20 de nov. de 2013

O DIVÓRCIO NA VISÃO DO ESPIRITISMO



O casamento é um compromisso de muita responsabilidade, mas infelizmente o homem tem confundido sua encarnação com se fosse uma excursão para piquenique qualquer, vendo-o como um banquete dos sentidos. Daí, o panorama melancólico que tem invadido muitos lares.

Tanto o homem como a mulher, deveriam conscientizar-se de que a Terra ainda não realiza casamento de anjos. O ser humano é cheio de imperfeições, é um misto de sombra e luz do ponto de vista espiritual, que na convivência conjugal, deixa cair a máscara, mostrando-se tal qual o é.

Para que o casamento consiga sobreviver às dificuldades naturais da marcha, há necessidade de atração espiritual e de existência de laços de afeto entre ambos, tornando-os verdadeiramente unidos por Deus, submissos à Sua Lei.

A união fruto do interesse, muito própria da sociedade insincera e alicerçada em poderes aquisitivos, baseada na conveniência social, na beleza física, na fortuna, ou unicamente no sexo, está fadada ao insucesso.

Antes de chegar ao porto do destino, os interessados na vida a dois deveriam passar por duas estações importantíssimas, a do namoro e a do noivado, fases em que o relacionamento entre ambos se aprofunda, dando ensejo a que se conheçam melhor.

Quando a realidade do lar se tornar diferente daquela do período do namoro, ou do noivado, devem entrar em jogo por parte de um dos cônjuges, os valores espirituais da fé, da paciência, o espírito de renúncia e abnegação e uma grande coragem, para que o casamento doente se possa recuperar e a família permanecer a salvo do naufrágio total.

Acima dos direitos individuais estão os direitos familiares, principalmente quando envolvem filhos, as maiores vítimas, cuja educação necessita imperiosamente da assistência e da presença atuante de ambos os cônjuges.

O casal que busca o recurso da separação nada mais faz que adiar o resgate de um débito, agravando os esforços do pagamento, pelas suas noções de irresponsabilidade.

Deixou-nos o Codificador, com o bom senso que lhe é peculiar, um capítulo especial sobre o divórcio no Evangelho Segundo o Espiritismo, onde afirma ser ele nada mais que uma medida humana, que objetiva separar aquilo que espiritualmente já estava separado.O espírita esclarecido, homem ou mulher, deve aprender a renunciar, a benefício de sua paz e do seu reajuste, pois sabe que não existem na Terra uniões legalizadas ou não, que não tenham vínculos graves no princípio da responsabilidade assumida em comum.

Sabe que se fugir hoje ao resgate, voltará amanhã, na companhia daquele ou daquela de quem procura agora afastar-se.

O divórcio jamais deve ser facilitado ou estimulado. Todos os esforços e sacrifícios possíveis devem ser empregados entre os cônjuges para que ele não se concretize, a não ser que o relacionamento se torne impraticável, chegando mesmo, ao perigo do crime ou do suicídio.

Nestes casos ele funcionará como medida lamentável, afastando males maiores, semelhantes à amputação que evita a morte, mas que sempre será uma quitação adiada, diante da Lei de Causa e Efeito e que terá um dia que ressarcir.

A separação constitui atitude que nunca deve ser assumida antes de profunda análise e demorada meditação que levem à plena consciência das responsabilidades envolvidas.

Mas se apesar de todas as tentativas e sacrifícios possíveis de preservar o lar desta hecatombe infeliz, um dos cônjuges exigindo sua liberdade, recusar-se a conviver com o outro, lesando-o nos seus interesses mais profundos, contrairá pesados débitos das leis divinas. E se, por desequilíbrio oriundo da solidão, o cônjuge abandonado vier a tomar caminhos mais infelizes ainda, todas as duplicatas serão contabilizadas no fórum da consciência do cônjuge irresponsável.

A criatura humana precisa tomar muito cuidado com as chamadas “lesões afetivas”, pois ninguém tem o direito de brincar com os sentimentos de ninguém. Precisa amadurecer, preparar-se para o amor e se educar, para ser feliz. Toda atitude de leviandade, mormente no campo sentimental, é uma dívida dolorosa que o homem ou a mulher vêm a contrair.

O Espiritismo não é doutrina do não e sim da responsabilidade. Viver é escolher, é optar, é decidir.Somos livres para escolher, mas responderemos por essa escolha. Na lei divina, a semeadura é voluntária; mas a colheita é sempre obrigatória.

Bem-aventurado, pois, todo aquele que, apesar dos entraves e das lágrimas do caminho sustentar nos ombros, ainda mesmo desconjuntados e doloridos, a bendita carga das próprias obrigações.

Fonte:

Nas pegadas de um anjo Jerônimo Mendonça


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