo que suplicaram em vão!...

Para atender aos que carecem de apoio físico, é preciso bondade; no entanto, para arrimar os que sofrem necessidades da alma, é preciso bondade com madureza.

Se já percebes que nem todos estamos no mesmo degrau evolutivo, auxilia com a tua palavra ou com o teu silêncio, ou com o teu gesto ou com a tua decisão no plantio da união e da concórdia, da esperança e do otimismo, no terreno em que vives!...

Compreender e compreender para a sustentação da lavoura do bem que se cobrirá de frutos para a felicidade geral.

Não te digas em solidão para fazer tanto...


Refletindo em nossos deveres, antes as doações espirituais, lembremo-nos de Jesus.


Nos dias de fome da turba inquieta, reunia-se o Divino mestre com os amigos para beneficiar a milhares; entretanto, na hora do extremo sacrifício, quando lhe cabia socorrer as vítimas da ignorância e do ódio, da violência e do fanatismo, ele sozinho fez o donativo de si mesmo, em favor de milhões.


André Luiz
(Do livro "Estude e Viva" – Psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira – Espíritos: Emmanuel e André Luiz)

Ligações humanas.



Fomos chamados para servir. Divino é o amor das almas, laço eterno a ligar-nos uns aos outros para a imortalidade triunfante, mas que será desse dom celeste se não soubermos renunciar? O coração incapaz de ceder a benefício da felicidade alheia é semente seca que não produz.

Ninguém se faz amado através da exigência. Dá tudo! Aqueles que desejamos ajudar ou salvar nem sempre conseguem compreender, de pronto, o sentido de nossas palavras, mas podem ser inclinados ou arrastados à renovação por nossos atos e exemplos.

Em muitas ocasiões, na Terra, somos esquecidos e humilhados por aqueles a quem nos devotamos, mas, se soubermos perseverar na abnegação, acendemos no próprio espírito o abençoado lume com que lhes clarearemos a estrada, além do sepulcro!... Tudo passa no mundo... Os gritos da mocidade menos construtiva transformam-se em música de meditação na velhice!

Ampara teu filho que é também nosso irmão na Eternidade, mas não te proponhas escravizá-lo ao teu modo de ser! Monstruosa seria a árvore que se pusesse a devorar o próprio fruto; condenável seria a fonte que tragasse as próprias águas! Os que amam, sustentam a vida e nela transitam como heróis, mas os que desejam ser amados não passam muitas vezes de tiranos cruéis...

Levanta-te! Os que lhe batem à porta, consternados e desiludidos, são nossos familiares igualmente... Esses velhos abandonados que nos procuram tiveram também pais que os adoravam e filhos que lhes dilaceraram o coração... Esses doentes que apelam para a nossa capacidade de auxiliar conheceram, de perto, a meninice e a graça, a beleza e a juventude!...

Nossas dores não são únicas. E o sofrimento é a forja purificadora, onde perdemos o peso das paixões inferiores, a fim de nos alçarmos à vida mais alta... Quase sempre é na câmara escura da adversidade que percebemos os raios da Inspiração Divina, porque a saciedade terrestre costuma anestesiar-nos o espírito...


Edição de texto retirado do livro “Ave, Cristo!” – Autoria Espiritual de Emmanuel / Psicografia de Francisco Cândido Xavier

Os Infortúnios Ocultos.



Nas grandes calamidades, a caridade se agita e vêem-se generosos impulsos para reparar os desastres. Mas, ao lado desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam desapercebidos, de pessoas que jazem num miserável catre, sem se queixarem. São esses os infortúnios discretos e ocultos que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que venham pedir assistência.

Quem é aquela senhora de ar distinto, de trajes simples mas bem cuidados, seguida de uma jovem que também se veste modestamente? Entra numa casa de aspecto miserável, onde sem dúvida é conhecida, pois à porta é saudada com respeito. Para onde vai? Sobe até a água-furtada: lá vive uma mãe de família, rodeada pelos filhos pequenos. À sua chegada, a alegria brilha naqueles rostos emagrecidos. É que ela vem acalmar todas as suas dores. Traz o necessário, acompanhado de suaves e consoladoras palavras, que fazem aceitar a ajuda sem constrangimentos, pois esses infortunados não são profissionais da mendicância. O pai se encontra no hospital e, durante esse tempo, à mãe não pode suprir as necessidades.

Graças a ela, essas pobres crianças não sofrerão nem frio nem fome; irão à escola suficientemente agasalhados e, no seio da mãe, não faltará o leite para os menorzinhos. Se uma entre elas adoece, não lhe repugnará prestar-lhe os cuidados materiais. Dali seguirá para o hospital, levar ao pai algum consolo e tranqüilizá-lo quanto à sorte da família. Na esquina, uma carruagem a espera, verdadeiro depósito de tudo o que vai levar aos protegidos, que visita sucessivamente. Não lhes pergunta pela crença nem pelas opiniões, porque, para ela, todos os homens são irmãos e filhos de Deus. Finda a visita, ela diz a si mesma: Comecei bem o meu dia. Qual é o seu nome? Onde mora? Ninguém o sabe. Para os infelizes, tem um nome que não revela a ninguém, mas é o anjo da consolação. E, à noite, um concerto de bênçãos se eleva por ela ao Criador: católicos, judeus, protestantes, todos a bendizem.

