Primeiro capítulo do livro “O Despertar de Um Novo Dia”
Autoria de Angelina, pelo espírito José da Cunha
As instâncias da vida são como flashes sucessivos, pois como arquivo de rolo nossa mente registra os campos sagrados da reencarnação concedida pelo Pai.
Na saudade estou dos belos momentos que pude desfrutar junto a Dolorez. Os momentos, somente podemos recordar quando arquivados no nosso cérebro íntimo. Como experimentei a suave melodia com Dolorez, encontro arquivos duradouros, pois sua brandura perfuma todo o ambiente microcósmico que existe em mim, sustentando-me no patamar das alegrias e auxiliando-me no fixar do eixo central do meu perispírito, pois ainda adensado estou. Este adensamento ocorre por ainda a mente estar sobrecarregada de energias não salutares, impedindo de avançar um degrau a mais na evolução íntima.
Estou neste momento a meditar no canteiro de Josias, o canteiro da renovação. Procuro mantê-lo como assim foi projetado, pois, com o que nos é transferido para ser cuidado, temos que pelo menos assegurar ser tal qual nos foi confiado. Jesus nos ensinou que os talentos a nós confiados devem se multiplicar, e sinto-me como um guardião de um terreno que até então está em alta produção de harmonia e amor, pois exala segurança, caridade e bondade. Eu, da minha parte, tenho que pelo menos não interferir nesta harmoniosa edificação que Josias realizou; sinto-me muito feliz, pois arrisquei contribuir nesta harmonia e plantei algumas mudas de begônias cultivadas no laboratório do Dr. Inácio que Ernestina trouxe (lembram aquela abnegada Irmã que me auxiliou, e eu, por incompetência, quando encarnado, não soube cuidar e furão1 cuidou dela por mim, a Conceição, pois ela mesma continua fiel companheira). Quis homenagear o Sr. Pedro, pois não consigo libertar a minha mente daquela cena a qual vocês partilharam da lembrança, a cena que ele, Pedro, angustiado pela febre de Dolorez, vai ao fundo da casa e ora ao Pai da Criação. Quando retorna cambaleante, esbarra na florada na qual estavam as begônias que circundavam a casa de Dolorez e as pétalas vão ao chão. Estas pétalas hoje representam, para mim, os anos roubados de Dolorez pelas minhas mãos.
Bem, hoje vejo a expressão da vida brotando e começo daqui a recordar cada semente depositada no útero da minha amada, plantei três e dei-lhes os nomes: José da Cunha Filho, Maria Joana e Carlinhos, nomes anônimos. No planeta Terra, aqueles que não sobressaem em manchetes são os filhos que só o vento registra, eu os também registrei como uma suave brisa que deixei ficar até o momento que me senti sufocar pela responsabilidade e decidi transferir para um espaço bem longínquo, por orgulho, o que me cabia como tutor. Peço que a luz do Pai cubra cada begônia gerada por Dolorez, pois o reflexo dos meus filhos me auxiliou nesta escalada sublime de amor. Obrigado meus filhos. Sei que hoje posso retornar no tempo, porque vocês também assim permitiram.
Envolto estava em meus pensamentos quando senti a vibração de Pat, singelo apelido, pois é assim que minha amiga Patrícia gosta de ser chamada, até a ela devo, pois, se vocês se recordam, utilizei-me do momento negação mental2 dela e abusei dos sentidos da mesma para poder sair daquele buraco ao qual fomos cair nas mãos dos credores. Vim a ter conhecimento que ela foi resgatada por Horácio também por intervenção de mamãe que a parentes da Pat se ajuntou e reforçaram em prece pela sua libertação. Após este auxílio mamãe ganhou mais aliados do bem que fortificaram a coluna vibratória e conseguiram atingir o meu núcleo central e intensificar a minha vontade de libertação. É maravilhoso o caminhar daqueles que já propuseram seguir os ensinamentos do Cristo – Jesus, obrigado Pat.
Bem, começamos o nosso diálogo:
- Bom dia, José da Cunha! Como está?
- Estou bem. Olha, as begônias já começam brotar. Quando elas já tiverem bem repolhudas e floridas oferecerei a minha amada. Sinto tanta falta dela! Tenho tentado, através da benção do trabalho e a consagração dos estudos, envolver a minha mente. Fabrício já me orientou quanto as ondas mentais e como podemos atingir o outro ainda, não é? Procuro elevar o padrão mental sempre que me encontro angustiado.
- Bem, voltemos a falar um pouco da pesquisa. José, teve tempo de ir a biblioteca e pesquisar sobre as Bem Aventuranças ou ficou buscando arquivos da famosa faixa ocidental da Península Ibérica, ou melhor, Portugal?
- Não consigo me afastar dela, gostaria de ter notícias dos meninos.
- Bem-aventurados os aflitos, pois serão consolados, não é, José? Nada ou momento algum surge no caminho do aprendiz fora de hora. Vamos, chega de blá-blá-blá e vamos trabalhar, temos só mais um dia para falar sobre o que aprendemos.
- Patrícia, já observou que se faz necessário compreender bem a lei aqui?
- Sim, já. Vamos.
Sentados agora na enorme biblioteca nos encontramos. O sentimento volta a me incomodar, desviando a minha atenção, ou melhor, a minha concentração nos estudos. Procurei fazer o exercício mental que Horácio me ensinou a fazer: “Todas as vezes que dispersar o pensamento, faça uma oração e busque respirar imaginando a luz do Pai invadir o cérebro”. Estas foram as palavras do Irmão, tentei por três vezes até que comecei a dominar. O enfermeiro que nos acompanha, que é o Antônio Carlos, em silêncio permanece, quando observa que fugimos em pensamento. Quando buscamos nos alinhar, ele imediatamente exercita junto a nós abastecendo-nos assim de força (lembram-se dele, o enfermeiro do bem que me acompanha desde o primeiro contato com o Fabrício, é ele o enfermeiro do Cristo).
Oh Pai de bondade infinita! Como podemos classificar tamanho desprendimento dos Irmãos. Como podemos nos equiparar se ainda nos deixamos envolver mentalmente em questões de baixas vibrações, de padrão não elevado. Quanto terei que trabalhar para ressarcir os meus débitos. Pai de clemência maior, faz de mim a Tua força, pois preciso conhecer a verdade para em novos rumos me direcionar.
OBRIGADO PELA VIDA!
JOSÉ.
1 Na obra Gotas de luz na flor de laranjeira relata sobre furão. Um rato que comia a refeição de Conceição.
2 Negação mental: bloqueio defensivo mental, temporário, de determinada situação.

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