20 de nov. de 2013

Vida em sociedade: há espaço para o Bem?



Quantas vezes, caro leitor, você já se deparou com reclamações sobre a sociedade na qual vivemos? Injustiças, violência, miséria, desordem, falta de desenvolvimento, entre outros, são aspectos que compõem o cenário do mundo em que vivemos, ao ponto de se ouvirem exclamações do tipo “tem hora que dá vontade de sumir!”. Evidente que não se trata da melhor solução.

O ser humano, afirma Paiva1, tem necessidade de progredir, de desenvolver suas potencialidades e isso ele só pode fazer vivendo em sociedade, e é necessário que a sociedade esteja estruturada a fim de que todos que a compõem tenham tal possibilidade.

O progresso do ser humano, tanto em seu aspecto da vida material quanto da vida espiritual, é uma imposição do Criador da Vida. Ele necessita relacionar-se com seu semelhante para criar os bens indispensáveis ao seu aprimoramento. Esse relacionamento social, no entanto, deve ser inspirado pelo amor entre os seres, pela fraternidade que implica no exercício da justiça.

Desses bens necessários ao seu progresso, alguns ele colhe na própria família, enquanto outros precisa buscar na religião, na escola, nas associações com fins culturais, artísticos, científicos etc. Então ele poderá satisfazer suas necessidades de ordem econômica, social, cultural e espiritual.

Portanto, o ser humano não é um ser independente. Pelo contrário, ele depende de seu semelhante e da sociedade e por eles é impulsionado ao progresso; por isso impõe-se-lhe a necessidade de aprender a amar o seu próximo e não explorá-lo física, intelectual e sentimentalmente.

E Paiva (op.cit.) enfatiza que este amor precisa ser traduzido de forma concreta. Não apenas dar esmola ao pobre e pedir-lhe paciência, acolher o velho desamparado no asilo, agasalhar a criança órfã ou abandonada, mas agir para que o “amai-vos uns aos outros” se efetive, torne-se real, através do direito que todo ser humano tem de possuir o necessário: alimentação, vestuário, habitação, saúde, trabalho, educação, lazer e desenvolvimento espiritual.

Mas, pergunta o nobre leitor, como possibilitar o pleno exercício deste direito?

Allan Kardec, o notável Codificador do Espiritismo, dá-nos uma amostra no comentário que faz sobre a questão n.º 789 de O Livro dos Espíritos: “A humanidade progride, por meio dos indivíduos que pouco a pouco se melhoram e instruem. Quando estes preponderam pelo número, tomam a dianteira e arrastam os outros. De tempos a tempos, surgem no seio dela homens de gênio que lhe dão um impulso; vêm depois, como instrumento de Deus, os que têm autoridade e, em alguns anos, fazem-na adiantar-se de muitos séculos”.

Então, para o aprimoramento da sociedade deve-se trabalhar a fim de aumentar o número de pessoas esclarecidas, justas e amorosas de maneira que suas ações preponderem sobre a dos maus. Mariotti, citado por Paiva, argumenta que “o sentido espírita da vida não é uma evasão do mundo; é, pelo contrário, um estar e um penetrar na natureza imperfeita das coisas, para reconstruí-las sobre as bases de harmonia espirituais. O espírita penetra na imperfeição e se instala conscientemente no inconsciente histórico, orientando-o para a evolução e o progresso”.

Haveria, então, espaço para o Bem predominar em nossa sociedade? Não há dúvida. Kardec lembra, na questão n.º 930 de O Livro dos Espíritos que “quando o homem praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada sobre a justiça e a solidariedade, e ele mesmo também será melhor”. E que nos sirva de reflexão a resposta que os Espíritos Superiores deixaram logo em seguida, na questão n.º 932. Indagados sobre o porquê de, no mundo, os maus freqüentemente sobrepujarem os bons em influência, responderam sucintamente: “Pela fraqueza dos bons; os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, dominarão”.

Referência:

1-PAIVA, Aylton G.C. et al. Rumos para uma nova sociedade : o espiritismo e as ciências sociais. São Paulo : Edições USE, 1996.

Boletim Informativo da
Associação Espírita de Estudos Evangélicos
Francisco de Paula Victor


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