7 de mar. de 2017

Quem seria o meu Espírito Protetor?


 
Comumente no meio espírita, nos deparamos com pessoas tecendo os mais diversos comentários à
respeito de seus Espíritos protetores. Tais companheiros, (principalmente em palestras públicas e livros)
se reportam à presença dos Guias em momentos de intimidade, de dificuldades, de alegria. Relatam
também as opiniões e/ou interferências dos Espíritos protetores em escolhas e decisões tomadas pelo
tutelado. Importante ressaltar, que os referidos companheiros, alegam ver, ouvir, e interagir com seus
protetores, chegando até mesmo a saber o nome do mesmo!
Entretanto, a grande maioria dos encarnados “fica só na vontade”. Pois é fato que vontade e curiosidade
de se ter um contato mais efetivo, saber identidade e nome do Espírito Protetor, é sonho e/ou desejo, que
habita a mente e o coração da grande maioria das pessoas!
Portanto, objetivando serenar os nossos corações, e para que não “morramos de inveja“ daqueles
companheiros que relatam suas experiências com seus Guias Espirituais. Para que saibamos discernir, o
que “procede” e o que “não procede” das experiências fantásticas, relatadas. Para que saibamos
diferenciar um Espírito “Protetor“, de um Espírito “familiar“, ou de um Espírito “simpático“, é que escrevo o
presente artigo. A fonte que saciará nossa sede, e nos confortará será O Livro dos Espíritos, que em seu
Capítulo IX, Item VI, desenvolve o assunto sob o título de
“Anjos da Guarda, Espíritos Protetores e
Familiares ou Simpáticos”.
Inicialmente, busquemos saber “quem” são os Espíritos Protetores ou Anjos de Guarda e qual a sua
missão. À esse respeito, nos dizem os Espíritos da Codificação, que os Guias Espirituais, são Espíritos
de
“ordem elevada“, que se ligam a um indivíduo em particular, como um irmão espiritual. Quanto a
missão do Espírito protetor,
é a missão de um pai para com o filho, ou seja, conduzi-lo pelo bom 

 caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar sua coragem
nas provas da vida. (LE, 491) (negrito)
Importante ressaltar, que o Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu nascimento até a morte,
pois freqüentemente a ligação prossegue no plano espiritual, e mesmo através de várias experiências
reencarnatórias. Isto porque, segundo a Espiritualidade Superior, as vivências no mundo material não são
nada mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.
Diante de tais afirmativas, ficamos cientes, que todo Espírito Protetor, é obrigatoriamente um Espírito de
moralidade e intelectualidade elevada, haja vista a complexidade e grandiosidade de sua missão, que é
de conduzir um Espírito imperfeito à perfeição. Conquanto, é profundo conhecedor da alma do seu
protegido, sendo sabedor de seus conflitos, vícios morais, medos, limitações, qualidades, conquistas, e
potencialidades evolutivas, por acompanhá-lo desde existências pretéritas.
São Luís e Santo Agostinho, asseveram que os Anjos da Guarda ou Espíritos protetores, acompanham os
seus protegidos,
“nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na solidão, nada vos separa desse
amigo que não podeis ver, mas do qual vossa alma recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios
conselhos.”
E acrescentam: “Ah, porque não conheceis melhor esta verdade! Quantas vezes ela vos
ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes ela vos salvaria dos maus Espíritos! (...) Ah, interpelai
vossos anjos da guarda, estabelecei entre vós e eles essa terna intimidade que reina entre os melhores
amigos! Não penseis em lhe ocultar nada, pois eles são os olhos de Deus e não os podeis enganar!”
(LE.,
Cap. XIX, Livro II, p. 459)
Importante ressaltar, que embora algumas pessoas considerem impossível que Espíritos de alta evolução
fiquem restritos a uma tarefa tão penosa e contínua, asseguram os Mestres Espirituais, que mesmo
estando a anos luz de distância, para os Espíritos Superiores não existe espaço, e mesmo vivendo em
mundos evoluídos, permanecem ligados aos seus protegidos, pois gozam de dons por nós não
concebidos. À esse respeito, Kardec de forma pedagógica esclarece, que os Espíritos dispõem do “fluido
universal” (tema objeto de estudo em O Livro dos Espíritos) que permeia e liga todos os mundos, sendo
portanto veículo da transmissão do pensamento, como o ar é para nós o veículo da transmissão do som.
Acrescentam ainda São Luís e Santo Agostinho, que em razão da comunicação do Espírito Protetor com
o seu tutelado, somos todos médiuns, mesmo que hoje sejamos médiuns ignorados. Inferindo-se que
“todos” nos comunicamos com nosso Guias Espirituais, mesmo que não tenhamos uma mediunidade
ostensiva que nos permita, ver e/ou ouvir de forma objetiva.
Portanto, no que concerne à comunicação com nosso Espírito protetor, esta comunicação se faz através
dos “pressentimentos” que comumente sentimos. São os pressentimentos, o conselho íntimo e oculto de
um Espírito que nos deseja o bem. O Espírito protetor procura advertir seu tutelado no intuito de fazê-lo
viver da melhor forma possível, entretanto, muito freqüentemente, fechamos os ouvidos e as portas do
coração para as boas advertências, e nos tornamos infelizes por nossa culpa.
No que tange à presença constante do Espírito Protetor com o seu protegido, dizem os Espíritos da
Codificação que há circunstâncias em que a presença não se faz necessária. Entretanto, enquanto
estivermos necessitando reencarnar no planeta Terra, (planeta de provas e expiações) não temos
 