Por que se veste tão simplesmente? Para não ferir a miséria com o seu luxo. Por que se faz acompanhar da filha adolescente? Para lhe ensinar como se deve praticar a beneficência. A filha também quer fazer a caridade, mas a mãe lhe diz: “Que podes dar, minha filha, se nada tens de teu? Se te entrego alguma coisa para dares aos outros, que mérito terás? Serei eu, na verdade, quem farei a caridade, e tu quem terás o mérito? Isso não é justo. Quando formos visitar os doentes, ajudar-me-ás a cuidar deles, pois dar-lhes cuidados é dar alguma coisa. Isso não te parece suficiente? Nada mais simples: aprende a fazer costuras úteis, e assim confeccionarás roupinhas para essas crianças, podendo dar-lhes alguma coisa de ti mesma”. É assim que esta mãe verdadeiramente cristã vai formando sua filha na prática das virtudes ensinadas pelo Cristo. É espírita? Que importa?

Para o meio em que vive, é a mulher do mundo, pois sua posição o exige; mas ignoram o que ela faz, mesmo porque não lhe interessa outra aprovação que a de Deus e da sua própria consciência. Um dia, porém, uma circunstância imprevista leva à sua casa uma de suas protegidas, para lhe oferecer trabalhos manuais. “Psiu! — diz-lhe ela. Não contes a ninguém!” Assim falava Jesus.



Texto retirado do 'Evangelho Segundo o Espiritismo' (Cap. 13)
Imagem: 'A Caridade' – Zeferino da Costa – 1872

A Esmola da Compaixão.



De portas abertas ao serviço da caridade, a casa dos Apóstolos em Jerusalém vivia repleta, em rumoroso tumulto. Eram doentes desiludidos que vinham rogar esperança, velhinhos sem consolo que suplicavam abrigo. Mulheres de lívido semblante traziam nos braços crianças aleijadas, que o duro guante do sofrimento mutilara ao nascer, e, de quando em quando, grupos de irmãos generosos chegavam da via pública, acompanhando alienados mentais para que ali recolhessem o benefício da prece.

Numa sala pequena, Simão Pedro atendia, prestimoso. Fosse, porém, pelo cansaço físico ou pelas desilusões hauridas ao contato com as hipocrisias do mundo, o antigo pescador acusava irritação e fadiga, a se expressarem nas exclamações de amargura que não mais podia conter.

- Observa aquele homem que vem lá, de braços secos e distendidos? - gritava para Zenon, o companheiro humilde que lhe prestava concurso - aquele é Roboão, o miserável que espancou a própria mãe, numa noite de embriaguez... Não é justo sofra, agora, as consequências?

E pedia para que o enfermo não lhe ocupasse a atenção.

Logo após, indicando feridenta mulher que se arrasava, buscando-o, exclamou, encolerizado:

- Que procuras, infeliz? Gozaste no orgulho e na crueldade, durante longos anos... Muitas vezes, ouvi-te o riso imundo à frente dos escravos agonizantes que espancavas até à morte... Fora daqui! Fora daqui!...

E a desmandar-se nas indisposições de que se via tocado, em seguida bradou para um velho paralítico que lhe implorava socorro:

- Como não te envergonhas de comparecer no pouso do Senhor, quando sempre devoraste o ceitil das viúvas e dos órfãos? Tuas arcas transbordam de maldições e de lágrimas... O pranto das vítimas é grilhão nos teus pés...

E, por muitas horas, fustigou as desventuras alheias, colocando à mostra, com palavras candentes e incisivas, as deficiências e os erros de quantos lhe vinham suplicar reconforto.

Todavia, quando o Sol desaparecera distante e a névoa crepuscular invadira o suave refúgio, modesto viajante penetrou o estreito cenáculo, exibindo nas mãos largas nódoas sanguinolentas. No compartimento, agora vazio, apenas o velho pescador se dispunha à retirada, suarento e abatido. O recém-vindo, silencioso, aproximou-se, sutil, e tocou-o docemente. O conturbado discípulo do Evangelho só assim lhe deu atenção, clamando, porém, impulsivo:

- Quem és tu, que chegas a estas horas, quando o dia de trabalho já terminou?

E porque o desconhecido não respondesse, insistiu com inflexão de censura:

- Avia-te sem demora! Dize depressa a que vens...

Nesse instante, porém, deteve-se a contemplar as rosas de sangue que desabotoavam naquelas mãos belas e finas. Fitou os pés descalços, dos quais transpareciam, ainda vivos, os rubros sinais dos cravos da cruz e, ansioso, encontrou no estranho peregrino o olhar que refletia o fulgor das estrelas...

Perplexo e desfalecente, compreendeu que se achava diante do Mestre, e, ajoelhando-se, em lágrimas, gemeu, aflito:

- Senhor! Senhor! Que pretendes de teu servo?

Foi então que Jesus redivivo afagou-lhe a atormentada cabeça e falou em voz triste:

- Pedro, lembra-te de que não fomos chamados para socorrer as almas puras... Venho rogar-te a caridade do silêncio quando não possas auxiliar! Suplico-te para os filhos de minha esperança a esmola da compaixão...

O rude, mas amoroso pescador de Cafarnaum, mergulhou a face nas mãos calosas para enxugar o pranto copioso e sincero, e quando ergueu, de novo, os olhos para abraçar o visitante querido, no aposento isolado somente havia a sombra da noite que avançava de leve...

Da obra: ‘Contos e Apólogos’. Ditada pelo Espírito ‘Irmão X’, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.