4 de jun. de 2019

Conversando com Espíritos


Já que o Espiritismo não admite, em hipótese alguma, a fé cega, o fanatismo, o crer por crer, o aceitar
com base na influência dos outros e a prática religiosa sem racionalidade, cumpre ao espírita sério
orientar as pessoas acerca dessa questão de falar com espíritos, falar com pessoas que “já morreram”,
participar de uma “sessão espírita”, de um “trabalho mediúnico”, que é coisa que muita gente tem
curiosidade em saber.
Em princípio, a pessoa não deve se deixar levar por certas argumentações baseadas em “a Bíblia diz”,
porque determinadas pessoas, “conselheiras” religiosas, se referem muito ao “a Bíblia diz” sem
analisarem profundamente o mesmo questionamento em várias outras passagens da mesma Bíblia.
Por exemplo: Dizem que Moisés proibiu a comunicação com os “mortos”. Todavia ele mesmo, que já
havia morrido, apareceu e comunicou-se com Jesus, Pedro e Tiago, no Tabor, para deixar bem claro que
a história foi mal contada ou mal interpretada. Detalhe: Jesus concordou, porque conduziu a comunicação
normalmente, com a testemunha dos apóstolos.
O Vaticano, recentemente, através de longa entrevista do Cardeal Gino Cosseti, no “Oservatore
Romano”, órgão oficial da Santa Sé, afirmou categoricamente que existe, que é possível e que deve ser
feita a comunicação com os chamados “mortos”, desde que feita com responsabilidade, com motivos
úteis, com seriedade e sem brincadeira ou má intenção.
É exatamente isso que o Espiritismo ensina, há mais de 150 anos.
Apesar da seriedade com que a Doutrina Espírita apresenta a questão e recomenda aos praticantes do
Espiritismo, infelizmente existe ainda muita gente em busca de notoriedade às custas dela, querendo
aparecer de qualquer maneira, fazendo do Centro Espírita um verdadeiro picadeiro de circo.
É aí quando você vê em alguns centros, rotulados com o nome de “espírita”, médiuns fungando, batendo
nas mesas, sacudindo as pessoas, dando puxões nos braços dos frequentadores, aperta aqui aperta ali,
gesticula, fala alto, sacode a cabeça, respira forte e faz um monte de trejeitos.
É Espiritismo isso?

Não! É palhaçada mesmo. Exibicionismo! É a necessidade de ser o centro das atenções para os
frequentadores da casa.
Quando o centro “espírita” coloca um monte de gente para participar do trabalho mediúnico, inclusive
pessoas que vão à casa pela primeira vez, maioria por curiosidade e abrindo esse trabalho para o público;
com todo respeito aos dirigentes dos centros que praticam isso, a verdade é que estão cometendo um ato
de muita irresponsabilidade, desconsideração ao frequentador e desrespeito para com a Doutrina
Espírita.
Em determinados “centros”, quando o freqüentador tem dinheiro, é alguém de certo destaque na
sociedade, todas as atenções são voltadas para essa pessoa, que é convidada a participar da sessão e
sentar na tal mesa que muitas casas adotam, sempre forradas com toalhas brancas (não sei porque
insistem tanto em ter que ser branca).
Aí aparece um monte de “espíritos” com mensagens para o “ilustre” visitante e toda aquela xaropada.
É bom salientar que esse puxa saquismo existe também em tudo quanto é religião, principalmente
naquelas que adoram os cifrões.
Repito que o Centro Espírita não pode ser apresentado como se fosse um picadeiro de circo.
O Centro Espírita não é lugar para curiosos. Ele aceita, sim, a visita de pessoas que desejam pesquisar,
observar, checar, perguntar e questionar, sem problema algum, desde que com seriedade e
responsabilidade, jamais com deboche.
Para participar de um trabalho mediúnico, a pessoa deve já estar, indispensavelmente, orientada sobre o
que é o Espiritismo, qual a sua razão, os seus objetivos, as suas propostas, quais os seus postulados,
como vivem os espíritos, como se processa uma comunicação de um desencarnado com um encarnado
etc.
Essas coisas só podem ser conhecidas com a leitura das obras básicas do Espiritismo, a começar por “O
Livro dos Espíritos” e em seguida pelo “Livro dos Médiuns”.
Quero esclarecer que são livros de mais de 400 páginas, cada um. Se você tem preguiça de ler, não
gosta de ler, não está disposto a ler, é melhor esquecer que existe alguma coisa que você chama de
“sessão espírita”. Não vá!
Alguém que não quer, de forma alguma, aprender a dirigir, não pode querer pegar no volante de um carro
e sair por aí, porque correrá o sério risco de se ferir e até se matar, além de ferir ou matar os outros.
Ao contactar com o espírito no Centro, em primeiro lugar é bom checar se é um espírito desencarnado
mesmo que está se comunicando ou se é o médium que está mistificando ou praticando animismo. Isso
você só vai saber o que é, estudando os livros propostos. Identificar espíritos e suas intenções é fácil
demais. Só mesmo quem não tem qualificação racional e é possuidor de inteligência de minhoca, é capaz
de dizer que todos os espíritos são demônios ou que todos são bons orientadores.

Espírito verdadeiramente bom e honesto jamais ficará aborrecido se você questioná-lo, duvidar, recusar
determinadas orientações e conversar naturalmente com ele, como se fosse com uma outra pessoa
qualquer.
Se começar a se irritar, pode ter certeza de que é mistificação, desequilíbrio do médium e palhaçada
mesmo.
Enfim, gente. Espiritismo é coisa séria, ética, sensata, racional e de muita responsabilidade.
 

Por Alamar Régis Carvalho

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