16 de mar. de 2015

POR QUE TANTO MEDO DA MORTE?



Para compreendermos melhor este tema temos que diferenciar medo da morte do medo de morrer.

O medo de morrer é um medo natural, espontâneo e necessário. Ele vem do nosso instinto de conservação que serve para a preservação da nossa vida. Este medo natural de morrer nos protege de situações arriscadas, como por exemplo, correr a 160km/h, aproximar-se de um precipício sem uma segurança, atravessar uma rua averiguando bem se vem algum veículo, etc. Este medo natural, então, é um mecanismo para a nossa proteção. Quando este medo torna-se exagerado, passa a ser um medo patológico, fóbico que merece tratamento especializado. Portanto, o medo de morrer é necessário, bom e útil dentro de um limite equilibrado.

Já o medo da morte é inadequado. É um medo quase sempre aprendido dentro da cultura onde vivemos. As pessoas não gostam de falar sobre a morte. A morte é um tabu. Quantas vezes ouvimos alguém dizer: “Tanta coisa para se falar, vamos falar justamente de morte? Vira esta boca prá lá?”
Evitar falar sobre a morte é uma das formas que utilizamos para nos defender ou nos pouparmos do sofrimento.

Falarmos sobre a morte nos incomoda, não é tão interessante. Por quê?
Porque atinge o ser humano em seus dois “medos básicos”: o medo da morte e o medo de ficar louco. Observe que ambos tem um significado de vazio, do nada, da não existência. E não existir, perder a personalidade, perder as funções mentais e cognitivas é o caos.
Então, o que nós vamos fazer com este medo da morte?

Procurar esclarecimentos, refletir, estudar, pois a causa do medo é o desconhecimento.
O Dr. Franklin Santana (Phd, médico geriatra) é um dos organizadores do curso de pós-graduação de Tanatologia, da USP-SP. A Tanatologia é uma ciência que vem ajudar muito o ser humano a vencer o medo da morte. Ele nos diz que falarmos da morte é fundamental para a construção do significado da vida.
O escritor francês Leon Dennis, grande pesquisador do assunto, também recomenda-nos: “Devíamos encarar a morte face a face. Desembaraçá-la das sombras e das quimeras que a envolvem para nos prepararmos melhor para este acontecimento natural e necessário no curso da vida.”

A Dra.Elizabeth Kulber Ross (Phd, médica psiquiatra suiça, radicada nos Estados Unidos, uma das maiores pesquisadoras do mundo sobre o tema) fala que o nosso inconsciente não admite a idéia da própria morte. Em nosso inconsciente acreditamos em nossa imortalidade.
De maneira bem simples, simbolicamente, o nosso inconsciente é um porão. E porão é um lugar onde se guarda um montão de coisas, um local escuro, um tanto fechado. Abrir janelas, permitir a luz do entendimento adentrar-se; tornar este conteúdo consciente vai atenuar bastante esse medo.

A Dra.Dora Incontri (Phd em Filosofia da Educação pela USP-SP) fala que este é um tema que deveria ser estudado nas escolas com naturalidade, numa visão plural e interdisciplinar.
Este era o velho sonho do escritor, professor e filósofo brasileiro José Herculano Pires que defendia a idéia de se instituir um curso regular sobre Educação para a Morte. Dizia: “Saber morrer é saber viver. Para morrer bem era preciso viver bem.”
Surge, então, uma questão:
Se o medo da morte atenua-se, alivia-se com o conhecimento lançado sobre ela, temos provas científicas da sobrevivência da nossa personalidade?


Há duas posições essenciais sobre a questão da morte. A primeira é de que existe alguma forma de continuidade da personalidade depois da morte. (Há vida depois da vida). A segunda, é a de que com fim da vida física, o ser não mais existe. (Morreu, acabou).

O Dr.Alexander Moreira (Phd, médico psiquiatra, professor da UFJF) fala que, para temas controversos, é natural que não haja uma resposta rápida e consensual, principalmente se basearmo-nos somente nos moldes da metodologia vigente, mas já temos vários cientistas sérios e respeitados que trabalham com a investigação empírica, trazendo importantes evidências sugestivas sobre o assunto.
Um destes pesquisadores foi o Dr.Ian Stevenson (Phd, médico psiquiatra canadense, professor da Universidade da Virgínia, Estados Unidos) que trabalhou com pacientes que passaram pelas EQMs-Experiências de Quase Morte, deixando grandes contribuições científicas.

À medida, então, que o ser humano reflete mais sobre a morte, compreende melhor o assunto e aproveita melhor a vida. Assim, sua preocupação com a morte diminui. Compreendendo melhor nossa missão aqui na Terra, e, vivendo a vida cada vez com melhor qualidade, esperaremos a morte com mais serenidade, calma, resignação e sem medo.

Conviver bem com a morte é descobrir os encantos da vida.
Muitos tem medo da morte porque não vivem a vida em plenitude. É como se estivessem em débito para consigo mesmos.
“Não tenho medo da morte. Tenho medo da vida não vivida.”

Você já ouviu esta expressão?

Rede Amigo Espírita

Nenhum comentário:

Postar um comentário