 condições de guiar-nos por nós mesmos, precisando portanto da orientação e proteção efetiva do Guia
Espiritual.
Quanto ao contato entre tutelado e Espírito protetor, como falamos no início do artigo, a “grande maioria
das pessoas” não têm experiências ostensivas, que possam lembrar e relatar. Pelo que foi dito
anteriormente pelos Mestres Espirituais, já entendemos, que em razão do elevado grau evolutivo do Anjo
Guardião, ele não tem como ser visto e/ou ouvido objetivamente pelos encarnados no planeta Terra.
Em seguida, Kardec lança o seguinte questionamento aos Espíritos da Codificação:
- Por que a ação dos
Espíritos em nossa vida é oculta, e por que, quando eles nos protegem, não o fazem de maneira
ostensiva?
A resposta dada foi a seguinte: “- Se contásseis com o seu apoio não agiríeis por vós mesmos
e o vosso Espírito não progrediria. Para que ele possa adiantar-se necessita de experiência, e em geral
é preciso que adquira à sua custa; é necessário que exercite as suas forças, sem o que não seria como
uma criança a quem não deixam andar sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre de
maneira a vos deixar o livre-arbítrio, porque se não tivésseis responsabilidade não vos adiantaríeis na
senda que vos deve conduzir a Deus. Não vendo quem o ampara, o homem se entrega às suas próprias
forças; não obstante, o seu guia vela por ele e de quando em quando o adverte do perigo.”
(grifei) (LE.,
Cap. XIX, Livro II, p. 501)
Diante das palavras acima expostas, fica evidente que os Guias Espirituais
não interferem
objetivamente na vida de seus tutelados.
É fato, que temos como condição “sine qua non” para a
evolução espiritual, a liberdade de fazer escolhas, e responder por estas, advindo daí, o aprendizado e
conseqüente evolução do Espírito. O livre-arbítrio do tutelado jamais será desrespeitado pelos Protetores
Espirituais! O que efetivamente nos dará força e coragem para avançarmos nos caminhos evolutivos, é a
certeza de que se tem um amigo, um irmão, a velar por nós, solidário na dor e na alegria.
Vale ressaltar, que o nosso sucesso, será um mérito a ser levado em conta para o próprio adiantamento
do Espírito protetor, como também para sua própria felicidade. Em contrapartida, sofrerá com os erros do
seu tutelado, e os lamentará. Não obstante, sua aflição não se assemelhe às angustias de um pai e/ou
uma mãe terrenos, pois é sabedor de que há remédio e solução para o mal, pois o que não foi feito hoje,
se fará amanhã - estando ele por perto, sempre que se fizer necessário, para nos impulsionar nas boas
realizações.
Vamos agora tratar de outro aspecto provocador de grande curiosidade, que é a questão de se saber o
“nome” do Guia Espiritual. À esse respeito, é Kardec quem indaga aos Mestres Espirituais na questão 504
de O Livro dos Espíritos,
se podemos sempre saber o nome do nosso Espírito protetor ou Anjo da
Guarda.
Observemos a resposta dada pelos Espíritos: “- Como quereis saber nomes que não existem
para vós? Acreditais, então, que só existem os Espíritos que conheceis?”
(grifei) Logo em seguida, na
questão complementar 504-a, o Codificador questiona, que
se não o conhecemos, como vamos
invocá-lo?
E mais uma vez, com toda a presteza respondem os Espíritos Superiores, quepodemos dar o
nome que quisermos, sugerindo inclusive, que escolhamos o de um Espírito superior que tenhamos
simpatia e respeito. Asseveram os Mestres que o nosso protetor atenderá prontamente ao nosso apelo,
pois todos os Espíritos elevados são irmãos e se assistem mutuamente.
Não se dando por satisfeito no que tange à questão do nome dos Espíritos protetores, persiste Kardec na
questão 505 indagando,
se os Espíritos protetores que tomam nomes comuns seriam sempre os de 
 pessoas que tiveram esses nomes. Os Mentores respondem categoricamente que não,acrescentando,
que muito comumente, Espíritos simpáticos aos nossos Guias Espirituais, ou, por determinação destes,
podem vir a nos atender.
Para que melhor compreendamos como se dá a substituição, usam os Espíritos da seguinte analogia:
quando nós encarnados, não podemos por alguma razão realizar pessoalmente alguma atividade, ou
missão, enviamos alguém de nossa confiança para que nos represente agindo em nosso nome. Portanto,
a questão do nome é o de menos, pois o que importa é a certeza da existência desse Guia Espiritual que
segundo os Espíritos da Codificação, conheceremos a sua identidade e o reconheceremos quando
estivermos na vida espírita, pois freqüentemente, já o conhecemos de outras encarnações.
Quanto à possibilidade de um pai, ou uma mãe, virem a se tornar o Espírito protetor do filho ou filha
sobrevivente, nos dizem os Mestres Espirituais, que para que um Espírito se torne “protetor” de alguém,
deverá ter um certo grau de elevação, além de um poder e uma virtude a mais, concedidos por Deus.
Portanto, quando o Espírito de pais ou mães, protegem filhos ou filhas, estarão certamente sendo
assistidos por um Espírito mais elevado, pois seu poder é mais ou menos restrito à posição evolutiva em
que se encontram, não lhes sendo permitido sempre, inteira liberdade de ação. (LE., Cap. XIX, Livro II, p.
507/508)
Outra questão a ser aventada, trata da possibilidade de termos vários Espíritos protetores. À esse
respeito, nos dizem os Mestres espirituais que
“cada homem tem sempre Espíritos “simpáticos”, mais ou
menos elevados, que lhe dedicam afeição e se interessam por ele, como há também, os que lhe
assistem no mal.”
Acrescentam, que esses Espíritos “simpáticos”, “às vezes podem ter uma missão
temporária, mas em geral são apenas solicitados pela similitude de pensamentos e de sentimentos, no
bem como no mal”,
posto que, “o homem encontra sempre Espíritos que simpatizam com ele, qualquer
que seja o seu caráter.”
(grifei) (LE., Cap. XIX, Livro II, p. 512/513 e 513-a)
Objetivando uma melhor compreensão do que foi exposto, vou me apropriar do fechamento feito por
Kardec, quando assim resumiu as explicações dadas pelos Mestres Espirituais sobre a natureza dos
Espíritos que se ligam ao homem:
- O Espírito protetor, anjo da guarda ou bom gênio, é aquele que tem por missão seguir o homem na vida
e o ajudar a progredir.
É sempre de uma natureza superior à do protegido.- Os Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por meio de laços mais ou menos duráveis, com o fim
de ajudá-las na medida de seu poder, freqüentemente bastante limitado. São bons, mas às vezes pouco
adiantados e mesmo levianos; ocupam-se voluntariamente de pormenores da vida íntima e
só agem por
ordem ou com permissão dos Espíritos protetores.
- Os Espíritos simpáticos são os que atraímos a nós por afeições particulares e uma certa semelhança
de gostos e de sentimentos, tanto no bem como no mal. A duração de sua relações é quase
sempre subordinada às circunstâncias.
Para finalizar, estejamos cientes e confiantes de que “todos nós” seres humanos encarnados e
desencarnados, enquanto estivermos em uma condição de elevação espiritual sofrível, vinculados aos
mais diversos vícios morais, reencarnando em planetas de provas, expiação, regeneração, teremos por
  necessidade de amparo e orientação, um Espírito protetor de alta elevação - por isso não visível. A esse
amoroso Guia Espiritual, poderemos atribuir o nome que quisermos, pois ele nos atenderá sempre,
independentemente de “nomes“ - pois ele não tem nome de Espíritos conhecidos na Terra. Estejamos
atentos aos nossos “pressentimentos“, pois nosso Anjo Guardião, se comunica conosco através de
intuições e pressentimentos. Nosso Guia Espiritual é o amigo que mais nos conhece, por nos
acompanhar em numerosas jornadas reencarnatórias, estando sempre presente nos momentos mais
solitários, infelizes, dolorosos, como nos momentos mais felizes de nossa vida! E por fim, tenhamos a
certeza, que será ele a nos recepcionar quando do nosso retorno ao mundo espiritual, quando para nossa
alegria, o reconheceremos e o identificaremos! Haverá algo mais consolador?
  


O BLOG DOS ESPÍRITAS 
Por Maria das Graças Cabral

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